Capítulo 56
O príncipe Damian balançou a cabeça, reconhecendo o que Raymond queria dizer.
— Não como nós, pelo menos. São eles, não outra pessoa. Hmm… Nunca tinha pensado em Sirius como possível par para Agnes.
Diana lançou-lhe um olhar duvidoso e depois disse cautelosamente.
— Mas… é impossível que a princesa Agnes esteja apaixonada por Sirius, certo?
— Bem, não está descartado… Agnes já desistiu de Raymond… não é de se surpreender que se sinta atraída pelo sexo oposto.
— …
— Sirius pode ser mulherengo, mas é um cara bonito.
Disse Damian com um sorriso zombeteiro.
Parecia divertido, até ver Raymond franzir a testa na festa. Diana olhou para Raymond, que estava ao seu lado, e respondeu.
— Pois é o contrário.
— Sim, quero dizer, terei que pensar sobre isso. Sirius Melville… hmm. É pouco provável que seja mulherengo até casar, e é educado e esquivo, então talvez consiga conquistar o coração de Agnes.
Disse Damian, sem se importar se Raymond estava presente ou não.
— Suponho que sim, mas quem não teria medo de se aproximar de Sirius em primeiro lugar?
Diana concordou com o príncipe.
Se Sirius se tornasse seu noivo, nenhuma mulher ousaria olhar para ele.
O último que ela precisava era ser vista por ele.
Diana era igualmente alheia aos olhares de Raymond.
Ela fazia o mesmo, porque todos os outros pensavam que Raymond não estava interessado nela de forma alguma.
Na verdade, o rosto de Raymond estava completamente indiferente.
Mas se alguém desviasse os olhos de seu rosto por um segundo, poderia notar uma sutil mudança.
Os músculos de sua mandíbula apertada se contraíram ferozmente, como se estivesse segurando algo.
Depois de conversar um pouco mais com os dois, Raymond finalmente se desculpou e saiu.
Ele encontrou um terraço vazio e saiu.
A brisa noturna fria pareceu acalmar sua cabeça.
— Whoa…
Raymond mordeu o lábio enquanto afrouxava um pouco a gravata.
— Maldição…
Ele apertou os olhos e lembrou-se da imagem da princesa Agnes antes.
Na verdade, desde o seu encontro com ela no escritório do príncipe herdeiro, não faz muito tempo, todas as noites ele era assombrado por pesadelos.
Era um sonho de infância.
Agnes o perseguindo obstinadamente.
E sua mãe chorando tristemente, culpando seu pai.
No final do sonho, sua mãe e a princesa se fundiam em Agnes, que o olhava com ressentimento e lágrimas nos olhos.
Com o simples vestido malva de sua mãe, Agnes chorava amargamente.
Quando acordou do sonho, estava encharcado de suor frio.
Hoje era seu segundo encontro desde aquele dia.
E, caramba, ela estava novamente usando um vestido de banquete malva.
Era muito mais glamoroso e elegante do que da última vez que se viram, mas mesmo assim lembrava sua mãe.
Raymond pressionou a testa com a ponta dos dedos, irritado.
A cabeça latejava de dor.
Não sabia por que se sentia tão sujo.
Assim que viu Agnes aparecer com Sirius Melville, sentiu um estranho torcimento no estômago.
Desde pequena, Agnes nunca havia tido mais ninguém como acompanhante de dança.
Sempre foi Raymond Spencer.
Com a teimosia que a caracterizava, Agnes sempre insistiu que ele fosse seu par.
Até ameaçou castigá-lo se ele se recusasse.
Desta vez, também, Raymond suspeitava que ela acabaria vindo até ele.
Então ele pediu deliberadamente a Hazel, uma colega de trabalho, para ser sua parceira. Se Agnes viesse até ele e o ameaçasse, não seguiria em frente porque já tinha uma parceira.
Mas por sorte, ela não veio atrás dele.
Em vez disso, apareceu com um companheiro inesperado.
Sirius Melville…
Ele nunca havia imaginado os dois juntos.
Raymond não sabia o que sentia naquele momento.
