Índice de Capítulo

    Deveria ele descrever essa sensação como sendo repentinamente puxado pelos pés? Ou como cair de um penhasco com um estrondo alto?

    Sem aviso, ele não conseguia mais respirar. Um ar seco e desagradável fez cócegas em suas narinas. Seol quase tossiu por reflexo, mas apertou ainda mais os olhos já fechados e suportou.

    Ele sabia que deveria abrir os olhos. Mas, seus ouvidos zumbiam alto e seu cérebro girava dentro da cabeça. Toda a energia parecia ter escapado de seu corpo.

    Gemeu baixinho e tateou instintivamente com a mão. Assim que seus dedos apertaram firmemente o cabo gelado da lança de gelo, um fio de aura refrescante percorreu seu braço e acalmou a confusão em sua mente.

    — Todos bem?

    Alguém sussurrou de perto. A voz pertencia a Ian. Só então Seol sentiu o fôlego voltar e abriu os olhos.

    A primeira coisa que viu foi uma parede. Mais especificamente, uma parede antiga, cinza-escuro, coberta por uma grossa camada de poeira. Ele examinou apressadamente os arredores. Os céus pareciam ter abençoado o grupo, pois não havia nenhum Parasita à vista.

    — Parece que este lugar ainda não foi descoberto.

    Mary Rhine sussurrou em voz baixa. Ela era a Sacerdote de Nível 4 que acompanhava a equipe; também fazia parte da organização liderada pela Cavaleira Imperial de Nível 6, Erica Lawrence. Mary devia uma grande dívida à sua líder, por isso se ofereceu para participar da equipe de resgate assim que soube da notícia.

    — Muito bem. Parece que não precisamos nos preocupar em nos esconder ou escapar daqui. Vamos começar imediatamente.

    Ian apressou a equipe. A areia começara a escorrer pela ampulheta assim que o círculo mágico foi ativado. Eles não podiam se dar ao luxo de desperdiçar nem um minuto, nem um segundo.

    Os cinco resgatadores, com exceção de Ian, saíram rapidamente do círculo mágico. A missão de resgate havia começado de verdade.

    O esconderijo tinha cerca de trinta e três metros quadrados. Nem mesmo uma janela, algo tão comum, havia ali. Excluindo o altar com o círculo de transferência mágica e uma grande estante encostada firmemente na parede oposta, todo o resto no cômodo exibia o mesmo tom acinzentado.

    Seol colocou cuidadosamente o escudo fora do círculo mágico. Depois, concentrou o olhar em Kazuki, que estava ajoelhado sobre um dos joelhos com o ouvido colado à estante.

    Os Orcs mutantes eram de uma linhagem bem diferente das variantes geradas pelo Ninho da Vila Ramman. Aqueles certamente deixariam vestígios de seus movimentos.

    Kazuki gastou vinte segundos valiosos decifrando a situação do lado de fora do esconderijo antes de fazer um gesto discreto com as mãos. O sinal indicava que ele não havia sentido nenhuma presença do outro lado da parede. A equipe havia combinado alguns sinais simples de mão para se comunicar antes de iniciar a missão. Seol se aproximou rapidamente.

    Kazuki começou a puxar livros da estante na ordem escrita em um pedaço de papel. Sempre que recolocava os livros em fileiras e colunas diferentes, o grupo ouvia sons distintos de trancas sendo liberadas.

    Por fim, ele empurrou suavemente a borda da estante, fazendo com que o móvel saísse um pouco do alinhamento. Uma cortina espessa de poeira desceu.

    Lentamente, muito lentamente, Kazuki continuou a empurrar a borda até abrir uma fresta. Parou de se mover imediatamente e verificou se havia movimento do outro lado da parede. Ao confirmar que o corredor estava vazio, empurrou um pouco mais.

    Creeack, crrreaak…

    A estante girou até a metade, criando uma abertura grande o bastante para um adulto passar. Com isso, um espaço decrépito, perdido ao tempo, revelou-se.

    O sucesso ou fracasso da missão dependia da rapidez com que se movessem. Até mesmo o tempo gasto com comunicação precisava ser economizado. Assim que todos saíram do esconderijo, Kazuki empurrou a estante de volta. No entanto, ele não a fechou completamente, deixou apenas uma fresta minúscula, pequena o suficiente para que um olhar casual não notasse nada fora do comum.

