Capítulo 226: Danças com Lobos (1/3)
Assim que o Estágio 2 terminou, Seol Jihu relaxou um pouco mais. Com essa nova tranquilidade, naturalmente começou a ficar curioso sobre coisas às quais antes não conseguia prestar atenção.
“Quem organizou o Banquete?”
Havia uma razão para a pergunta ter mudado de ‘como’ o Banquete foi organizado para ‘quem’ o organizou. Olhando para trás, existiam mais de um ou dois pontos suspeitos. A recente ‘troca’ de itens era um bom exemplo.
Ele achava que seria impossível todos saírem satisfeitos com as trocas. Embora alguns pudessem encontrar itens de interesse e conseguir fazer boas trocas, Seol Jihu acreditava que haveria muitos que não conseguiriam. Dos cerca de 100 participantes restantes, ele previa que pelo menos metade falharia.
Mas, na realidade, quase todos, exceto três ou quatro pessoas, conseguiram negociar com sucesso. As recompensas que os Terrestres queriam eram limitadas, geralmente armas, armaduras e semelhantes, mas ainda assim os desejos de cada um deveriam variar, mesmo que minimamente.
Então, como tantas pessoas conseguiram fazer trocas bem-sucedidas? Era quase como se as recompensas tivessem sido planejadas para isso.
Claro, ainda podia ser coincidência. Afinal, mais de uma centena de pessoas haviam recebido recompensas. Ainda assim… sem algum tipo de intervenção externa moldando a situação, parecia praticamente impossível.
Seol Jihu tinha um forte pressentimento de que alguma existência desconhecida havia interferido no processo, e claramente essa existência devia ser o anfitrião do Banquete.
Foi até onde conseguiu ir. Assim como Ian havia mencionado, enquanto não tivesse uma prova definitiva, qualquer dedução plausível seria apenas uma hipótese.
Sentia que poderia encontrar pistas para confirmar suas suspeitas se conseguisse avançar para o Estágio 3, mas não sabia como. Seol Jihu suspirou, frustrado.
Então, foi procurar uma certa Sacerdotisa que estava descansando. Embora a conquista da Praça do Sacrifício tivesse ficado mais fácil à medida que mais pessoas retornavam com seus Desejos Dissonantes, isso não significava que o combate tinha virado uma brincadeira. Como Seol Jihu sempre lutava na linha de frente, houve várias ocasiões em que sua vida ficou em risco.
E a pessoa que o salvava toda vez era a Sacerdotisa convidada por Kazuki.
Era senso comum que um Sacerdote apoiasse um Guerreiro durante a batalha, mas Seol Jihu sentia que ela lhe dedicava uma atenção quase excessiva. Claro, era possível que estivesse apenas imaginando. Mas, se não fosse isso, não fazia sentido os feitiços de cura e proteção sempre chegarem nos momentos mais críticos.
Além disso, havia mais aspectos suspeitos sobre a Sacerdotisa. O fato de ela não querer revelar sua identidade poderia ser por questões de privacidade, como Kazuki sugeriu, mas havia claramente algo além.
Os feitiços de um Sacerdote não eram infinitos. Era normal que um Sacerdote ficasse sem feitiços armazenados durante batalhas sucessivas ou combates prolongados.
Quando Maria usava suas oito magias armazenadas, precisava fazer oferendas para restaurá-las, e ficava exausta após a décima sexta.
Mas aquela Sacerdotisa misteriosa era estranha. Derramava magia sagrada uma após outra sobre Seol Jihu, sem demonstrar sinais de esgotamento. E, como usava conjuração sem cânticos, Seol Jihu não conseguia captar nenhuma pista através da voz dela.
Tudo nela estava envolto em mistério. Baseando-se apenas nas habilidades que havia mostrado, Seol Jihu não hesitaria em acreditar que ela era uma Ranker Única.
De repente, Seol Jihu se lembrou do toque gentil que sentiu quando perdeu a consciência durante sua batalha contra o Campeão Orc.
“Quem é ela?”
Para ser sincero…
“Quem ela é para se preocupar tanto comigo…?”
Toda vez que sentia seu olhar sob o capuz, era como se fosse o olhar de uma mãe preocupada observando seu filhote recém-saído do ninho.
