Capítulo 131: Eu Não Quero Viver Assim (2/10)
Eles se separaram no caminho. Chohong disse que iria primeiro ao templo da Ira, e Seol Jihu falou que a esperaria no templo da Gula. Não esperava muito do dia, mas seria mentira dizer que não tinha uma pontinha de esperança.
No entanto, como era de se esperar, não houve milagre. Nada de avançar para o Nível 3 naquele dia.
“Entendi. Ainda não foi o bastante…”
— ⟅Fufufu. Sua ganância é excessiva.⟆
“Ainda assim…”
— ⟅A experiência em combate é realmente o fator mais importante para subir de nível, é verdade.⟆
A voz preguiçosa de Gula continuou.
— ⟅No entanto, isso não é tudo. Mesmo que seu preparo físico atual já atenda aos critérios, você ainda não dominou nenhuma das suas habilidades de Nível 2, certo?⟆
De fato, ela tinha razão. E por isso mesmo, Seol Jihu não teve escolha senão engolir o pesar e aceitar sua avaliação.
“Entendido.”
— ⟅Lembre-se: subir de nível rápido nem sempre é algo bom. Tente novamente quando estiver devidamente preparado.⟆
“Vou fazer isso.”
Logo depois, sentiu uma mão acariciando sua cabeça como se Gula achasse ele adorável. Ele inclinou um pouco a cabeça. Era uma sensação boa, na verdade.
— ⟅A propósito, você se saiu admiravelmente bem na missão.⟆
“Perdão?”
— ⟅Foi um desdobramento realmente surpreendente.⟆
Seol Jihu inclinou a cabeça, mas logo um pensamento lhe ocorreu. Se era uma missão, então…
“Está falando do pedido? Quer dizer que exterminar o Ninho terá algum tipo de consequência futura?”
— ⟅Uma coisa tão simples e insignificante não afeta o fluxo dos eventos de forma alguma.⟆
A voz de Gula soava gentil, mas suas palavras estavam longe disso.
— ⟅Mas forçar a criação de dívida e entrelaçar os fios do destino daquela forma… Eu esperava que você simplesmente passasse direto, mas você me surpreendeu. Fufufu.⟆
“Se está falando de dívida, então pode ser…?”
Estaria ela se referindo ao chefe da vila? Ou ao Mikhail? Talvez à Veronika? Ou até aos próprios aldeões?
— ⟅De qualquer forma, estou aliviada. Embora o caminho à frente seja um campo de espinhos, agora você pelo menos possui sapatos para trilhá-lo.⟆
“Acho que não entendo o que está dizendo?”
— ⟅Estou elogiando você. ‘Aquilo’ pelo menos vai abrir um espaço de respiro para você.⟆
“…”
— ⟅Claro, tudo depende das escolhas que você fizer no fim.⟆
— Lá vem ela de novo.
Ele sempre sentia como se estivesse caindo num poço de confusão sempre que ouvia palavras que pareciam persegui-lo como nuvens flutuantes.
Sério, será que falar de forma clara e objetiva ia fazer o céu desabar?
— ⟅A causalidade desabaria, sim. Jamais trate como algo trivial a revelação dos segredos celestiais.⟆
“!?”
Seol Jihu resmungava por dentro, mas ficou completamente atônito com aquele aviso. Com medo de levar outro tapa na cabeça, rapidamente se despediu e se virou para sair.
Esperou na entrada do templo pela Chohong, mas ela não apareceu nem depois de muito tempo. Parecia que ia demorar mais do que imaginavam.
“Bom, acho que vou até lá sozinho mesmo.”
Ele decidiu terminar o cigarro antes de sair, mas então viu um homem correndo apressado em sua direção. Seol Jihu nunca tinha visto aquele homem antes.
— Você é o Seol, por acaso?
— Desculpa? Sou, sim, mas quem…?
