Capítulo 153: Fantasmas do Mal Vs. Espírito Vingativo (2/2)
Perto de uma grande árvore, entre as muitas espalhadas por aquela floresta, uma certa criatura oculta ergueu o corpo lentamente.
Tinha cerca de dois metros de altura. À primeira vista, lembrava um humano, mas possuía um grande olho vermelho cobrindo metade do rosto e um par de orelhas pontudas, semelhantes às de uma fada. Seu braço longo tinha o formato de um cano de fuzil; na extremidade, em vez de uma mão, havia uma abertura semelhante ao cano de uma arma, ou talvez à boca de um tubo.
Kiik, kiik!
Ao ver o humano rastejando no chão como um inseto, a criatura começou a rir baixinho. Embora alguns alvos tivessem escapado de sua rede, isso já não importava mais, pois sua missão havia sido cumprida com louvor.
Vendo seus semelhantes avançarem contra os alvos, o Fantasma do Mal ergueu o corpo com lentidão. E, justo quando estava prestes a caminhar tranquilamente…
— ?
Ssssk…
Algo roçou sua bochecha. Ele se virou reflexivamente, mas não viu nada. Porém, no instante em que pensou que realmente não havia nada ali, uma sensação semelhante passou pela outra bochecha. O Fantasma do Mal congelou no lugar.
— …
A presença daquela coisa era impossível de detectar. No entanto, a sensação era cristalina. Mesmo agora, aquilo continuava roçando constantemente seu rosto.
Mais estranho ainda era o fato de que seu corpo não queria se mover. Inexplicavelmente, cada célula de sua carne emitia alertas urgentes. Não se mexa nem um centímetro, diziam.
Foi então que o atirador Parasita percebeu que a floresta havia se silenciado.
Pisca, pisca.
Seu grande olho vermelho piscou várias vezes. O Fantasma do Mal eventualmente desviou o olhar para o lado. Espiou de relance… e viu um certo pé minúsculo bem ao seu lado.
Balança, balança…
A identidade do que roçava suas bochechas era aquele pé humano, que balançava para frente e para trás como um pêndulo.
O Fantasma do Mal ficou paralisado, mas logo estremeceu. Olhou para cima, instintivamente, apenas para ver uma figura completamente negra despencar de um galho de árvore sobre ele.
— !!
CRACK!
Foi o fim. O Fantasma do Mal nem teve tempo de observar direito a figura caída antes que seu pescoço fosse arrancado do corpo. Morreu instantaneamente, sem nem conseguir emitir um grito.
O problema era que aquela criatura não havia sido a única a sentir o fenômeno estranho que se desenrolava ao redor.
— Kiereuk…?
A horda de Parasitas que cercava o humano e a fada caídos também congelou no lugar. Enquanto permaneciam imóveis, um deles olhou em volta com cautela.
Woooo…
Um chamado baixo e arrepiante soou. Ao ouvir aquele lamento estranho, que provocava arrepios, o Parasita começou a recuar passo a passo.
Heuuuu…
Porém, como se o dono da voz não fosse permitir sua fuga, outro lamento arrepiante ecoou.
Eles não conseguiam ver nada. Não conseguiam ouvir nada. Nem mesmo sentir nada. No entanto, os Parasitas conseguiam perceber com clareza.
Conseguiam sentir a terrível intenção assassina que permeava toda a floresta.
Sentiam a aproximação de uma intenção assassina monstruosa, vasta o suficiente para esmagar cada um deles como vermes.
Era inevitável que aquelas criaturas sentissem essa mudança. Afinal, eram monstros. E nenhum monstro conhece outro monstro melhor do que um próprio. E monstros fabricados nunca poderiam vencer um monstro de verdade.
Foi então.
Crack!
O pescoço de um dos Parasitas se virou repentinamente para o lado. Seus olhos continuaram escancarados enquanto sua cabeça rolava pelo chão. Logo em seguida, os globos oculares de outro começaram a girar, antes que seu corpo inteiro estremecesse miseravelmente.