Uma parte dele queria correr até ela e puxar seu capuz para descobrir sua identidade. Embora soubesse que seria uma enorme grosseria, tinha uma sensação instintiva de que ela o perdoaria. Mas, claro, não podia fazer algo tão desrespeitoso com sua benfeitora, então simplesmente expressou sua gratidão.
— Obrigado por cuidar de mim.
Em resposta à reverência cortês de Seol Jihu, a Sacerdotisa encapuzada apenas assentiu silenciosamente e estendeu a mão como se fosse acariciar sua cabeça. Vendo isso, Seol Jihu se curvou instintivamente.
“Hã?” Ele parou de repente e piscou surpreso.
Havia tentado, sem perceber, encostar a cabeça na mão dela. Achou estranho como seu corpo reagiu automaticamente.
Seol Jihu olhou para a Sacerdotisa, atordoado. Vendo que ela havia retraído a mão e dava pequenos passos para trás, parecia que ela também estava constrangida.
— Hm, hm. — Ela pigarreou baixo antes de se virar. Talvez desconfortável com o olhar fixo do jovem, fez uma pequena reverência antes de sair rapidamente.
— …
Vendo a Sacerdotisa se afastar, Seol Jihu esfregou o peito com uma expressão desapontada. Eles mal se conheciam, então por que sentia tanta saudade?
Seol Jihu não sabia explicar.
Quando a tarde chegou, apenas metade dos participantes ainda permanecia no campo. Com a abertura permanente da Praça do Desejo Dissonante, aqueles que não tinham mais motivo para ficar haviam partido, seja de volta ao Paraíso, seja para o Estágio 3.
A equipe da Aliança não teve pressa, já que a entrada no Estágio 3 não era feita por ordem de chegada. Mas, por estarem cansados do Banquete, parte deles queria retornar ao Paraíso o quanto antes.
Kazuki terminou de desmontar o acampamento e lembrou a todos o que deveriam fazer após saírem do Estágio 2. Só então mencionou a saída pela Praça do Desejo Dissonante.
Ao atravessarem o longo corredor e a sala de recompensas, finalmente chegaram ao destino, uma sala com um portal circular vermelho sobre um altar.
Kazuki parou e olhou para a equipe.
— Ainda não vou dizer ‘bom trabalho’.
As coisas só terminariam de verdade quando estivessem fora do Banquete. Ele estava apenas lembrando-os de não baixarem a guarda.
— Caso alguém consiga entrar no Estágio 3, o restante de nós vai esperar do lado de fora, então não precisam se preocupar…
Kazuki franziu as sobrancelhas no meio da fala. Algo o incomodava: Hugo, que sorria enquanto enfiava o machado de batalha dentro das calças.
Ele já tinha dito a mesma coisa antes de entrarem, de qualquer maneira. Balançando a cabeça, Kazuki se virou de novo.
Em seguida, atravessou o portal e sentiu seu corpo afundar.
Splash!
O som de água espirrando ecoou, e Kazuki imediatamente entendeu o que havia acontecido.
— Puha! — Cuspindo a água e se pondo de pé, como esperava, encontrou-se de volta no oásis por onde havia entrado no Estágio 1. Tinha retornado ao Paraíso.
Uma expressão amarga surgiu em seu rosto enquanto afastava o cabelo encharcado.
“A terceira vez é igual, hein…”
Logo, outros sons de água espirrando ecoaram. Kazuki se virou e começou a contar as cabeças. Seis pessoas haviam atravessado o portal vermelho.
“Um, dois…”
— Osu! Bem-vindo de volta, Kazuki Hyung-nim!
Enquanto Kazuki contava, uma voz familiar soou em seus ouvidos.
Sakamoto Jun acenava animadamente do lado de fora do oásis.
— Você… — Kazuki perguntou, surpreso — Você sobreviveu?
— Sim! Fui eliminado no Estágio 1! Achei que ia morrer de tanto esperar!
Sakamoto Jun gritou com orgulho. Bem, era bom saber que ele estava vivo…
Os olhos de Kazuki se estreitaram. A equipe da Aliança tinha um total de sete pessoas, mas duas estavam faltando. Não importava quanto tempo esperasse, elas não apareciam.
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