Capítulo 115: Um Líder de Nível 2 (5/5)
O próximo destino de Seol Jihu foi o templo da Luxuria. Ele falou com alguém na recepção e esperou por um tempo. Logo, uma mulher se aproximou e pediu que ele a seguisse. Ela o guiou pela área residencial dentro do edifício do templo e, por fim, chegaram diante de uma porta entre muitas outras alinhadas naquele corredor silencioso. Engraçado o suficiente, assim que bateu na porta, a guia… saiu correndo.
A porta foi escancarada pouco depois, revelando uma jovem de baixa estatura cambaleando de forma instável sobre os pés. Seus cabelos loiros brilhantes estavam desgrenhados e completamente bagunçados; ela usava apenas uma camisa branca larga demais; seus olhos fundos se destacavam ainda mais por conta da pele pálida.
Era Maria.
Ela o encarou sem dizer uma palavra antes de apontar de volta para o quarto.
— …Entra.
O quarto era um chiqueiro. A iluminação era excelente e, como resultado, o interior estava bem claro, mas isso apenas servia para destacar ainda mais as condições deploráveis daquela lixeira.
O lugar parecia até… ‘triste’ demais para ser apenas bagunçado, agora que ele olhava com mais atenção. Seol Jihu foi subitamente tomado por uma sensação de afinidade ao avistar um cinzeiro entupido de bitucas queimadas. Parecia até um ouriço, de certo modo. Mas então ele notou marcas de queimaduras de cigarro nas paredes e nos lençóis e, naturalmente, quase surtou ali mesmo. Inferno, as garrafas de bebida rolando pelo chão pareciam até adoráveis em comparação.
— E o que traz vossa senhoria à minha humilde morada? Ouvi dizer que você tá com tudo agora.
Maria coçou os cabelos bagunçados como um homem, depois estalou os lábios e analisou os arredores com o olhar.
— Bem… senta em qualquer lugar. Quer beber alguma coisa? Que tal álcool? Não tenho mais nada pra oferecer.
— Não, estou bem. Você estava dormindo?
— Tava, sim. Bebi um pouco demais ontem… Euh, euh… puta merda, essa ressaca tá me matando.
Maria pegou uma das muitas garrafas no chão e sacudiu.
Slosh, slosh…
Ela não hesitou nem um segundo antes de despejar o conteúdo goela abaixo. O pescoço pálido se moveu para cima e para baixo algumas vezes, e, quando terminou, estremeceu levemente enquanto fazia uma careta.
— Urgh. Agora me sinto viva de novo.
— V-Você tá bem?
— O quê, quer dizer meu corpo? Tá bem melhor do que quando realizei a Cerimônia.
Ela se acomodou no canto da cama e passou a encarar o jovem com um par de olhos desfocados.
— Então, o que te traz aqui? Se veio pra pagar a dívida, te recebo de braços abertos.
— Eu vim te pedir uma…
— Ah, merda.
Ele nem terminou a frase, mas ela já estava abaixando a cabeça, soltando um longo gemido. Falou com ele naquela postura.
— Não vai me pedir outra Cerimônia, né?
— Nem pensar. Eu diria que é mais como… uma proposta, dessa vez.
Ela agarrou o gargalo da garrafa de cabeça para baixo, o que fez Seol Jihu rapidamente explicar o motivo de estar ali.
— Uma proposta?
Maria levantou a cabeça devagar. Havia um traço de interesse em sua expressão, então ele não perdeu mais tempo e foi direto ao ponto, pedir que ela o acompanhasse até a vila de Ramman.
— Hmm…
Como esperado, a reação de Maria foi tudo menos entusiasmada. Ela inclinou a cabeça de leve; então, como se já tivesse decidido, balançou-a de um lado para o outro.
— Eu entendo o que você quer de mim, mas não quero. Não vejo nenhum mérito em te acompanhar.
— Entendo.
Seol Jihu concordou prontamente, e isso fez com que ela o encarasse com olhos desconfiados. Ela deu uma risadinha.
— Ora, ora? As fofocas que ouvi sobre você eram mentira? Ou foi o Paraíso que te pegou de jeito, hein?
— Ainda sou grato pela ajuda da última vez.
— Não precisa nem mencionar. Vou receber minha recompensa mais cedo ou mais tarde, de qualquer forma.
— Claro. Estarei esperando.
Talvez a atitude objetiva dele tenha deixado uma boa impressão nela, porque Maria cruzou os braços e abriu a boca como se estivesse fazendo um favor para ele.
— Você veio até aqui me ver, então acho meio rude te mandar embora de mãos abanando. Que tal isso, então? Conheço alguns sacerdotes aprendizes, e posso pedir pra um deles te acompanhar, se quiser. Pode ser que não sejam grande coisa, mas você sabe muito bem que ter um Sacerdote no grupo faz uma baita diferença, né?
A sugestão não parecia ruim. Provavelmente ela não recomendaria alguém completamente inútil, já que parecia estar sendo sincera. No entanto, Kim Hannah o havia ‘aconselhado’ fortemente a se aproximar de Maria, mesmo que isso significasse gastar uma boa quantidade de moedas. Ele achou que tentar isso agora não seria uma perda para ele.
