Índice de Capítulo

    Agnes tomou um gole de seu chá em sinal de derrota.

    — Haha… perdi de novo. Não consigo ganhar uma única partida.

    — Isso é muito modesto da sua parte. Eu sei que você fez de propósito.

    — Fico feliz que tenha percebido.

    Agnes sorriu, satisfeita com o elogio deliberado.

    “Ele é o tipo de pessoa que sabe dizer isso.”

    É bom poder dizer isso sem envergonhar a outra pessoa.

    Na história, Kylo era um personagem que falava e agia com brusquidão.

    Então, ela não sabia que ele tinha tão boas habilidades de comunicação.

    Ela percebeu que simplesmente não se destacavam porque ele não tinha ninguém com quem interagir.

    Cada vez que passava tempo com ele, Agnes descobria um lado dele que desconhecia.

    Cada descoberta inesperada a fazia sentir como se tivesse encontrado um tesouro.

    Ela queria saber mais sobre Kylo.

    Tudo o que ela não sabia do original.

    — Quando você aprendeu a jogar xadrez? — perguntou Agnes, e Kylo ponderou antes de responder.

    — Quando eu era mercenário, aprendi com um colega mercenário que era de uma família nobre caída.

    — Deve ter sido um grande mestre?

    — Sim, ele ganhava mais dinheiro apostando do que atuando como mercenário.

    Kylo respondeu com um sorriso zombeteiro.

    Talvez fosse porque passava tempo com Agnes todos os dias, mas Kylo parecia muito mais relaxado do que no início.

    Isso me fez perceber algo.

    Sempre que Kylo estava relaxado e confortável, ele tinha uma expressão característica…

    Uma de suas sobrancelhas se erguia e abaixava ligeiramente, fazendo meu coração dar um salto.

    — Como você se tornou mercenário? — perguntou Agnes timidamente.

    Ela estava especialmente curiosa sobre a infância de Kylo.

    Tudo o que ela sabia de seu passado pelo material original eram algumas linhas.

    Quando criança, todos o maltratavam na casa do Visconde Gray, e em algum momento ele saiu de casa por conta própria.

    Agnes estava curiosa sobre a história por trás disso.

    É claro, ela duvidava que Kylo estivesse disposto a contá-la, mas…

    — Não é uma história agradável de se ouvir para uma princesa.

    — É?

    Como sempre, Kylo não parecia disposto a me contar.

    Ele parecia decidido, como se não fosse me contar se eu continuasse perguntando.

    “Sim, nós não somos tão próximos para falar sobre isso ainda…”

    Agnes escondeu sua decepção e o convidou para outra rodada.

    As gotas de chuva caíam sobre as paredes de vidro transparente do jardim de inverno, produzindo um som crepitante.

    Fora continuava chovendo, e eles jogaram algumas partidas a mais.

    O cheiro de terra encharcada pela chuva, o ar fresco e a atmosfera elevaram seus espíritos.

    Quando a chuva parou, já havia passado bastante tempo.

    Era hora de Kylo ir embora.

    — Foi um prazer hoje, mas tenho assuntos para tratar.

    Ele fez uma leve reverência.

    Agnes sentiu pena de vê-lo partir, mas não tinha escolha.

    Kylo de repente não parecia estar de bom humor, e era melhor deixá-lo ir o mais rápido possível.

    — Então, enviarei alguém amanhã na mesma hora.

    Agnes sorriu, e Kylo se curvou bruscamente.

    — … muito bem, então, faça-se em casa.

    Com isso, Kylo saiu do jardim de inverno e se dirigiu ao prédio dos Cavaleiros.

    O lugar estava silencioso agora que a chuva tinha parado.

    Ele apressou o passo e seus pés bateram no chão encharcado de chuva.

    Kylo apertou os punhos.

    Ele não podia acreditar em como o dia tinha ido.

    Ele se envolveu em uma discussão infantil com Raymond Spencer, e a princesa ficou sabendo.

    Ela não disse nada sobre seu erro.

    Na verdade, ela até fez uma estranha sugestão de que deveriam agir de forma amigável para irritar Raymond.

    Em que ela estava pensando?

    A princesa Agnes era diferente, mas muito diferente.

    Talvez seja por isso que ele se sente tão diferente perto dela.

