Índice de Capítulo

    Conforme ela previu, o Parasita de alto rank voltou rapidamente. Em termos de tempo real, foram cerca de dois minutos. Desde o momento em que viu o Orc mutante entrando no prédio proibido, essa criatura vinha sentindo que havia algo errado, então deu uma olhada ao redor, mas não encontrou nada de anormal.

    “Será que vi errado?”

    Esse pensamento se despedaçou assim que voltou à câmara de tortura. Afinal, a Princesa de Haramark, que deveria estar amarrada na estrutura, não estava em lugar algum. A única coisa restante eram as cordas cortadas.

    A criatura entrou em pânico e disparou para fora, mas era impossível encontrar a princesa de imediato. Havia coisas demais andando por aí, atrapalhando sua visão. É claro, essa criatura de alto rank não era idiota.

    — Todos vocês, parem de se mover!

    Uma onda mental carregada de uma poderosa vontade de controle se espalhou por todo o local, fazendo tudo ali parar de se mover de uma vez. A criatura Parasita desconhecida varreu a área rapidamente com os olhos, mas não conseguiu detectar nenhum movimento. Ou ela estava escondida, ou já havia escapado da incubadora.

    — Maldita rata imunda!

    A criatura de alto rank olhou para o teto e rugiu.

    Enquanto isso, Seol Jihu subia apressadamente as escadas. Quase ao mesmo tempo em que o rugido ecoou, o cristal de comunicação pendurado em sua orelha começou a brilhar.

    — Senhor Kazuki?

    Um breve silêncio depois, a comunicação foi retomada.

    — Eu disse para chegar antes do último minuto, não disse?

    Ele parecia um pouco furioso.

    — Encontrei um Parasita de alto rank.

    — O quê?!

    — Por enquanto, consegui evitar ser detectado, mas não sei até quando…

    Huff, huff…

    Seol Jihu subiu os degraus com força até chegar ao primeiro andar, e então parou de falar de repente. Assim que chegou ali, percebeu que os Orcs mutantes, que antes se moviam por todo o lugar, agora olhavam fixamente para ele. Ele tentou usar o rudium, mas não funcionou. Pensamentos como “Ah, merda” surgiram em sua mente.

    — Corre!!

    Kazuki avaliou a situação atual pelo cristal de comunicação e gritou.

    Kuuuuueeeeh!!

    Os Orcs mutantes começaram a correr em sua direção quase ao mesmo tempo. Seol Jihu seguiu o instinto, subiu em uma mesa de madeira e saltou dela. Os Orcs pararam e olharam atônitos para seu salto acrobático. Ele passou por cima deles, e no exato momento em que pousou no chão…

    PANG!!

    …Sem hesitar nem por um instante, ativou o Brinco Festina e correu.

    O entorno passou a voar ao redor dele. A luz voltou a se tornar turva, e ele reconheceu o caminho por onde tinha vindo. Não sabia se era o corredor que havia se estreitado de repente ou se era sua própria visão afunilando. Não importava. Manteve os olhos fixos à frente e correu como se sua vida dependesse disso.

    Logo, chegou ao meio do laboratório, mas então…

    DUDUDUDU…!!

    Ouviu sons enormes vindo da esquerda. Mesmo durante sua fuga apressada, sentiu arrepios.

    Aquela era a direção onde encontrara Hugo. E também onde estavam as escadas que levavam à superfície. Se não tivesse ouvido errado, significava que até os Parasitas de elite que guardavam a superfície tinham descido para lá.

    Em vez de se distanciarem, os passos perseguidores só ficavam mais altos e insistentes, bem à sua cola.

    PANG!!

    Seol Jihu ativou o segundo nível de Impulso.

    Só mais um pouco e conseguiria escapar da área de pesquisa. Pena que a realidade não era tão gentil assim. Os Orcs mutantes que vira ao entrar nessa parte do laboratório subterrâneo estavam rondando perto da única saída. O número deles não era grande, mas com seus corpos enormes, seria difícil passar direto por eles. Foi então que…

    — Continue correndo!

    Sua lança de gelo estava apontada para frente de repente. Teresa Hussey havia pego sua arma e começado a usá-la antes mesmo que ele percebesse.

    Eles não podiam lutar ali. Não apenas perderiam, como também seriam capturados pela horda que vinha atrás. Isso significava que a única opção era abrir caminho pela frente.

    — Keuk!

    Seol Jihu cerrou os dentes. Baixou o corpo e se lançou para frente com ainda mais força.

    Kuehk? Kuuheehk!

    Os Orcs mutantes notaram os humanos tarde demais, e seus olhos brilharam perigosamente. Todo tipo de armas coloridas desceu sobre o jovem humano que avançava como uma picareta de gelo.

    Ele viu um machado sendo repelido pela lança de gelo.

    Sentiu uma parte da armadura se quebrar.

    Sentiu algo roçando suas costas, seguido de uma dor ardente que se espalhou pelo dorso e pelo lado do corpo. E então…

    BOOM!!

    Do nada, algo duro bloqueou seu caminho e colidiu contra seu corpo. Logo em seguida, essa pressão desapareceu, e sua visão se abriu. Ele finalmente tinha rompido a porta de saída e escapado da área de pesquisa.

    Quase caiu no chão por causa da força residual da colisão, mas conseguiu se manter de pé. Com Teresa Hussey nos braços, era bem mais difícil manter o equilíbrio.

    “Ainda assim…”

    Agora que podia ver a ponte suspensa, ele estava a cerca de um oitavo do caminho até o destino. Depois da ponte, o corredor à frente e a sala com o esconderijo estavam todos em linha reta. Melhor ainda, não havia nenhum obstáculo bloqueando o caminho.

