Índice de Capítulo

    O regime de treinamento implacável começou.

    No primeiro dia, tanto Yi Seol-Ah quanto Yi Sungjin desabaram em lágrimas.

    A empregada chamada Agnes os chicoteava e os pressionava com a dureza de um demônio.

    Até mesmo Yun Seora deixou escapar uma pequena lágrima.

    No entanto, embora tenha chorado um pouco pela dureza do treinamento, o principal motivo foi a pura alegria que sentiu.

    Era difícil, mas ela também gostava. Era como se, finalmente, estivesse fazendo algo significativo, como se, finalmente, as engrenagens estivessem começando a se encaixar.

    Depois de quase ter caído no inferno, ela não conseguia descrever a felicidade que sentia ao experimentar a satisfação de um dia produtivo. Era como viver um sonho todos os dias.

    E assim, esses dias que pareciam um sonho começaram a mudá-la, pouco a pouco, dia após dia.

    【O traço de personalidade Racional foi criado.】

    Ela recuperou sua personalidade perdida, e…

    【O traço de personalidade Desespero foi removido.】

    …Não só isso, sua vontade de desistir desapareceu. E também…

    【O traço de personalidade Indiferente foi removido.】

    …Além disso, ela desenvolveu interesse por alguém.

    — …

    Tarde da noite, enquanto todos já dormiam.

    Depois de voltar de mais um dia de treinamento árduo, Yun Seora estava deitada na cama, mas seus olhos permaneciam bem abertos, piscando sem parar.

    Embora seu corpo estivesse exausto, o sono não vinha.

    Por hábito, ela lançou um olhar furtivo para uma certa pessoa. E permaneceu olhando fixamente para o jovem deitado no chão, dormindo em silêncio.

    Era ele quem nunca esquecia de lhe dar a Competência de manhã e à tarde.

    Era ele quem trouxe alguns itens dizendo que ajudariam a fortalecer sua recuperação natural.

    Era ele quem sempre a encorajava, dizendo que fariam missões juntos assim que ela terminasse o treinamento.

    Mesmo que ela não entendesse por que ele, às vezes, sugeria de maneira astuta que ela deveria dizer as palavras ‘ursinho de pelúcia’ para Agnes, ainda assim, ele era…

    “Alguém a quem sou grata.”

    Graças à generosidade dele, ela podia descansar em seus aposentos, onde até mesmo um curto período de descanso lavava toda a fadiga.

    Além disso, não precisava mais se preocupar em passar fome, podendo encher o estômago com comida deliciosa.

    Em algum momento, ela começou a aceitar os gestos gentis dele. O desconforto e a estranheza foram desaparecendo gradualmente, enquanto a gratidão crescia cada vez mais.

    No entanto…

    “Por que ele está nos ajudando?”

    Essa era a última pergunta sem resposta que queimava em sua mente.

    Era por pena? Ou por simpatia?

    Ou, poderia ser…

    “Porque ele está interessado em mim…?”

    Nesse instante, um tipo desconhecido de constrangimento a atingiu com força. Por mais que tentasse raciocinar, nada fazia sentido. Ela começou a morder o lábio inferior. Balançar a cabeça enquanto pensava, ‘Eu não sei mais!’ foi apenas um reflexo adicional.

    “…Seol-nim.”

    Mais uma vez, ela voltou a olhar para o jovem.

    Para algumas pessoas, encarar algo por tanto tempo poderia ser entediante, mas ela nunca desviava os olhos dele.

    Eventualmente, quando a madrugada se aproximava, ela fechou os olhos. Mas sua consciência ainda recusava-se a aceitar o sono.

    …Não, isso não estava completamente correto.

    Na realidade, ela tinha medo de dormir.

    Tinha medo de acordar no quinto andar.

    Tinha medo de acordar e encontrar aqueles três estrangeiros.

    Sempre que isso acontecia, ela tentava se agarrar desesperadamente a um certo momento daquele dia.

    — …Você está bem?

    Ela se lembrava da mão de Seol estendida em sua direção.

    Ela se lembrava daquele breve instante, profundamente gravado em sua mente.

    Se se concentrasse nesse momento, antes que percebesse, cairia em um sono profundo. Normalmente, era assim que acontecia.

    “…Isso é um grande problema.”

    Mas, por alguma razão, naquela noite, não conseguia dormir, não importava o que fizesse.

    Ela rolou na cama por mais um tempo, até que, por fim, decidiu se levantar.

    Com passos cuidadosos para não acordar ninguém, ela se aproximou do Seol adormecido e o observou. Um brilho estranho passou por seus olhos enquanto seu olhar lentamente descia de seu rosto.

    “A mão dele.”