    Quanto mais gentil ela é com ele, mais gentil ele se torna em seu comportamento e sua fala.

    Ele nem sequer percebeu que tinha esse lado dele.

    Ele se sentiu uma pessoa diferente por alguns momentos de conversa com ela.

    De alguma forma, ele se sentiu uma pessoa maravilhosa.

    Não um fracassado, mas uma pessoa decente com um status adequado.

    Mas, quando a princesa Agnes perguntou sobre seu passado.

    Ele saiu bruscamente da ilusão de ser um grande homem e enfrentou a si mesmo com sobriedade.

    Ele tinha medo de contar sobre seu passado.

    Não havia nada tão especial para esconder.

    Mas…

    Seu passado não passava de coisas sombrias e sujas para contar à princesa.

    Ele não queria contar toda a história para a princesa, que tinha se tornado favorável a ele.

    Se ela ouvisse tudo, isso só reforçaria sua baixa condição.

    Ela poderia até começar a insultá-lo e desprezá-lo novamente, como antes.

    Ele não queria que isso acontecesse.

    Não queria… não queria perder a gentileza da princesa para com ele.

    Seu olhar caloroso, suas palavras, sua voz, seu sorriso.

    O afeto alheio que nunca foi seu.

    Ele estava embriagado por sua doçura.

    Até teve a ideia ridícula de querer monopolizá-la, como uma criança.

    Era como o primeiro raio de sol em uma vida escura, cheia de desprezo e desdém.

    Ele queria senti-lo um pouco mais.

    O raio de sol duraria pouco e sua vida voltaria à escuridão, como sempre.

    Só mais um pouco.

    Ele queria desfrutar dessa felicidade só um pouco mais.

    No dia seguinte.

    Depois dos exames diários dos médicos, Agnes finalmente foi liberada.

    Foi declarado que ela estava bem, exceto por algumas memórias danificadas.

    Isso significava que ela não precisava mais ficar confinada em seus aposentos.

    Também significava que agora estava livre para receber visitas. Mal sabia ela que esta seria a primeira pessoa a vir.

    Agnes ficou olhando para a visitante inesperada em seus aposentos.

    Esta manhã, o Imperador anunciara seu estado perante seus súditos.

    Ela havia perdido parte de sua memória, mas, de resto, gozava de boa saúde.

    Ele fez isso para dissipar os pequenos, mas crescentes rumores de que a princesa poderia estar louca.

    Como prova, o Imperador anunciou que a princesa voltaria à vida social, além de cumprir seus deveres como Cavaleiro.

    E ainda naquela manhã, chegou uma visitante.

    — Desculpe, mas por que está chorando…?

    Agnes olhou para a mulher desconhecida que havia chegado sem aviso e estava chorando novamente.

    Hazel Devon.

    Por que ela estava chorando…?

    Agnes estava ainda mais desconcertada do que ontem, quando Raymond bateu à sua porta e começou com suas bobagens.

    “Será que a protagonista teve um acidente de carruagem comigo…?”

    Por que todos os personagens de repente ficaram loucos?

    Agnes olhou para Hazel com uma expressão perplexa.

    Sentada diante dela, Hazel limpou uma única lágrima da bochecha e sorriu.

    — Eu estava preocupada.

    — …?

    — Já fazia um tempo que queria vir vê-la, mas meu irmão estava doente.

    Agnes olhou para Hazel, que emitiu um som ininteligível.

    Ela já sabia que Hazel tinha um belo irmão gêmeo que estava doente.

    Mas não era isso que ela queria saber.

    Claro, com os rumores de sua própria experiência próxima da morte… ou melhor, sua morte e ressurreição, deve ter havido bastante gente preocupada.

    Ao contrário de antes, havia muitas pessoas a favor de Agnes, graças aos seus esforços.

    Mas ela não esperava que Hazel Devon estivesse entre elas.

    “Salvo se você for Diana Lennox…”

    Ela conhecia Diana, uma das personagens principais. Uma amiga de infância, mas mesmo assim.

    Hazel era…

    Perguntou Agnes, sentindo-se um pouco desconfortável.

    “Será que éramos realmente tão amigas para que ela chorasse assim por um rumor de que eu tinha morrido e voltado à vida?”

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