Capítulo 201: O Banquete Já Começou (3/3)
Nem uma única nuvem pairava no céu tranquilo, mas o escritório da Carpe Diem fervilhava de barulho desde cedo. Como Kazuki havia marcado a hora da partida consideravelmente cedo, eles precisavam se apressar antes que fosse tarde demais.
Depois de vestir seu novo equipamento, Seol Jihu prendeu o cinto onde levava as azagaias e os frascos de remédio que conseguira no esconderijo. Uma vez pronto, colocando por cima o manto dado pela Federação, saiu para o lado de fora.
Seol Jihu estava magnífico em sua nova armadura, a ponto de Hugo o encarar com uma expressão genuína de inveja. Diferente de Seol Jihu, Hugo não tinha ninguém que lhe desse uma nova armadura. Teve que juntar o pouco dinheiro que havia economizado para comprar uma armadura e uma arma novas. Ainda assim, precisou fazer concessões.
Por causa disso, estava determinado a usar este Banquete como uma oportunidade para fazer fortuna.
Pouco antes da partida…
— Tome cuidado.
— Sim, senhor.
— Com suas habilidades atuais, você não vai morrer facilmente, mas é só isso. Não se esqueça que deve sempre permanecer com seu time.
— Eu entendo.
Seol Jihu guardou os conselhos de Jang Maldong no coração. Com isso, seguiu para o local de encontro junto de Chohong e Hugo.
Quando Seol Jihu, Chohong e Hugo chegaram ao local de encontro, uma cena bizarra se desenrolava diante deles.
Kazuki havia alugado duas carruagens, mas havia dezenas alinhadas junto ao portão da cidade. E isso não era tudo.
“…O quê?”
Mesmo a olho nu, era possível ver centenas de pessoas aguardando por ali. Pareciam Terrestres, a julgar pelas roupas, mas a maneira como os olhavam… não era nada amigável.
— Seol, evite contato visual e apenas olhe para frente — Chohong sussurrou em seu ouvido. Seol Jihu também concordava que essa era a melhor atitude. Assim que apressou o passo…
— Aqui! Aqui!
Ele viu Sakamoto Jun acenando de longe. Pelo visto, Umi Tsubame já havia chegado.
— Agora, desculpa apressar logo que chegaram, mas precisamos correr. Hyung-nim e Noonim, venham comigo. Maria-chan e Hugo Hyung-nim, peguem a outra carruagem. Estamos separando Arqueiros e Sacerdotes. Faz sentido, né?
Jun explicou rapidamente antes de empurrar Seol Jihu e Chohong para dentro da carruagem. Já havia alguém sentado lá dentro, a Sacerdotisa que Kazuki havia convidado. Ela usava o mesmo estilo de roupas da primeira vez que se encontraram.
— Olá.
Seol Jihu sentou-se do outro lado da carruagem e a cumprimentou. A Sacerdotisa uniu as mãos e respondeu com uma reverência educada.
“Parece ser uma pessoa cortês.”
— Sim! Agora temos todo mundo! Vamos nessa! — Jun gritou em um cristal de comunicação antes de fechar a porta da carruagem.
— Senhor cocheiro! Vamos!
Clunk!
A carruagem balançou. Logo, as molduras das janelas também tremeram enquanto a paisagem do lado de fora começava a se mover para trás. Eles seguiam de perto a carruagem de Maria, Kazuki e Hugo.
— Aliás, Hyung-nim, você tá muito estiloso.
Seol Jihu estava pensando “Deveria dormir?” quando ouviu o elogio repentino e abriu os olhos semicerrados. Viu Jun o examinando de cima a baixo com um olhar surpreso. O que ele não entendeu foi ver a Sacerdotisa misteriosa, sentada ao seu lado, também assentindo em concordância.
— Obrigado pelo elog…
Dudududu, dudududu.
Antes que pudesse terminar a palavra ‘elogio’, ele se assustou com um som repentino, como se uma cavalaria estivesse galopando. Quando espiou pela janela, como esperava, as carruagens que vira no portão da cidade os estavam seguindo.
— Hunf~ Olha só esse enxame de moscas~ — Jun comentou de maneira despreocupada.
— O que… eles estão fazendo?
— Quem sabe. Quer que eu desça para perguntar?