    — Cuidado.

    Ian, que ficou para manter o círculo mágico, observava e sussurrou para a equipe de resgate.

    Comparado ao esconderijo, esse novo espaço se assemelhava muito mais a um cômodo de verdade. A sensação de desolação ainda persistia, mas o estado de conservação era surpreendentemente decente, considerando que o local havia enfrentado os ventos violentos da guerra.

    Duas informações podiam ser extraídas, ou pelo menos inferidas, a partir daquela visão. Primeiro, os Parasitas haviam descoberto que tipo de pesquisa fora feita ali e começaram a reutilizar o local para seus novos planos. Do contrário, ele não teria permanecido intacto.

    Se essa suposição estivesse correta, então a estrutura do laboratório não teria sido muito alterada. Essa era a segunda dedução, e soava como uma ótima notícia, pois significava que poderiam confiar no mapa desenhado pelo chefe da vila.

    Dava para ver uma porta adiante. Kazuki assumiu a dianteira e se encostou à porta antes de fazer outro gesto com a mão. Seol aproximou-se silenciosamente e se posicionou ao seu lado. Eles não abriram a porta de imediato. Em vez disso, Kazuki tirou um pedaço de papel do bolso e o desdobrou.

    O primeiro subsolo era basicamente disposto em linha reta e dividido em dois distritos distintos, a área de pesquisa onde os cinco resgatadores se encontravam, e a outra sendo o bloco de celas usado para aprisionar outras espécies.

    De acordo com a explicação do chefe da vila, esses dois setores eram conectados por uma ponte enorme, e as escadas que levavam ao segundo subsolo ficavam na área da prisão.

    Kazuki dobrou o papel, colocou-o no bolso e então abriu a porta. Um corredor escuro, sem nenhuma luz, revelou-se. Kazuki examinou rapidamente o caminho à frente antes de avançar em velocidade. Havia muitas portas em ambos os lados do corredor, que também se ramificava em várias direções, mas ele seguiu em frente sem dizer nada.

    Seol conteve a ansiedade e o seguiu. Sabia que o caminho em que estavam não podia estar errado, Ayase Kazuki era um Arqueiro de Nível 5. Sua classe era Explorador Supremo, uma das melhores classes entre os Arqueiros Alto Ranker. Nenhuma outra classe chegava nem perto dos Exploradores no quesito encontrar o caminho certo ou farejar pistas, então ele seria o primeiro a reagir se algum problema se manifestasse de repente.

    Os cinco resgatadores chegaram com segurança ao fim do corredor e se depararam com mais uma porta.

    Não haviam encontrado uma única criatura no caminho até ali. Em vez de sorte, parecia mais que a área de pesquisa estava completamente desativada. Talvez Kazuki pensasse o mesmo, pois estava ainda mais concentrado em captar qualquer atividade além da porta fechada.

    Logo, o Arqueiro fez um gesto com a mão e abriu a porta. De acordo com o mapa, eles dariam de cara com a ponte que levava ao bloco da prisão.

    “Uau.”

    O queixo de Seol caiu diante da escala impressionante do cenário à sua frente. Por estarem, em teoria, no subsolo de um edifício, ele esperava algo parecido com o porão de uma escola, mas a grandiosidade daquele lugar o deixou pasmo.

    As duas áreas estavam ligadas por uma ponte suspensa a grande altura, e o imenso abismo visível em ambos os lados fazia parecer que ele agora observava uma ‘cidade’ subterrânea separada. Era como ver uma ponte ligando duas cidades construídas debaixo da terra.

    Do nada, um calafrio assustador percorreu suas costas. Quão fortes eram os Parasitas, afinal, para destruírem o Império, dono de um conhecimento tão avançado em engenharia mágica, em apenas quatro anos? Por outro lado, ele estava impressionado com a tenacidade da Federação, que havia conseguido resistir a esse poder devastador até agora.

    — É bem maior do que eu pensava.

    Kazuki sussurrou com amargura enquanto atravessavam a ponte suspensa.

    O plano original era gastar, no máximo, dois minutos e quarenta segundos para sair do esconderijo e cruzar aquela ponte. Ele tentou apressar o processo, mas mais do que o dobro desse tempo já havia sido consumido. Agora precisaria ajustar o plano de busca e resgate, então como não se sentir frustrado?

