Capítulo 38: Varrendo as Missões (3/3)

— Finalmente.

Seol limpou todas as missões Levemente Difícil disponíveis nos últimos quatro dias. Agora, estava prestes a tentar sua primeira missão Difícil. Ele já havia decidido qual escolher, então não havia hesitação.

O lugar para onde foi transportado era uma caverna subterrânea. Ao olhar para o teto baixo, um estranho sentimento de déjà vu o invadiu.

— Faz tempo.

Dezenas de esqueletos o encaravam, assim como antes. Seol sorriu levemente antes que sua expressão voltasse a uma seriedade resoluta, seu corpo assumindo a postura correta.

A arena de batalha era pequena e confinada; não havia espaço para recuar. A resposta certa aqui era não recuar, mas avançar.

No instante em que o esqueleto com capacete no fundo abriu a mandíbula óssea, Seol avançou como um leopardo.

Quando lançou uma estocada poderosa na área com maior concentração de esqueletos, sons abafados de ossos rachando ecoaram pela caverna, fragmentos ósseos voando para todos os lados. Ele desviou uma lâmina que tentava cortá-lo de lado e perfurou a lança na abertura exposta. O esqueleto, com o crânio partido, balançou de forma cômica antes de desmoronar em uma pilha de ossos.

Dessa forma, ele abriu espaço para si. Então, começou a eliminar rapidamente os esqueletos um por um, enquanto tentavam avançar contra ele.

O estilo de batalha de Seol era simples, mas eficaz.

Ele primeiro afastava o ataque inimigo e usava a Estocada para destruir o crânio do oponente. Se outro ataque viesse ao mesmo tempo, ele recuava rapidamente, explorava o momento em que o golpe errava e avançava com uma perfuração. Ele mirava apenas nos crânios.

A transição entre o Golpe e a Estocada fluía como um riacho contínuo. Sua velocidade com a lança era genuinamente rápida, e ele não parava de se mover.

A experiência adquirida em centenas de missões estava ajudando Seol a crescer ainda mais.

Num piscar de olhos, a linha de frente dos esqueletos foi dizimada. E enquanto a segunda linha também estava sendo esmagada…

Assim como ele esperava…

Roar!

O esqueleto de capacete soltou um rugido alto ao fundo. Pegou um enorme machado e avançou loucamente na direção de Seol.

Foi nesse momento que o coração de Seol tremeu e gritou.

Por quanto tempo…

Por quanto tempo… ele esperou por esse momento?

O número de simulações que ele rodou dentro da própria cabeça chegava a várias dezenas. Ele não cometeria um único erro aqui.

Ele desviou um ataque de um esqueleto menor e deu quatro passos rápidos para trás. Ao mesmo tempo, o esqueleto de capacete saltou no ar. O machado foi puxado para trás e então desceu em direção à cabeça de Seol. Foi nesse instante que seus olhos brilharam com um brilho perigoso.

“Golpe!”

O machado em queda e a lança girando em ascensão colidiram violentamente no ar.

Clang!

O estridente som metálico reverberou pela caverna.

O machado não conseguiu descer mais, e a lança não conseguiu desviá-lo completamente. No entanto, algo havia mudado em relação a antes.

Kiik, Kiiiik…!

Faíscas voavam enquanto a lâmina do machado e a haste da lança rangiam uma contra a outra. Um breve embate de força começou enquanto Seol suportava o impacto do ataque do esqueleto.

Woong!!

O imenso poder do monstro, amplificado pela queda, dissipava-se rapidamente. No entanto, a mana de Seol borbulhava sem parar como uma fonte sem fundo, suplementando sua força física.

— Kuuuuuek!

Seol conseguiu empurrar o machado para longe e rapidamente aproveitou a abertura criada; quando um ataque grandioso falhava, a brecha deixada era igualmente grande.

O esqueleto perdeu o equilíbrio e caiu no ar, e Seol rapidamente avançou com sua lança, perfurando uma das órbitas vazias do crânio.

Clunk!

O capacete feito de ossos foi arremessado para longe quando a lança o atingiu. O esqueleto começou a cambalear como se estivesse bêbado antes de desmoronar no chão, com mais da metade do crânio destruída.

— Eu consegui!

Seol raramente gritava, mas dessa vez, a excitação tomou conta dele.

Desviar e perfurar o esqueleto, algo que antes só existia em seus sonhos, ele finalmente conseguiu realizar na realidade.

Seu rosto irradiava felicidade enquanto observava a pilha de ossos imóveis no chão. A sensação de realização, uma vitória merecida, encheu seu coração. Ele pensou que jamais se cansaria dessa alegria pelo resto da vida.

“Espera um segundo.”

De repente, ele refletiu sobre o que poderia ter acontecido se tivesse escolhido uma abordagem diferente. Já que sabia que o inimigo usaria um ataque aéreo, será que não poderia ter usado outro método além de ‘desviar e perfurar’ e ainda assim vencer de maneira simples e eficiente?

Várias possibilidades começaram a surgir e desaparecer em sua mente. Ele precisava testá-las para saber qual funcionava melhor.

“Mais uma vez!”

O desejo de lutar novamente contra o esqueleto de capacete tomou conta dele, e ele rapidamente girou a lança contra os monstros restantes. No entanto, um sorriso de pura alegria nunca deixou seu rosto.

