Capítulo 82: Floresta da Negação (4/6)
A viagem de carruagem chegou ao fim após dois dias e meio de viagem desde Haramark.
De acordo com Samuel, era ali que a área de segurança relativa terminava. Se quisessem continuar de carruagem, até seria possível, mas ‘voltar’ se tornaria um sério problema; sem a proteção da equipe de expedição, os cocheiros não conseguiriam escapar sozinhos das zonas de perigo.
Sabendo o quão preciosas eram suas próprias vidas, os dois cocheiros partiram assim que receberam o restante do pagamento.
— Nosso objetivo hoje é alcançar a Colina Napal! Assim que passarmos por ela, chegaremos à Floresta da Negação!
…E, com o encorajamento de Samuel, o grupo iniciou sua marcha em direção ao destino.
Em Paraíso, um Terrestre de Nível 1 quase sempre começava como carregador, fosse ele Contratado ou Convidado. Não era porque só serviam para carregar bagagem, mas sim para que participassem de diversas expedições e aventuras, acumulando aprendizado e experiência.
Por isso, Seol Jihu prestava a máxima atenção a cada pequeno acontecimento ao seu redor.
“A formação de marcha é disposta como um losango.”
A expedição contava com 11 pessoas no total. Excluindo Seol Jihu e dois outros moradores originais que serviam como carregadores, a força de combate real era composta por 8 integrantes.
Na linha de frente estavam Samuel e Grace. O Arqueiro liderava o caminho enquanto a Guerreira atuava como sua guarda.
No meio, ficavam os três carregadores, incluindo Seol Jihu, Alex e Ian. Chohong se posicionava à esquerda da formação, enquanto Clara estava à direita. Era como se ambas estivessem ali para proteger os carregadores.
Por fim, a retaguarda seguia o mesmo padrão da linha de frente, um Arqueiro e um Guerreiro. Ou seja, Dylan e Hugo estavam posicionados ali.
Para ser honesto, Seol achava que faria mais sentido Dylan e Hugo estarem na frente, em vez de Samuel e Grace. Claro, mesmo curioso com essa formação, ele não ousou abrir a boca sem pensar.
“Eles devem ter seus motivos.”
— Agora que penso bem, é a primeira vez que te vejo por essas bandas.
Enquanto Seol Jihu refletia consigo mesmo, de repente ouviu uma voz suave ao seu lado. Quando virou o olhar, viu Ian, com um sorriso acolhedor, acariciando devagar sua barba branca.
— Na verdade, cheguei a Haramark há pouco tempo.
— Entendo. Também é um Terrestre, né? Veio à cidade para ganhar experiência em campo?
— Correto.
— Já tem experiência como carregador?
Seol se perguntava por que alguém tão importante como um Mago estava lhe fazendo tantas perguntas. Internamente nervoso, ainda assim conseguiu responder com sinceridade.
— Esta é minha primeira vez. Na verdade, saí da Zona Neutra há pouco.
— Hmm? Primeira vez, é?
— Sim.
— Huh-uh. Mal saiu da Zona Neutra e já tá participando de uma expedição tão perigosa…
Ian olhou para o jovem como se estivesse completamente surpreso, depois se aproximou ainda mais de Seol Jihu. Tomando o lugar ao lado dele, inclinou-se para sussurrar.
— Meu amigo, bem…
Então, de repente, abaixou a voz.
“Por que ele tá fazendo isso?”
Seol Jihu inclinou levemente a cabeça, mas ainda assim manteve o olhar firme no homem mais velho.
— …Por acaso…
Quando Ian assumiu uma expressão séria, até Seol Jihu ficou tenso. Será que havia algo sombrio e sinistro nessa expedição que ele ainda não sabia? Será que tinha sido precipitado ao se juntar ao grupo? Mil pensamentos passaram pela mente de Seol.
Ian o observou por mais um tempo antes de, cautelosamente, abrir a boca.
— Você gosta de tetas?
Seol Jihu duvidou da própria audição naquele momento. Grace lançou um olhar rápido para trás e começou a rir baixinho. Seol achou que estivesse sendo alvo de uma pegadinha, mas a expressão de Ian era séria…
— Eu gosto muito.
…Ou melhor, sua expressão não era séria nenhuma, já que ele ria de maneira bastante maliciosa.
— Quero dizer, aquela sensação macia quando você apalpa, ou quando esfrega o rosto nelas, é a melhor coisa do mundo. Você não concorda?
— Seol? Vamos trocar de lugar rapidinho.
Ptooi, Chohong cuspiu nas mãos e apertou o cabo de sua maça com mais força. Ao ver isso, Ian começou a rir de forma jovial.