    Eles cruzaram aquela ponte longa, parecida com uma ferrovia, e finalmente avistaram a entrada do setor da prisão. Era ali que a missão de resgate começaria de verdade.

    — …

    Kazuki parou os passos e encostou o ouvido na porta. Pela primeira vez desde o início da missão, seus olhos se estreitaram. Ele cerrou os dentes e abriu os dez dedos das mãos. Aquilo sinalizava que havia um número incontável de presenças do outro lado. Agora era a vez de Seol agir.

    Fez o máximo para não fazer nenhum som e se posicionou à frente do grupo. Diversos olhares preocupados estavam cravados em suas costas. Não importava, ele já sabia muito bem como usar o rudium. Na verdade, nem era tão difícil assim. Concentrou sua mana no pequeno objeto preto pendurado em seu pescoço.

    Os Parasitas mantinham uma estrutura de comando bem distinta. O rudium não alterava diretamente o funcionamento desse sistema, mas emitia um sinal de rádio único para sobrepor o comando por um tempo limitado. Seria mais fácil entender se pensasse nele como um vírus de computador infectando uma rede.

    Seol pensava em dois comandos para a missão de hoje. Primeiro, interromper o sistema de identificação de aliados e inimigos do inimigo, fazendo com que os cinco invasores fossem vistos como aliados. Segundo, fazer com que todos parassem o que estavam fazendo e permanecessem em posição de espera.

    Ele poderia ter optado por algo como ‘Matem-se uns aos outros’, mas isso envolvia riscos demais. A taxa de consumo do rudium aumentaria várias vezes se o número de alvos sob controle crescesse, além de o comando se tornar mais complexo e difícil de executar.

    E, mais importante ainda, a chance de haver um Parasita de alto rank nas proximidades, contra o qual o rudium não teria efeito, não era baixa. Eles simplesmente não podiam se dar ao luxo de causar confusão tão cedo.

    Chiiek, chieeeek…

    Ouviu-se um som semelhante ao de acender um cigarro. Quando a mana foi canalizada para o rudium, um fio de fumaça preta, fino como um fio de cabelo, começou a subir. Gotículas de suor se formaram em sua superfície, e algumas gotas de líquido caíram silenciosamente.

    Kazuki havia encarado o rudium com certo receio, mas mesmo assim encostou o ouvido na porta mais uma vez. Logo, cerrou o punho com força.

    — …Não acredito nisso.

    Kazuki ofegou baixinho.

    — Tinha um monte de coisa se mexendo até um segundo atrás, mas agora… tudo ficou parado.

    Isso significava que o controle do rudium funcionou. Seol gritou de alegria por dentro, mas se forçou a conter as emoções. Ainda era cedo demais para comemorar, não era? Se dessem de cara com um Parasita de alto rank, então que resgate o quê, tudo aquilo viraria um maldito desastre.

    — Consegue sentir algo se movendo lá dentro?

    — Nada.

    Kazuki balançou a cabeça. Em seguida, pousou a mão sobre a porta.

    — Nossa missão é simples.

    Antes de abri-la, ele se dirigiu aos outros.

    — O importante é controlar as emoções. Não importa o que vejam, não se irritem nem tentem matá-los.

    Mais do que um aviso para os membros da equipe não desperdiçarem energia nem tempo precioso, soava como uma lembrança dirigida a si mesmo.

    — Buscamos em silêncio. Resgatamos em silêncio. E escapamos em silêncio deste lugar. Só isso. O resto será um excedente desnecessário.

    Kazuki confirmou o aceno de cabeça do grupo e desviou o olhar. E então…

    — Vamos.

    …abriu a porta.

    Creak.

    A porta se abriu numa fresta, e a luz entrou em seu campo de visão. Era uma luz turva, granulada. Seol sentiu uma umidade pegajosa aderir à sua pele antes de abruptamente prender a respiração.

    Euh-heup!

    Rhine esticou o pescoço como uma tartaruga e logo cobriu a boca às pressas.

