Capítulo 68
Rapidamente, os médicos verificaram o estado de Agnes.
Incapaz de fazer nada com suas mãos ensanguentadas, Raymond entrou em pânico.
Enquanto observava os médicos correndo com rostos sérios, ele percebia cada vez mais que esta situação era real.
Realmente… realmente, Agnes poderia morrer.
Mesmo no campo de batalha, ele se preocupava com a vida de seus soldados.
Claro, ninguém sabia disso porque ele nunca demonstrava isso para o exterior.
Com sua alta posição, ele tinha que manter um perfil baixo.
Sua agitação poderia prejudicar a moral de seus cavaleiros e soldados.
Ele ansiava por tempo para pensar em sua dor.
Ele tinha que trabalhar com seus comandantes para planejar o próximo movimento.
A morte sempre estava próxima.
O campo de batalha era assim.
Mas Raymond não podia deixar a morte dos outros o consumir.
Desde a morte de sua mãe, ele era assim. Até o fim da vida de um pequeno animal o comovia.
Para ele, o campo de batalha era um inferno. Todos os dias ele ouvia notícias de soldados morrendo.
Alguns com quem ele tinha conversado no dia anterior, outros mostrando cartas de suas famílias. Cada vez que ouvia que eles tinham morrido, a mente de Raymond desmoronava um pouco mais.
Pouco a pouco, ele começou a se isolar e a não se comunicar com ninguém.
Felizmente, era fácil esconder sua agitação.
A resposta era se manter ocupado para não ter tempo para se afogar em sua dor.
Manter-se ocupado fazia o tempo voar.
Como o tempo após perder minha mãe, quando Agnes me chamava de uma maneira terrível.
— Ah…
De repente, ele percebeu.
Talvez ela soubesse?
Ela sabia que a morte de sua mãe o abalou e por isso ela sempre esteve lá para perturbá-lo?
A ideia o fez tremer.
O calor desapareceu de seu corpo junto com seu sangue.
Foi então.
— Alteza Imperial!
— A respiração de Sua Majestade parou!
— Seu coração parece ter parado!
As vozes cortavam meus ouvidos como facas.
Os médicos empalideceram e começaram a administrar os primeiros socorros.
Raymond teve uma visão do mundo desmoronando diante de seus olhos.
Aah… aah…
Ele abriu a boca para emitir um som, mas nenhuma palavra saiu.
Agnes morreu?
Seu coração tinha… parado de bater…
Não podia ser.
Agnes era a pessoa mais obsessiva e persistente que ele já conhecera em sua vida.
Só havia uma coisa que ela ansiava e desejava em toda a sua vida: a si mesma.
Mas de jeito nenhum ela morreria aqui.
Não assim…
Ela não podia ter deixado para ele nada além de lembranças dolorosas.
Não havia como Agnes, tão egoísta e implacável, morrer em suas mãos.
Não deveria ser assim.
Não podia ser.
Agora, finalmente, ele iria se desculpar com ela… Raymond não podia acreditar no que estava acontecendo diante dele.
— Ah… ah…
Ele sentia como se seu espírito estivesse se despedaçando.
Poderia ser que ele não tivesse dormido nada na noite passada, e por isso estava tendo visões?
Talvez fosse apenas um pesadelo que estava tendo em seu sono exausto.
Isso não pode ser real.
Não havia como Agnes ter morrido…
Mas a mão pálida, vista entre os médicos, flácida e fraca… era certamente a de Agnes.
A mão problemática que sempre agarrava a barra de sua túnica. Uma pessoa absurdamente pequena, cujo aperto sobre ele era tão forte…
Mãos brancas, sem calos, egoístas, sem sinais de trabalho.
Raymond sempre a afastava fria e impassivelmente.
Nem uma vez ele a segurou com afeto e firmeza.
Sua mão, manchada de sangue, estava fria e fraca.
Raymond segurou a mão de Agnes, ignorando as lágrimas em seus olhos.
Estava fria.
Tão fria que arrepiou sua pele.
E ele não sentiu nenhum poder nela.
