Índice de Capítulo

    Pío pío pío.

    Agnes abriu os olhos ao som pacífico dos pardais cantando do lado de fora da janela.

    Ao abrir os olhos sonolentos, a luz do sol atravessava as cortinas com suavidade.

    Agnes resmungou e se espreguiçou. Seria porque tinha dado vazão aos seus desejos? Dormiu especialmente bem e seu corpo parecia renovado.

    Com os olhos ainda meio fechados, Agnes estendeu a mão para se enroscar nos braços de Kylo como sempre fazia…

    — Hein?

    O lugar ao seu lado estava vazio. Agnes se sentou de repente. Será que ele saiu para se exercitar de manhã?

    Normalmente, Kylo estava ali quando ela abria os olhos. Mesmo que saísse bem cedo para se exercitar, sempre voltava a tempo de vê-la acordar.

    Foi então que ela notou algo se mexendo sobre o lençol. Algo extremamente pequeno.

    Assustada, Agnes puxou o lençol de uma vez.

    E lá estava…

    — Miau!

    — Hã…?

    Um filhotinho de gato, bem pequeno, de pelo preto.

    Agnes coçou a bochecha e olhou para a janela. Teria entrado por ali? Era um gato de rua? Como tinha conseguido entrar?

    E então, de repente…

    Um arrepio percorreu suas costas.

    Agnes virou a cabeça lentamente para encarar o gatinho solitário na cama.

    Os olhos do gato eram azuis.

    — Ah…!

    Não… seria possível…?

    Será que… não, será que…?

    Quando seus olhos se encontraram, o filhote agitou as patinhas dianteiras freneticamente, como se estivesse tentando dizer alguma coisa. Miau, miau. Seu miado parecia estar carregado de significado.

    — V-você é o… K-Kylo?

    — Miau!

    O filhote balançou as patas com força e assentiu com a cabeça.

    Isso não faz o menor sentido…!

    Como é possível? Por que isso está acontecendo de verdade?

    Achando que ainda estava sonhando, Agnes esfregou e beliscou as próprias bochechas.

    — Kylo… isso é uma brincadeira, né? Onde você está?

    Sem conseguir aceitar o que via, Agnes desceu da cama e começou a procurar por Kylo. Mas no quarto, só estavam ela e o filhote.

    Foi então que…

    Agnes, andando meio como uma sonâmbula, parou de repente diante de algo.

    Era o armário onde guardava as coisas relacionadas a Kylo. Bem onde ela tinha colocado a bola de neve no dia anterior.

    — Ah…

    Surpreendentemente, o sapinho verde que havia dentro da bola de neve tinha sumido. Só restava o guarda-chuva amarelo no fundo.

    “Será que aquele velhote de ontem…?”

    Será que existe mesmo um mago louco que captura fadas sapo e as prende? Isso é insano!

    Agnes ficou boquiaberta, cobrindo a boca com a mão. Quando virou um pouco a cabeça, viu o gatinho sentado na cama, olhando pra ela com um olhar triste.

    — … Kylo?

    — Miau!

    — É você mesmo, Kylo? Desde quando você está assim?

    Quando Agnes perguntou, o gatinho bateu com as patinhas na cama e balbuciou algo. Parecia estar explicando com entusiasmo, mas… era impossível entender.

    Mesmo assim, parecia realmente ser Kylo. Aqueles olhos azuis, e o fato de entender o que ela dizia… Se não fosse ele, não tinha como explicar aquilo.

    Agnes achou que fosse desmaiar, mas tentou se acalmar. Respirou fundo e começou a pensar no que fazer.

    Se o desejo vazio realmente se realizou…

    “Ele disse que seria só por um dia, então amanhã ele vai voltar ao normal, certo?”

    Então…

    Agnes olhou para o gatinho, que piscava devagar.

    É fofo demais.

    Depois de passado o susto, só conseguia pensar em uma coisa.

    Por que isso tá acontecendo mesmo…? O que eu faço? Isso é fofo demais! Isso é absurdo! Ele virou um gatinho DE VERDADE? Isso é fofo num nível impossível!

    Quando Agnes começou a rir abafando a boca, o gatinho se encolheu, assustado.

    Sua expressão parecia dizer: “Você consegue rir numa situação dessas?”

    Agnes olhou em volta com pressa. Primeiro, uma câmera… preciso de uma câmera!

    Só tinha um dia. Precisava tirar muitas fotos e gravar vídeos!

    Ela arrumou a cama rapidinho. Depois, abriu de repente um armário que mais parecia uma parede e começou a tirar coisas de lá.

    O gatinho se assustou e olhou para o armário. Ele achava que era só uma parede…! Por que estavam saindo coisas dali? Sua cara dizia tudo.

    Do “muro” saíram vários bichos de pelúcia. Um urso grande, um gato, um coelho, um cervo… um monte de bichinhos filhotes… todos com pelo preto e olhos azuis.

    Era um passatempo que Agnes tinha há um tempo. A coleção de pelúcias era um segredo para Kylo.