— Fiz papel de bobo. Me perdoe e me deixe viver mais um pouquinho, tá?
— Melhor seria se suas palavras combinassem com a sua expressão! Pelo menos finge surpresa ou arrependimento quando fala essas besteiras, ouviu?!
— Eii-ing. Vejo que o clima em Paraíso piorou ultimamente. Só queria descontrair o novato pra diminuir a ansiedade dele.
Ian começou a se queixar. Chohong estava prestes a explodir, mas então ouviu Dylan alertar da retaguarda:
— Chohong, seu temperamento.
Pelo jeito de Dylan e também pela atitude de Samuel anteriormente, ficou claro para Seol que Ian devia ser alguém muito respeitado em Haramark.
— Droga, tá bom. Deixa pra lá. Só para de encher o saco do moleque. Não tá vendo que ele tá ocupado estudando nossa formação?
— Oho! Estudando, é?
Ian bateu palmas levemente e abriu um sorriso satisfeito.
— Então é um jovem estudioso que queima a vela da meia-noite em nome da ciência! Em vez de ajudar, acabei atrapalhando. Tudo bem. Pergunte o que quiser, e eu responderei.
Seol Jihu ficou um pouco apreensivo, achando que o velho poderia soltar outra besteira a qualquer momento, mas havia coisas demais sobre as quais ele estava curioso. Então, se preparando mentalmente para trocar de lugar com Chohong a qualquer sinal de perigo, perguntou a Ian:
— Quais critérios vocês usam para posicionar as pessoas na frente e atrás da formação?
Aha, Ian sorriu suavemente e assentiu de leve. Embora Seol tivesse feito de tudo para rodear a pergunta e não ofender ninguém, o velho captou de imediato o verdadeiro sentido.
— Antes de tudo, você sabe que um Arqueiro sempre toma a dianteira, seja em expedições ou missões de ataque estratégico?
— Sim.
— Como líder em uma expedição, há duas coisas muito importantes a se fazer. A primeira é guiar seus companheiros pelo caminho correto. A segunda é detectar o inimigo se aproximando a tempo e alertar o grupo. Considerando esses dois pontos, Samuel é o homem perfeito para o trabalho.
Era justamente isso que Seol Jihu não conseguia entender. Dylan também era um Arqueiro e, além disso, um Alto Ranker de Nível 5.
— Samuel avançou de Rastreador de Nível 3 para Explorador de Nível 4. Sua capacidade geral de combate pode ficar um pouco atrás dos seus colegas, mas quando se trata de encontrar o caminho certo, ele está entre os melhores. Se nos encontrarmos em um labirinto ou em uma área ainda inexplorada, onde não há trilhas para seguir, seu verdadeiro valor naturalmente se revelará. Se Samuel pretende avançar para Explorador Supremo de Nível 5, suas habilidades devem evoluir ainda mais.
— Mestre Ian, parece que já leu minha mente.
Samuel virou a cabeça e mostrou sua surpresa.
— …Quando você alcançar o Nível 5 e se tornar um Alto Ranker, será solicitado a escolher qual deus deseja servir. Esse é o momento em que o caminho de classe escolhido se torna extremamente importante…
— …Pense assim. Sua classe evoluirá ou se especializará ainda mais para se adequar aos poderes do deus que você escolher…
Seol se lembrou inexplicavelmente do que Agnes lhe dissera algum tempo atrás.
— Por outro lado, Dylan é um Atirador Arcano de Nível 5. Simplificando, ele concentrou seus esforços em aumentar seu potencial de combate. Então, ele mostraria um poder assustador em combates de guerrilha, mas, em comparação com Samuel, que trilha o caminho dos rastreadores, ele perde um pouco na habilidade de investigar o entorno.
Ian pareceu sentir sede e parou para tomar um gole de sua garrafa de água.
— Keuh. E, com Dylan na retaguarda, a formação também ganha mais estabilidade. Se algo acontecer, ele será capaz de analisar a situação e bolar um plano rapidamente. Se minha suposição estiver correta, Dylan assumirá a liderança assim que a batalha começar, estou errado?
— Mas, e se formos atacados primeiro pela retaguarda?
— É para isso que temos o Hugo como proteção. Então? Que tal? Sua curiosidade foi satisfeita?
Ian piscou para Seol. O jovem se curvou em sinal de agradecimento, já que sua curiosidade de fato fora satisfeita.
— Obrigado.
— Oho. Você é um jovem bastante cortês, hein.
Ian começou a rir suavemente.
— Se não achar as divagações deste velho entediantes, gostaria de conversar com você por mais um tempo. Por acaso, quanto você sabe sobre a Floresta da Negação?
— Na verdade, eu não sei nada sobre esse lugar.
