Índice de Capítulo

    Seol Jihu fez uma nova amiga. Para ser honesto, a posição social dela era alta demais para que ele a considerasse uma amiga, mas decidiu não pensar nisso. O que importava era que eles compartilhavam um segredo que não podiam contar a mais ninguém.

    A maior mudança na vida de Seol Jihu foi que ele começou a olhar mais para o celular. No passado, além de sequer olhar para o aparelho, ele detestava tê-lo por perto. Na maioria das vezes, o deixava desligado e se recusava a verificar.

    Mas depois de fazer uma amiga do Paraíso, passou a carregar o celular com ele. No momento, estava lendo um livro de artes marciais sobre a circulação de qi. Pelo que podia perceber, o conceito de qi era extremamente parecido com o de mana.

    “A circulação de qi se refere ao movimento da energia interna pelos meridianos. Ela acalma a mente e o coração, além de…”

    Estava estudando arduamente quando uma luz piscou na tela do celular. Uma mensagem apareceu na barra de notificações. Ele desbloqueou o celular com um sorriso.

    Foi ótimo ver como você devorou tudo com tanta voracidade. Fico feliz que tenha gostado.

    Não fazia muito tempo desde a última troca de mensagens, mas outra já havia chegado. Desde que Yun Seora o mandara uma mensagem naquela manhã, as trocas haviam sido constantes.

    Vou precisar de uma chance para me redimir. Do que você gosta?

    Estou bem com qualquer coisa. Não sou muito exigente com comida.

    ‘Qualquer coisa’. Esse era o tipo mais difícil de lidar.

    Seol Jihu tocou no teclado com um sorriso florescendo no rosto.

    Qualquer coisa? Mm, nunca ouvi falar de um prato com esse nome. Também não aparece na internet.

    Ao ver a resposta de Yun Seora, ele riu por dentro.

    Brincadeira. Na verdade, tem uma coisa que eu gosto muito. Quero te levar para experimentar.

    Sério? O que é?

    Já provou o Ssanghwa-tang da Kwangdong, aquele da loja de conveniência? Se esquentar no micro-ondas e beber morno, é ótimo pra relaxar o corpo.

    Eu te odeio.

    Haha, tô só brincando. Mas pensa com carinho e me avisa. Pode ser algo caro também, não tem problema.

    Depois da breve conversa, Seol Jihu voltou aos estudos, satisfeito com suas próprias piadas. Pensando bem, fazia muito tempo desde que ele ria tanto assim na Terra.

    Claro, isso não significava que seu desejo de voltar ao Paraíso tivesse diminuído. Na verdade, esse desejo só aumentava a cada progresso nos estudos. Afinal, ainda não tinha ninguém por perto na Terra.

    Kim Hannah estava ocupada com o trabalho, e ele não podia simplesmente mandar mensagens para Yun Seora o dia inteiro. O sentimento de solidão e isolamento era especialmente intenso depois de conversar e rir com Yun Seora.

    A sensação de solidão e amargura que o visitava antes de dormir era dolorosamente insuportável. Ao se lembrar disso, Seol Jihu acelerou o ritmo. Quanto antes terminasse os estudos, antes poderia voltar ao Paraíso.

    Ssk, ssk!

    Sua escrita se tornou mais rápida.


    “Vamos voltar.”

    Exatamente dez dias haviam se passado desde o retorno de Seol Jihu à Terra. Kim Hannah ficou surpresa com o tempo que ele permaneceu por aqui e rapidamente autorizou sua partida. Ela fez questão de enfatizar que ele estava ‘indo’ para o Paraíso, não ‘voltando’, mas Seol Jihu não se importava com a escolha de palavras.

    Talvez por causa de Yun Seora, ele estava um pouco mais tranquilo em comparação à última vez, quando fora praticamente expulso para o Paraíso.

    — Seis maços de cigarro, sacos de areia, itens de higiene, roupas, tênis, caderno…

    Depois de colocar tudo o que queria levar dentro de uma grande sacola de compras, ele pegou um pequeno pedaço de papel, do tamanho da palma da mão. De repente, avistou o celular, ainda conectado ao carregador.

