Índice de Capítulo

    Esse foi o único item deixado pelo meu avô. Minha mãe disse que ele a chamou separadamente pra dar isso a ela antes de partir. Disse pra ela não perder de jeito nenhum e guardá-lo com muito carinho.

    “Então foi por isso que ela ficou tão brava quando a Clara encostou no colar naquela vez.” Seol Jihu finalmente conseguiu entender um pouco.

    — Se outras famílias fizeram o mesmo, duvido que o imperador tenha ficado muito feliz.

    Enquanto existiram pessoas espertas como meu avô, também existiram chefes de família burros. Aposto que não foram poucos os que entregaram tudo ao imperador por medo.

    — Nossa!

    Seol Jihu deixou escapar um suspiro surpreso. Se as palavras de Flone fossem verdade, então ele nem conseguia imaginar quanta riqueza aquela vila devia conter.

    Uma vila imperial já era grandiosa por si só, mas somando os bens de várias famílias poderosas…

    Enquanto engolia em seco…

    — Heuk…

    …Seol Jihu engasgou ao ver o rosto de Flone se formar a partir de uma névoa aquosa bem diante do seu, em meio à fumaça negra. Ele nem sabia quando ela tinha se materializado, mas podia ver seus olhos semicerrados o encarando.

    — V-Você me assustou.

    Você está planejando ir, né?

    — Hã?

    Não. Você não pode. Não vou deixar você ir.

    — Mas…

    Por mais que ele argumentasse, a fumaça negra amarrou firmemente seus braços e pernas. Incapaz de se mover, Seol Jihu suspirou.

    — Tá bom, eu não vou. Agora me solta.

    Não acredito em você.

    — Por quê?

    Seus olhos estavam brilhando.

    — Não seja assim e me solta. Até quando vai me prender desse jeito?

    Ah, sei lá. Por um ano, talvez? Será que em um ano sua vontade de ir desaparece?

    “Um ano inteiro!”

    Era impossível, não importava o quanto ele pensasse, então encolheu o pescoço e começou a lamber o pingente.

    Ewwwwwww!

    Flone gritou e recuou.

    Ao liberar seus membros, Seol Jihu viu a fantasma voando para longe, contorcendo-se de nojo.

    Seu malvado! Você sabe que eu odeio isso!

    Ouvindo o tom ofendido ecoar em sua mente, Seol Jihu coçou a cabeça.

    — Você me apertou demais.

    Eu estava preocupada!

    — Eu sei. Eu não vou, tá bom? Prometo que não.

    Vendo Seol Jihu esfregar as mãos num gesto de súplica, Flone se aproximou timidamente.

    Mesmo?

    — Claro. Você mesma disse que não é um lugar para os vivos. É óbvio que não vai sair nada de bom indo pra lá…

    E não era papo furado; Seol Jihu realmente não tinha a intenção de ir.

    Não apenas os Nove Olhos sinalizavam todos os tipos de alertas dizendo para não ir, como também não havia motivo para ele ir em primeiro lugar.

    Ótimo. Você pensou bemFlone disse com uma voz ligeiramente aliviada.

    — Mas você mesma disse que também tem curiosidade, né?

    Meu avô dizia que curiosidade demais é venenosa. Não há necessidade de ir a um lugar… tão assustador, só por curiosidade.

    Ao ouvir a voz deprimida, Seol Jihu deu uma risadinha.

    — Ué, que surpresa. Até você tem medo de alguma coisa.

    Bom, é porque minha família está diretamente envolvida, e também porque aconteceu quando eu era pequena…

    — Mas já que você já está… — “morta, isso importa?” Seol Jihu não terminou a frase em voz alta.

    Embora soubesse que Flone era forte, havia coisas que não se devia dizer. Ele sabia que seria rude.

    Eu? O que tem eu?

    — Uh… forte.

    Forte já? Isso nem faz sentido.

    Apesar de tentar mudar de assunto, Seol Jihu começou a suar frio quando a persistência característica de Flone foi ativada.

    Por quê? Você não gosta de eu desaparecer o tempo todo, é isso?

    — Não é isso.

    Então quer que eu fique sempre do seu lado?

    Ele se perguntou como ela chegou nessa conclusão, mas, incapaz de resistir à enxurrada de perguntas, confessou até certo ponto.

    — Então, uh… mesmo que eu não entre pessoalmente na vila… Se estiver dentro do alcance, você pode…

    Quando não conseguiu continuar, a voz animada subitamente parou.

    Era verdade que não havia nada dentro da vila que pudesse feri-la. Afinal, ela era um espírito, ou seja, já estava morta.

    Além disso, Flone era um espírito maligno nascido de centenas de anos de rancor. Ela havia aniquilado facilmente aqueles terríveis Parasitas antes também.

    Mesmo que houvesse um monstro lá dentro, não seria fácil para ela lidar com isso?

    Enquanto vários pensamentos passavam pela mente de Seol Jihu, ele procurava cuidadosamente pela resposta dela.

    Flone, ainda materializada, tinha um olhar atônito.

    “Droga! Eu e minha boca grande.”

    Ele havia cometido um erro, mesmo sabendo que Flone tinha muitos arrependimentos em relação à vida.

    Justo quando estava prestes a se desculpar, tomado pela culpa…

    …Ah.Flone soltou uma voz surpresa. É mesmo!

    Seus olhos se arregalaram como lanternas.

    — Oi?

    É isso mesmo. Por que eu estava com medo?

    Então, como uma criança que acabara de descobrir algo divertido, ela se animou e flutuou no ar.

    — F-Flone?

    Vou dar uma saidinha!

    E Flone saiu voando daquele jeito.

    Seol Jihu ficou parado, encarando sem palavras a silhueta que virava um pequeno ponto no horizonte.

    “…Ela não sabia?”

    Não, não era isso. Talvez ela tivesse medo instintivo por causa do trauma que sofreu quando criança.

    Ou pelo menos foi o que pensou… até ver Flone voltando rapidamente.

    Seol agarrou-se com força ao corrimão ao perceber vagamente o motivo de ela estar voando em sua direção.

    Instantes depois, na terceira escadaria do prédio da Carpe Diem, uma cena estranha se desenrolava: um espírito puxava a gola de um jovem agarrado ao corrimão como uma cigarra.

    — Não. Eu não vou pra lá.

    Por que não~? Vamos lá~!

    — Eu tô com medo, tá bom?

    Mas você nem precisa entrar~! Eu entro sozinha!

    — Não quero! Uggh.

    Heuk!

    “Mas que força é essa!”

    Vendo seu aperto enfraquecer, o apavorado Seol Jihu rapidamente lambeu o pingente com a língua.

    Aaaaaah! Eu vou te matar!

    Seol Jihu se encolheu ao ouvir a ameaça de Flone.

    — Não! A gente nem sabe o que tem lá dentro!

    Não importa!

    Em resposta aos gritos de Seol Jihu, Flone respondeu alegremente como se nunca tivesse se importado com nada.
    Afinal, eu já tô morta mesmo!

    Um pequeno gesto, um grande impacto!

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