    Pensou nisso e ativou o terceiro nível de Impulso, e foi exatamente nesse momento que sentiu uma coceira no pescoço.

    Bzz…

    Sons de asas batendo retumbavam em seus tímpanos. Além disso, os gritos distorcidos vindo do cristal, as passadas pesadas… todos esses ruídos ininteligíveis o bombardeavam. Ele ainda nem havia atravessado a ponte suspensa, mas já sentia que algo se aproximava a uma velocidade assustadora.

    — Pula!

    O grito de Kazuki chegou aos ouvidos de Seol Jihu.

    — Eu tô correndo!

    — Não é isso! Confia em mim e salta o mais forte que puder! Rápido!

    — Atrás de você!

    Ao mesmo tempo, Teresa Hussey também gritou.

    Agora, não havia mais nada a perder. Seol Jihu parou de pensar e impulsionou-se com força na ponte suspensa. Foi exatamente nesse instante.

    Kwang!

    Uma explosão soou de repente. As ondas de choque desceram sobre o jovem justo no arco descendente de seu salto. Ele segurou Teresa Hussey com força enquanto seu corpo descrevia uma parábola, até que ambos colidiram e rolaram no chão. Só pararam depois de se chocarem contra a beirada do fim da ponte.

    — Cof!!

    Tang, tang, Tang, tang!!

    Seol Jihu tossiu, mas, ao ouvir os ruídos repetidos de coisas se chocando contra uma parede, olhou para cima, em pânico. Várias criaturas aladas estavam presas em uma barreira esbranquiçada com rachaduras se espalhando.

    — Mas que diabos…?!

    Sua mandíbula caiu. Não de maneira ruim, mas no bom sentido.

    O meio da ponte suspensa havia sido cortado. Ou melhor, um buraco enorme tinha se aberto bem ali. A linha de frente dos Parasitas que os perseguiam ferozmente despencou no abismo negro abaixo, enquanto o restante recuou apressadamente.

    Logo em seguida, sons agradáveis de flechas cortando o ar puderam ser ouvidos. As criaturas voadoras que atacavam a barreira de proteção começaram a cair uma a uma.

    Swish! Swish!!

    Eram flechas assobiando ao passar.

    Foi só então que Seol Jihu entendeu o que estava acontecendo. E também compreendeu por que Kazuki havia mandado ele pular.

    “A armadilha!”

    — Acorda e começa a correr!

    Ele se ergueu imediatamente. Graças à barreira no momento certo de Mary Rhine, nem ele nem a Princesa estavam feridos.

    — Vamos dar cobertura, então não pare e corre!

    Seol Jihu lançou um olhar rápido para os inimigos, agora parecendo cães atrás de uma galinha, antes de pegar a Princesa em um só movimento. Então atravessou a barreira de proteção e correu.

    — Quantos segundos faltam?

    — Onze!

    Era apertado, mas possível. Os inimigos não podiam alcançá-lo, e o resto do caminho era reto como uma autobahn. Uma situação várias vezes mais simples do que no vale de Arden.

    Sssshwwing…!!

    Os sons passando rente aos seus ouvidos eram deliciosos de se ouvir. Mas ele não ouvia mais nada. Na verdade, estava concentrando todo seu ser em correr.

    O corredor era bem longo, quase duzentos metros, mas com o acúmulo triplo de Impulso, ele só precisava de seis segundos para atravessá-lo.

    — Haa, haa!

    Quando entrou na sala desativada, restavam cinco segundos.

    Viu Kazuki e Mary Rhine abaixando o arco e o crucifixo, respectivamente. Yasser Rahdi pulava no lugar com o rosto corado, gesticulando intensamente.

    Quatro segundos.

    A estante girada a noventa graus estava bem diante de seu nariz agora. Seol Jihu não diminuiu o passo, apenas ajustou um pouco a direção. Chohong tinha os braços estendidos, pronta para pegá-lo.

    Três segundos.

    Um sorriso fugaz de alívio apareceu no rosto de todos. Até Seol Jihu formou um leve sorriso em resposta.

    Nesse momento…

    BLAM!!

    Um tiro irrompeu repentinamente, e Chohong viu tudo com seus próprios olhos. Viu o jovem que carregava Teresa Hussey se contorcer e vacilar antes de ser lançado ao chão.

    “…O que foi isso?!”

    Seol Jihu também ficou com uma expressão atônita. Estavam quase lá. Quase tinham conseguido.

    Parecia que seu pé havia sido agarrado por algo. Sua visão ficou turva. Tudo pareceu se tingir de branco, e então o teto preencheu sua visão antes de tudo despencar ao chão num mergulho desgovernado.

    — O que diabos aconteceu?

    Subitamente, ele se lembrou.

    — Por favor, não se esqueça. Fique atento ao atirador oculto.

    O aviso de Agnes ecoou em sua cabeça. Sua mente girando beijou o chão, e sua testa foi a primeira a absorver o impacto.

    — Ah…

    Sentiu como se algo em algum lugar de seu corpo tivesse ‘sumido’. A dor veio num único suspiro depois.

    Argh, ah…

    Sangue jorrou de sua boca. Ele se encolheu como uma minhoca, mas ainda assim tentou esticar a mão trêmula.

    Enquanto sua mão tateava o ar, achou que ouviu Chohong gritar como uma fera enlouquecida. Ergueu a cabeça com dificuldade para ver.

    Ela não estava lá.

    Não havia ninguém no altar.

    — …

    Seol Jihu encarou, atônito, o vazio.

    …O círculo mágico de transferência onde ninguém estava, com a luz já apagada.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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