Capítulo 117: Um Mistério (2/3)
Chohong voltou para o escritório tarde da noite, e seu humor não podia estar pior.
Passou o dia inteiro procurando por um Sacerdote, apenas para ser rejeitada em todos os lugares. Então, ao ver Dylan tomando chá no escritório, reclamou em voz alta:
— Vai ficar aí sem fazer nada, só assistindo tudo de camarote?!
Mas ficou completamente sem palavras quando Dylan informou que Seol já havia encontrado uma Sacerdote.
— Sério mesmo?!
— Mm. Ele mesmo foi falar com a Sacerdote, pelo que parece.
— Quem é?
— É a Maria Yeriel.
— O quêêê?! Aquela vaca?!?!
A voz de Chohong ficou ainda mais alta. Dylan calmamente tapou os ouvidos e assentiu uma vez.
— Concordo que é meio inacreditável, mas que tal baixar um pouco o volume? Seol está trabalhando agora, sabe?
— …Trabalhando?
— Isso mesmo. Pensei em ajudar no que pudesse, mas parece que não foi necessário, vendo como ele está lidando com tudo. Ele nem parece mais um novato do jeito que está conduzindo as coisas.
Um sorriso satisfeito apareceu no rosto de Dylan.
— Veja. Sabe há quanto tempo eu queria alguém como o Seol na equipe? Por isso, se não podemos ajudá-lo, o mínimo que podemos fazer é não atrapalhar, certo?
Pena que Chohong não era do tipo que prestava atenção nesse tipo de conselho. Seus passos pesados a levaram diretamente ao quarto compartilhado. Lá, encontrou Seol Jihu sentado à escrivaninha, anotando e estudando em silêncio, sozinho.
— Ei.
— Ah, já voltou?
Seol Jihu respondeu sem se virar.
— Ouvi dizer que você conseguiu um Sacerdote pra gente?
— Consegui.
Seol Jihu assentiu.
— Aliás, por que a senhorita Maria é uma vaca?
— Porque ela é uma vaca, ué! Como é que você conseguiu convencer aquela garota? Tipo, aquela maluca é famosa por ter um padrão beeem alto!
— Por favor, para de xingar um pouco. Eu conheço ela desde a Zona Neutra, na verdade.
— Ei, você! Você tem que olhar pra pessoa com quem tá falando!
Só então Seol Jihu se virou pela metade. Ele se recostou de lado na cadeira e continuou.
— Ah, certo. E quanto aos Arqueiros e Guerreiros? Chegou a procurar?
Chohong vacilou um pouco onde estava.
— N-Não, na verdade? Eu tava ocupada procurando por um Sacerdote, então, tipo…
— Mas eu te disse que ia achar um Sacerdote, não disse?
— Eu não sabia que você ia conseguir tão rápido! Fiquei com peso na consciência de deixar tudo nas suas costas, então quis ajudar também! E daí?!
Chohong gritou com ele. Seol Jihu esboçou um sorriso torto.
— Tá bom, tá bom.
Ele voltou sua atenção para os pergaminhos espalhados sobre a mesa.
— Não se preocupa. A senhorita Maria vai me encontrar amanhã no Coma, Beba e Aproveite, então vamos procurar juntos.
Chohong não respondeu mais nada. Ainda assim, queria se exibir um pouco, já que era a mais experiente nesse tipo de coisa, mas como Dylan havia mencionado mais cedo, Seol Jihu estava se saindo admiravelmente bem sozinho. Ela até sentia um tantinho de culpa.
— …O que você está fazendo?
Ao se aproximar da mesa, ela viu vários pergaminhos e documentos desenrolados. Havia até um livro grosso ali.
— Ah, isso? São registros históricos das missões de extermínio da Vila Ramman.
— E isso aqui?
— Registro histórico do Império. O Mestre Ian me deu, dizendo que eu devia dar uma olhada.
— Espera aí, você encontrou aquele velho?
— Encontrei. Foi por acaso.
Chohong espiou o livro e imediatamente fez uma careta de espanto.
— Euhk… Só de olhar pra isso já tô ficando enjoada. Você realmente tá de boa lendo isso aí?
— Sério? Achei bem interessante, até.
— Precisa mesmo ir tão longe? Tipo, tudo que temos que fazer é chegar lá e meter porrada, né?
— Bem, é provável que aqueles monstros apareçam de novo no futuro. Se possível, quero evitar isso descobrindo a causa raiz e eliminando-a. O que significa que precisamos de pistas concretas.
— Mas como é que ler essas coisas vai nos levar a algum lugar?
Chohong comentou de forma amarga. Seol Jihu bocejou e esticou os braços bem alto acima da cabeça.
— Talvez você esteja certa, mas tem algumas coisas suspeitas… Não, espera. Vamos só dizer que tem umas coisas aqui que não me soam bem.
— Não soam bem? Como assim?
— Ainda não tenho certeza. É só uma teoria por enquanto.
Seol Jihu cobriu a boca para bocejar de novo. O suspiro de Chohong foi tão longo que parecia que o chão poderia ceder com ele.
— Argh, sei lá. Faz o que quiser. Eu vou dormir. Passei o dia todo andando por aí, e tô moída, tá?
— Você trabalhou duro. Vai descansar.
Chohong se jogou na cama. Por um tempo, ficou encarando o teto com um leve bico nos lábios, antes de lançar um olhar furtivo para ele.
— Você não vai dormir?
— Daqui a pouco. Tô com uma pedra iluminadora, então pode apagar a luz se quiser.
— …Não, tudo bem.
Chohong não adormeceu imediatamente, porém. Seus olhos semicerrados estavam fixos no jovem sentado à escrivaninha estudando o conteúdo do livro grosso. As mangas arregaçadas, a expressão de concentração profunda e seriedade; um brilho silencioso e determinado piscava nos olhos dele. Ela achou que ele parecia diferente, de uma forma revigorante.
“Que esquisito, não é?”
Chohong sussurrou para si mesma — Faz tão pouco tempo que você entrou pro grupo, mas… — e abraçou o travesseiro suavemente. Depois, ficou encarando as costas bem abertas dele, que pareciam mais confiáveis naquela noite, por algum motivo. Pelo menos até cair no sono.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.