Índice de Capítulo

    Depois da ligação, Seol Jihu se encostou na grade e olhou lá pra fora.

    Kim Hannah disse que ligaria de novo quando encontrasse uma prova definitiva, mas, como ela mesma havia dito, o desfecho já estava decidido. Ele não sabia o porquê, mas seus pensamentos começaram a seguir por um caminho estranho.

    Ao fechar os olhos com força, a cena de Phi Sora se enforcando com um sorriso em um quarto decadente surgiu em sua mente.

    “A Escolha do Destino…”

    Você parece achar que destino é algo grandioso, mas não é.

    Destino era algo inato; uma fatalidade inevitável.

    Foi isso que Ian lhe dissera.

    Era destino respirar se você nasceu humano, e também era destino morrer se parasse de respirar.

    Essa lei de causalidade era um ‘invariante’ absoluto. Destino, no fim das contas, não significava ‘mudança’.

    Por exemplo, no momento em que Phi Sora forçou a expedição e criou uma ‘causa’, o ‘resultado’ de ela se enforcar precisava acontecer.

    Isso era um destino inevitável, ou, como Ian colocava, a aceitação do próprio destino.

    Então qual era o motivo da palavra ‘escolha’ estar presente?

    Significava que não existia apenas um destino possível, mas vários.

    Seol Jihu poderia tê-la impedido de partir à força, poderia ter ido junto com ela na expedição, ou até mesmo ir salvá-la agora.

    No fim, ele não fez nada, nem planejava fazer. Mas se tivesse tomado alguma decisão, Phi Sora poderia ter tido um destino diferente.

    Se não agisse, ela pararia de respirar e certamente morreria. Mas se agisse, sua respiração não cessaria, impedindo sua morte.

    Ele poderia interferir ao escolher entre dois destinos inevitáveis.

    E isso era a Escolha do Destino.

    No que você tá pensando tão profundamente assim?

    Seol Jihu abriu os olhos ao ouvir uma voz agradável. Uma nuvem de fumaça negra flutuava à sua frente.

    — Se divertiu?

    Aham. Só dei uma voltinha por aí. Já vi tudo o que tem por aqui, mesmo.

    Ele pôde ouvir um leve tom de tédio na voz de Flone. Ela ainda devia estar um pouco frustrada por terem saído de Scheherazade tão cedo.

    Ainda assim, ela tinha ficado presa dentro de sua tumba por centenas de anos, então Seol Jihu entendia por que ela estava tão curiosa sobre o mundo exterior.

    — Estive pensando sobre a vila do antigo imperador.

    Por quê? Você não está pensando em ir até lá, né?

    Ao ouvir a voz ansiosa, Seol Jihu balançou a cabeça.

    — Não. É só que ouvi dizer que alguém que conheço está indo pra lá.

    Por que essa pessoa iria…

    — Bom, é da natureza humana querer fazer aquilo que dizem pra não fazer.

    Faz sentido. No meu tempo também tinha muito idiota cego assim.

    — Tinha?

    Tinha. Pra ser honesta, não é como se eu nunca tivesse cogitado ir até lá também. Minha mente sabe que não deve, mas não dá pra evitar a curiosidade.

    Vendo a fumaça negra assentir, Seol Jihu se lembrou da história que ela não terminou de contar antes.

    — Flone. Pra que essa vila era usada quando o imperador ainda era vivo? Não parecia ser só um lugar de recreação.

    Tinha um uso político e também era o cofre pessoal dele.

    — Uso político? Cofre?

    Pra eliminar inimigos políticos e guardar as riquezas deles.Flone soltou um suspiro profundo. Gorgonu, Rothschear, Rodrick, Rhetinhen, Monpansha, Baluark, Aluah, Angju… Nem sei quantos chefes de família foram sacrificados naquela vila.

    Chocado, Seol Jihu estreitou os olhos.

    — Espera. Rothschear? Você quer dizer…

    Você se lembrou.

    O nome completo de Flone era Flonecia Lusignan La Rothschear.

    Ou seja…

    Isso mesmo. Nossa família foi um dos alvos do imperador. Éramos famosos pela nossa grande riqueza.

    — De acordo com os registros imperiais da Biblioteca Real, ela está listada como a bela filha mais nova de uma família outrora prestigiada, mas agora arruinada.

    Enquanto as palavras de Flone e Ian se juntavam em sua mente, a boca de Seol Jihu se escancarou.

    — Então por causa daquele incidente, sua família desmoronou, e você foi…

    …Exatamente.

    Flone confirmou com uma voz amarga.

    — Mas por que ele faria isso? Se ele era o imperador de um império inteiro, devia ter poder absoluto. O que poderia estar faltando…?

    Dinheiro.Flone respondeu secamente. Aquele imperador ganancioso travava guerras como um lunático. Mas fazer guerra exigia uma quantidade absurda de dinheiro. Nem mesmo o imperador conseguia arcar com os custos de uma guerra que durasse dezenas de anos.

    — Verdade.

    Então, depois de pensar em fontes possíveis de dinheiro, ele pôs os olhos nos bens das famílias nobres e os roubou com diversas desculpas.

    — Desculpas?

    Se o imperador convida alguém pra vila dele, você acha que dá pra recusar?

    — Não dá só pra não ir?

    Aí você enfrentaria a acusação de recusar um decreto real.

    Seol Jihu fez uma careta de quem ainda não entendia.

    Ninguém sabe o que acontecia dentro da vila. Mas pelo que vi e ouvi, o imperador tentava assassinar os convidados. Meu avô também morreu assim. Depois, sob o pretexto de uma investigação, o imperador levou um exército pra vasculhar nossa família.

    — E nesse processo, confiscaram a riqueza da família?

    Exatamente.

    — Isso é podre. — Seol Jihu bufou.

    Não havia ninguém que não soubesse que era tudo uma armação. Ninguém.

    Flone falou em voz baixa antes de se calar.

    Mas também não aceitamos isso quietos.

    Ela continuou após um breve silêncio.

    Quando o convite chegou até nossa família, meu avô, que era o chefe da família Rothschear na época, percebeu imediatamente as intenções do imperador. Então ele tramou um plano.

    Seol Jihu fez uma expressão interessada.

    Se fosse morrer indo ou não, ele ao menos queria proteger os bens da família. Então escondeu tudo em segredo, sem o imperador perceber.

    — Então o motivo da queda da sua família…

    O problema é que só tomamos conhecimento disso depois de recebermos a notícia da morte do meu avô e encontrarmos o testamento que ele deixou em seu escritório pessoal.

    — Ele não deixou o local onde estavam os bens ou algo assim?

    Não. Tudo que estava escrito no testamento era que ele ia morrer, que tinha movido toda a riqueza da família antes que o imperador fizesse qualquer coisa, e que devíamos queimar o testamento depois de ler.

    Seol Jihu inclinou a cabeça.

    — No fim, mesmo que a família não tenha perdido nada, também não sobrou nada?

    Tecnicamente, sim. Exceto por isso.

    De repente, ele sentiu o colar em seu pescoço sendo puxado. Seol Jihu encarou o pingente flutuando no ar.

    — O colar…

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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