    Yun Seora não havia entrado em contato desde aquele dia. Após encará-lo por um instante, Seol Jihu rasgou o papel ao meio, sem hesitar.

    Chwack!

    Junto ao som do rasgo, uma luz brilhante preencheu sua visão.


    Ele finalmente retornou ao Paraíso.

    — Uwaaaaah.

    Depois de sair do templo, Seol Jihu se espreguiçou com força e observou os inúmeros Terrestres indo e vindo do local. Quando seus olhos se voltaram para os edifícios decadentes da cidade, uma vitalidade começou a surgir lentamente em seu olhar.

    Fiel ao apelido de ‘Cidade do Crime’, Haramark era bagunçada e decadente. No entanto, também estava repleta de um vigor misterioso e uma virilidade eletrizante.

    O peso que oprimia seu peito começou a desaparecer. Com passos leves, Seol Jihu desceu os degraus do templo com pequenos pulos. Enquanto olhava a cidade com empolgação, percebeu algo estranho.

    “?”

    A atmosfera geral da cidade estava incomumente tensa. Não era exatamente sombria ou depressiva, mas o oposto. Como se uma mola incrivelmente elástica tivesse sido comprimida ao máximo, o ar estava carregado com uma corrente de excitação prestes a explodir.

    “Aconteceu alguma coisa?”

    Seol Jihu viu um pequeno grupo de pessoas murmurando algo com expressões sérias. Não conseguiu evitar sentir um certo entusiasmo.

    Levou seu corpo animado até o prédio da Carpe Diem, mas o escritório estava completamente vazio. Não havia qualquer sinal de que alguém tivesse passado por ali.

    “Ainda não chegaram?”

    A diferença de tempo entre a Terra e o Paraíso era de 1 para 3. Em outras palavras, os dez dias que passou na Terra equivaleriam a trinta dias no Paraíso.

    Achava que seria o último a voltar, então encontrar o lugar vazio foi uma surpresa.

    “Com certeza eles logo aparecem.”

    Desfez a mala e tirou um cigarro. Após se jogar no sofá, soltou uma baforada de fumaça. Agora que estava em casa, sentia-se vivo.

    É claro que não tinha intenção de ficar parado e não fazer nada. Não passara dez dias na Terra apenas para relaxar no Paraíso.

    Seol Jihu mergulhou em pensamentos enquanto fumava. Lembrou-se do que Dylan dissera: que uma expedição ou exploração não terminava só porque se havia retornado. Que só se tornava mais forte ao refletir até sobre os menores detalhes e se esforçar para cometer menos erros no futuro.

    Como Seol Jihu concordava plenamente com esse pensamento, começou a relembrar lentamente o incidente anterior.

    — …

    Logo, um sorriso amargo surgiu em seu rosto. Por mais que pensasse, só podia agradecer à Senhora Sorte por tê-lo ajudado a escapar.

    Destruir o laboratório e chegar à Floresta da Negação? Foi graças à arma secreta da Federação, Trovão, e à habilidade de voo de seus membros.

    Sobreviver à perseguição dos Parasitas? Foi graças à santa fantasma da Floresta da Negação.

    Claro, não era como se ele não tivesse contribuído em nada. Mas e se aquilo não tivesse acontecido? E se isso tivesse sido diferente? Ao eliminar os elementos de coincidência, a realidade ficava clara como cristal.

    Se estivesse sozinho, jamais teria voltado com vida.

    Na verdade, isso era algo sobre o qual ele já havia refletido diversas vezes durante a fuga.

    “Se eu fosse mais forte. Se ao menos tivesse mais força.”

    “Não posso continuar embriagado com minhas conquistas na Zona Neutra.”

    Embora fosse o topo entre os novatos da Zona Neutra, isso não significava mais nada no Paraíso. Bastava sair agora mesmo e encontrar algum transeunte aleatório mais forte que ele.

    Como Cinzia dissera, a diferença entre as duas áreas era como céu e terra. No fim das contas, só havia uma conclusão.

    “Eu preciso ficar mais forte.”

    Então, o que ele precisava fazer para se fortalecer?

    Os olhos de Seol Jihu brilharam com intensidade. Ele cerrou os punhos e os ergueu com firmeza.

    “Está na hora de um treinamento de verdade.”

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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