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    — Lorde Melville. Há quanto tempo.

    — Sim, Princesa Imperial.

    Era Rubius Melville, com quem ela raramente tinha oportunidade de conversar. Ele olhou ao redor da princesa com curiosidade e perguntou:

    — O Capitão, ou melhor, o Grão-Duque, não está com você?

    — Ah… Kylo saiu cedo hoje de manhã por um assunto fora do palácio imperial.

    — É mesmo?

    Ao ouvir que Kylo não estava, os olhos de Rubius brilharam por um instante, como joias.

    Diante dessa mudança tão evidente em seu olhar, Agnes quase caiu na risada.

    Uau… Rubius Melville, esse lunático… Mesmo sendo conhecido como um conquistador de mulheres casadas, vai tentar essas artimanhas comigo também?

    Rubius tossiu discretamente e, passando a mão pelos cabelos, disse:

    — Hmm, então… gostaria de dar um passeio comigo? Posso te levar a um lugar secreto onde florescem umas flores belíssimas. É um canto escondido que só eu conheço dentro do palácio imperial.

    — Lorde, desculpe, mas…

    Justo quando ela ia dizer pra ele parar com esses joguinhos, aconteceu.

    O gatinho que até pouco tempo estava aninhado nos braços de Agnes, sonolento e preguiçoso, saltou de repente.

    — Ah!

    O valente filhote pulou direto no rosto de Rubius e o arranhou várias vezes. Depois, deu outro salto e voltou para os braços de Agnes.

    Agnes ficou boquiaberta com a cena que aconteceu numa velocidade impressionante.

    Que rápido… mesmo transformado em gato, as habilidades físicas dele continuam intactas. Não, talvez até tenham melhorado?

    — Agh…! Mas o que é isso?!

    Rubius Melville rapidamente tirou um espelho de bolso e examinou o rosto. Sua expressão se contorceu na hora. O rosto bonito, que ele usava para seduzir mulheres casadas, agora estava todo marcado.

    — Nossa… e eu estava a caminho de visitar Sua Alteza, a Princesa Herdeira… Aff…

    Ao ouvir isso, Agnes clicou a língua com desprezo.

    Inacreditável esse cara… Não basta a Princesa Imperial, agora vai atrás da Herdeira só porque é casada também? O gosto dele é realmente… especial.

    Agnes sinceramente temia que um dia Rubius Melville fosse executado. Embora, claro, Diana jamais concederia sequer uma audiência a ele…

    — Meu lindinho cometeu um erro. Me desculpe, Lorde.

    — Hmm, se está mesmo arrependida, quem sabe possamos tomar uma xícara de chá…

    Agnes mal conseguiu segurar o gatinho, que já se preparava para pular de novo.

    — Lorde. Se não quiser entrar para a história como o homem que morreu arranhado por um gatinho, é melhor ir caçar em outro lugar.

    — … Hmm, entendi. Está criando um bichinho de personalidade difícil, hein?

    Rubius Melville fez uma expressão de frustração e se virou levemente. Mas, para alguém “decepcionado”, seus passos estavam leves demais. O lema dele era: “há muitas mulheres casadas no mundo”.

    Agnes fez carinho com ternura no gatinho que ainda bufava irritado em seus braços.

    A caminhada terminava por ali.

    Ela voltou para seus aposentos, segurando o filhotinho com todo carinho.

    Naquela noite.

    Agnes saiu do banho calmamente. Tomar um banho de espuma com o gatinho tinha sido um momento extremamente agradável.

    Depois de vestir o pijama e se deitar na cama, Agnes perguntou como se tivesse acabado de lembrar:

    — Você vai voltar amanhã, né…? Não vai sumir assim, vai?

    Ao perguntar com um tom fingidamente preocupado, o rosto do gatinho que estava deitado sobre sua barriga empalideceu.

    Miau! Mi!

    Era um miado que parecia quase um choro. A reação dele era tão fofa.

    Agnes sorriu, sem que ele percebesse, aproveitando aquele som adorável que não ouviria mais depois de amanhã.

    Felizmente, ainda de madrugada, Kylo voltou à sua forma original, são e salvo.

    — Princesa Imperial…!

    Agnes, que dormia, abriu os olhos lentamente ao sentir mãos se enfiando em seus braços.

    Kylo, agora em forma humana, enterrou o rosto na curva do pescoço dela. Sua voz, sussurrando que achou que nunca mais voltaria ao normal, estava cheia de sinceridade.

    Mesmo meio adormecida, os lábios de Agnes se curvaram num sorriso.

    A forma como Kylo tentava se enroscar nos braços dela, como se ainda achasse que era um gatinho, era simplesmente adorável.

    Agnes o abraçou, fazendo carinho até que ele se acalmasse e voltasse a dormir tranquilamente.