Puk!
Num piscar de olhos, seu corpo explodiu, carne e líquidos sendo lançados para todos os lados.
— Kiiie… Puwaaaak!!
A criatura que abria a boca teve a mandíbula completamente arrancada. Então…
— Kuaaaa!
Outro teve todos os membros dilacerados das articulações.
Antes mesmo que os Parasitas restantes pudessem piscar diante da morte de seus companheiros, uma fumaça negra avançou sobre eles como uma serpente venenosa. Essa fumaça os envolveu firmemente antes de erguê-los ao céu, como se fosse um chicote.
— Kiiieek! Kiiieeek!!
— Grrrr, grrrr!
Os Parasitas resistiram e lutaram, mesmo que tardiamente, mas a fumaça não se dissipou.
Pelo contrário, a horda permaneceu firmemente envolvida pela fumaça negra e subiu ainda mais alto no céu, antes de serem lançados ao chão de cabeça.
Koong, koong, koong, koong!
A terra estremeceu violentamente conforme sons horrendos e brutais explodiram ao redor.
Depois, foram novamente erguidos ao céu e arremessados contra o chão mais uma vez. Como se uma vez não fosse suficiente, o movimento de ‘chicotada’ se repetiu várias vezes.
O espetáculo de dezenas de cabeças sendo esmagadas como melancias, até se tornarem indistinguíveis de carne moída, era grotesco o bastante para desviar o olhar.
Kyahhhh…
Kyahhhh…
Talvez a fumaça negra tenha julgado que isso ainda era pouco, pois sua aura, que acabara de massacrar dezenas de criaturas num piscar de olhos, espalhou-se por toda a floresta.
Logo, inúmeros gritos ecoaram de todos os cantos. Eram gritos tão dolorosos que mal se podia acreditar que vinham de monstros.
Teresa Hussey conseguiu chegar em segurança ao túmulo e já estava voltando rapidamente, mas, ao testemunhar aquela cena cruel de massacre, simplesmente não conseguiu fechar a boca entreaberta.
— O que… em nome de…
Todos aqueles Parasitas aterrorizantes haviam sido reduzidos a uma massa ensanguentada.
Ela encarou, atônita, os pedaços de carne despedaçada e os fluidos corporais formando um rio espesso no chão, até que avistou o jovem ali perto e soltou um suspiro de horror. Ele já estava gravemente ferido, e ainda assim sofrera outro ferimento sério. Tomada pelo pânico, Teresa correu em sua direção. Ou melhor, tentou correr, mas então…
Kywaaahk!!
— Seol… Ah-ahhk?!
Uma aura informe a cutucava de todos os lados com tanta força que a fez cair sentada no chão. Ela nem queria fazer isso, mas seu corpo lutava contra sua própria vontade e começou a tremer incontrolavelmente. Teresa não era de se assustar com qualquer coisa, mas naquele instante o medo era tanto que seus dentes batiam sozinhos.
Kyahrurururu…!
Ao ouvir aquele rosnado sobrenatural, ela abaixou a cabeça e começou a assentir com força. Nem precisou escutar nenhuma palavra para entender o que estava acontecendo.
Aquela fumaça negra girando em torno do jovem estava completamente furiosa, a ponto de não permitir nem que outro ser humano se aproximasse.
Pouco tempo depois…
Tap, tap…
Ela ouviu passos leves cruzando a grama. E então…
— Arrh-hoo…
— …Arrh-hoo?
Teresa piscou várias vezes antes de levantar a cabeça com cuidado para olhar.
Ela viu uma mulher esguia, de aparência frágil… Não, definitivamente não era frágil. Ao ver as evidências do massacre manchando as mãos e a túnica branca daquela figura desconhecida, o terror que havia desaparecido por um instante voltou com força à sua mente.
Enquanto a boca de Teresa se abria e fechava sem emitir som algum, a mulher, com uma cascata brilhante de cabelos prateados, segurou o jovem com cuidado e desapareceu floresta adentro.
Em direção ao túmulo.
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