Capítulo 255: Escolha do Destino (11/12)
A discussão acalorada, cheia de réplicas e tréplicas, acabou se transformando numa intensa batalha de provocações.
Seol Jihu tentou persuadi-la, dizendo que havia um motivo real para não irem até a vila e que a levaria hoje mesmo para Scheherazade. No entanto, era difícil acalmar a animada Flone.
E quem poderia culpá-la? Afinal, voar pelo mundo como um espírito incorpóreo era algo que todo mundo já devia ter imaginado pelo menos uma vez. E como se não bastasse, a expedição ainda vinha com a tentadora descrição de ser ‘proibida’. Não era de se surpreender que Flone, sedenta por aventura, estivesse tão empolgada.
Por um tempo, Seol Jihu se manteve firme com uma série de ‘NÃO’s. No entanto, quando Flone tirou sua arma secreta, chorar lágrimas de sangue, ele não teve escolha a não ser se render.
‘Acha que eu quero ir só por curiosidade? O vovô me adorava quando eu era pequena. Se ele estivesse vivo, eu não teria sido enterrada viva. Pode ser tarde, mas quero recuperar o corpo dele e dar-lhe um enterro de verdade.’ E por aí foi, sem parar.
Seol Jihu não resistiu quando ela começou a lamentar sem parar.
No fim, Seol Jihu concordou, mas apenas depois de fazê-la prometer que garantiria a segurança dos dois.
Mas mesmo que quisesse ir, havia alguns obstáculos no caminho.
“Eu nem sei onde fica.”
Tudo o que sabia era que Phi Sora havia saído do porto de Nur em um navio. Mas, como parecia que Flone se lembraria se estivesse na área, ele resolveu ignorar esse detalhe.
Outro problema era que esse assunto estava cercado de controvérsias. Como se destacar não ajudaria em nada, ele nem cogitou pedir ajuda aos companheiros. Afinal, poderia acabar trazendo problemas para eles também, envolvendo-os na confusão.
Assim, Seol Jihu inventou uma desculpa, dizendo que tinha algo a fazer, e se preparou para viajar sozinho.
Ele jamais imaginou que as coisas acabariam tomando esse rumo, e certamente tinha suas preocupações, mas mudou de ideia ao ver o sorriso brilhante e alegre de Flone.
“Vou encarar isso como uma forma de retribuição.”
Pensando bem, essa era a primeira vez que Flone, a Árvore Generosa, queria tanto alguma coisa. Deixá-la ter esse único desejo não faria mal.
Com esse pensamento, Seol Jihu subiu na carruagem rumo a Nur.
Tap, tap.
O som de passos ecoava em um corredor.
Um silêncio mortal preenchia o interior da vila, e uma escuridão total tornava tudo quase invisível. Além disso, um ar gélido, frio o bastante para causar arrepios, circulava pelo ambiente.
Um grupo de pessoas caminhava por esse corredor escuro, confiando apenas em uma tocha que tremeluzia de forma instável.
Mas logo, o guia da frente parou, tendo chegado a um beco sem saída.
Uma parede empoeirada e dilapidada, revelando o passar de muito tempo, chamou a atenção de Phi Sora, que soltou um suspiro.
“De novo.”
O corredor estava bloqueado. Ela já havia perdido a conta de quantas vezes tinham passado pela mesma situação.
Ela encarou a parede com olhos cansados antes de se virar e checar o grupo.
“Um, dois.”
Seus companheiros não pareciam em melhor estado, com semblantes emagrecidos.
“Três, quatro.”
Na verdade, o grupo já não conseguia distinguir dia de noite e tinha até perdido a noção de quantos dias haviam se passado desde que entraram.
“Cinco…”
Phi Sora contou cinco pessoas. Seis, contando com ela.
O grupo começou a expedição com 18 membros, mas 12 haviam desaparecido.
Certo, eles não morreram. Eles simplesmente desapareceram depois de entrar na vila.
“Como?”
Como as coisas chegaram a esse ponto?
Phi Sora mordeu os lábios rachados.
O início não foi ruim. Entrar na vila foi tranquilo, e explorar o primeiro andar não foi mais difícil do que os testes de coragem da época da faculdade.
Enquanto o grupo coletava os tesouros e artigos de luxo espalhados pela vila, ela pensou que finalmente havia ganhado na loteria após tanto tempo em Paraíso.
O problema começou quando subiram as escadas.
Depois de explorar o segundo, terceiro e até o quarto andar, estavam prontos para voltar para casa, eufóricos. No entanto, não conseguiam encontrar a escadaria. Voltaram pelo mesmo caminho, mas ela havia desaparecido.
Após explorarem a vila por dezenas de horas, o grupo da expedição estava exausto. Decidiram montar acampamento, mas quando Phi Sora acordou, não viu os dois membros que deveriam estar de vigia. Em seguida, quatro membros que saíram para dar uma olhada nos arredores também desapareceram sem deixar vestígios.
Enfurecida, Phi Sora conduziu uma busca minuciosa pela vila, mas não conseguiu encontrar os seis desaparecidos em lugar algum.
Os membros restantes continuaram sumindo. O vigia da retaguarda sumia no meio da exploração, ou um ou dois desapareciam se Phi Sora tirasse os olhos deles por apenas um segundo.
E assim, restaram apenas seis pessoas.
Ela tinha plena consciência da gravidade da situação.
Mas o que mais a deixava abalada era…
Drrrk…
…o som misterioso que ecoava de um local impossível de localizar.
Por um lado, parecia alguém forçando uma porta enferrujada a se abrir, por outro, soava como uma criatura desconhecida arrastando os pés levemente sobre um chão de madeira podre.
O importante era que o som surgia sempre que ela começava a esquecer. E sempre que esse som atingia seus ouvidos, alguém desaparecia.
Gulp.
Alguém engoliu seco.
— Unnie… — Uma garota usando uma túnica de Sacerdotisa estava com os olhos marejados.
— Não tenha medo. — Os olhos de Phi Sora se tornaram afiados. — E não fale besteira. Esse filho da puta está fazendo isso de propósito. Está se divertindo com nossas reações.
— Mas…
— Sem ‘mas’. Se essa coisa fosse realmente perigosa, já teria aparecido na nossa frente há muito tempo. Pensa comigo. Por que mais ela estaria brincando tão descaradamente?
Drrk, drrrrrk!
Imediatamente, um ruído desagradável ecoou pelo corredor. Era como se a criatura misteriosa estivesse rindo em deboche.
Phi Sora cerrou os dentes e se forçou a continuar falando.
— Vamos encerrar a busca aqui. Depois, nós…
Whoosh.
A tocha se apagou.
No instante em que os olhos de Phi Sora se arregalaram…
Drrrk!
Todos os seis sentiram.
Drrrrrrrrrrrrrrk!
Do outro lado do corredor, algo vinha correndo ferozmente em direção a eles.
— UAAAAAAAH!
— AAAAAAAAK!
Gritos agudos e desesperados ecoaram pelo corredor.
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