Índice de Capítulo

    Ela abriu os olhos e foi recebida por um mundo embaçado. Era como se estivesse olhando através de uma tela de água enquanto submersa. No entanto, as luzes enchendo sua visão permaneciam brilhantes.

    — Ahh…

    Seus olhos doíam. Yun Seora fechou-os reflexivamente e suspirou por dentro.

    “Eu sobrevivi…”

    Na verdade, ela queria morrer.

    Instintivamente, tentou mover as mãos, apenas para perceber que algo estava errado.

    A sensação na ponta dos dedos era suave. Suas costas estavam confortáveis e, mais importante, seu corpo não parecia pesado. Até então, sempre sentia como se pesasse uma tonelada…

    Imediatamente, abriu os olhos como se tivesse levado um choque. E ficou espantada com a visão do quarto que a saudava.

    — Onde… estou?

    Ela se lembrava de ter voltado, de alguma forma, para aquele lugar no quinto andar, um que não era mobiliado o suficiente para ser chamado de saguão. Mas agora que abrira os olhos, encontrava-se dentro de um palácio.

    “Será que… eu morri?”

    …Mas, assim que terminou de pensar nisso, a porta do quarto se abriu com um clique.

    — Hã? Unni?

    Yi Seol-Ah estava voltando ao quarto após comprar algo para comer, e ao ver que Yun Seora havia recobrado a consciência, correu para seu lado com passadas leves.

    — Uhm…

    — Você acordou! Como está se sentindo?

    — Onde… eu estou?

    — É o céu.

    Yi Sungjin interrompeu abruptamente. Yun Seora murmurou um ‘oh’ e estava prestes a assentir, mas então viu a ponta da bandeja de comida se cravar fundo na lateral do garoto e não pôde evitar ficar confusa.

    — Ai! O que foi?!

    — Ela vai te entender errado!

    — Mas, mas! Esse lugar não é o céu?

    — I-Isso também é verdade…

    Agora que Yi Seol-Ah pensava nisso, seu irmãozinho tinha um ponto.

    Yi Seol-Ah limpou a garganta algumas vezes e, com um sorriso radiante, colocou a bandeja sobre a mesa. Os olhos de Yun Seora se arregalaram de espanto ao ver a comida incrivelmente apetitosa sobre ela. A saliva instintivamente se acumulou em sua boca enquanto o vapor quente subia da sopa de cheiro delicioso.

    — Por favor, coma. Tenho certeza de que está faminta.

    — E v-vocês dois…?

    — Trouxemos as nossas também, então não se preocupe.

    — O que está acontecendo?

    A mente de Yun Seora estava um caos. Ela acordou e, de repente, tantas coisas pareciam ter mudado enquanto esteve inconsciente.

    — Oppa nos ajudou.

    — Hyung nos ajudou.

    Os irmãos responderam ao mesmo tempo.

    — Q-Quem…?

    — Isso é tudo por agora. Te contarei tudo assim que terminar de comer…

    Yi Seol-Ah apontou para a bandeja de comida.

    Não havia como Yun Seora recusar. Afinal, essa era a primeira refeição decente que via em mais de um mês. Incapaz de resistir ao desejo, pegou a colher apressadamente.

    “Está… tão bom.”

    Essa sopa, que parecia derreter na ponta da língua… Como podia ter um gosto tão maravilhoso?

    O foco de Yun Seora estava inteiramente na refeição diante dela e, depois de se certificarem de que nada estava errado, os irmãos Yi também começaram a comer.

    E assim, enquanto o trio desfrutava silenciosamente da refeição, Yi Sungjin soltou um longo suspiro. Yi Seol-Ah olhou para o irmão, ainda segurando os hashis entre os lábios.

    — Não deveria suspirar assim durante as refeições, sabia?

    — Eu sei… É que estou preocupado.

    — Mm?