    Seus narizes não demoraram a se acostumar com o cheiro de ar rançoso, estagnado há muito tempo, combinado ao odor de aço enferrujado e cinzas queimadas. O fim desse festival de fedor logo foi seguido pela visão de um Orc mutante. Seol ergueu a lança por reflexo, mas se conteve a tempo.

    A estrutura de comando do inimigo era incrivelmente irritante de lidar. Funcionava como teias de aranha interconectadas, então matar aquela criatura sem pensar poderia levar um superior a suspeitar de algo errado.

    De todo modo, o monstro à frente possuía um físico anormal até mesmo à primeira vista. Cada detalhe visível, a altura superior a dois metros, as presas que se projetavam com força dos lados da boca, os músculos salientes do tamanho da cabeça de um adulto nos braços, exalava uma ameaça concreta.

    “Algo assim está sendo produzido em massa?”

    Seol entrou em leve pânico, mas ao encarar os olhos bestiais do monstro, que brilhavam com tons amarelados, recuperou o foco. Seu olhar atento logo identificou dezenas e dezenas dessas criaturas, mas nenhuma demonstrava hostilidade. Apenas permaneciam imóveis, sem fazer nada.

    Recuperado do choque inicial, Seol percebeu algo estranho. A cor da pele dos Orcs mutantes parecia estranhamente familiar. Havia variações no tom, é claro, mas a maioria tinha uma tonalidade pêssego, semelhante à dos humanos. Havia também algumas cores distintas entre eles, mas eram bem raras.

    E não era só isso. Além daqueles com aparência humanoide, havia também alguns com juba animal ou pelagem espessa cobrindo todo o corpo.

    “Seriam eles ‘meio-’…?”

    Justo quando um pressentimento ameaçador começava a se formar, Kazuki voltou a andar.

    — Há três lugares que precisamos investigar dentro do bloco da prisão.

    Assim como sua voz calma e controlada, seus passos não tinham qualquer hesitação. Eles atravessaram o corredor linear iluminado pela luz difusa e chegaram a um espaço amplo. Também havia vários Orcs mutantes ali, mas o Arqueiro japonês sequer lançou um segundo olhar para eles. Só quando chegaram a uma encruzilhada foi que ele se virou para o grupo.

    — De acordo com o plano original, deveríamos seguir como uma única unidade. Mas perdemos tempo demais para chegar até aqui. Vou alterar o plano. A partir de agora, precisamos economizar tempo.

    Kazuki lançou um olhar para os corredores à esquerda e à direita antes de continuar.

    — Chung Chohong, Mary Rhine e eu seguiremos pela esquerda. Seol, você vai com Yasser Rahdi e investiga o lado direito. Encontrem alguém ou não, nos reunimos aqui em cinco minutos.

    — Não deveríamos investigar a passagem à frente?

    Chohong opinou, mas Kazuki balançou a cabeça de imediato.

    — Teremos que seguir por ela quando formos descer ao segundo subsolo, de qualquer forma. Nos reuniremos aqui e iremos juntos.

    — Mas…

    — Já estamos assumindo um risco grande ao nos separarmos assim sem outro Arqueiro. Não quero aumentar ainda mais esse fator de risco.

    Kazuki falou de forma rápida, como uma metralhadora. Chohong não pareceu convencida, mas fechou a boca, como se também não estivesse disposta a perder tempo discutindo com ele.

    — Tenho certeza de que cada um de vocês tem alguém que deseja resgatar, mas… precisam manter os olhos abertos e ser minuciosos. Principalmente ao avistarem um humano. Mesmo que não saibam quem é, não passem reto de jeito nenhum.

    Deixando essas palavras para trás, Kazuki e os dois escolhidos desapareceram pela trilha à esquerda. Seol e Yasser Rahdi, então, seguiram pelo corredor à direita.

    — …Prisão?

    Caminharam um pouco e logo encontraram celas com barras de ferro em ambos os lados da passagem. Sem querer perder nada, os dois fizeram o possível para observar atentamente os arredores.

    Infelizmente, não tiveram resultado algum por sua dedicação. Cada cela que espiaram estava vazia. Tudo o que viram foram manchas sujas no chão de pedra.

    Conforme continuavam avançando, a luz fraca e difusa ia escurecendo cada vez mais.

    O corredor mergulhou num silêncio lúgubre. Seol finalmente percebeu que as manchas no chão eram todas de sangue seco. E, nesse momento, Yasser Rahdi, que examinava o lado direito, esfregou lentamente o bigode e murmurou em voz baixa.

