Capítulo 215: Jogo do Tempo (4/4)
O interior da Praça do Sacrifício era o próprio caos.
Como as pessoas haviam sido lançadas lá dentro com o plano de ‘vamos entrar primeiro e pensar depois’, não havia o mínimo traço de organização.
Por dentro, a Praça do Sacrifício não era escura, mas brilhante. Diferente da impressão que passava do lado de fora, o espaço era amplo o suficiente para acomodar mil pessoas.
Ao redor da parede circular havia dez portas espaçadas uniformemente. Dava a sensação de terem entrado em um antigo Coliseu Romano.
Não como espectadores, mas como gladiadores.
Nesse momento, sete portas se abriram simultaneamente, e um grito agudo ecoou.
Huaaaa!
O grito era tão agudo que fazia a pele se arrepiar. Em seguida, quando Seol Jihu avistou o grupo de monstros saindo das portas, franziu a testa.
Mais de vinte monstros surgiram de cada porta. Além disso, eram monstros que ele já havia enfrentado antes.
Seus corpos eram cobertos por uma pelagem curta e amarelada. Mesmo o menor deles ultrapassava dois metros de comprimento, e suas garras afiadas chamavam atenção.
E não era só isso. Ele também viu três ou quatro com corpos especialmente ágeis ou musculosos. Logo…
— LIONERS!!
No momento em que alguém gritou, o grupo de Lioners avançou ferozmente de uma só vez.
A batalha terminou com a vitória dos humanos. Embora os Lioners não fossem oponentes fáceis, com todos os participantes reunidos na Praça do Sacrifício, a força humana não era algo a se subestimar.
Havia várias Lioners fêmeas, que superavam Guerreiros de Nível 4 em força, e até alguns líderes de alcateia de Lioners, que rivalizavam com Guerreiros de Nível 5 em poder.
Mas, como era de se esperar do famoso Banquete bienal, havia muitos Níveis 4 entre os humanos, além de alguns poucos Alto Rankers.
Embora tenham sofrido doze baixas, todas as mortes ocorreram no início, quando foram atacados antes de conseguirem formar uma estratégia. Logo, ao organizarem uma formação e entrarem em combate, o consenso geral entre os fortes foi de que a batalha foi ‘melhor’ do que esperavam.
E uma vez que a batalha terminou, aqueles que mal escaparam com vida foram conferir a ampulheta primeiro.
O dispositivo de medição de tempo havia parado. Esperaram alguns momentos com grande ansiedade em seus corações, mas a ampulheta não mostrou sinal de se virar novamente. Só então soltaram um suspiro de alívio.
Conquistar a Praça do Sacrifício parecia ser a condição necessária para parar a ampulheta.
É claro, não podiam descartar a possibilidade de a ampulheta voltar a se mover. Sinceramente esperando que isso não acontecesse, os participantes preocupados começaram a procurar os membros de seus times.
Foi aí que surgiu o problema.
142 pessoas haviam entrado na Praça do Sacrifício. Como 12 haviam morrido, deveriam restar 130. Mas ao fazerem a contagem, encontraram apenas 128.
Isso significava que duas pessoas haviam aproveitado a confusão para escapar para a Praça do Desejo Dissonante.
— Filhos da puta…
Os que restavam cerraram os dentes de raiva, mas era impossível capturar aqueles que haviam fugido.
Em seguida, representantes dos que decidiram focar na Segunda Etapa se reuniram para uma conferência. Agora que a ampulheta havia parado, sentiram a necessidade de estabelecer uma regra.
A conferência avançou a passos de tartaruga.
Considerando o grande número de participantes, era óbvio que haveria muitos pontos de vista diferentes. Mas o maior conflito era entre ‘todos devem continuar entrando’ e ‘nós nos recusamos a entrar’.
— Quer que a gente entre lá de novo? Isso não é cruel demais? — um representante do segundo grupo despejou sua raiva.
— Você está tentando ser teimoso depois de ver o que nos espera? É óbvio o que devemos fazer! — uma representante do primeiro grupo retrucou friamente.
Na verdade, julgando apenas pelo resultado, era mais eficaz que todos entrassem.
— Estou dizendo isso justamente porque vi com meus próprios olhos! — o homem também tinha argumentos. — Pessoas como vocês, com grandes organizações por trás, não são as únicas que vêm ao Banquete! Vocês trabalham em equipes formadas cuidadosamente, mas nós somos indivíduos! O nível médio de vocês é entre 4 e 5, mas o nosso é entre 2 e 3!
— Então, o que exatamente está tentando dizer?
— Para ser direto, vocês brincaram sozinhos na última batalha!
Dessa vez, a mulher ficou sem palavras.
