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    Quinto dia.

    A velocidade da caminhada deles havia despencado. Isso porque as aparições dos Parasitas se tornaram muito mais frequentes. Sempre que isso acontecia, precisavam se esconder ou dar meia-volta às pressas. Em alguns casos, até mesmo voltar pelo caminho de onde vieram.

    Infelizmente, tinham que passar por aquela rota se quisessem alcançar o Vale Arden. Quando não havia mais escolha, Seol Jihu utilizava o rudium restante.

    Cada vez mais coisas exigiam sua atenção, e isso naturalmente levou a uma queda nas conversas entre eles. Na verdade, estavam tentando conservar energia, evitando falar. De tão exaustos que estavam.

    Contudo, o que mais causava desespero em Seol Jihu era seu Nove Olhos.

    Ele forçava a si mesmo a continuar, dizendo que o destino estava próximo. Mas quando viu a massa de cor vermelha dominando totalmente sua visão aos pés do vale, quase desmoronou mentalmente.

    “Isso… Será que vale mesmo a pena tentar?”

    Foi invadido por um déjà-vu inexplicável. Já não tinha passado por algo parecido na Zona Neutra? Naquela missão ‘Impossível’? No instante em que atravessou a floresta densa, o vermelho virou preto. De Retirada Imediata Recomendada para Escape Imediatamente.

    Seol Jihu ficou dividido. Tinha o rudium e o Nove Olhos. Mas, por mais otimista que tentasse ser, só havia uma conclusão inevitável: entrar no vale significava morte.

    — Parece que os Parasitas ainda não baixaram a guarda.

    Depois de ele ficar parado por muitos minutos, sem conseguir dizer nada, Teresa, mais ou menos entendendo o que se passava em sua mente, tentou consolá-lo.

    — A gente não devia ter vindo aqui desde o começo…

    Ela murmurou baixinho, mas Seol Jihu forçou a cabeça a balançar de um lado para o outro. A ideia de Teresa era lógica. Aquilo não era culpa de ninguém. Não, ambos sabiam que havia risco de as coisas acabarem assim.

    O problema atual era o cerco, em vez de desaparecer, ele só ficara mais denso do que nunca, o que significava que, mesmo com o vale bem à frente, não podiam avançar. Todo o sofrimento até ali parecia ter sido em vão.

    Seol Jihu finalmente conseguiu abrir os lábios.

    — O que… a gente faz?

    Teresa não respondeu de imediato. No fundo, queria sugerir que entrassem e arriscassem tudo. Na verdade, achava que ele faria isso mesmo se ela dissesse em voz alta. Era o quão indeciso ele lhe parecia.

    No entanto, havia algo de que ela estava certa após a jornada até ali: aquele jovem possuía algum tipo de habilidade desconhecida. Sem ela, não haveria como terem evitado os Parasitas tantas vezes. Então, se ele estava tão em dúvida assim, só podia significar uma coisa…

    Teresa também se sentia relutante, mas isso não significava que poderiam simplesmente entrar ali como se nada fosse. O corpo dela já estava à beira do colapso, e ela não conseguia tomar uma decisão lógica.

    O que ela teria feito em circunstâncias normais? Quando pensou nisso, a resposta veio de imediato.

    — Vamos voltar.

    Com dificuldade, Teresa compartilhou sua opinião.

    — Não precisamos passar necessariamente pelo vale. Tenho certeza de que há outras brechas em algum lugar.

    Seol Jihu se virou, atônito, e começou a voltar pelo caminho oposto.


    Sexto dia.

    Eles haviam atraído perseguidores. Seol Jihu não podia afirmar com certeza, mas sentia fortemente que sim. Seus Nove Olhos o alertavam constantemente sempre que tentava fazer uma pausa. E o mesmo acontecia durante a marcha. Era como se os perseguidores tivessem encontrado seus rastros e estivessem vindo logo atrás.

    Eventualmente, foram descobertos por criaturas voadoras que os perseguiam como loucas. Ele usou o rudium às pressas e conseguiu evitar o pior dos cenários, mas…

    — …

    …acabou. Deixando para trás apenas uma tênue fumaça, o último fragmento de rudium desapareceu. Uma das proteções mais poderosas deles não existia mais.

    A marcha se tornou muito mais difícil a partir daí. Não podiam mais se arriscar atravessando campos abertos e foram forçados a seguir por terrenos irregulares, cheios de esconderijos naturais. O sono se reduziu a cochilos breves, revezados entre eles. Sabiam que se baixassem a guarda por um segundo, morreriam.

    Tudo em que podiam confiar agora… era nos Nove Olhos de Seol Jihu.


    Sétimo dia.

    Eles pararam de conversar. Nenhuma palavra foi trocada entre os dois. Ninguém perguntou para onde estavam indo, nem se ofereceu para dizer. Seol Jihu usava os Nove Olhos para vigiar os arredores como um falcão, e Teresa Hussey simplesmente o seguia em silêncio.

    Eventualmente, chegaram ao limite físico. Não, talvez fosse mais correto dizer que esse limite havia sido ultrapassado há dias. O conhecimento de que o Vale Arden estava tão próximo havia ajudado a suprimir esse colapso, mas no momento em que mudaram de direção, tudo desabou de uma vez, como água jorrando de uma represa rompida.

    Ele já não sentia nenhuma conexão com o ombro esquerdo. O mesmo valia para o lado direito da cintura. Os ferimentos haviam infeccionado, e um pus amarelado vazava das feridas. Coçavam e ardiam sob o sol impiedoso.

    Também percebeu que, embora as noites fossem geladas, os dias eram absurdamente quentes. Sob o olhar impiedoso do sol, parecia que a carne estava sendo cozida viva. O pior era que nem uma gota de suor saía.

    — Cof, cof…

    Seol Jihu tossiu seco, com esforço. Seu corpo inteiro pesava. Não era só a pele, parecia que até seus órgãos internos estavam cheios de um líquido enferrujado e borbulhante. Não era surpreendente que tivesse desenvolvido ferimentos internos graves depois de passar tanto tempo num lugar com variação térmica tão extrema.

    E não era só isso. Talvez por estar usando os Nove Olhos há tempo demais, uma tontura constante o atormentava. Parecia que uma faca estava esfaqueando e cavando suas células cerebrais.

    No entanto, o mais difícil de suportar não era a dor. Nem mesmo a perseguição persistente dos Parasitas.

    Não. O pior era a maldita fome e sede. A sede era tão intensa que quase o matava. Seguindo o instinto, ele passou a língua nos lábios, mas tudo o que sentiu foi pele áspera e rachada. Sua garganta estava tão seca que parecia em chamas.

    Ele não se importaria nem se a garganta rasgasse, desde que pudesse beber uma lata de Coca bem gelada naquele momento.

    Seol Jihu rapidamente mordeu sua lança de gelo. A aura fria emitida pela arma ajudou a refrescar sua boca, mas só isso. Por mais que sugasse, a lança não derretia. Desanimado, ele a baixou.

    Teresa, que o observava em silêncio, empurrou o cantil para ele. Ele balançou a cabeça lentamente. Já havia tentado beber três ou quatro vezes antes, mas só acabou desperdiçando energia ao vomitar. Uma vez conseguiu engolir um único gole, mas teve que cuspir logo depois. Não havia o que fazer quando o próprio estômago rejeitava com violência.

    “Água… água…”

    O jovem mordeu a lança mais uma vez.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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