Capítulo 35: Potencial Oculto Emergindo (5/5)

Seol analisou seu novo ambiente. Havia apenas duas coisas visíveis na planície plana onde ele estava, um espantalho com um alvo pendurado sobre ele e uma lança deitada no chão ao lado.

Ao ver aquela arma, Seol repentinamente se sentiu bastante feliz. Parecia que sentia falta dela. Seu coração até começou a bater mais rápido.

A lança tinha cerca de 1,5 metro de comprimento, sendo uma lança curta. Seol examinou alegremente o cabo elegante e bem polido da arma e sua ponta afiada refletindo a luz do sol em um formato de X. Então, a pegou cuidadosamente.

Cada fio de cabelo em seu corpo se arrepiou; seus ombros ficaram tensos.

“Aprender a estocada, hein.”

Seol se posicionou adequadamente diante do espantalho e, ainda um pouco desajeitado, segurou o cabo da lança com as duas mãos. Então, estocou com certa força.

A ponta da lança perfurou o alvo e afundou profundamente.

— …

Ele errou o centro por pouco. Seol puxou a lança de volta e inclinou a cabeça para os lados, seu rosto demonstrando o nível de insatisfação que sentia naquele momento.

Em seguida, segurou a lança apenas com a mão direita e tentou estocar o alvo. Tentou três vezes, mas os resultados foram todos ruins. Além de a profundidade da penetração ser menor do que antes, sua mira também estava muito imprecisa em cada tentativa.

“Isso não está certo.”

Seol vasculhou desesperadamente suas memórias.

Normalmente, uma pessoa começaria a esquecer o sonho assim que acordasse. Apenas algumas partes permaneceriam gravadas na memória. No entanto, uma cena chocante ou uma cena que se repetisse constantemente não seria esquecida e ficaria firmemente impressa no cérebro.

Mais importante ainda, ele não era apenas um espectador assistindo àqueles eventos acontecerem. Ele os havia experimentado pessoalmente.

Havia um motivo pelo qual escolheu a Estocada como sua primeira missão de treinamento, ele foi atraído por ela.

O Seol do sonho sempre carregava uma lança e utilizava a Estocada com mais frequência. O número de inimigos que caíam com um único golpe certeiro em seus pontos vulneráveis era incontável. Então, seu corpo deveria ser capaz de se lembrar disso.

“Não devo depender apenas da força do braço… Preciso mover meu corpo inteiro.”

Ele ajustou sua postura. Fortaleceu a mão direita e segurou a parte inferior da lança com mais firmeza. O cabo repousou sobre sua palma esquerda, que o segurava sem aplicar muita força. A ponta da lança parecia oscilar um pouco. Nesse estado, Seol mirou no alvo.

“…Ainda não.”

Algo não parecia certo. Ele olhou para baixo e percebeu que seu pé direito estava ligeiramente à frente, apontando para o lado. Reposicionou o pé, puxando-o para trás, e encarou o espantalho.

Após um momento de silêncio que não foi nem muito longo nem muito curto, ele empurrou o chão com força.

Seu pé esquerdo disparou primeiro. O direito seguiu logo depois, enquanto ele estendia o braço esquerdo. Acompanhando a sensação de seu braço direito empurrando para frente, Seol estocou a lança.

Swish!

Um som cortante ecoou no ar.

Pouco antes da ponta da lança atingir o alvo, o dorso de sua mão esquerda, que estava voltado para o chão, girou para cima, apontando para o céu. A ponta da lança girou junto e atingiu precisamente o centro do alvo.

Uma sensação de impacto satisfatoriamente pesada percorreu suas mãos. Confirmando que a lança havia penetrado muito mais profundamente do que antes, um sorriso igualmente profundo se formou no rosto de Seol.

Enquanto as mensagens deslizavam diante de seus olhos, a paisagem ao redor mudou. O espantalho desapareceu, e a lança em suas mãos também se dissipou.

— …Hã?

“Droga…”, Seol murmurou melancolicamente enquanto olhava para a praça da Zona Neutra. Queria sentir aquela sensação por mais tempo.