— Vocês nos forçaram a entrar no fosso para lutarmos juntos, mas quando a batalha começou, agiram como se a gente nem existisse! Se entrarmos de novo, seremos os primeiros a morrer. Você entraria se estivesse no nosso lugar?
— Aigo~ Vai chorar um rio agora? A culpa é de vocês por terem vindo para o Banquete com essas habilidades ridículas.
— Sabemos que somos fracos. É por isso que estamos dizendo que vamos desistir e sair! — o homem rebateu furiosamente o comentário sarcástico.
— Então o que quer que façamos!? — a mulher também ergueu a voz.
— …Hmph, muito bem. Vamos fazer o seguinte. — O homem bufou, respirou fundo e falou. — Vocês não querem que entremos na Praça do Desejo Dissonante porque isso pode arruinar a chance de vocês entrarem na Terceira Etapa, correto?
— …
— Então é simples. Não entraremos na Praça do Sacrifício. Em troca, entraremos por último na Praça do Desejo Dissonante.
— O quê?
— Estou dizendo que entraremos depois de vocês. Não resolve o problema?
— Ha! — A mulher riu como se achasse aquilo hilário. — Está tentando fingir que o Desejo Dissonante nem existe? Está nos mandando nos sacrificar!
— Na minha visão, isso é muito mais humano do que usar a gente como escudo de carne!
— Humano? Quer discutir humanidade em Paraíso? Além disso, quem garante que vocês não vão fugir para a Praça do Desejo Dissonante enquanto estamos lutando para conquistar a Praça do Sacrifício?
O homem pensou por um momento antes de abrir a boca:
— Se estão tão preocupados, basta colocar alguém para nos vigiar.
— Hilário! Para vigiar dezenas de vocês, precisaríamos de dez a vinte pessoas do nosso lado. Realmente espera que façamos isso quando até mesmo uma única pessoa é vital para nossa sobrevivência?
— Vocês não gostam disso, não gostam daquilo. Afinal, o que querem que a gente faça?
— Estou dizendo que, se querem comer, paguem por isso.
Na realidade, a proposta do homem poderia ter sido um bom compromisso se fosse levemente ajustada. Não, poderia ter sido um bom compromisso. Se a facção dos fortes tivesse alguns membros a mais, talvez considerassem seriamente.
Mas com uma Alto Ranker e dezenove Níveis 4 perecendo em vão, não havia mais espaço para concessões.
A ausência dos que se recusavam a entrar causaria uma lacuna imensa no poder geral, e, se até mesmo os fortes fossem deixados de fora, a carga sobre os remanescentes se tornaria insuportável.
Portanto, seguir a sugestão do homem era fora de questão.
Seol Jihu pressionou as têmporas. Observando a conferência se desenrolar, sentia como se estivesse encarando um horizonte que se estendia infinitamente.
Dadas as circunstâncias, seria de se esperar algum tipo de concessão de ambos os lados, mas isso não acontecia porque ambos gritavam a plenos pulmões para não ceder nem um centímetro.
— Acham mesmo que estamos pedindo a opinião de vocês porque não podemos forçá-los?
— Bem… Tentem então. Até uma minhoca se contorce quando é pisada. Acham que vamos aceitar calados?
À medida que a atmosfera começava a tomar um rumo violento…
— Hey, hey! Acalmem-se todos! — Um homem de nariz adunco e cabelos penteados para trás interveio. — É bom expor as opiniões, mas vamos evitar a hostilidade. E se ocorrer uma catástrofe como a do quarto Banquete?
Ao ouvir isso, o homem e a mulher que discutiam voltaram seus olhares com expressões atônitas. Isso porque o sujeito de cabelo engomado era o mesmo que havia sido o mais entusiástico em reprimir a minoria antes da primeira batalha.
— O sol está se pondo. Por que não encerramos por hoje?
A propósito, o sol parecia nascer e se pôr nesse local também. A planície gramada estava tingida de laranja pelo brilho do entardecer.
— Acho que todos estão muito exaltados. Vamos esfriar a cabeça um pouco.
— E se a ampulheta se virar enquanto estivermos descansando?
— Existem mais de uma ou duas pessoas de olho naquilo. Se acontecer, nos reunimos rapidamente. Além disso, também precisamos descansar. Caso contrário, não teremos energia para lutar.
Ele não estava errado.
Aqueles que terminaram a Primeira Etapa no final mal haviam descansado. Todos provavelmente precisavam de um tempo para se recompor.
Assim, para se acalmar e comer, a conferência foi suspensa, e os diferentes grupos montaram seus pequenos acampamentos ao redor do campo.
Isso foi um erro.
O incidente estourou no final da tarde, quando a tensão já havia diminuído ligeiramente.
Regras dos Comentários:
Para receber notificações por e-mail quando seu comentário for respondido, ative o sininho ao lado do botão de Publicar Comentário.