    Em um dia de chuva suave de primavera.

    Agnes e Kylo almoçaram com o Imperador, como de costume.

    Geralmente, eles almoçavam com ele quase todos os dias, salvo algo excepcional.

    Os criados trouxeram chá quente, e o Imperador iniciou a conversa:

    — Vocês também ouviram a notícia? O bebê que Diana está esperando é um menino.

    Diante disso, Agnes assentiu.

    — Ouvi, sim. E também que meu irmão ficou muito feliz com a notícia.

    Já fazia alguns meses que tinham anunciado que a Princesa Herdeira estava grávida. Agora era o momento de saber o sexo do bebê…

    Ouvi dizer que o mago da corte contou o sexo da criança há poucos dias. Na verdade, um mago de alto nível como aquele poderia ter dito desde o início, mas havia uma superstição no Império.

    Dizia-se que o bebê só nasceria saudável se o sexo fosse revelado apenas após quatro meses. Na prática, comentava-se que os pais sabiam antes, em segredo… mas parecia que o casal herdeiro acreditava mesmo na superstição.

    — Hmm, sim, é verdade… Então, quando vocês vão me dar a notícia de um neto?

    Agnes parou, a xícara de chá a meio caminho da boca, surpresa com a pergunta repentina.

    — Gostaria de ver uma netinha que fosse a sua cara…

    O Imperador murmurou com um ar melancólico. Parecia um pouco desapontado por o filho da Princesa Herdeira ser um menino. Ela não tinha notado antes, porque ele nunca deixava transparecer nada.

    — …

    Como Agnes e Kylo não responderam, o Imperador suspirou levemente e mudou de assunto.

    E assim terminou, de forma um tanto desconfortável, a hora do chá daquele dia.

    No caminho de volta aos aposentos, Agnes e Kylo caminhavam em silêncio, de mãos dadas.

    Na verdade, não era que eles nunca tivessem falado sobre ter filhos. Haviam conversado sobre isso há alguns meses… e a conclusão naquela época foi: “vamos aproveitar um pouco mais a lua de mel”.

    Agnes, sinceramente, estava pronta a qualquer momento. Ela estava saudável, física e emocionalmente, então não haveria problema se um anjinho aparecesse.

    Mas a razão pela qual ela decidiu esperar um pouco mais… era Kylo.

    Ele parecia pensar que não conseguiria ser um bom pai.

    E não era difícil entender. Kylo nunca teve alguém que lhe mostrasse amor paterno.

    Desde o nascimento, foi um fardo para seus pais. A mãe o maltratou quando não pôde usá-lo, e o pai o abandonou, só pra depois tentar usá-lo de novo, descaradamente.

    Agnes decidiu esperar até que ele estivesse emocionalmente pronto.

    Na verdade, recentemente, ela descobriu alguns livros que Kylo andava pegando emprestado escondido da biblioteca.

    “Tornando-se um bom pai”, “O peso da paternidade”, “O sacrifício de uma mãe”, e por aí vai.

    Do jeito dele, ele parecia estar se preparando, então ela fingiu que não percebeu. E pretendia continuar fingindo, até que ele estivesse realmente pronto.


    Assim, passaram-se alguns dias até que…

    — O Grão-Duque está me procurando?

    O Imperador Alejandro estava voltando para seu gabinete após uma reunião de assuntos de Estado. No caminho, o mordomo principal trouxe uma notícia inesperada.

    Kylo o estava procurando — sozinho. O Imperador achou aquilo estranho.

    Agnes e Kylo eram tão grudados que até os criados reviravam os olhos de tanto que andavam juntos. E agora ele aparecia sozinho?

    Acelerou o passo, movido pela curiosidade. Ao entrar em seu gabinete, Kylo se levantou prontamente, esperando por ele.

    O Imperador mandou trazer chá. Após beber alguns goles, perguntou com cuidado:

    — Então, aconteceu alguma coisa?

    — É que… gostaria de perguntar algo pessoalmente a Vossa Majestade.

    — Hmm, a mim?

    O Imperador coçou a bochecha. Se o Grão-Duque queria perguntar algo pessoal… seria sobre Agnes?

    Talvez estivesse planejando surpreendê-la? De qualquer forma, era compreensível — afinal, como pai, ele provavelmente conhecia bem Agnes.

    Um genro que ficava ainda mais encantador quanto mais o conhecia.

    Na verdade, no começo, ele era totalmente contra… mas desde que Kylo salvou Agnes, passou a vê-lo como um verdadeiro herói.

    Mesmo depois do casamento, continuava gostando muito dele. Kylo sempre colocava Agnes em primeiro lugar, e ainda por cima tinha um lado adorável…

    — Como posso ser um bom pai, Vossa Majestade?

    — Hã?

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