Índice de Capítulo

    Depois de sair do bar e caminhar por cerca de dez minutos, Seol se viu diante de seu destino.

    Não havia nenhuma placa. Seol pensou que as palavras do barman: ‘Um prédio branco antigo, de tamanho mais ou menos’, eram uma descrição bem pouco amigável, mas agora que estava ali, só havia um prédio branco em toda a vizinhança.

    Seol se aproximou do prédio e espiou o térreo antes de soltar um leve suspiro de admiração.

    “Uma instalação de treinamento?”

    Conseguiu vislumbrar uma academia que facilmente superava a da Zona Neutra. Parecia que todo o térreo havia sido convertido para facilitar treinamentos internos.

    “Quero voltar a treinar de novo…”

    Seol ouviu que o segundo andar era a recepção, e de fato, havia uma escadaria de pedra gasta ao lado da estrutura.

    Enquanto olhava para cima, continuava a mastigar o lábio inferior sem motivo. À medida que se aproximava das escadas, seu coração batia cada vez mais rápido.

    “Talvez eu nem devesse ter perguntado.”

    Se não soubesse de nada, talvez tivesse entrado direto, cheio de espírito. Não importava quanto pensasse no assunto, não havia motivo para aquele time aceitá-lo. Mesmo considerando do ponto de vista deles, o resultado era o mesmo.

    De repente, lembrou-se de Odelette Delphine, a Maga sempre cheia de energia. Se ela estivesse em seu lugar, estaria hesitando assim?

    “Quer dizer, eu já não sou mais uma criança.”

    Era óbvio que seria rejeitado, mas também não podia simplesmente deixar escapar a oportunidade do ‘Mandamento Dourado’.

    Ele precisava ao menos tentar, não importava o que acontecesse.

    Seol encerrou seus pensamentos ali e subiu rapidamente as escadas. Parou por um momento diante da porta fechada do segundo andar, depois bateu.

    — Quem é?

    Ouviu uma voz vinda de dentro.

    — Entre. A porta está aberta.

    A voz parecia pouco entusiasmada, na verdade.

    Seol Jihu respirou fundo e empurrou a porta. E então viu.

    …O rosto inclinado de uma mulher olhando para ele enquanto se sentava num sofá velho, de costas para a entrada.

    — Quem é você? Nunca vi sua cara antes.

    Sua pele era branca como se tivesse sido pintada com leite; seu cabelo preto era tão longo que quase tocava o chão. Mais importante, porém, seus olhos de formato limpo, puro e elegante, e um cigarro pendurado entre os lábios suavemente rosados…

    “Eh?”

    Seol piscou, completamente atônito. A mulher, com uma sobrancelha arqueada, começou a franzir a testa ao vê-lo parado daquele jeito.

    — Eu perguntei quem diabos é você, seu idiota.

    Ela já começou a xingar logo de cara. A mulher lembrava Seol de Maria, deveria culpar sua confusão momentânea?

    — Quem é?

    Ouviram-se passos pesados, e então um grande homem negro surgiu de repente do corredor.

    O grandalhão e Seol se olharam e abriram a boca ao mesmo tempo.

    — Seol!

    — Hugo?

    Hugo devia ter acabado de sair do banho, pois ainda pingava água.

    — Você… Ah, primeiro, entra!

    Hugo fez sinal com as mãos antes de puxar Seol Jihu para dentro. Depois o fez sentar-se no sofá. A mulher olhou para eles enquanto soltava fumaça de cigarro.

    — O quê, vocês se conhecem?

    — Eu te falei ontem, não falei? Sobre o cara com quem vim para Haramark.

    — Não era só o Alex?

    — Não só o Alex. Eu disse que tinha outro cara.

    — Hmm… — A mulher assentiu e passou o olhar por Seol, antes de soltar um pequeno — Ahh!

    — É o novato de quem você falou? Aquele que veio para Haramark pela primeira vez?

    Hugo ignorou a mulher e se dirigiu a Seol:

    — Seol, o que faz aqui? Estou realmente surpreso em te ver, sabia?

