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    Naquela manhã, a Família Real de Haramark fez um anúncio oficial sem precedentes. O conteúdo do anúncio era o retorno de Seol e Teresa Hussey naquela mesma manhã. Com isso, todos os membros que participaram da missão de resgate haviam retornado com vida.

    A Família Real de Haramark acrescentou alguns detalhes. O primeiro era que a dupla cooperou com a Federação durante a fuga. O segundo, que destruíram o laboratório do Ducado Delphinion, a sede da instalação de produção em massa dos Parasitas. Por fim, que haviam retornado com sucesso após romper o cerco reforçado dos Parasitas. Como bônus adicional, os planos dos Parasitas haviam sido frustrados, e suas forças, severamente reduzidas.

    A notícia…

    — Ei! Chohong! Chohoooooong!

    — V-Velho? Que alvoroço é esse? Já bebeu a essa hora da manhã?

    — Onde… Não, só volta! Rápido!

    — O que foi? Já disse que tenho que…

    — O Seol voltou! O Seol voltou!

    — O-o quê?

    …não apenas se espalhou por Haramark…

    — E o Templo da Luxuria? Aquela maldita Rainha do Gelo não disse que ia encontrá-lo de qualquer jeito? Ela até disse que voltaria a agir se ele fosse encontrado.

    — Sim, Senhora, estamos apurando. Parece mesmo que ele sobreviveu com sua própria força. Afinal, a Ordem da Luxuria ainda estava em fase de preparação e nunca saiu de Haramark.

    — Hmm… Que reviravolta interessante. Qual era o nome do rapaz mesmo?

    — Seol. Ah, aliás, ouvi algumas coisas bem curiosas hoje.

    — Notícias interessantes?

    — Esse jovem chamado Seol. Parece que a Filha da Luxuria está cuidando dele pessoalmente.

    …mas também por Scheherazade e outros reinos. Em menos de um dia, os feitos dele se espalharam por todos os cantos, chegando até as terras da Federação e dos próprios Parasitas.

    Contudo, o assunto do momento…

    — Zzz…

    …estava vagando por seu próprio mundo dos sonhos. Mesmo depois de dormir por um dia inteiro, não mostrava sinais de acordar. Agora que seu corpo privado de sono havia experimentado o descanso genuíno, ele o desejava sem fim.

    Seol Jihu se sentia extremamente feliz. Não sabia o motivo, mas havia uma suavidade morna constantemente envolvendo seu corpo. Não, isso não bastava para descrever a sensação. Era aconchegante, relaxante, purificadora… Se existisse uma essência do calor no mundo, ele acreditava firmemente que aquilo era isso.

    Além disso, embora às vezes o deixasse um pouco sem ar, havia algo macio e fofinho. Aquilo, incrivelmente suave e elástico, também era bem volumoso. Toda vez que Seol Jihu enterrava o rosto naquela maciez, uma sensação desconhecida de conforto e carinho preenchia sua mente.

    “Isso é felicidade.”

    Ele se sentia mole, tão mole que achava que tudo bem morrer daquele jeito. Mesmo quando acordava, logo voltava a dormir por causa da sensação de aconchego.

    E isso não era tudo.

    — Aqui. Aaaaah…

    A luz só foi assustadora no começo. Tornou-se mais suave com o tempo e, mais importante ainda, havia momentos em que ela falava com ele em seus sonhos como um ser humano de verdade. Ele apenas obedecia, e comida deliciosa entrava em sua boca.

    “Hmm… que cheiro bom. É mingau?”

    Seol Jihu cheirou repetidamente e abriu a boca como um bebê esperando ser alimentado. Como esperado, um mingau quente entrou suavemente em sua boca. Seol Jihu ainda acreditava estar sonhando enquanto engolia.

    “Delicioso, delicioso…”

    No entanto, ele nunca baixava totalmente a guarda. Havia vezes em que um cheiro amargo se misturava à comida.

    “!”

    Assim que percebia, fechava a boca na hora. Não importava se antes estava comendo algo delicioso. Como agora.

    — E-ei…

    A luz ficou surpresa.

    — Como você sabia que era remédio…?

    Com isso, Seol Jihu teve certeza. Ele era grato à pessoa que cuidava dele, mas odiava remédio.

    — Vamos, você tem que tomar isso depois da refeição.

    — …

    — Não seja assim. Sabe o quão preciosa essa erva é? Seja bonzinho, tá?

    — …

    — Vai, diga ‘aaaaah…’

    — …

    Seol Jihu manteve a boca fechada em protesto, mas a voz o persuadia sem parar. No fim, cedeu à pressão gentil e abriu a boca.

