Índice de Capítulo

    Assim que chegaram à taverna, Seol Jihu teve que contar toda a longa história.

    O tempo todo, Ian ouviu com grande interesse e empolgação. Quando Seol Jihu falou sobre Audrey Basler, ele ficou indignado e resmungou: — Que vadia desgraçada! Mas ela é bonita? — E quando ouviu que Seol Jihu a tinha espancado, dançou e disse: — Bem feito! Mas ela é bonita?

    Depois, quando Seol Jihu explicou como transformou o Banquete em um verdadeiro banquete, Ian soltou uma exclamação de surpresa. Até Jang Maldong, que escutava com uma expressão rígida, assentiu e sorriu.

    Quanto ao Estágio 3, Seol Jihu não pôde falar em detalhes. Por causa da restrição imposta pelos Sete Deuses, mesmo que tentasse falar, nenhuma palavra saía de sua boca.

    Como isso havia acontecido com todos os que passaram pelo Estágio 3, Ian não ficou tão surpreso.

    Após cerca de uma ou duas horas de conversa, a história do Banquete chegou ao fim.

    Seol Jihu observava Ian beber uma garrafa de licor com alegria, então falou:

    — …Mestre Ian, tem algo que eu realmente gostaria de saber.

    Ian assentiu com a cabeça, sinalizando para o jovem continuar.

    — O que o senhor sabe sobre a palavra ‘destino’?

    Ian estremeceu e pousou a garrafa de licor. Começou a esfregar a barba com o dorso da mão.

    — Destino… Isso é um assunto bem filosófico.

    — …

    — Você pode tentar escrever essa palavra em outro idioma? O que souber tá bom. Não posso confiar 100% na Sincronização.

    Quando Ian entregou uma caneta e um pedaço de papel, Seol Jihu escreveu o que pôde.

    — Destino (宿命)… 宿 significa ‘constelações’ e 命 significa ‘mover’. Isso é muito amplo.

    Ian leu a palavra atentamente e comentou:

    — Que parte do destino você quer entender?

    Seol Jihu refletiu por um momento diante da pergunta incisiva e então explicou:

    — Escolha.

    — Destino e escolha. Entendi.

    Ian bateu nos joelhos e sorriu.

    — Primeiro, destino se refere a um fado determinado no nascimento.

    — Um fado determinado no nascimento?

    — Isso mesmo. Se fosse pra interpretar do meu jeito, eu diria que é se render ao destino.

    Seol Jihu ficou um pouco confuso. Do jeito que Ian dizia, parecia que o destino não podia ser evitado.

    — Não faz essa cara. Na vida, você vai se deparar com várias situações onde terá que se render ao destino. Várias vezes. Até neste exato momento.

    Seol Jihu ainda parecia não entender.

    — Você pode pensar que destino é algo grandioso, mas não é nada disso.

    Ian estalou os lábios.

    — Não é tão complicado. Você e eu somos humanos, certo?

    — Certo.

    — Uma vez que nascemos, é nosso destino viver algumas décadas e morrer quando nossa vida acabar. Dá pra ir contra esse destino?

    — Não.

    — Exatamente. É por isso que só podemos nos render a ele.

    Ian deu um sorriso.

    — Mas, para viver, os humanos têm que comer e respirar, não é?

    — Claro.

    — É a mesma coisa. Como nascemos humanos, nascemos com o destino de ter que comer e respirar para sobreviver.

    Seol Jihu fez uma expressão atônita, como se tivesse levado uma martelada de repente.

    — Aí é onde podemos fazer uma ‘escolha’.

    Ian deu uma risadinha antes de se inclinar pra frente e falar em tom mais baixo:

    — O que aconteceria se não comêssemos nem respirássemos?

    — A gente morreria… certo? — Seol Jihu respondeu meio hesitante.

    — Certo. A gente morreria — Ian assentiu com força, a ponto de fazer a barba balançar. — Essa é a parte importante. Neste momento…

    Tang, tang!