— É bem simples. Qualquer forma de vida inteligente que entra na floresta começa a negar violentamente a existência de alguma coisa.
O que ele queria dizer com isso? Os olhos de Seol Jihu brilharam de interesse, o que fez Ian falar com ainda mais energia.
— Ninguém consegue prever o que você vai acabar negando, sabe. É completamente aleatório.
— Mas, se for apenas negar algo, isso não seria um problema tão grande, certo?
— Essa é uma maneira simplista demais de ver as coisas.
Ian balançou a cabeça imediatamente.
— Eu te disse, não foi? Ninguém pode prever o que você vai negar. Por exemplo, o que acha que aconteceria se você de repente começasse a negar a minha existência?
Seol Jihu ficou sem palavras.
— Você tentaria me matar a qualquer custo. E não é só isso… E se, no meio de uma batalha, você de repente negasse a existência da sua própria arma? E então?
— …
— Acha que para por aí? E se você começar a negar sua própria existência? O que acontece então?
A sequência de perguntas fez arrepios percorrerem a espinha de Seol Jihu.
— Algo assim já aconteceu antes?
— O número de expedições que foram aniquiladas por causa disso é grande demais para ser contado, jovem. A ponto da família real quase ter proclamado toda a área como zona proibida para qualquer tipo de expedição. Se não fosse por Haramark, essa decisão já teria sido tomada.
— Então é um lugar assustador.
— Definitivamente não é um lugar para brincadeiras, com certeza. No entanto, venho pesquisando sobre a Floresta da Negação há muito tempo. Também preparei algumas contramedidas. Se minha teoria estiver correta, desvendaremos os mistérios da floresta em breve.
Embora estivesse preocupado com a possibilidade das contramedidas não funcionarem, Seol Jihu achou melhor não expressar essas preocupações. Não queria ser um estraga-prazeres logo no início da expedição.
Talvez percebendo a ansiedade do jovem, Ian deu-lhe um tapinha gentil nas costas.
— Não se preocupe, meu amigo! Se minha contramedida não funcionar, simplesmente damos meia-volta e voltamos para Haramark. Só isso. Eu, hein, não tô querendo morrer agora.
Fazia sentido. Graças à maneira amigável com que Ian falava, uma parte da ansiedade de Seol Jihu se dissipou.
Ian podia ter um lado tarado, mas também era um Mago com vasto conhecimento. Para alguém como Seol Jihu, que sabia quase nada sobre o funcionamento de Paraíso, cada palavra de Ian tinha o potencial de se tornar carne e sangue para ele no futuro.
Além disso, Ian sabia como contar histórias de forma divertida, e Seol Jihu acabou esquecendo completamente do tédio da marcha, mergulhando de cabeça nos relatos do mais velho. Era como se fosse um neto ouvindo as histórias de seu avô.
Enquanto marchavam conversando, o sol aos poucos descia em direção ao horizonte e a paisagem começava a mudar. O Rio Rahman, que até então servira de referência para o caminho, ramificava-se em vários afluentes menores, e a terra tornava-se cada vez mais acidentada e lamacenta, como se tivesse absorvido umidade em excesso.
Foi nesse momento que Samuel parou seus passos.
— Você não sobe de nível automaticamente, os deuses é que determinam isso para você. Você foi até a Câmara do Despertar lá na Zona Neutra, certo? Deveria visitar um templo assim que esta expedição terminar… Mm?
Quando a marcha foi abruptamente interrompida, Ian parou de falar e olhou adiante.
Seol Jihu também observou ao redor e ficou de queixo caído ao ver árvores incrivelmente altas espalhadas aqui e ali. Por um momento, ele pensou que já tivessem chegado à Floresta da Negação, mas parecia que ainda não era o caso.
Samuel estava ajoelhado, ocupado examinando atentamente o chão.
— Samuel? Aconteceu alguma coisa?
A voz naturalmente imponente de Dylan veio da retaguarda. Samuel ergueu a mão, sinalizando que precisava de mais um pouco de tempo, antes de se levantar suavemente com um sorriso de canto.
— Que interessante. Temos Ettins das Cavernas.
— Ettins das Cavernas? Mas eles não vivem em cavernas? O que estão fazendo aqui?
— Talvez estejam forrageando por comida?
Samuel deu de ombros e olhou para a esquerda.
— Eles se dividiram em dois grupos cinco minutos antes de chegarmos aqui. Trinta deles estão nos esperando adiante, enquanto dez estão à minha esquerda, em emboscada.
— Ah, então nos enxergam como comida, é isso? Se continuarmos por esse caminho, seremos cercados com certeza.
— Bem, eles têm um faro absurdo, afinal. Então, o que vamos fazer?
