Capítulo 227: Danças com Lobos (2/3)
Assim que pisou no portal, Seol Jihu fortaleceu sua mente. Lembrando-se de como foi a entrada no Banquete, preparou-se para o impacto assim que sua visão ficou vermelha.
No entanto, o impacto que esperava não veio. Em vez disso, sentiu no ar um cheiro levemente salgado.
“?”
Seus olhos, que estavam bem fechados, se abriram devagar. Quando percebeu que havia sido transportado para outro local, sua mandíbula caiu imediatamente.
Tinha ouvido que, caso fosse enviado de volta ao Paraíso, retornaria ao local de onde havia entrado. Mas o lugar onde estava agora não era o oásis do Deserto de Sal. Além disso, o cheiro salgado carregava a fragrância do oceano.
Instantaneamente, Seol Jihu ergueu sua lança, ficando em alerta. Embora não sentisse a presença de ninguém nas proximidades, examinou o ambiente com cautela. Só depois de vasculhar o lugar diversas vezes é que lentamente abaixou a arma.
Estava em um quarto com uma escrivaninha e uma cama. Além da pequena janela na parede, via-se o mar aberto. Ao perceber isso, Seol Jihu concluiu que provavelmente estava no misterioso navio que anunciava o início do Banquete.
Tinha entrado no Estágio 3 em sua primeira tentativa, o mesmo Estágio em que Kazuki e Dylan falharam duas vezes.
O problema era outro: não encontrava uma porta de saída.
Mas, como já havia passado por algo parecido no Estágio 1, decidiu esperar com calma.
“Li que o Estágio 3 é uma batalha de sobrevivência do mais forte…”
Enquanto pensava em várias possibilidades, avistou um prato de pão sobre a mesa, acompanhado de uma taça de vinho.
Agora que reparava, não havia almoçado ainda. Sendo o glutão que era, Seol Jihu se alegrou e esticou a mão para o pão, mas logo exclamou:
— Ah!
E recolheu a mão. Embora parecesse saboroso, não podia simplesmente comer algo tão suspeito.
Pegou um pedaço de carne seca que carregava no cinto preto que Teresa lhe dera em segredo. O trauma da fome e sede que passou ao escapar do laboratório o fez criar o hábito de carregar bastante comida e água onde quer que fosse.
— Delícia.
Seol Jihu mastigava a carne enquanto examinava o quarto. Como não encontrou mais nada, sentou-se na cama e começou a esperar.
Quanto tempo se passou?
Splash… Splash…
Apenas o som das ondas batendo contra o navio preenchia o ambiente…
Click!
Um som familiar ecoou.
Uma parte da parede de madeira se separou ligeiramente, como uma porta giratória.
Cansado de esperar, Seol Jihu se levantou animado da cama.
Foi então…
“Hm?”
A porta começou a girar sozinha.
Quando deu meia-volta e revelou o outro lado da parede… Seol Jihu se assustou ao ver os enormes caracteres escritos ali.
Nunca tinha visto aqueles símbolos antes. Mas parecia que estava ocorrendo uma Sincronização, pois os caracteres começaram a se contorcer.
Pouco depois, transformaram-se em uma palavra reconhecível que Seol Jihu conseguiu ler com facilidade.
“Wo…?”
No instante em que leu a palavra, agora em coreano…
Brilho!
A palavra cintilou.
Uma luz intensa o envolveu e seus olhos perderam o foco. Ele ficou como hipnotizado, com os braços caindo pesadamente.
— …
Seol Jihu deixou o quarto cambaleando.
Andando como um fantoche, atravessou o navio escuro. Abriu a porta no final do corredor e desceu a escada seguinte.
Caminhou sem parar, como se tivesse perdido a alma.
Só parou quando chegou ao final da escadaria.
Click!
Outro clique soou, e a luz voltou a seus olhos.
— …Ah.
Recobrando a consciência, Seol Jihu piscou várias vezes. Sentia como se tivesse perdido os sentidos ao ler o caractere, mas não conseguia se lembrar direito.
Parecia ter tido um sonho.
“O que foi isso?”
Seol Jihu encarou a escada, confuso. Parecia ter descido até o porão, mas não havia nenhuma porta visível no fim.
Deve ter desaparecido imediatamente.
A única saída era a porta à sua frente.
O poder misterioso que o trouxera até ali obviamente lhe dizia para abri-la.
Apesar de compreender isso, a incerteza sobre o que haveria além da porta o fez hesitar. Mas não podia simplesmente ficar parado para sempre.
Depois de muito vacilar, Seol Jihu caminhou até a porta. Respirando fundo, empurrou-a com a mão esquerda. Preparou sua mana para ativar a Bênção do Circum, se necessário, e empurrou a porta lentamente com a lança.
Quando entrou com cuidado…
Zing…!
Uma dor aguda e intensa atingiu seu cérebro.
— Keuk!
Seus olhos se arregalaram automaticamente, e sua coluna se curvou para trás. Lutando contra a dor, Seol Jihu agarrou a cabeça.
Era informação.
Assim como na Sincronização, e como ao ler a estela no Estágio 2, novas informações estavam sendo forçadas em sua mente.
E, como sempre, a dor logo desapareceu. Mas Seol Jihu permaneceu imóvel, chocado.
Estava em estado de choque com as regras do Estágio 3.
— O-o quê…?
As regras dessa vez não eram tão complicadas como antes, mas eram muito mais chocantes.
Naquele momento, ouviu sons de passos. Seol Jihu ergueu o olhar e viu nove portas à sua frente. Incluindo a que usara para entrar, eram dez no total.
E diante de cada porta havia uma pessoa, gemendo e massageando as têmporas.
Pareciam ter percebido a situação também, pois começaram a olhar ao redor e se endireitar.
Logo…
Um total de dez pessoas estavam reunidas em um só lugar.
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