    — Sim, eu também. Não fazia ideia de que você era membro do Carpe Diem, Hugo.

    Hiiik…! — Um gritinho adorável soou do lado. A mulher se abraçou e fez uma expressão assustada como se tivesse visto algo horrível.

    Uuuu… Ei, dá pra parar de falar tão educadamente? Faz tanto tempo que não ouço alguém falar assim que estou arrepiando toda.

    — …Ignora essa garota. Mas então, o que te trouxe aqui?

    — …Ah.

    Seol lançou um olhar à mulher, que usava uma camiseta branca sem mangas e shorts curtos, e começou a falar:

    — Eu vim depois de ver um anúncio de recrutamento.

    — Anúncio?

    Os olhos de Hugo se arregalaram ainda mais, e ele se virou para olhar para a mulher.

    — A gente postou algum anúncio?

    A mulher deu de ombros.

    — Sei lá. Mas ouvi dizer que, com o velhote se aposentando, íamos procurar um substituto.

    — Quem te disse isso?

    — Não seja idiota. Quem você acha? Foi o Dylan, obviamente… Enfim.

    A mulher apagou o cigarro esfregando-o no cinzeiro e disse de maneira desinteressada a Hugo:

    — Hugo? Manda ele embora, tá…?

    — Quer que ele vá embora?

    — Obviamente. Como ele poderia entrar para o nosso time? Não vamos aceitar um novato, né?

    Como esperado, não seria possível se juntar a eles. Seol já esperava, mas a realidade ainda assim tinha um gosto amargo.

    A mulher acendeu outro cigarro e arqueou uma sobrancelha. Percebeu que Hugo estava deliberando seriamente sobre algo, o que era raro de se ver para alguém cujo cérebro parecia ser feito de músculos.

    Justo quando Seol Jihu estava prestes a se levantar do sofá, Hugo alcançou e segurou seu braço.

    — Espera, espera. Você veio depois de ver o anúncio, certo? Então, espera só mais um pouquinho, beleza?

    Suas próximas palavras surpreenderam ainda mais a mulher.

    — O quê?! Ei! Você quer admitir um Nível 1 no nosso time?!

    — Fica quieta, vai? Ei, Seol, nosso líder deve chegar a qualquer momento, então pode esperar por ele? Vou te dar uma força.

    — Hah!

    A mulher soltou um suspiro exasperado, cheia de descrença.

    Foi então que a porta rangeu ao se abrir, e…

    — Hm? Um cliente?

    Seol ouviu uma voz profunda, rouca e bastante imponente vindo dali.

    Seol Jihu virou a cabeça em direção à entrada e soltou um suspiro chocado ao ver o homem que entrava no local.

    Era um homem de pele escura, carregando um envelope marrom na mão, e que ostentava uma estrutura física colossal. Era uma cabeça mais alto que Hugo, e seu corpo, abarrotado de músculos, parecia ter saído direto da NBA.

    Como diz o ditado, o diabo aparece quando se fala dele. Hugo ergueu a mão e saudou o homem.

    — Oh, que bom timing, Dylan!

    — Quem é ele? Um cliente?

    — Um Guerreiro Nível 1 que viu um dos nossos anúncios e veio nos visitar…

    A mulher falou com uma voz cansada, apoiando o queixo nas mãos.

    — Um Nível 1?

    Dylan inclinou a cabeça, confuso.

    — Anúncios… Hmm. Acho que postei isso faz um tempo.

    Dylan estudou o jovem à sua frente com olhos insondavelmente profundos. Seol Jihu começou a sentir uma estranha pressão enquanto o homem passava o olhar por ele de cima a baixo.

    “Ele é… um Arqueiro Alto Ranker?”

    Só pela estrutura física, parecia mais um Guerreiro.

    Dylan falou logo em seguida:

    — Bem, não importa.

    A mulher fez uma expressão como se tivesse levado um soco no estômago ao encarar Dylan.

    — Tá falando sério?

    — Estou, sim. É verdade que estamos procurando um novo membro para o time, e eu não estabeleci nenhuma restrição sobre quem pode se juntar. Por isso não é um problema.