    — Me pergunto se realmente está tudo bem continuarmos aqui…

    Ouvindo a voz deprimida do irmão, Yi Seol-Ah inclinou a cabeça.

    — Se eu estivesse no lugar do Hyung, acho que ficaria um pouco irritado conosco…

    — V-Você acha?

    — Ng. Quer dizer, ficarmos aqui assim, não estamos incomodando ele? Sejamos honestos, não jogamos em cima dele a responsabilidade de consertar o braço da Noona Seora também?

    O braço esquerdo de Yun Seora, que se movia sem parar até então, congelou no meio da ação assim que o garoto terminou de falar. Yi Seol-Ah deixou escapar um ‘Ah!’, mas já era tarde.

    Embora Seol tivesse dito que sairia para conseguir os pontos necessários, aquela quantia não era algo que ele poderia reunir em um ou dois dias. Na verdade, havia uma chance maior de que ele não conseguisse juntar o suficiente antes do prazo da Zona Neutra acabar. Criar uma expectativa irrealista não ajudaria ninguém, então ela não queria tocar no assunto.

    — Do que está falando?

    — I-Isso não é nada. Não se preocupe, unni. Apenas termine sua refeição primeiro.

    Yun Seora silenciosamente pousou a colher, sem mais vontade de comer. Yi Seol-Ah lançou um olhar fulminante para o irmão, mas sabia que já era tarde demais. No fim, teve que contar a verdade.

    — 82.000 pontos?!

    — Sim. Se quisermos curar seu braço, precisamos de 82.000 pontos…

    Era um número tão absurdo que um riso sem forças escapou dos lábios de Yun Seora. Ela nem sequer tinha 10 pontos para comprar uma simples refeição, então nem conseguia começar a imaginar a grandiosidade de 82.000 pontos.

    — E ele…?

    — Saiu há um tempo dizendo que ia ganhar pontos…

    Yun Seora encostou-se à parede. Sua pergunta foi respondida, mas a confusão em sua mente permanecia.

    “Por quê?”

    Ela não conseguia entender.

    Eles apenas vieram da mesma Área. E, no entanto, ele a trouxe para o próprio quarto. Depois, deu-lhe aqueles preciosos pontos para que pudesse comer algo ao acordar. E agora, também estava tentando consertar seu braço.

    “Mas… por quê?”

    Como alguém que nunca se importava com os problemas dos outros, a ajuda de Seol parecia algo tão estranho, e, sem dúvida, um peso para ela.

    Por outro lado, era um pouco… incômodo. Sua mente ainda questionava, mas seu corpo certamente se alegrava com a boa vontade sendo direcionada a ela.

    Agora que pensava nisso, talvez o tivesse visto durante seu sono.

    — …Você está bem?

    O rosto do jovem, estendendo a mão para ela.

    “…Quero vê-lo.”

    Quando esse pensamento se formou em sua mente, os olhos de Yun Seora piscaram várias vezes, surpresa.

    “O que eu acabei de pensar agora?”

    — Uhm, unni? Por favor, não fique desanimada se orabeo-nim disser que será difícil.

    — Não farei isso.

    Yun Seora respondeu de forma objetiva à preocupação infundada de Yi Seol-Ah. Ela permaneceu fria e indiferente, mas ainda assim sabia como manter a cortesia.

    “Mas o que devo dizer a ele quando voltar?”

    Foi então que ouviram passos apressados vindos do corredor.


    — Mas eu queria ver como era a Cerimônia…

    Seol estava sentado nos degraus da escada, suspirando melancolicamente.

    Ele e sua nova equipe haviam completado com sucesso várias missões de nível Difícil. Cada missão foi realizada seis vezes, acumulando 43.500 pontos extras.

    Sua velocidade de conclusão também era incomparavelmente mais rápida. Todos os membros da equipe lutaram da maneira que Seol recomendou, então não era de se surpreender que as missões fossem completadas muito mais rapidamente do que antes.

    Depois de conseguir os pontos necessários, Seol foi até Maria e solicitou que realizasse a Cerimônia.