— Vim do templo da Ira. Trago um recado de Chung Chohong. Ela disse que vai se atrasar hoje, então não precisa esperar por ela. Pode voltar primeiro.
— …A Chohong disse isso?
— Mensagem entregue. Com licença.
Como se não tivesse mais nada a dizer, o homem simplesmente virou as costas e foi embora sem nem se despedir. Na verdade, aquela mensagem só deixava tudo mais confuso.
Seol Jihu observou o homem descendo apressado os degraus do templo enquanto tragava o final do cigarro.
“Aconteceu alguma coisa?”
Chohong pode até ter dito que se atrasaria, mas isso não significava que Seol Jihu ficaria parado sem fazer nada. Ele treinou moderadamente até a hora do jantar e, depois, saiu para comprar um monte de bebidas e petiscos antes de voltar para o escritório. Colocou tudo na mesinha de centro e se acomodou no sofá para esperar.
“Ela vai ficar feliz quando vir isso, né?”
…No entanto, por mais que esperasse, Chohong não dava sinais de voltar.
O relógio continuava girando, e a comida ia esfriando aos poucos. Seol Jihu começou a fazer bico, inquieto no sofá.
Ela só voltou várias horas depois do horário do jantar. A noite já estava bem avançada. Seol Jihu cochilava um pouco no sofá, mas, ao ouvir a porta da frente se abrir, seus olhos se arregalaram na mesma hora. Chohong vinha caminhando com o rosto abatido, mas se surpreendeu ao dar de cara com ele.
— Você ainda tá acordado?
— Ah, é que… bom…
O olhar de Seol Jihu se desviou, e Chohong o seguiu com os olhos até a mesa cheia de comida. Ela arfou com um atraso de compreensão. E Seol Jihu também. Vendo o quão exausta e desanimada ela estava, só podia significar uma coisa…
“…Estreei o champanhe cedo demais.”
Ele se repreendeu em silêncio e falou com cautela:
— Acho que você se atrasou um pouco?
— É, só um pouquinho. Fui ao templo e depois ao palácio real também… Você ficou esperando muito?
— Palácio real?
Os olhos de Seol Jihu se arregalaram ainda mais.
— Então… já foi?
— Hã? Bom, algo assim.
— Okay, e quanto ao teste, a missão? Como foi?
— Ah, isso… Acho que ainda vou ter que, sabe, resolver umas coisinhas.
Por algum motivo, Chohong desviou o olhar. Seol Jihu deu uns tapinhas no sofá ao lado.
— O que aconteceu exatamente? Senta aqui e me conta, vai.
— Não tem muito o que dizer, de verdade. Ainda nem tá confirmado, afinal.
— Ah… Entendi.
Ela parecia estranhamente abatida, e isso naturalmente drenou todo o entusiasmo de Seol Jihu também.
— …Tá com fome? Ou, se não, que tal uma bebida?
Chohong balançou a cabeça. Seol Jihu parou de agitar levemente a garrafa de bebida, quase deixando o queixo cair no chão. Aquela mulher recusando bebida de graça? Isso era simplesmente inimaginável.
— Aconteceu alguma coisa?
— Não, nada.
Chohong balançou a cabeça de novo.
— Só não tô muito no clima, sabe? Tô meio esgotada também.
— Entendi. Se estiver cansada, é melhor descansar um pouco.
Aquilo parecia pesar na mente dela, porque ela hesitou um tempo onde estava antes de suspirar de forma impotente.
— …Desculpa…
Ela murmurou suavemente e foi andando devagar. Seol Jihu ficou parado, encarando as costas dela enquanto ela entrava no quarto.
“…Ela acabou de pedir desculpa?”
Aquela foi a primeira vez que ele ouviu um pedido de desculpas vindo dela. Seol Jihu permaneceu em silêncio por um momento antes de abrir a boca.
— Tem algo em que eu possa te ajudar?
Mas nenhuma resposta veio de volta.
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