Capítulo 79: Floresta da Negação (1/6)
O lugar para onde Samuel conduziu o grupo não era outro senão a estalagem que Alex havia apresentado a Seol Jihu.
Quando eles subiram além do andar onde ele havia passado a noite anterior e chegaram ao terceiro andar, Seol Jihu levou um enorme choque ao ver os três indivíduos que os esperavam.
— Hugo?
— Hã? Seol?!
Hugo também demonstrou uma reação semelhante. Os olhos de Chohong se arregalaram enquanto ela soltava um gemido surpreso, e, enquanto isso, Dylan soltava uma risadinha irônica cruzando os braços.
— Meu Deus, eu jamais pensei que nos encontraríamos de novo em menos de uma hora.
— Eles estavam procurando um carregador enquanto eu estava no pub, então me candidatei na hora.
Um sorriso amargo surgiu no rosto de Seol Jihu. Ele se lembrou do conselho de Dylan de mais cedo.
— O que é isso? Você já conhece o pessoal da Carpe Diem?
— Bem, algo assim. Digamos que sabemos quem cada um é.
— Hã, esse camarada.
Depois de ouvir a resposta de Dylan, Samuel lançou um olhar demorado para Seol Jihu, com renovado interesse.
— Não podemos fazer nada além de considerar isso uma peça do destino, eu acho.
Dylan ergueu as mãos em sinal de rendição.
— De qualquer forma, tempo é ouro. Gostaríamos de ouvir logo essa sua proposta deliciosa, se possível.
— Hehe. Me dá um tempo para começar a cozinhar, beleza? Mas tenho certeza de que já conseguem sentir o cheirinho apetitoso, né?
Samuel brincou um pouco e arrastou uma grande mesa para o centro do quarto. Em seguida, estendeu um mapa sobre ela.
Enquanto a multidão se reunia em volta, Seol Jihu permaneceu parado no canto. Ele se perguntava se um carregador como ele sequer tinha permissão para se intrometer ali.
— Ei, você. O que tá fazendo?
Chohong olhou para Seol e apontou para a mesa com o queixo.
— Anda logo. A reunião tá prestes a começar.
Ela até mesmo deu um passo para o lado e abriu espaço para ele. Quando Seol ficou ao lado dela, Hugo começou a rir roucamente.
— Sempre que ela deve um pedido de desculpas para alguém, de repente ela fica toda atenciosa com a pessoa. Seria mais simples pedir desculpas logo de uma vez, pra ser sincero.
Keuk.
A pontinha do nariz de Chohong ficou levemente vermelha, mas ela permaneceu em silêncio enquanto Samuel começava sua explicação, apontando para um ponto no mapa.
— Como eu conheço o jeito de vocês, vou ser o mais breve possível. Nosso ponto de partida será o portão sul. De lá, viajaremos de carruagem ao longo do Rio Rahman por um ou dois dias.
O dedo de Samuel percorreu o rio marcado no mapa.
— Essa estrada é relativamente segura, então vamos viajar o mais rápido que pudermos nessa parte do trajeto. Precisamos conservar nossa energia para o que vem depois, de qualquer forma. Se não encontrarmos nenhum incidente inesperado, devemos desembarcar em segurança por aqui. Depois, vamos atravessar a Colina Napal…
O dedo dele parou sobre a imagem de uma imensa floresta que se espalhava pelo mapa.
— A Floresta da Negação. Esse é o nosso destino. Provavelmente, teremos que passar pela entrada e seguir em frente até que algum tipo de obstáculo nos impeça de avançar.
No momento em que ouviu as palavras ‘Floresta da Negação’, a expressão de Dylan ficou tensa, mas ele não disse nada. Samuel lambeu os lábios e formou um sorriso confiante.
— Eu ouvi essa informação de uma fonte muito confiável. Aparentemente, há uma tumba de tamanho considerável dentro da Floresta da Negação.
— Uma tumba, é?
— Isso mesmo. E não é uma tumba comum, não. Há uma grande chance de que seja uma tumba relacionada ao Império arruinado.
— Você está sugerindo que invadamos a tumba e saqueemos os tesouros funerários?
— Exatamente! Se for verdade, podemos conseguir artefatos incríveis para nós!
Dylan coçou o queixo em contemplação.
— Eu estava me perguntando por que estávamos indo tão ao sul, mas agora entendi. Faz sentido. Esse local fica mesmo dentro do antigo território do Império.
— E não é só isso. Você sabe que a Sicília colocou uma missão para explorar a Floresta da Negação, certo?
— Estou ciente, sim.
— Também tem aquela missão da família real para considerar! Se tudo correr bem como planejado, poderemos receber recompensas de três fontes diferentes!
— Certo. Entendi o que você tá tentando dizer, Samuel.
Dylan acalmou Samuel, que começava a pular de empolgação.
“Então é assim que uma expedição é organizada.”
Seol Jihu vinha escutando tudo com muita atenção para não perder nenhum detalhe, mas agora estava começando a se sentir um pouco confuso.
Parecia uma proposta tentadora. A não ser que ninguém mais tivesse acesso a essa informação, Seol Jihu achava bastante suspeito que ninguém tivesse conquistado a Floresta da Negação, considerando que ela ficava a apenas quatro ou cinco dias de viagem de Haramark.
Em outras palavras, deveria haver algum tipo de problema preocupante.
Dylan demorou um pouco deliberando antes de erguer a voz.
— Há três coisas sobre as quais quero perguntar, Samuel.
— Pode perguntar.
— Essa informação… Quem mais, além de nós, sabe sobre ela?