— …
— Tô brincando. Pensa comigo. Existem cinco entradas desocupadas pelas organizações. Isso dá cinquenta vagas.
— Certo.
— Agora, o problema é que existem mais de cinquenta indivíduos ou membros de times querendo entrar no Banquete.
Seol Jihu finalmente entendeu o que Jun queria dizer.
— Eles provavelmente estavam quebrando a cabeça tentando achar uma forma de participar e, de repente, descobriram que uma nova entrada foi encontrada. O que você faria no lugar deles? Especialmente sabendo que só sete pessoas estavam indo. Três vagas sobrando!
— Mas como eles podem ter certeza de que estamos indo para uma entrada?
— O Kazuki Hyung-nim ficaria desapontado se ouvisse isso. E veja bem, aquelas pessoas não são idiotas. Estão apostando porque, no fim das contas, essa é a chance mais alta que têm de entrar no Banquete.
De fato, dado o renome de Kazuki, fazia sentido que eles assumissem que ele participaria do Banquete. Para onde mais ele levaria seu time tão cedo, justamente às vésperas do evento?
— Espera aí.
Seol Jihu assentia quando, de repente, chegou a uma conclusão assustadora.
— Será que eles poderiam…
— Hyung-nim, eu sei o que você está pensando. Não se preocupe.
Jun sorriu e balançou a cabeça.
— Como eu disse, eles não são idiotas. Embora sejamos apenas sete, eles sabem que não têm chance contra nós.
— Se você diz…
— Temos três Altos Rankers, um de cada classe comum. Nosso time está perfeitamente balanceado.
Vendo por esse lado, Seol Jihu concordou. A composição de dois Arqueiros, dois Sacerdotes e três Guerreiros era realmente equilibrada.
— Então, toda essa gente vai disputar apenas três vagas?
— Bom, duvido que decidam no pedra-papel-tesoura.
Jun riu de sua própria piada. Mas, ao ver que Seol Jihu não riu, deu uma tosse seca e voltou a fazer uma expressão séria.
— Pensando bem, esse é o primeiro Banquete do Hyung-nim, certo?
— É.
— Então acho que o choque pode ser grande. Prepare-se.
— Jun, para com a besteira.
Chohong, que ouvia em silêncio, resolveu intervir.
— Besteira? Noonim, isso é um conselho valioso.
— Para de falar merda.
— Você é tão cruel.
Jun abaixou a cabeça, desolado, mas rapidamente voltou ao normal.
— Não é nada demais, mas… Hyung-nim, você esteve em um bom time desde que entrou no Paraíso.
Ele não estava errado. Graças aos Nove Olhos, Seol Jihu conseguiu escolher um bom time e distinguir boas pessoas. Se não tivesse essa Habilidade Inata, quem sabe onde estaria agora?
— Não pense que todos os times são assim… Ah, não me entenda mal. Não estou diminuindo suas conquistas. Mas tenho certeza de que elas não teriam sido possíveis se você não tivesse um certo nível de confiança e fé nos seus companheiros.
— C-Certo.
Vendo Seol Jihu aceitar sem problemas, Jun levantou as duas mãos. Isso porque o olhar de Chohong se tornava cada vez mais ameaçador.
— Nossa, não precisa ser tão protetora. De qualquer forma, como um senpai que participou do último Banquete, deixa eu te dar um conselho… — Jun fez uma breve pausa antes de sorrir. — Não espere demais.
— Não esperar demais? — Seol Jihu perguntou de imediato.
— Isso mesmo. Quanto mais você espera, maior a decepção. Por outro lado, se você não esperar nada, não tem como se decepcionar.
O que ele queria dizer com isso?
— Você vai entender logo, mas para explicar de maneira simples… no momento em que passar pela entrada, vai encontrar todo tipo de gente.
Sua voz baixou.
— Só estou dizendo para não ficar muito desapontado. Com os humanos.
Com um sorriso, Jun encerrou o assunto.
“Não ficar desapontado… com os humanos?”
Era vago, mas Seol Jihu sentia que entendia o essencial. Com um breve suspiro, voltou a olhar pela janela. Ainda havia dezenas de carruagens os seguindo.
Se havia algo que chamava sua atenção, era o fato de que as carruagens mantinham uma grande distância entre si.
— …
Olhando para elas, não pôde deixar de pensar:
“Talvez, para eles, o Banquete já tenha começado.”
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