Capítulo 100: O Primeiro Ponto de Virada (2/4)

A operação começou.

Depois de descerem do pico, Dylan e Seol Jihu se esconderam atrás de uma colina.

— Meu destino está em suas mãos, Dylan.

— Não se preocupe com isso. Quando estiver pronto, vá em frente. Eu ajustarei o meu tempo ao seu.

Seol Jihu sorriu com aquelas palavras que aumentaram sua confiança e conferiu mais uma vez suas esferas mágicas, bem como o arco e flecha que recebera dos soldados de Teresa.

Percebendo que, não importa o quanto olhasse, não havia sequer um traço de tensão no jovem, Dylan só pôde rir de forma amarga. Não podia ser ajudado, já que ele não sabia sobre a Visão do Futuro. Não era à toa que achava o jovem tão enigmático.

— Até pensar na direção… É um plano bem mais intricado do que parece.

— Estou apenas fazendo tudo o que posso.

— É mesmo.

— Bem, estou indo agora.

Dylan estava prestes a puxar uma flecha longa, mas parou e perguntou a Seol Jihu, que já se afastava.

— Ei, Seol. Pode ser a última vez que nos vemos, então posso te perguntar uma coisa?

Ouvindo o tom brincalhão de Dylan, Seol Jihu assentiu.

— Acho que o Hugo já te perguntou isso antes. Mas bem. O que você fazia na Terra antes de vir para cá?

— …Uhm…

Seol Jihu coçou a bochecha, parecendo um pouco incomodado, antes de um sorriso amargo se formar em seus lábios.

— Eu era um apostador.

Dylan riu sem emitir som.

— Entendi. Acho que agora compreendo que tipo de cara você é.

— Mas eu larguei.

— Eu acredito em você. Vou rezar pelo seu sucesso.

Dylan estendeu o punho. Seol Jihu tocou o punho dele e, mantendo-se bem baixo, desceu pela colina.

A cada segundo que passava, aproximava-se da fortaleza. O odor acre e os ruídos ensurdecedores cresciam cada vez mais; a distância restante era apenas um salto proverbial.

E, finalmente, chegou ao seu destino.

“Insetos…”

A primeira coisa que viu foi uma criatura do tipo crustáceo, com cerca de metade do tamanho de um homem adulto, dotada de uma mandíbula semelhante à de um jacaré e oito patas, correndo apressadamente para dentro das ruínas do portão da frente da fortaleza.

No entanto, a concentração de Seol Jihu estava totalmente focada em uma única criatura.

“…Medusa.”

Quando a viu pela primeira vez, pensou que fosse um aríete com mais de quatro metros de comprimento.

Mas, ao olhar mais de perto, percebeu que pernas bestiais estavam misturadas entre membros humanos brotando do corpo principal; com uma tonalidade verde-escura, todos se entrelaçavam desordenadamente para formar uma forma enroscada, e no topo havia o torso de uma mulher.

E ao redor dessa criatura bizarra, vários insetos vagavam, parecendo baratas superdimensionadas.

Ele queria se aproximar ainda mais para observar, mas não havia mais tempo. Poderia ser descoberto a qualquer momento e, mais importante, a resistência desesperada dos soldados presos na fortaleza também estava chegando ao fim.

No entanto, havia algo estranho, ele não sentia medo. Pelo contrário, estava animado. Se conseguisse salvar aquela fortaleza, que tipo de repercussão isso teria no futuro?

Quando pensava nisso, percebia que as coisas sempre eram assim, a ‘Visão do Futuro’ o fazia agir levado pelas emoções, não pela lógica. Era como se aquela “habilidade” o empurrasse pelas costas, dizendo para apenas fazer. Se fosse honesto consigo mesmo, parecia que essa habilidade só servia para aumentar sua confiança sem base, mas o importante era que, no final, ele sempre conseguia realizar o que precisava.

“Talvez…”

“…Será que minhas duas Habilidades Inatas estão conectadas?”

Como uma bússola que o guiava para mudar o futuro.

Seol Jihu balançou a cabeça, recordando-se das mensagens que viu no salão de assembleia, quando seus Nove Olhos despertaram. Sabia que a resposta que buscava só se tornaria clara depois de desbloquear a direção restante dos Nove Olhos.

Para que isso acontecesse, ele simplesmente precisava salvar aquela fortaleza e retornar a Haramark, vivo.

Seol Jihu respirou fundo e rapidamente se ergueu. Então, lançou uma das duas esferas mágicas que segurava nas mãos. Seol Jihu observou em silêncio enquanto a esfera contendo o feitiço voava em direção ao seu alvo.

Keeruk?

Talvez sentindo que algo estava errado, a cabeça da Medusa virou bruscamente para o céu. A esfera mágica girando no ar de repente emitiu uma luz intensa e, então, transformou-se em uma enorme coluna de líquido que despencou sobre a terra.

SPLASH!!

A Medusa ficou encharcada no mesmo instante e, no momento em que olhou reflexivamente ao redor…

Pzzzzzt!

Um raio de eletricidade, vindo como um raio de luz, perfurou o peito da parte feminina da criatura.