— Vou ser honesto aqui. Fui falar com o time do Kahn primeiro antes de chamar vocês. Eles recusaram, mas ainda assim, com certeza vão manter o segredo.
Dylan assentiu com a cabeça.
— Certo. Então, pode me dizer quem é essa fonte confiável?
— Quando é que você vai me perguntar qual é a minha solução para lidar com a Floresta da Negação?
O canto dos lábios de Samuel se curvou para cima. Dylan ficou surpreso antes de formar um sorriso irônico.
— Ora, você é surpreendente. Desde que a Sumo Sacerdotisa Rebecca mal conseguiu voltar viva de lá, eu considerava a Floresta da Negação praticamente intrafegável.
— Desde o início, o método de abordagem deles estava todo errado. A Floresta da Negação não tem a ver com maldições. Não, é magia.
— Magia?
— Isso mesmo. Você tem que combater magia com magia, mas a Rebecca fracassou porque confiou na divindade. Bem, ainda assim devemos dar crédito a ela por ter conseguido sair viva daquele lugar.
Samuel falou com bastante confiança antes de lançar um olhar cauteloso ao redor, como se estivesse se certificando de que ninguém estivesse ouvindo.
— Dylan? Vou responder às duas últimas perguntas de uma vez. A pessoa que me contou sobre a tumba não é outra senão o Mestre Ian.
Diante dessa declaração, o trio composto por Dylan, Chohong e Hugo exibiu expressões de surpresa.
— Mestre Ian?
— Isso mesmo! E não só isso, ele também está planejando se juntar à nossa expedição!
— Hmm. Hmm…
Interiormente, Dylan ainda não estava totalmente certo até então. Mas agora, ele tamborilava lentamente com a ponta do dedo na mesa. Seol Jihu cutucou de leve o lado de Hugo, já que o grandalhão abria e fechava a boca como um peixe fora d’água.
— Hugo.
— Uh, uhm?
— Quem é esse Ian?
— Como é que você não sabe… Ah, espera. É sua primeira vez aqui.
Hugo começou a sussurrar para Seol, como se compreendesse a situação do jovem.
— O Mestre Ian é um Alquimista de Nível 4. Ele é um Mago habilidoso que está quase se tornando um Alto Ranker.
Só então o jovem entendeu mais ou menos. Não importava a classe, alcançar o Nível 4 já conferia certo reconhecimento. E se essa pessoa ainda por cima tivesse a classe mais rara, a de Mago, ficava claro o quanto seria valorizada.
Dylan finalmente abriu a boca para falar.
— Então, em vez de explorar a Floresta da Negação, vamos em uma expedição. Mas, como nominalmente estamos em uma missão de reconhecimento, nem precisamos solicitar uma licença de expedição, é isso?
— Fufufu. É uma proposta realmente deliciosa, não acha?
— Concordo. Já estou salivando só de pensar.
Samuel começou a bater os pés no chão como se não conseguisse mais esperar, o que fez Dylan exibir um sorriso cheio de dentes também.
— Muito bem. E quanto aos detalhes?
— Não seja assim. Você sabe como eu opero. Eu lidero e guio o grupo para frente, mas vocês assumem o comando durante as batalhas. Quanto ao saque, ele vai primeiro para quem tiver a classe mais compatível com o item. Se houver sobreposição de classes adequadas, o de nível mais alto fica com ele. Fora isso, as recompensas serão divididas igualmente.
Samuel recitou tudo como se já tivesse decorado.
— Excelente.
Assim que Dylan concordou, Samuel virou a cabeça para olhar para os outros.
— E vocês dois?
— Precisa mesmo perguntar? A decisão já foi tomada.
— Eu também concordo!
Chohong respondeu com desinteresse, enquanto Hugo foi bem mais animado.
Samuel formou um sorriso satisfeito e então direcionou seu olhar para Seol Jihu.
— Amigo! Presumo que você também esteja de acordo?
— Ah, eu…
Seol Jihu parou de falar no meio.
Interiormente, ele definitivamente queria participar dessa expedição. No entanto, ele não havia prometido a Kim Hannah que não iria além do sul de Haramark?
Percebendo a hesitação dele, os olhos de Samuel se arregalaram.
— Ei, tem algum problema? Não é uma exploração, sabe. É uma expedição disfarçada de missão oficial. Tenho certeza de que você vai ganhar uma porrada de pontos de experiência só de nos acompanhar.
— A Floresta da Negação fica bem perto da fronteira, não vai ser perigoso?
Seol Jihu apontou isso, levando Samuel a soltar uma risadinha.
— Aha. Isso é verdade. No entanto, você não precisa se preocupar com isso! Tecnicamente, dá para dizer que a Floresta da Negação fica na fronteira do território humano, mas na prática, ela é muito mais próxima de uma zona neutra do que qualquer outra coisa. A magia lançada sobre a floresta é tão forte que não apenas os humanos, mas praticamente todas as outras espécies evitam chegar perto.
Samuel explicou em detalhes, antes de cerrar o punho com força.
— Mas nós somos diferentes. Temos o Dylan, que é um Alto Ranker, e o Mago Mestre Ian. Essa magia ancestral lançada sobre a floresta? Vamos despedaçá-la, com certeza.
Em vez de confiar apenas nessas palavras, Seol Jihu ativou seus Nove Olhos. Samuel ainda não apresentava nenhuma cor.
— Então, que tal? Você vem, certo?
Após uma breve deliberação, Seol assentiu com a cabeça.
— Sim, eu vou.
— Ótimo!!
Samuel bateu com força na superfície da mesa e se levantou.
— Partiremos amanhã! Vamos nos encontrar no portão sul bem cedo pela manhã!
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