    Assim que encontrou a mão direita dele, abaixou-se como se estivesse em transe. Em seguida, ajoelhou-se no chão e engatinhou lentamente até seu novo destino.

    Pouco antes de tocar sua mão, ela parou. Fechou os olhos e aproximou o nariz da palma dele, com cautela.

    Sniff.

    Um pequeno som escapou quando ela inalou o cheiro. Como esperado, ela sentiu o aroma dele. O cheiro vindo de sua mão.

    Sniff, sniff.

    Agora que tinha começado, ela não conseguiu parar e cheirou uma segunda e uma terceira vez.

    Ela sabia que não deveria estar fazendo isso. Mas, como uma viciada, não conseguiu se conter.

    Para Yun Seora, que só conseguia dormir ao se lembrar daquele dia nas últimas noites, essa era uma tentação contra a qual não podia lutar.

    “É bom. Muito bom…”

    Vendo que o jovem não dava sinais de acordar, suas ações ficaram ainda mais ousadas.

    Ela apoiou a cabeça sobre a palma da mão dele e começou a movê-la lentamente para os lados. Então, até esfregou a bochecha contra sua pele. A mão dele era grande o suficiente para cobrir seu rosto pequeno.

    “É… quente…”

    Sentindo o conforto e a segurança que a grande mão dele lhe proporcionava, os olhos de Yun Seora acabaram ficando pesados.

    Pouco tempo depois, sua respiração ficou suave e ritmada.

    Naquela noite…

    Seol teve um sonho.


    “…Um sonho?”

    “Será que isso é um daqueles sonhos lúcidos? Seol pensou enquanto observava o novo cenário ao seu redor.”

    A paisagem de seu sonho era deslumbrante. Ele via uma bela colina coberta por um verde refrescante, onde vários animais brincavam.

    Havia um urso, sentado no topo da colina, aproveitando a brisa suave; um esquilo correndo entre os galhos das árvores; um cervo bebendo água de um riacho…

    Enquanto contemplava essa cena, os olhos de Seol pousaram em um animal específico que chamou sua atenção.

    “Oh?”

    Era um porco.

    Não só isso, era um pequeno leitão cor-de-rosa, com um corpo tão rechonchudo e adoravelmente fofo.

    “É muito pequeno… Será que acabou de nascer?”

    Seol achou incrivelmente fofo o jeito como o leitão dormia, encostado na grama, então se aproximou com cautela. Ele queria dar uma olhada mais de perto.

    Zzz… zzzz…

    Ao vê-lo respirando tão suavemente assim, seu corpo inteiro estremeceu de emoção.

    No fim, ele não conseguiu mais se segurar e cutucou suavemente o corpinho rosado e macio do leitão com o dedo indicador.

    — !!

    Os olhos do leitão se abriram abruptamente, e ele se levantou apressado, encarando Seol.

    Kyu?

    “FOFO DEMAIS!”

    Seol gritou por dentro. Quando ele se sentou devagar no chão, o leitão começou a recuar, com uma expressão assustada e chorosa.

    “Não, não, não, vem aqui. Eu não vou te machucar.”

    Seol estendeu a mão direita, fazendo com que o animal se encolhesse levemente e parasse de se afastar. Então, o leitão olhou para sua palma aberta.

    “Vem cá…”

    O leitão hesitou por um instante, antes de trotitar lentamente em sua direção.

    “Isso, assim mesmo.”

    Ao ver o animal roçar levemente o focinho contra sua palma, um sorriso se formou automaticamente nos lábios de Seol. Quando ele acariciou delicadamente as costas do leitão, seu pequeno rabinho começou a balançar também.

    “Será que eu devia ficar com ele?”

    Justo quando Seol começava a considerar isso seriamente, percebeu que algo havia mudado.

    “Cor dourada?”

    O tom rosado do leitão de antes havia sido substituído por um brilho dourado ofuscante.

    Kyu!

    O leitão, emitindo uma luz dourada brilhante de seu corpo, ergueu uma das patinhas dianteiras para Seol, como se estivesse pedindo para ser abraçado.

    “Oh, oh, oh!!”

    Seol, é claro, o pegou rapidamente e o abraçou. Ainda assim, o leitão permaneceu dócil. Ele não conseguia esconder sua alegria.

    Bem, havia aquele velho ditado, não havia? Que, entre todos os tipos de sonhos, os que envolviam porcos eram os melhores. E ainda por cima, como aquele leitãozinho era dourado, esse sonho devia ser realmente um sinal de boa sorte.

    “Ele é meu.”

    Seol sorriu satisfeito e apertou firmemente o leitãozinho que se aconchegava e se enfiava ainda mais em seus braços.

    “Eu nunca vou soltar.”

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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