    Tinha medo que ele achasse exagerado e se cansasse dela. Com razão. O armário estava abarrotado de pelúcias com pelo preto e olhos azuis.

    Mas hoje não dava pra esconder. Não podia perder essa chance, mesmo que ele descobrisse o segredo.

    Agnes organizou todos os bichinhos na cama e, por fim, estendeu a mão para o gatinho.

    Seu braço tremia. O gatinho, que a observava, também estava tremendo, por algum motivo.

    — Ah… meu Deus.

    Finalmente, Agnes pegou o gatinho no colo e o ergueu em direção ao teto. Como um macaco segurando o filhote de leão real…

    Depois de rodopiar algumas vezes, abraçou o gatinho contra o peito.

    A sensação quentinha e macia era perfeita.

    — Ah… o que eu faço com isso… ah…

    Agnes se contorcia fazendo barulhos esquisitos com o nariz. Estava prestes a surtar de tanta fofura.

    Depois de curtir o abraço por um bom tempo, Agnes recuperou a compostura e colocou o gatinho no meio dos bichos de pelúcia.

    — Kylo, espera aqui um pouquinho.

    — …

    Mas Kylo sabia que “um pouquinho” com ela nunca era tão rápido assim.

    Ontem, no café de aniversário, ela também disse que era só uma foto rápida… e o fez ficar ali por horas.

    Claro, ele não se importava. O carinho e a atenção dela sempre o deixavam feliz. Mas… poderia viver sem os olhares curiosos dos outros.

    Mas ao contrário de ontem, hoje não tinha plateia. Isso já era um alívio.

    O gatinho, meio melancólico, parecia estar distraído. Clic, clic. O som agudo do obturador não parava.

    Muito tempo depois…

    Quando a sessão de fotos finalmente terminou, o gatinho estava caindo de sono.

    Toc, toc—

    — Ah, pode entrar.

    Quando Agnes falou, os criados entraram no quarto. Eram os pedidos que ela tinha feito ao mordomo mais cedo.

    A mesa ficou cheia de docinhos feitos com ingredientes próprios para gatos. E leite quente.

    Quando os criados saíram, Agnes pegou o gatinho e se sentou num sofá fofinho.

    O calor e o peso dele sobre o peito era tão reconfortante.

    Sim, era isso. Sempre quis abraçar meu bebezinho assim, transformado num gato. Hehe…

    Kylo era muito fofo, mas grande demais pra ela segurar assim no colo. Claro que adorava ser abraçada por ele… mas queria tanto poder abraçá-lo assim, bem aconchegado, só uma vez.

    Agnes alimentava o gatinho, que parecia cansadinho, com pedacinhos dos docinhos. A forma como ele abria a boquinha devagar pra comer, depois da maratona de fotos, era fofa demais.

    “A língua dele… tão rosinha… que coisa linda.”

    As manchinhas de leite no pelo também estavam de matar de tão fofas.

    Clic, clic. Agnes não parava de tirar fotos e aproveitava cada segundo daquele momento.

    Depois da sobremesa, decidiram dar uma voltinha. Ela queria mostrar o bebê-gatinho para o mundo.

    Quando Agnes tentou sair, o gatinho se encolheu nos braços dela.

    Dava pra sentir o desespero na pergunta muda: “A gente vai MESMO sair assim?” Agnes o segurou com firmeza.

    E assim, Agnes desfilou pelo palácio imperial com Kylo, transformado em um filhotinho de gato, nos braços.

    Durante o passeio, não perdeu a chance de mostrar o gatinho para todo mundo que encontrava.

    O príncipe herdeiro, por exemplo, com quem cruzou no caminho para uma reunião…

    — O que você está fazendo com um gatinho? Não combina com você.

    Ele soltou esse comentário irritante, mas Agnes o perdoou porque estava de bom humor.

    O próximo encontro foi com Diana Lennox, agora consorte do príncipe herdeiro, e suas damas de companhia. Quando as mulheres com vestidos elegantes se aproximaram, o gatinho se encolheu.

    — Ai, que fofura!

    — É muito fofo, kyaa!

    — Esse é o gatinho da princesa? Posso segurar um pouquinho?

    As damas fizeram o maior alvoroço. Agnes pensou em deixá-las segurá-lo só pra ver a reação do Kylo, mas assim que sentiu o movimento, o gatinho se agarrou nela com força.

    O jeitinho desesperado de cravar as garrinhas para não se separar dela era de cortar o coração.

    — Parece que ele não quer sair do colo da princesa. Ai, que amor.

    — Também quero ter um gato…

    Depois de trocar algumas palavras com Diana e as damas, Agnes se despediu.

    Foi então que, ao se aproximar do jardim do palácio…

    — Princesa!

    Alguém a chamou de longe, com uma voz animada.

    Quando Agnes virou a cabeça, surpresa, o homem já estava bem perto.

    Era Rubius Melville, conhecido como o destruidor de corações… de mulheres casadas.

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