Índice de Capítulo

    A luz do sol escaldante bateu nos olhos de Seol Jihu. Com os olhos embaçados, ele fitou seu quarto inclinado. Fechou os olhos e puxou o cobertor até a cabeça, mas agora que sua mente estava desperta, o sono não voltou com facilidade.

    No fim, soltou um suspiro profundo e empurrou o cobertor de lado. Ficou um tempo fumando um cigarro, meio grogue, perto da janela e foi direto ao banheiro. Só quando se molhou com água fria é que finalmente se sentiu vivo.

    Estava secando o cabelo com uma toalha quando, Tang! Tang!, ouviu batidas na porta.

    — …Quem é?

    — Sou eu.

    A resposta foi tão repentina quanto a visita matinal em si, mas Seol Jihu soube imediatamente quem era.

    “Ela veio de novo?”

    Ele começou a se vestir, ainda inclinando a cabeça, curioso.

    — Espera só um segundo.

    Lamborghini Gallardo LP570-4 Superleggera. Esse era o nome do carro que Kim Hannah trouxe consigo.

    Vruuuaa!

    Seol Jihu lançou um olhar para o banco do motorista ao ouvir o barulho ensurdecedor do escapamento. Óculos escuros cor de caqui-claro e um vestido azul que combinava com o tom da sua pele. Ela não estava usando sua típica roupa formal de trabalho, mas era evidente que havia caprichado na escolha do visual.

    — Tá olhando o quê?

    Kim Hannah perguntou ao girar suavemente o volante.

    — Só curioso.

    — Precisa desconfiar de tudo? Eu já te disse~ Hoje é só pra se divertir.

    Kim Hannah falou como se estivesse cantando.

    — Como protetora, tenho o dever de animar o humor de um cliente deprimido sob os meus cuidados.

    “Você fala isso como se não fosse a responsável pela minha depressão?”, Seol Jihu quase retrucou, mas engoliu as palavras.

    Ele foi quem tomou a decisão de ir, e não queria ser o tipo de pessoa que culpa alguém por perder dinheiro após comprar ações por recomendação. Então, mudou de assunto.

    — Você não tem trabalho?

    — Cuidar de você é meu maior trabalho… ou melhor, é o que eu gostaria de dizer, mas você já sabe, né?

    O carro de Kim Hannah parou diante de um sinal vermelho. Ela se virou para o banco do passageiro com um sorriso.

    — Hoje é sábado.

    — Mesmo sendo fim de semana…

    — Trabalhar no fim de semana? Eu posso ir se quiser, mas ninguém vai me obrigar. A Farmacêutica Sinyoung tem uma política rígida de expediente de cinco dias por semana, os funcionários só precisam bater o ponto até às 10 da manhã, e o expediente termina às 18h em ponto.

    Seol Jihu balançou a cabeça, sem palavras.

    — É? Que bom saber que limpam até a bunda dos funcionários.

    — Isso não é algo que se diga pra uma dama.

    Kim Hannah deu uma risadinha e voltou a olhar pra frente.

    — De qualquer forma, tô orgulhosa de você. Achei que ia resmungar e dizer ‘Vai embora. Quero ficar sozinho.’

    — Eu sou uma criança, por acaso?

    — Às vezes é. Você não sabia?

    Kim Hannah riu, e Seol Jihu retrucou na hora, sentindo-se injustiçado.

    — Sou só eu ou você tá de bom humor hoje?

    Pelo que Seol Jihu percebia, Kim Hannah estava rindo e sorrindo desde que apareceu naquela manhã.

    — Tô com essa cara?

    Ela abaixou um pouco os óculos escuros e perguntou. Seol Jihu apenas assentiu com a cabeça.

    — Tá certo. Parece que me livrei de dez anos de peso me esmagando.

    Kim Hannah confirmou com um risinho. Será que comeu algo estragado? Ou finalmente enlouqueceu? Justo quando Seol Jihu começou a se preocupar, ela de repente endireitou o pescoço.

    — Dei um golpe neles.

    — Em quem?

