Capítulo 54
Agnes seguiu a santa e Hazel em silêncio.
Chegaram a um pequeno jardim deserto.
— Até onde você acha que está indo? Não há ninguém aqui, então fale aqui.
A santa gritou com voz irritada.
Hazel parou de andar e a encarou com olhos frios.
— Se você tem algo a dizer, diga! Quem você pensa que é para se assustar se eu pedir para falar com você a sós?
A santa bufou, soando muito irritada.
Agnes se escondeu em um canto do corredor e as observou em voz baixa.
— Santa. Você está passando dos limites. Não aguento mais.
A voz de Hazel era notavelmente calma, ao contrário da agitada Santa.
Isso pareceu ofender ainda mais a santa.
— Passando dos limites? Disse algo que não deveria ter dito? Eu deveria ser a companheira do Lorde Spencer! Você acha que não percebo que ele foi arrancado de mim no meio do caminho?
— Haa…
— Você sempre foi assim desde o começo, apenas está mimada e com ciúmes da atenção que estou recebendo!
Duas mulheres brigando por um homem. Agnes as observava com raiva, seu coração batia forte.
Não há nada como ver uma briga.
Foi então.
— Princesa.
Uma mão agarrou seu ombro por trás.
Ela virou-se, assustada…
— Sirius?
— Sim, o que você está fazendo aq…?!
Agnes tapou a boca dele com a palma da mão antes que ele pudesse terminar a frase. Em seguida, sibilando com uma expressão feroz, o pressionou contra a parede.
Apesar da força absurda, Sirius foi incapaz de se mover e ficou ali, imobilizado contra a parede.
— Cale-se.
Agnes advertiu Sirius suavemente, olhando para as duas mulheres que continuavam discutindo.
Por sorte, estavam tão envolvidas em sua própria conversa que não pareciam ouvir Sirius.
— …
Sirius manteve a boca fechada, sem dizer uma palavra, exatamente como Agnes havia dito.
Mas seu coração batia forte e gritava. Ele podia sentir o calor do corpo dela através das finas luvas de Agnes contra seu rosto.
E com ele imobilizado contra a parede, ela estava apertada contra ele…
Muito perto.
Não corpo a corpo, mas muito perto. Isso não ia funcionar.
Sirius agarrou lentamente os pulsos dela, e Agnes franziu a testa e o olhou.
Seus olhos se encontraram, e o coração de Sirius afundou como se ele estivesse cara a cara com um predador.
Por quê…? Ela é muito mais jovem que eu, muito menor, e está me encarando…
Ele se sentia estranhamente incapaz de se mexer.
Pela primeira vez, ele se sentiu esmagado pela energia de alguém.
Agnes soltou a mão de Sirius de seu pulso e, em vez disso, segurou o próprio pulso de Sirius, imobilizando-o contra a parede.
Então ela aproximou o rosto do dele e o advertiu baixinho.
— Não se mexa.
O sussurro fez com que Sirius sentisse arrepios.
Suas orelhas coraram. Sua respiração ficou agitada e seu corpo se aqueceu.
Ele não tinha desculpa. Estava excitado.
Imobilizado contra a parede por uma mulher muito mais jovem e frágil que ele. Com os pulsos amarrados e a boca tapada.
Foi um momento de realização de um prazer que ele nunca imaginou ter.
Enquanto Agnes observava a briga, os olhos de Sirius se turvaram.
A realização tinha chegado tão de repente, tão inesperadamente, como se um raio tivesse caído sobre ele.
Ah… talvez.
Sim, talvez ele estivesse esperando por alguém assim.
Foi por isso que ele vagou conhecendo tantas mulheres?
Ela era a primeira mulher que ele conheceu que o tratou com tanta falta de respeito e força.
De fato, se havia uma mulher neste império capaz de subjugá-lo, era a princesa diante dele.
Seu corpo esquentou ao ponto de ele pensar que poderia muito bem ser dominado por ela.
Quando Sirius começou a se debater em seu aperto, Agnes o encarou novamente com raiva.
— Você acha que não vão te pegar assistindo a uma briga, e não consegue ficar parado?
Agnes fulminou Sirius com o olhar, irritada, e então se virou de novo.
— Para onde diabos você está indo?
Ela se virou para ver que a Santa e Hazel, que estavam de pé no jardim um momento atrás, haviam ido em outra direção.