Ela sempre agarrou a barra de sua roupa com tanta força…
A mão que sempre segurava a barra de sua camisa com tanta força… com seus olhos melancólicos, implorando para que ele ficasse com ela.
Ela estava caída como um cadáver, sem energia alguma.
Não havia o menor sinal de vida, e era inútil.
Raymond não conseguia acreditar neste momento, mais do que em qualquer morte que ele já tinha visto em sua vida.
Isso devia ser um sonho.
Um terrível pesadelo.
Agnes devia ter mostrado esse pesadelo a ele através de algum feitiço estranho para atormentá-lo.
Esse pensamento o fez se sentir melhor.
Sim, ela não podia estar morta.
Parecia tão terrível e maligno dela querer retê-lo assim.
Por que ela seria tão cruel? Era difícil entender.
Mas, ao mesmo tempo, ele desejava que ela estivesse morta.
Se pelo menos ela não tivesse feito isso com ele, tudo seria culpa dela.
Agora ele sabia o suficiente sobre o que ela sentia. E agora queria que ela parasse de brincar com ele.
Ele teria se ajoelhado e suplicado.
“Eu farei o que você me mandar fazer…”
Matrimônio, seja o que for, brincar de bonecas, já não importava.
Então, por favor, não morra como minha mãe… como minha mãe…
Não me deixe para trás…
Ele não queria ficar sozinho e viver com culpa pelo resto de sua vida.
Tinha que ser diferente de seu pai. Tinha que viver de outra maneira.
Tinha que…
Foi então.
— Sua respiração voltou!
— Seu pulso está batendo novamente! É um milagre!
Tão milagrosamente quanto alguém poderia dizer, a respiração de Agnes começou a voltar.
Raymond tremia enquanto segurava sua mão, cada vez mais quente.
Ao longe, o Imperador e o príncipe herdeiro, que ouviram a notícia, correram para lá.
Enquanto isso, Raymond não largava Agnes.
Suas mãos, que ele nunca havia segurado, começaram a ficar quentes.
Raymond segurou firmemente a pequena mão de Agnes.
Como se nunca mais fosse soltá-la, nunca mais.
Já não importava. Estava tudo bem.
Agora que ela voltou, ele daria a ela tudo o que ela quisesse.
Ele jurou.
Os criados à porta do quarto olhavam para Raymond Spencer, que permanecia perplexo na sala.
Ele teve que ficar ali o tempo todo, já que não lhe disseram para entrar de dentro.
Mas o estado de Raymond parecia estranho.
De pé contra a parede, ele parecia absorto em seus pensamentos.
Seus olhos estavam desfocados e parecia que ele ia desmaiar a qualquer momento.
— O que fazemos, o fazemos entrar?
— Claro que não. Não foi dada a ordem para entrar.
Os criados murmuraram e aguardaram uma ordem de dentro.
Enquanto isso, o clima dentro do quarto da princesa permanecia frio.
As pessoas se olhavam, tentando entender a situação.
Foi o Imperador quem quebrou o longo silêncio.
— Agnes… Querida, este pai não sabe muito bem do que você está falando…
— O quê?
— Se é Kylo Gray… você está se referindo a ele, ao Kylo Gray?
Perguntou nervoso o Imperador.
Agnes sorriu e assentiu.
— Sim, Lorde Gray é o comandante dos Cavaleiros Negros e meu superior, e ele salvou minha vida muitas vezes em missões.
— … ele fez isso, não é?
— Sim, de fato é um homem corajoso e justo, então por favor, chame-o imediatamente.
Disse Agnes repetidas vezes.
Mas nada mudou.
No silêncio, todos reviraram os olhos e se olharam.
“Não. Eles realmente estão tão surpresos?”
A maior surpresa para todos era que Agnes tinha perdido a memória de Raymond.
Mas agora seguir Kylo…
Os rostos das pessoas, que ficaram surpresas duas vezes seguidas, estavam atônitos.
Claro, havia rumores de que sua relação havia se deteriorado desde que Agnes foi enviada para os Cavaleiros Negros.
Mas agora, neste momento de morte e ressurreição.
O fato de ser Kylo Gray quem foi chamado por ela desconcertou a todos.
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