    — Ah, você sabe~ Aqueles filhos da mãe que vivem de olho nas coisas dos outros.

    Kim Hannah explicou de forma vaga, mas Seol Jihu entendeu na hora de quem ela estava falando.

    — O que você fez?

    — Nada demais. Só espalhei o boato de que você pode entrar pra Sinyoung.

    Kim Hannah continuou.

    — Aqueles desgraçados viviam me pressionando por eu não ter conseguido fazer você entrar na Sinyoung antes, e agora provei que estavam errados. Aposto que estão percebendo que estavam latindo para a árvore errada.

    “Espalhou o boato? Provou que estavam errados?”, Seol Jihu refletiu sobre as palavras dela por um tempo antes de levantar as mãos.

    — Não entendi nada.

    — Espera e vai ver. Só senta e aproveita o show.

    Kim Hannah falou com confiança enquanto se espreguiçava.

    — Aaaaah~ E aí, quer ir pra onde?

    Seol Jihu ficou olhando pra ela, incrédulo.

    — Hm, bom, dizem que um prato bem apresentado tem gosto melhor, então que tal irmos ao salão de beleza que eu frequento?

    — Então eu sou um prato de comida pra você?

    O sinal mudou nesse momento.

    — É, um prato de ouro.

    Kim Hannah sorriu radiante e pisou no acelerador.


    Depois de ser arrastado o dia inteiro, Seol Jihu finalmente voltou para casa após o jantar.

    — Huk… huk…

    Assim que entrou no quarto, jogou as sacolas de compras para o lado e cambaleou até se escorar na parede.

    “Q-Que tipo de garota…”

    Ele já tinha perdido a conta de quantos shoppings tinham visitado. Ao olhar para as dezenas de sacolas espalhadas ao seu redor, fez uma expressão exausta antes de pegar duas delas.

    Dentro havia um par de tênis brancos e roupas de treino brancas que Kim Hannah tinha mandado ele levar para o Paraíso. Seus olhos brilharam ao encarar os itens que custavam centenas de milhares de wons. Só de pensar em treinar com roupas e calçados novos, seu coração começou a bater mais forte com a expectativa.

    “Ah.”

    Foi então que finalmente se lembrou do verdadeiro motivo de ter voltado para a Terra. Até então, tinha esquecido completamente por causa do choque que levara no dia anterior. Para ser sincero, ele queria voltar para o Paraíso naquele exato momento.

    Mas sabia que não podia fazer isso. Se quisesse retornar ao Paraíso nem que fosse um dia mais cedo, precisava aproveitar ao máximo o tempo na Terra.

    Ao pensar no Paraíso, sentiu uma onda de endorfina percorrer seu corpo. Os olhos de Seol Jihu brilharam quando ele ligou o laptop.


    Seol Jihu suportou o tempo que passou na Terra pensando apenas no Paraíso. Para ser exato, ele tornou o Paraíso o centro de todos os seus pensamentos. Ao fazer isso, conseguia esquecer todo o resto.

    Todas as manhãs, vestia as roupas de treino que Kim Hannah comprara e ia para a academia.

    “Ter equipamentos de treino realmente é conveniente. E também mais eficiente.”

    Agora que pensava nisso, a primeira vez que teve vontade de entrar para a Carpe Diem foi quando viu a área de treino no primeiro andar deles. Como equipamentos eletrônicos não podiam ser levados para o Paraíso, eles não tinham esteiras, mas tinham halteres, barras fixas e outros instrumentos de treino não eletrônicos.

    Seol Jihu lembrou a si mesmo de conferir a lista de itens não proibidos enquanto segurava a barra de puxada. Suas escápulas se contraíram conforme os músculos das costas se projetavam.

    “Puxar a barra até quase tocar a clavícula. Usar o latíssimo do dorso, não os braços…”

    Focou-se em manter a postura e a respiração que Agnes lhe ensinara. Por causa disso, não percebeu que uma mulher sentada sobre um colchonete de yoga estava lançando olhares furtivos para seu corpo magro e musculoso.

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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