Parecia que elas ainda não haviam terminado de discutir e seguiram seu caminho.
Agnes soltou Sirius.
Ela olhou para as mãos, que estavam desagradavelmente úmidas pelo hálito de Sirius.
— Ah, Ah…
Sirius ainda estava imobilizado contra a parede, respirando de forma irregular.
Agnes estava envergonhada.
Ela cobriu a boca dele com a mão, mas não tão forte a ponto de impedi-lo de respirar.
— Ah… Princesa…
Havia algo muito estranho na voz de Sirius ao chamá-la.
Agnes, que não havia notado a sutil mudança, só pôde olhá-lo incrédula.
— Você está se sufocando?
— Não, não é isso… eu estava…
— De qualquer forma, por que você é tão descuidado, queria que nos descobrissem assistindo a uma briga?
— … d-Desculpe.
Disse uma Agnes exasperada, mas Sirius achou bastante engraçado.
— Não as siga e volte silenciosamente para o banquete. É uma ordem.
Sua voz era firme, e Sirius não pôde deixar de concordar.
— … sim, milady.
Sua voz estava estranhamente obediente, mas a sutil mudança não escapou à atenção de Agnes.
Com isso, Agnes se afastou, deixando Sirius sozinho.
Na direção em que Hazel e a Santa tinham desaparecido.
Na história original, a discussão delas terminou com a santa chorando.
Parecia que a discussão tinha acontecido dentro da sala de baile, não em um lugar tão tranquilo. As reações nos comentários foram 50/50.
[Santa parece um pouco ríspida; ela não é tão boa assim, né?].
└ [ㅋㅋ (Haha) Eu sabia que essa reação aconteceria… Só culpe Liliana por tudo].
[Mas honestamente, não entendo por que estão tratando Hazel como uma amante… Raymond está com a santa há mais tempo, afinal; eles têm muito mais tempo de tela, e sua personalidade é de uma cobra].
[Hazel também é uma cobra, mas normalmente não é assim].
[Só quero que esses dois fiquem juntos].
Agnes lembrou dos comentários, intrigada, e seguiu para o jardim. O jardim tinha um pequeno lago com uma estreita passarela.
“O que é isso? Não há ninguém aqui…”
Ou elas já tinham brigado e ido para casa, ou tinham entrado no vestíbulo como na novela original.
Agnes suspirou e começou a se afastar.
Ela não se incomodaria em voltar para a sala, já tinha visto o suficiente, e iria ver Kylo.
Mas então aconteceu.
— Estou me perguntando quem diabos estaria espionando e escutando escondido…
Uma figura saiu dos arbustos e bloqueou o caminho de Agnes.
— Não posso acreditar que fosse a princesa.
Era Hazel Devon, de pé diante de Agnes, com sua voz fria.
A mesma Hazel Devon que tinha sido descrita como uma beleza que exalava uma aura quente como uma flor de primavera… a mesma Hazel Devon.
Agnes piscou, estupefata, e olhou nos olhos frios de Hazel.
Bem… não havia desculpas. Ela não queria desculpas.
Agnes falou com sua ousadia habitual.
— Não pude resistir a uma cena interessante.
— Então, você se divertiu?
— Infelizmente, foi quase divertido, mas não ouvi direito.
— Entendo…
Hazel sorriu, os cantos de sua boca se curvaram para cima.
Agnes ficou honestamente um pouco surpresa com a atitude de Hazel, que era tão diferente da que ela conhecia.
Ela estava longe de ser submissa. Definitivamente, era mais corajosa que a santa.
Por isso a história original terminava com a santa chorando.
Agnes tossiu com força e perguntou.
— Para onde a santa foi e está sozinha?
— Não sei. Ela desapareceu soluçando. Provavelmente correu para seu seguidor.
Agnes soube quem era esse seguidor sem que lhe dissessem seu nome.
— Deve ser Hugo Lothian…
Agnes assentiu sombriamente e se virou para sair.
Hazel Devon a deteve mais uma vez.
— …
Agnes arqueou uma sobrancelha e a encarou.
Hazel estava usando hoje um vestido verde, um tom mais escuro que a cor de seus próprios olhos.
— Quem você pensa que é para se intrometer no meu caminho? — disse Agnes com voz fria, mas Hazel não se abalou.
— Tenho uma pergunta para você.
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