    — Ao não respirar ou não comer, ou seja, ao escolher uma dessas opções — ele continuou enquanto batia na mesa de madeira — nós podemos encontrar um dos destinos que já estavam determinados, viver ou morrer!

    Ian exclamou com paixão, enquanto Seol Jihu abriu levemente a boca.

    Embora não tivesse entendido tudo o que Ian disse, uma parte ficou gravada em sua mente.

    Que mesmo se fosse necessário se render ao destino, havia mais de um destino a ser escolhido.

    Em outras palavras…

    — Não é surpreendente, se pensar bem? Que uma escolha tão trivial possa mudar seu destino por completo!

    Mesmo uma escolha pequena podia alterar o resultado. Alguém nascido com o destino de Estrela Que Abate os Céus não deveria ser exceção.

    — Veja bem, Seol, humanos sempre fazem escolhas enquanto vivem. Seja no passado, presente ou futuro.

    — Você tá dizendo que eu deveria ter cuidado com cada decisãozinha que tomo?

    — Garoto! — Ian estalou a língua. — A interpretação do que eu digo é com você, mas não tire conclusões tão apressadas!

    Ele alisou a barba e deu de ombros.

    — Destinos grandiosos como vida e morte geralmente aparecem mais para o fim da vida. E a vida é longa. Diferente dos jogos, você não vê o final só por fazer uma ou duas escolhas.

    Dito isso, Ian soltou uma risada calorosa.

    — …verdade.

    Seol Jihu concordou quase por instinto. Ian tossiu e rapidamente pegou a garrafa de licor. Mas, ao perceber que estava vazia, franziu a testa.

    — Droga. Vou ter que pedir mais.

    — Já não bebeu o suficiente?

    Jang Maldong, que escutava em silêncio, falou secamente.

    — Não sente vergonha de estar sendo tratado enquanto fala essa filosofia sem pé nem cabeça?

    — Sem pé nem cabeça!? — Ian se irritou. — E como tem tanta certeza de que eu não sou quem vai pagar?

    — Não é isso que você sempre faz? Bebe, finge que dorme quando fica bêbado, e depois apaga de verdade.

    Tsk, me descobriu.

    — Pode pedir mais, se quiser.

    Seol Jihu se intrometeu entre os dois velhos ranzinzas.

    — Sério?

    — Claro.

    Ao ver o rosto radiante de Ian, Seol Jihu sorriu com brilho nos olhos pela primeira vez.

    Não se importaria em pedir cem garrafas para ele. Afinal, o que Ian disse havia dissipado todas as suas preocupações e o deixado renovado.

    — Perfeito! Maravilha!

    Ian imediatamente pediu mais licor, então exclamou “Ah” ao olhar para Seol Jihu.

    — Você disse que voltou hoje, não foi?

    — Na verdade, agora há pouco.

    — Então não deve ter ouvido.

    — Ouvido o quê?

    — A Cerimônia, ué. Fiquei sabendo que você pediu uma Cerimônia no túmulo da Floresta da Negação.

    Ele tinha razão. Embora Seol Jihu planejasse ir no começo, acabou tendo um conflito de agenda por causa do Banquete.

    — Então, a princesa Teresa foi até a Floresta da Negação com um grupo de acompanhantes, mas…

    Quando o tom de Ian ficou sério, Seol Jihu também ficou apreensivo.

    — Aconteceu alguma coisa?

    — Bem…

    Logo…

    — …Como é que é?

    Seol Jihu ouviu a explicação de Ian e duvidou dos próprios ouvidos.

    — A Santa Fantasma virou a mesa cerimonial?

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

    Regras dos Comentários:

    • ‣ Seja respeitoso e gentil com os outros leitores.
    • ‣ Evite spoilers do capítulo ou da história.
    • ‣ Comentários ofensivos serão removidos.
    AVALIE ESTE CONTEÚDO
    Avaliação: 100% (3 votos)

    Nota