Capítulo 33
A população da vila se reunia, aguardando pelos cavaleiros.
Quando viram que o riacho local tinha sido purificado do rio da aldeia, se reuniram e derramaram lágrimas de alegria.
Acomodados na clareira da aldeia, trocaram histórias e lutaram contra o sono.
— A princesa, não se parece em nada com os rumores, né?
— Sim. De onde será que surgiram esses rumores… nunca conheci alguém tão angelical!
— Os cavaleiros da Ordem Negra também. Achava que seriam assustadores.
— De onde será que vieram todos esses rumores…
Os aldeões não olhavam mais para os cavaleiros da mesma forma e rezavam para que retornassem sãos e salvos.
Ao amanhecer, quatro homens vestidos com os uniformes dos Cavaleiros Negros voltaram ao refúgio.
Os aldeões lhes deram uma calorosa despedida.
Os habitantes do refúgio haviam retornado sãos e salvos a seus lares.
Ao voltarem para casa, choraram de emoção e se abraçaram.
Embora a devastação da guerra persistisse, ainda havia esperança para eles.
As pessoas estavam unidas em seu desejo de construir uma vila mais bonita e acolhedora do que antes.
Assim, os Cavaleiros Negros e seus soldados partiram para a capital.
Seus rostos irradiavam orgulho quando foram recebidos com uma festa opulenta e agradecimentos da população.
O clima estava perfeito para todos, até que atravessaram a porta de retorno para a capital.
Da mesma forma que na ida, passaram pela porta após dois dias acampados.
Justo quando retornavam da missão, avistaram um grupo de homens com uniformes brancos saindo por outra porta que seguia em uma direção diferente.
Embora seus trajetos fossem completamente distintos, as portas para o restante do Império estavam agrupadas nos arredores da capital, então poderia ser uma coincidência.
O que Agnes viu primeiro foi Raymond Spencer a cavalo e Santa Liliana descendo de uma carruagem.
“O que ele está fazendo, viajando de carruagem?”
A procissão dos Cavaleiros Brancos era imensa. Os soldados e suas bagagens eram muito mais luxuosos do que os dos Cavaleiros Negros.
Agnes os observou com desgosto.
Kylo e os outros que a haviam seguido através da porta também não estavam felizes.
Na realidade, os soldados não tinham motivos para nutrir má vontade em relação a eles, muito menos em relação aos Cavaleiros Negros.
Mas não puderam evitar sentir uma pontada de ressentimento ao ver a procissão dos Cavaleiros Brancos, muito mais suntuosa que a deles.
Talvez fosse porque estavam em uma missão com os Cavaleiros Negros, mas sua hostilidade em relação a eles parecia estar sincronizada.
— Oh, é o Lorde Kylo Gray!
Liliana saiu da carruagem, bloqueando a visão de Agnes.
Começou a cumprimentar, mas cobriu a boca de surpresa.
Seus olhos se encontraram com a expressão temível de Kylo. A expressão da santa mudou instantaneamente para uma de raiva.
— Tenha medo…
— Você está bem, santa?
Hugo foi o primeiro a se aproximar de Liliana, assustada, com os olhos fixos em Kylo com expressão de incredulidade.
Os dois cavaleiros se enfrentaram significativamente.
— Não, tudo bem, acho que me assustei porque ele tem uma expressão tão severa…
— Não deveria te surpreender, ele sempre foi assim.
— Entendi… não percebi porque sempre vi só pessoas amigáveis…
Disse a Santa. As palavras foram claras para os ouvidos de Kylo, mesmo de uma curta distância.
Kylo soltou uma risada ante a acusação injustificada.
Havia muitas coisas que poderia dizer, mas não se incomodou.
Já estava farto de tanta falta de respeito e consideração, e como se tratava de uma santa imperial, não tinha ninguém a quem pudesse faltar com respeito, exceto a si mesmo.
Como sempre, era apenas uma questão de aguentar.
Mas havia uma pessoa que nunca suportaria uma ofensa, não importa o quê.
Era a princesa Agnes.
Tap, tap, tap.
O cavalo de Agnes moveu-se à frente da procissão dos Cavaleiros Brancos.
Ela permaneceu ereta, sua figura exalava majestade real.