— Agradeço a gentileza, mas ainda preferia que fosse você, senhorita Maria.
Maria bufou, com uma expressão de espanto incrédulo.
— Ah, vê se pode. Você disse que sabia.
— Eu sei.
— Diz que sabe, então por quê? Tá bom, deixa eu deixar isso bem claro. Por que alguém do meu calibre seguiria você numa missãozinha tão patética?
— Bom, você vai ganhar pontos de experiência e também recompensas.
— Nem ferrando. Acha que essa quantidade patética de pontos vai fazer cócegas no meu nível atual? E o que foi aquilo? Recompensas? As recompensas que você tá falando não pagam nem um dia de bebida, sabia? Sério mesmo que acha que eu vou contigo só pra ganhar essas migalhas?
A forma ácida de Maria falar não tinha mudado nem um pouco. Seol Jihu sorriu com naturalidade e levou a mão até o bolso interno. Já esperava essa reação dela, então era hora de mostrar suas cartas na manga.
— Agora me entende? Não há motivo algum para eu…
Clunk.
Ela parou de falar imediatamente assim que uma pequena bolsa de moedas foi colocada sobre a mesa branca.
— O que é isso?
— Cinco moedas de prata. Que tal?
— Seu…
Maria franziu profundamente a testa.
— Como é que você descobriu que eu gosto desse tipo de coisa? Tô perguntando isso só por preocupação com seu bem-estar, tá? Tem ideia de quanto vale uma única moeda de prata?
— Uma moeda de cobre vale cerca de 500 won. Uma moeda de prata equivale a mil moedas de cobre, então 500 mil won. Cinco moedas de prata somam 2,5 milhões de won.
— Oho? Então você tá nadando em dinheiro agora, é?
O final da frase de Maria se arqueou de maneira um tanto misteriosa. Sua língua passou devagar pelos lábios.
— Bem, vejo que você está sendo sincero, mas… ainda não tenho certeza.
Antes que Maria tivesse a chance de continuar, Seol Jihu tirou mais cinco moedas de prata. Diante de seus olhos, começou a colocá-las uma a uma dentro da bolsa sobre a mesa. Maria piscava repetidamente.
— …Posso te fazer uma pergunta?
— Por favor.
— Eu não consigo entender como alguém do seu nível tem tantas moedas de prata… Não, deixa isso pra lá. Tá bom, por que você tá se esforçando tanto pra me contratar?
— Porque acho que você é confiável.
— Você não tá tentando usar isso como pagamento daquela dívida, né?
— Nem pensar. Aquilo é aquilo, isso é isso.
— Hnnng…
Maria soltou um riso pelo nariz enquanto os cantos dos lábios se curvavam. A atitude dela havia mudado bastante em comparação a um minuto atrás. Se ela fosse uma Sacerdote Alto Ranker, Seol Jihu teria que desembolsar dez vezes mais, mas ela era apenas Nível 4. Sua riqueza atual era mais do que suficiente para lidar com esse tipo de gasto.
— Então você vai me pagar adiantado. É isso?
— Só você, senhorita Maria. Mais ninguém.
— Tá, e quanto à divisão do saque? As recompensas?
— Precisa mesmo perguntar? Dividimos igualmente, é claro.
Maria passou a refletir seriamente agora. Pagamento adiantado de dez moedas de prata e nenhuma condição especial na divisão do saque… Considerando o tipo da missão e a distância a ser percorrida, era um valor mais do que generoso. Ela começou a lançar alguns olhares furtivos na direção dele antes de, de repente, começar a tagarelar enquanto enrolava os cabelos com os dedos.
— Beeem, acho que não é tão ruim assim… É, é o seguinte. Não importa o trabalho, alguém do meu nível geralmente precisa de uns 6,5 milhões de won antes de se sentir tentada a agir…
Seu modo de falar, antes rígido e masculino, agora estava repleto de aegyo. Sem dizer mais nada, Seol Jihu colocou mais cinco moedas dentro da bolsa. A essa altura, Maria praticamente babava.
— Ooooh, uau! Esse oppa é bem mais legal do que parece, hein?
— Isso já é o bastante pra eu me tornar seu amigo, senhorita Maria?
— O q-que foi isso?
Maria gaguejou, surpresa com aquelas palavras inesperadas. Um leve sorriso surgiu nos lábios dele ao ver sua reação.
— Amigos?
Após explodir em uma gargalhada, Maria abriu os olhos bem grandes para encará-lo diretamente. Um sorriso brilhante permaneceu em seu rosto.
— Eu tava me perguntando o que tinha dado em você. Mas agora entendi. Você tava tramando tudo pra me fisgar, não tava?
— Sim.
— Ai, céus! Mas e agora? Eu não sou tão fácil assim, sabia…? Nunca ouviu os boatos? Você nem consegue contar quantas equipes já desistiram de tentar me conquistar, porque são muitas demais!
Essa era a primeira vez que Seol Jihu ouvia falar disso, mas ele apenas deu de ombros com indiferença.
— Vai aceitar ou não?
— Que interessante.
Maria se levantou da cama num pulo. Deu alguns passos leves até se aproximar e agarrou a bolsa de moedas. Então, gritou em alto e bom som:
— Tô dentro!
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