Seol continuou a desafiar a missão ‘Atravessar o cerco’ de dificuldade Difícil repetidamente.

Ele considerou as necessidades dos outros sobreviventes e deixou tentativas suficientes para outras missões, mas, para essa missão dos esqueletos, a ideia de ser educado nunca lhe passou pela cabeça. Cada vez que derrotava o esqueleto de capacete, sentia como se um peso invisível estivesse sendo retirado de seus ombros. Finalmente, ele conseguia respirar aliviado.

Infelizmente, um problema inevitável acabou surgindo; por estar tão entusiasmado em completar a missão, o número restante de tentativas foi se esgotando rapidamente.

Seol não podia fazer nada, pois havia apenas 12 tentativas no total desde o início. Mas ele ainda não estava satisfeito. Pelo contrário, sentia que precisava fazê-la pelo menos mais 50 vezes antes de ficar satisfeito.

Naturalmente, Seol ponderou sobre o que poderia fazer. Então, na última tentativa restante, ele fez algo completamente impensável.

Ele eliminou rapidamente todos os inimigos menores da missão, deixando apenas o esqueleto de capacete. Houve várias oportunidades para matá-lo, mas Seol se certificou de não feri-lo fatalmente.

— Levanta, desgraçado.

Seol olhava fixamente para o esqueleto caído no chão. Em suas mãos estavam sua lança e o machado do esqueleto. Ele não gostou da aparência patética do monstro, então usou a ponta da lança para cutucar seu crânio algumas vezes, tentando fazê-lo se levantar.

— Fica de pé direito, Ossinho.

Quando deu um chute um pouco mais forte, o esqueleto rolou ruidosamente pelo chão. Seu capacete estava perdido e não podia ser encontrado em lugar algum. Só de olhar para suas clavículas desalinhadas e costelas rachadas, dava para imaginar o nível de tortura pelo qual o monstro passou.

O esqueleto estremeceu e começou a se mexer. Tentou se apoiar no chão com seus ossos trêmulos e, ao se levantar, balançou instavelmente.

Seol então jogou o machado de volta para ele e se afastou, criando distância entre os dois. Sua expressão azeda deixava claro que ele não estava satisfeito, enquanto continuava a encarar o esqueleto, que parecia que poderia desabar a qualquer momento.

A ideia de um duelo um contra um que ele teve foi brilhante, se pudesse dizer assim. Agora, ele poderia lutar continuamente sem que o número de tentativas restantes o limitasse.

Nos primeiros trinta embates, o esqueleto parecia estar apenas atendendo aos caprichos de Seol. No entanto, após a quinquagésima luta, ele começou a resistir desesperadamente. Depois da sexagésima, visivelmente perdeu toda a motivação para continuar lutando.

Seol também cometeu alguns erros ao ajustar sua força durante a luta e acabou danificando o esqueleto aqui e ali. Mesmo assim, a decepção que sentia era difícil de descrever em palavras.

— Por favor, só mais um ataque aéreo! Aquele salto que você faz, lembra? Você consegue me entender?

Não se sabia se o esqueleto estava ouvindo-o ou não. Ele simplesmente ergueu o machado, mas um dos ossos do ombro estalou e caiu. O osso finalmente cedeu e se quebrou após os repetidos abusos que teve de suportar.

O esqueleto congelou no local; suas órbitas oculares vazias deram uma olhada rápida na direção de Seol.

— …Bem, você ainda tem o braço direito.

Clack, clack, clack, clack…

Não se sabia se o esqueleto estava ouvindo ou não. Ele apenas rangeu os dentes, mas parecia uma súplica.

— Vamos lá, lute comigo. Rápido.

No fim, o esqueleto conseguiu segurar o machado, embora seus ossos rangissem e tremessem. Era como se estivesse se forçando a superar seus próprios limites. Embora fosse apenas um mero esqueleto…

— Ótimo. Venha. Ouvi dizer que monstros como você carregam um ódio incondicional por todas as coisas vivas. Então, me mostre.

Seol gesticulou com a lança, provocando o monstro.

— Vou acabar com isso depois de mais vinte lutas, beleza?

Foi então que Seol teve a impressão de que a coluna exposta do esqueleto estremeceu por um momento.

O esqueleto, que até então estava parado sem fazer nada, finalmente moveu as pernas. Levantou o machado bem alto e começou a correr.

No entanto, seu ataque já não tinha a mesma ferocidade e determinação de antes. Agora, parecia apenas miserável e lamentável. Seol lambeu os lábios e se preparou para o Golpe.

O esqueleto correu de forma instável em sua direção e ergueu o único braço restante sobre a cabeça. Justo quando Seol se preparava para desviar do machado…

O esqueleto simplesmente soltou a arma, deixando-a cair.

A atenção de Seol foi desviada pelo machado que passou voando ao seu lado. E, no momento em que ele olhou para longe, o esqueleto agarrou o cabo da lança com toda a força que ainda lhe restava. Então, reunindo o que sobrava de sua energia, ele bateu sua própria cabeça contra a ponta da lança.

O crânio se desintegrou, e o resto dos ossos caiu no chão. A maneira como seus restos se empilharam fazia parecer que a pobre criatura finalmente havia encontrado sua salvação.

Tudo aconteceu num piscar de olhos.

Seol apenas ficou parado ali, piscando sem parar.

— …Hã.