    — Euuuuh…

    O homem-criança fez uma careta. Depois de conseguir finalmente fazê-lo tomar o remédio, a pessoa misteriosa soltou um suspiro profundo.

    — Sério… quando é que você vai crescer?

    Ele ainda ouviu a voz dizer algo, mas já estava sonolento de novo após comer. Depois de bocejar bem grande, Seol Jihu se aconchegou mais na suavidade. Jamais imaginou que ter alguém acariciando seu cabelo e dando tapinhas nas costas poderia ser tão bom assim.

    “Isso é felicidade!”

    Como diz o ditado, ‘depois da tempestade vem a bonança’, Seol Jihu aproveitava plenamente a vida de paz que levava agora. Claro, ele não fazia ideia do que estava acontecendo no mundo exterior.


    Seul, sede da Farmacêutica Sinyoung.

    — Sim, sim… Hoje às 18:25h. Entendi.

    Click. O som do telefone sendo desligado ecoou.

    — Hm…

    Kim Hannah estava com uma expressão estranha enquanto olhava para o telefone de escritório em sua mesa.

    “Seol Jihu.”

    Ela já havia descoberto fazia tempo que ele se juntou à missão de resgate sem avisá-la. Claro, naquela altura já era tarde demais para impedi-lo. Só agora recebera o relatório confirmando que ele havia retornado com vida. Como estava lidando com um assunto urgente na Terra, a notícia do retorno de Seol Jihu chegara atrasada.

    De qualquer forma, sentiu-se aliviada ao saber que ele estava vivo. Sim, aliviada…

    Ehew.

    Kim Hannah cobriu o rosto com as mãos.

    — Seu filho da puta do caralho…

    Ele já chamava atenção desnecessária por causa do Selo Dourado, mas o problema que causara dessa vez era grande demais para ser ignorado. Aquilo estava em outro patamar comparado à defesa da Fortaleza Arden. Como impactaria todo o Paraíso, não havia como seu nome não se espalhar.

    Aquilo já estava muito além das capacidades de Kim Hannah para lidar sozinha. Embora Seol Jihu ainda não soubesse, o Paraíso não era um mundo simples. Como os Terrestres podiam usar pontos de conquista para trazer itens do Paraíso para a Terra, inúmeros grupos de interesse lutavam entre si em meio ao caos.

    Havia um motivo para o Paraíso abrigar grandes organizações violentas vindas da Terra. Se alguém tivesse azar, teria que tomar cuidado não só no Paraíso, mas também na Terra.

    Kim Hannah acabara de receber uma ligação de sua secretária, informando que a Primeira-Dama queria vê-la. Kim Hannah só conseguia pensar em um motivo para aquela pervertida querer vê-la tão de repente.

    — Huu…

    Kim Hannah deu tapas no rosto, desesperada. Era um golpe de sorte, não, um milagre dos céus, que a Filha da Luxuria estivesse cuidando de Seol Jihu.

    Seo Yuhui era, sem dúvida, uma das Terrestres mais influentes do Paraíso. Apesar de já ter se aposentado de sua posição há tempos, suas habilidades, fama, influência e organização continuavam intactas. Ela seria capaz de se tornar um escudo mais forte do que qualquer outro Terrestre.

    Kim Hannah soltou um suspiro de alívio ao descobrir que Seo Yuhui havia se voluntariado para ajudar por conta própria. Ao mesmo tempo, não pôde deixar de se perguntar:

    “Por que ela está protegendo Seol Jihu?”

    Kim Hannah tinha certeza de que os dois não tinham nenhuma ligação anterior. Não havia nenhuma Seo Yuhui na rede de amigos, familiares ou conhecidos de Seol Jihu. Na verdade, Seo Yuhui era uma mulher envolta em mistério. Praticamente ninguém sabia sua verdadeira identidade na Terra.

    “Será que ela quer criá-lo?”

    Era uma possibilidade. Dos Terrestres renomados que atuavam ativamente nos conflitos do Paraíso, mais de alguns haviam passado pelas mãos dela. Afinal, até mesmo aquele Sung Shihyun era obra sua.

    Pensando por esse lado, Kim Hannah começava a entender. Claro, havia coisas demais ocupando sua mente no momento para refletir profundamente sobre isso. Por ora, decidiu focar nos problemas imediatos.

    “Vou precisar adiantar o plano.”

    Mas antes disso, havia algo que precisava fazer.

    “Desgraçado… espera só até eu te ver de novo.”

    Seus olhos brilharam com uma luz fria e sombria.

    — Eu vou te mostrar.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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