    — …Ei. Eu sei que você é o líder e tudo mais. Mas ainda assim, não deveria ouvir a opinião dos outros também?

    — Só precisamos ‘dar uma olhada’, na pessoa. Só isso. O velhote disse isso pessoalmente, Chohong.

    Com isso, a mulher chamada Chohong fechou a boca. Ainda assim, continuou franzindo a testa de forma descontente enquanto soltava fumaça do cigarro.

    — Tsk. Faça como quiser. Mas e quanto ao trabalho?

    — Nem posso chamar aquilo de trabalho, na verdade. Só dei uma passada nas Tríades, só isso.

    — Ouvi dizer que eles acabaram de receber um novo executivo.

    — Exato. Fui lá para decorar a cara dele. O nome é Hao Win. É um sujeito bem amigável.

    Dylan exibiu um sorriso cheio de dentes.

    “Hao Win?”

    Quando ouviu um nome familiar, os olhos de Seol brilharam por um instante.

    “Hao Win também está em Haramark?”

    — Nesse caso… Ah. Onde é que eu estava com a cabeça?

    Dylan estava prestes a se sentar em outro sofá, mas rapidamente se levantou de novo.

    Um pouco depois, Dylan reapareceu carregando duas xícaras de chá fumegante. Entregou uma para Seol e sorriu.

    — Receber uma visita e esquecer a hospitalidade… Me desculpe.

    — Não, está tudo bem. Obrigado.

    Seol Jihu recebeu a xícara com cuidado. Dylan tomou um gole de chá primeiro, e uma careta se formou em seu rosto.

    — Não ligue se o chá estiver meio sem gosto, beleza? Estou tentando aprender a fazer chá, mas não consigo melhorar.

    Seol sorriu levemente diante da voz gentil de Dylan. O jovem sentia que o outro estava tentando ser atencioso, basicamente dizendo para ele relaxar.

    — Ei, Dylan.

    Hugo tentou interromper, mas Dylan levantou a mão para impedi-lo.

    — Ouvi um pouco sobre você pelo Hugo. Você deve ser o Seol, o Guerreiro Nível 1. Primeira vez em Haramark, né?

    — Está correto.

    — Convocado em março deste ano, certo?

    — Também correto.

    — Ah, então talvez conheça o Hao Win. Parece que ele também se formou na turma de março.

    Finalmente, entraram no assunto principal. Seol pensava que seria expulso dali, mas parecia que ao menos ouviriam sua história.

    Seria graças ao Hugo? Seol Jihu prometeu internamente comprar uma bebida para ele depois e olhou diretamente para Dylan.

    — Certo, Seol. Você sabe que tipo de time é o nosso?

    — Ouvi algumas coisas.

    — De onde? De quem?

    — Na ‘Comer, Beber e Curtir’. Não perguntei o nome da pessoa, então não sei dizer.

    Dylan assentiu. O jovem não apareceu ali sem nenhum plano, mas se deu ao trabalho de reunir algumas informações básicas primeiro. Considerando que havia saído da Zona Neutra há pouco tempo, isso era visto como algo positivo. Pelo menos mostrava que era do tipo que pensava antes de agir.

    — Legal. Bem, então. Como foram seus registros no Tutorial e na Zona Neutra?

    — Meus registros?

    — Pode nos dizer a quantidade de Pontos de Sobrevivência que ganhou no final do Tutorial e até onde foi nas missões de dificuldade da Zona Neutra, essas coisas.

    Dylan ergueu a xícara, sinalizando para que o jovem relaxasse e falasse livremente.

    Seol Jihu começou:

    — O total de Pontos de Sobrevivência que ganhei no final do Tutorial foi de 26.500.

    Dylan estava prestes a levar a xícara aos lábios, mas…

    — Quanto às missões na Zona Neutra, concluí até a dificuldade Impossível.

    …Suas mãos pararam no ar.

    As pernas de Hugo, que estavam balançando nervosamente, também pararam.

    E não foram só eles.

    Até mesmo Chohong, que estava soltando um grande bocejo enquanto cobria a boca com a mão até então, passou a encará-lo fixamente.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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