Ciúmes? Não poderia ser isso.
Mas era desagradável.
Por quê?
Raymond estava frustrado por não conseguir encontrar a fonte de seu desconforto.
Estava zangado com Agnes.
Estava zangado com Agnes por se apegar a ele como se fosse a única coisa que importava, por aborrecê-lo como se fosse morrer…
E tratá-lo como se ele não servisse para nada agora.
Enquanto isso, continuava a ver imagens sobrepostas de minha mãe e Agnes, e imagens sobrepostas de seu pai e ele, o que era perturbador.
Eles são tão diferentes…, e o relacionamento entre seus pais e Agnes e ele é tão diferente, então por que…?
O que é esse estranho sentimento de culpa e arrependimento?
Se não fossem esses malditos pesadelos que tinha todas as noites, não estaria tão irritado.
Ele respirou fundo para acalmar sua cabeça aquecida. Manter a calma e não mostrar emoções era o que ele fazia de melhor.
Era uma noite escura, iluminada pela lua.
Um estreito jardim nos fundos do campo de treinamento dos Cavaleiros.
Este era o lugar que Kylo usava para treinar sozinho.
Era uma área privada para os Cavaleiros Negros, então ninguém mais passava por ali, e bem ao lado havia uma fonte de água para se refrescar.
Também era menos abafado do que a área de treinamento coberta, então ele a usava com frequência.
Sob as luzes, ele suava e empunhava sua espada de madeira.
Não era um treino incrível, mas ele não era do tipo que ficava de braços cruzados sempre que tinha tempo.
Um bom suor limpava sua mente de distrações.
Hoje, ele suava sozinho e respirava com dificuldade.
Da direção do Salão de Cristal, onde o Banquete estava em pleno andamento, ele podia ouvir ruídos altos constantemente.
O barulho o incomodava muito.
Quanto mais ouvia, mais se concentrava em empunhar sua espada.
Não havia nada melhor do que suar para apagar suas inseguranças.
Alguma vez ele já se perguntou se algum dia também poderia ir a um baile ou algo assim. Mas nunca aprendeu as danças da nobreza em um banquete.
Ele só se sentiria humilhado.
Mesmo em sua própria imaginação, era desprezado pela nobreza.
— Whoa…
Kylo exalou com força e enxugou o suor da testa com uma toalha que havia deixado de lado.
Até a parte superior do seu corpo nu estava quente e pingava suor.
Apesar do frio do ar noturno, a febre se recusava a ir embora.
Ele ligou a fonte próxima e engoliu a água fria.
As gotas frias escorriam pelo seu peitoral duro e musculoso.
Era o momento.
Sentindo uma onda repentina de calor, Kylo parou e desviou o olhar.
Não poderia haver intrusos no castelo imperial, pensou, e como era domínio exclusivo dos Cavaleiros Negros, tinha que ser um deles.
Como Victor Craven, ou talvez Jeremy Lancaster…
Mas a pessoa que ele viu era algo completamente diferente. Era membro dos Cavaleiros Negros, mas…
— …
Encostada na parede, respirando ofegante, estava claramente a princesa Agnes.
Kylo a olhou perplexo.
Sentiu como se estivesse em um lugar onde não deveria estar, com alguém que não deveria estar lá.
Por um momento, ele se perguntou se estava alucinando.
Mas não tinha motivos para pensar que estava alucinando com a princesa Agnes, certo?
Kylo piscou várias vezes, tentando assimilar seu oponente.
Não era uma ilusão, afinal.
A princesa Agnes vestia um lindo vestido que era completamente diferente de seu traje usual de cavaleira.
O vestido era extremamente bonito, mas parecia modesto em comparação com seus traços.
Era tão bonito que o deixou sem fôlego por um momento.
Mostrava seus ombros brancos e esguios e o deixava tonto, como se tivesse vislumbrado algo que não deveria.
Certamente, não era um traje que se usaria perto do prédio dos Cavaleiros.
Tinha que ser do Salão de Cristal, onde o Banquete estava acontecendo.
Mas por quê?
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