    Ela podia ter uma boca suja, mas jamais voltaria atrás em sua palavra. Disse a ele para não entrar na sala, pois o deus que ela servia desceria durante a Cerimônia. Depois, trocou o uniforme de empregada por um manto branco como gelo e, segurando uma grande bolsa cheia de itens e acompanhada por duas outras empregadas, subiu até o quarto de Seol.

    A essa altura, até mesmo os irmãos Yi já deviam ter sido expulsos do quarto, pensou Seol.

    De qualquer forma, sabendo que havia resolvido a situação de alguma forma, ele se sentia bem naquele momento.

    — Como eu estava dizendo…

    …Isso se ignorássemos uma única exceção.

    Graças a Hao Win, que estava sentado ao lado dele e tagarelava sem parar como se nunca fosse parar, Seol sentia que poderia desenvolver uma neurose a qualquer momento.

    Originalmente, a equipe deveria se encontrar novamente na manhã seguinte, depois que Seol comprasse um equipamento adequado para si. No entanto, Hao Win disse que queria conversar com ele por um instante, e esse instante acabou se estendendo para uma eternidade.

    Ele poderia muito bem continuar com seu mal-entendido sozinho, mas insistia em ficar repetindo suas besteiras.

    …Como histórias sobre seus amores do passado.

    — Veja bem, as mulheres são criaturas emocionais. Elas são diferentes de nós, homens.

    — Certo…

    — Sua aparência? Seu físico? Dinheiro? Tudo isso importa, sim. Mas o mais importante é o coração. O coração!

    — Certo…

    — Quanto esse homem pensa em mim? Quanto ele se importa comigo? Essas coisas são importantes, entende? É só isso que importa.

    — Certo…

    — Sério, você precisa ter mais confiança em si mesmo. Posso te ajudar a qualquer momento, se precisar. Digo, uma oportunidade maravilhosa surgiu, então agora deveria ser brincadeira de criança. Estou certo? Então, o que acha? Quer que eu te ajude?

    — Certo…

    …Ou palestras sem substância sobre as regras do namoro.

    Seol continuou respondendo de forma mecânica e desinteressada. Agora entendia por que Odelette Delphine parecia tão cansada com ele antes.

    “Bom, pelo menos ele não é tão assustador quanto eu imaginava.”

    — Certo! Não vou chamar atenção demais, só preparar o clima para vocês dois. Tudo que precisa fazer é entrar no momento certo, só isso!

    — …Hein?

    Seol estava respondendo automaticamente sem prestar atenção, e a conversa tinha saído completamente do curso sem que ele percebesse.

    — …Entrar no momento certo?

    Antes que Seol pudesse pedir esclarecimentos, uma luz brilhante explodiu acima de suas cabeças. Quando os dois homens olharam para cima, viram raios suaves e gentis se espalhando. Isso era estranho, já que a porta do quarto de Seol deveria estar fechada.

    Hao Win abriu a boca lentamente.

    — Parece que terminou.

    — Preciso dar uma olhada.

    Seol se levantou e correu apressado para seu quarto. Por alguma razão, Hao Win decidiu segui-lo logo atrás.

    Ao chegar ao décimo andar, Seol viu que a porta de seu quarto ainda estava fechada. As duas empregadas que acompanhavam Maria não estavam em lugar algum, e tudo o que restava eram as costas ansiosas dos irmãos Yi hesitando ali.

    — Orabeo-nim!

    Yi Seol-Ah avistou Seol e chamou por ele, desamparada.

    — O que aconteceu?

    — E-Eu não sei! Houve uma explosão repentina de luz e, e, as duas empregadas entraram correndo no quarto e…

    — Quanto tempo faz?

    — Não muito. Talvez… nem mesmo um minuto…?

    Creeeek…

    Antes que Yi Seol-Ah pudesse terminar, a porta se abriu cautelosamente.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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