    — Por que não conseguimos ver nada?

    — Não sei.

    Seol respondeu em sussurros. Só os dois ali, e a tensão nervosa entre eles continuava a crescer sem parar. Ele queria dizer qualquer coisa que aliviasse aquela sensação de pressentimento que o fazia estremecer o tempo inteiro.

    — Ouvi dizer que o primeiro andar era usado como curral.

    — Também ouvi isso. Mas não vimos nem um fio de cabelo de prisioneiro até agora, né?

    — O que só pode significar que o plano de produção em massa do inimigo é real.

    — Como você chegou a essa conclusão?

    — Se não foram mortos durante a batalha, devem ter sido capturados como prisioneiros. No entanto, já se passaram muitos dias desde então.

    A expressão de Yasser Rahdi endureceu de forma assustadora. Ele finalmente entendeu o que Seol queria dizer.

    Produção em massa significava, claro, fabricar algo em grandes quantidades. Era evidente que ninguém ficaria esperando calmamente a chegada de uma equipe de resgate. Pior ainda, algo podia já ter acontecido aos prisioneiros no mesmo dia em que foram capturados.

    — E-Escuta, cara. Isso, isso quer dizer…

    A voz de Yasser Rahdi tremia visivelmente. Seol decidiu não falar mais nada. O que acabara de dizer era o pior cenário que conseguia imaginar. Tudo o que podia fazer agora era rezar para que ainda estivessem vivos. De fato, enquanto ainda houvesse vida…

    Chegaram ao fim do corredor da prisão e se depararam com um grande espaço em formato de cúpula. Quase não havia luz naquele local escurecido. Enquanto Yasser Rahdi observava com cautela os arredores, Seol ativou seus Nove Olhos.

    Todo o espaço ao redor foi imediatamente inundado por uma profusão de cor amarela. Apenas um ponto exibia um tom laranja profundo que tremeluzia em direção ao vermelho. Retirada Imediata Recomendada, em outras palavras. Seol logo relembrou a planta do laboratório.

    “Já que viemos pela direita a partir do centro do bloco da prisão…”

    Finalmente entendeu o motivo daquela coloração vermelha. Muito provavelmente, ali ficava a escada que levava de volta à superfície. Ele não tinha motivo algum para ir até lá, e com certeza não deveria sequer se aproximar. Além de estarem sem tempo para investigar a superfície, a segurança naquela área também devia ser absurda.

    “Será que não tem nada mesmo aqui?”

    Seol inclinou levemente a cabeça e desviou o olhar um pouco para cima, só para franzir o cenho logo em seguida. Viu algo brilhar suavemente no escuro lá no alto. Quando olhou com mais atenção, pensou ver cordas ou algo do tipo, parecendo ganchos…

    Não, ele estava enganado. Eram mesmo ganchos.

    — Eii.

    Yasser Rahdi apontou discretamente para o lado. Havia quatro, cinco Orcs mutantes reunidos em um grupo ao longe. Fora isso, não havia mais nada visível.

    “Quantos minutos já se passaram?”

    O tempo avançava implacável, mas ainda não havia encontrado nada. Seu coração batia cada vez mais rápido, sua garganta estava seca. Sabia que não devia se agitar daquele jeito, mas a ansiedade só aumentava a cada segundo.

    “O que será que aconteceu com o lado esquerdo?”

    — Parece que a gente…

    ‘…devia voltar.’ Era com essas palavras que ele queria concluir a frase, mas sua boca parou sozinha.

    Havia algo errado. Aqueles Orcs mutantes estavam todos olhando para cima. Mais do que isso, um deles permanecia completamente imóvel, com os braços erguidos acima da cabeça.

    — Devemos voltar?

    — Não, espera. Só preciso de dez segundos.

    Seol sussurrou rapidamente e adentrou mais fundo o véu de escuridão absoluta. Se esgueirou até se aproximar do grupo de Orcs e levantou a cabeça.

    — …!!

    Seus passos pararam de súbito, e no mesmo instante, ele ficou completamente atordoado.

    E logo em seguida…

    Seus olhos, que fitavam o alto, se arregalaram ainda mais.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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