Os Cavaleiros Brancos e seus soldados inclinaram a cabeça com os punhos no peito. Era a forma de tratar a realeza.
A Santa, que havia visto a princesa no final do dia, ficou boquiaberta e se curvou junto a eles.
Mas então levantou a cabeça surpresa e disse.
— A princesa também está voltando de uma missão?
Com isso, a santa se aproximou do lado de Raymond.
Tinha acabado de voltar de uma vila onde a trataram como uma deusa.
Como tal, o nariz e os ombros dela estavam erguidos.
Normalmente, teria sido muito tímida para olhar para ele, mas isso era diferente.
Era uma santa que tinha acabado de realizar um milagre, alguém que podia estar ao lado de Raymond Spencer.
A princesa, por outro lado, era uma mulher lamentável que tinha sido banida pelos Cavaleiros Negros e da qual Raymond Spencer falava mal.
Quão infeliz, quão lamentável, que o homem a quem ela amava tanto só pudesse falar mal dela.
A santa estava tão envaidecida por seus próprios elogios que parecia achar a princesa um pouco ridícula.
Mas havia algo que ela tinha negligenciado.
Seu apelido era “bomba-relógio ambulante”.
A princesa Agnes observou os Cavaleiros Brancos com frieza.
Então, sem desviar o olhar da santa, falou.
— Eu te dei permissão para falar?
— Hein…?
Liliana ficou perplexa. Olhou ao redor e viu um Hugo nervoso bloqueando seu caminho.
Mas Liliana o afastou e olhou para a princesa com um olhar autoritário.
Era ridículo. Agora ela entendia o que a princesa estava indicando.
De acordo com a lei imperial, ninguém de posição inferior poderia falar com ela a menos que alguém de posição superior o fizesse.
Mas o Imperador havia dado ordens claras.
Quando usava seu uniforme, ela não era mais uma princesa, apenas um membro dos Cavaleiros Negros.
Então a santa falou corajosamente.
— Desculpe, mas não existem ordens do Imperador? Quando você veste o uniforme, não é mais uma princesa, é apenas uma maga… dos Cavaleiros Negros.
Agnes a interrompeu e perguntou.
— O Imperador deu essa ordem?
— Sim, hein?
— O Imperador deu essa ordem ao Sir Kylo Gray.
— …
Hein…?
A Santa olhou ao redor, perplexa. Seus olhares se encontraram, e Hugo Lothian mordeu o lábio e balançou a cabeça.
Liliana percebeu que havia cometido um erro.
Acabara de ouvir a história e supôs que, se encontrasse a princesa em uniforme, poderia tratá-la como uma maga.
Uma voz clara como um raio ressoou sobre a cabeça de Liliana.
— Você pretende difamar a família imperial distorcendo as ordens de Sua Majestade?
— E-Eh?
Agnes olhou para a santa com olhos frios, e seu olhar se desviou rapidamente para Raymond Spencer, que estava ao seu lado.
Raymond a observara o tempo todo com olhos impassíveis.
Agnes falou com voz fria.
— Que líder desastroso, uma pessoa que nem sequer conhece as Leis Imperiais está conduzindo missões como Cavaleiro.
A acusação estava claramente direcionada a Raymond Spencer.
Era tão infundada quanto a acusação da Santa a Kylo.
Os membros dos Cavaleiros Brancos olharam para a princesa, enfurecidos pela acusação contra seu venerado líder.
Mas nenhum deles ousava discutir com ela.
Havia uma razão pela qual as pessoas no império comparavam a família real ao sol.
De frente para o sol, a princesa emanava uma aura impecável.
Eles ficaram em silêncio e apenas observaram como humilhavam seu líder.
Liliana empalideceu e olhou para Raymond e Hugo.
Seus olhos imploravam ajuda, mas nenhum dos dois a olhava, com os olhares baixos.
— E.
A princesa Agnes abriu a boca como se tivesse mais algo a dizer.
Os cavaleiros brancos e os soldados prenderam a respiração, aguardando suas próximas palavras. Esperavam que a fúria da princesa passasse rapidamente.
— Há rumores de que você tem fofocado sobre mim pelas costas.
Disse Agnes, cutucando a santa. Liliana corou como se estivesse prestes a desmaiar.
Fofocas, que acusação tão ridícula…!
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