“Mal fiz alguma coisa…”

Seol abriu e fechou os punhos várias vezes, ainda insatisfeito, antes de mergulhar profundamente em pensamentos.

E se ele tivesse usado aquela estocada contra o esqueleto que o atacou saltando pelo ar?

Naquela hora, Seol escolheu se defender. Por mais que analisasse sua decisão, percebeu que foi descuidado demais. O esqueleto simplesmente afastou sua barra de ferro e o deixou indefeso.

“Se eu tivesse estocado naquela hora…”

Por fim, Seol balançou a cabeça. Como o monstro estava no ar, não teria como desviar da estocada, mas ele ainda teria que considerar a possibilidade de errar o alvo.

Além disso, mesmo que conseguisse acertá-lo, o que aconteceria se o machado do inimigo não saísse de curso e continuasse sua trajetória para partir sua cabeça ao meio?

“Confiar apenas em uma simples estocada não é a resposta.”

O básico do manejo de lanças era explorar as aberturas do oponente. E se não houvesse nenhuma, ele teria que criá-las.

Então, naquela situação contra o esqueleto, como ele deveria ter criado uma abertura?

A resposta era óbvia; o monstro já havia mostrado o que fazer.

“Tenho que fazer a mesma coisa. Vou afastar o machado dele primeiro e depois perfurá-lo.”

Reorganizando seus pensamentos, Seol varreu os olhos pelo quadro de avisos. Seu olhar encontrou o pergaminho que procurava.

Seol rasgou o pergaminho imediatamente.

Mesmo após sua classe ter sido definida, a rotina diária de Seol não mudou. Ele ficou viciado na alegria que seu novo regime de treinamento lhe proporcionava e mergulhou nisso como um louco.

A rotina matinal de Seol era assim:

Assim que abria os olhos, bebia um frasco de Competência Especial. Depois do café da manhã, corria na pista como um leve exercício pós-refeição.

Na maior parte do tempo, corria sozinho, mas às vezes corria com Yi Seol-Ah.

Yi Seol-Ah não conseguia esconder seu choque. Na primeira vez que correram juntos, ela o ultrapassou com facilidade. Mas, em algum momento, ele parou de ficar para trás. E hoje, ele até conseguiu ultrapassá-la.

— I-Isto é impossível!

Eles já deviam ter corrido uns dez giros na pista. Não importava o quanto ela tentasse acelerar, a distância entre os dois só aumentava.

No fim, ela chegou ao seu limite físico.

— O-Orabeo-nim!!

Ao ouvir o grito lamentoso dela, Seol se virou para encará-la.

— Você ainda não está cansado?

— Hm, não sei. Talvez? Se estiver difícil, por que não descansa um pouco?

Ele respondeu com uma expressão indiferente enquanto continuava correndo no lugar. Estava claro que ele ainda tinha energia de sobra e que simplesmente estava ajustando seu ritmo para acompanhá-la.

Yi Seol-Ah mordeu o lábio inferior.

Ela conseguiu terminar a corrida, mas só depois de um bom tempo. Ofegando pesadamente, perguntou a ele com uma expressão incrédula.

— C-Como você fez isso?

— Hm?

— S-Só se passaram dois meses… e você já é mais rápido que eu…

— Ah, isso?

Seol contou a ela sobre a Competência. Como ele ouviu que o item também podia ser comprado na loja comum, achou que Yi Seol-Ah também poderia se beneficiar de seus efeitos. Claro, a versão comum não era tão boa quanto a da loja VIP.

Após ouvir a explicação, a expressão de Yi Seol-Ah ficou paralisada em choque. Parecia que ela nem sabia da existência da Competência até aquele momento.

Quando ele a aconselhou a comprar um, mesmo que não quisesse gastar seus Pontos de Sobrevivência, ela apertou os olhos com força. Suas bochechas começaram a corar gradualmente e, de repente, ela ergueu os punhos cerrados para o céu e gritou.

— Nada de doping!! De jeito nenhum!