Dylan ficou pensativo após a pergunta de Samuel.
— Já que cada um tem duas cabeças, não adianta tentar pegar eles de surpresa, né?
— Provavelmente, sim. Uma das cabeças serve como vigia, afinal.
— Mas isso não significa que não podemos atacar primeiro. Vou pedir para o Hugo ir com você. Se divirtam um pouco.
— Ok.
Samuel respondeu com confiança e retomou a marcha.
— Seol? Aí está o verdadeiro Arqueiro. Agora entende por que eu pirei naquele dia?
Seol Jihu acabou concordando com Hugo, que sussurrou para ele. Conseguir deduzir o que havia acontecido cinco minutos atrás apenas observando o chão por alguns segundos parecia mentira, na verdade.
Mas Seol Jihu teve que aceitar a realidade quando, menos de dois minutos depois, um grupo de Ettins das Cavernas saiu do mato rugindo alto. Eram exatamente trinta deles.
Cada Ettin da Caverna era um pouco mais baixo que um humano adulto, mas seus músculos robustos nos braços eram bastante intimidadores. Mais importante ainda, cada um possuía duas cabeças enrugadas num único pescoço, o que lhes dava um visual realmente bizarro.
— Não tem nada aí que valha a pena se preocupar.
Quando Seol Jihu empunhou sua lança, Chohong lhe deu um tapinha leve no ombro.
— Só fica aí e observa. Eles vão ser eliminados rapidinho.
Ela apontou para a frente.
Samuel avançava sem hesitação para o meio do grupo de Ettins.
Na verdade, isso estava errado.
— Ei! Ei! Aqui!
Parecia que essa tinha sido sua intenção inicial, mas, assim que seus pés tocaram o chão, ele saltou como um tigre voador e aterrissou agilmente num galho acima. Cruzou os braços e enfiou as mãos nos bolsos internos.
— Comam essa!
No instante em que estendeu as mãos, os Ettins, agora parecendo cachorros que falharam em pegar a galinha, caíram no chão em grande agonia.
Swish! Swish!!
O som cortante rasgou o ar. Só depois de notar pequenas adagas cravadas nos ombros de um Ettin que Seol Jihu entendeu o que Samuel havia lançado.
— Yea-ho!
Quando três ou quatro Ettins tentaram revidar atirando suas próprias armas, Samuel se transformou num verdadeiro Tarzan, saltando agilmente para outro galho à frente enquanto continuava a bombardear os inimigos com adagas.
— Muito admirável. Ele conseguiu fazer com que todos os trinta se focassem apenas nele.
O velho comentou ao ver Hugo e Grace avançarem, aproveitando a oportunidade criada.
Hugo se lançou como uma pantera, desferindo ataques surpresa com seu machado de batalha nas costas dos Ettins, que estavam totalmente focados em Samuel. Três pares de cabeças rolaram imediatamente. As criaturas tentaram se virar, mas só puderam ver um enorme machado ensanguentado vindo em direção às suas cabeças.
O grupo de monstros já estava confuso sobre o que fazer, mas, quando o Guerreiro Bárbaro de Nível 4 chegou no meio deles e começou a esmagá-los sem piedade, a confusão aumentou ainda mais.
De vez em quando, um ou outro tentava atacar pelas laterais. Contudo, Grace se manteve colada aos pontos cegos de Hugo, protegendo-o com seu escudo ou apoiando com golpes precisos de espada, tornando impossível para os inimigos se aproximarem.
Eventualmente, até Samuel desceu da árvore, e junto com Clara, começou a disparar flechas pela frente e por trás. O grupo de Ettins das Cavernas foi fragmentado num instante. E foi então que aconteceu.
— Eles estão vindo.
Dylan falou com uma voz calma e puxou a corda do arco enquanto mirava para a retaguarda da formação, em direção a dez Ettins das Cavernas que avançavam. Eles vinham correndo apressadamente depois de perceberem que sua força principal estava sendo aniquilada num piscar de olhos.
— Quantos você vai deixar pra mim?
— Pergunte a eles.
Du-du-doom!
Os ombros de Dylan tremeram levemente no momento em que ele soltou a corda. Então, um estrondo alto, semelhante a um disparo de arma de fogo, ecoou no ar. Seol Jihu sentiu seus tímpanos ficarem dormentes com a onda de choque e apressadamente cobriu os ouvidos, e então…
Boom, boom, boom!
Ele ficou completamente atônito ao ver o chão explodindo várias vezes. Era como se minas terrestres estivessem sendo detonadas em sucessão nos pontos onde as flechas haviam aterrissado.
Os Ettins das Cavernas, que avançavam cegamente, foram lançados para o alto, com os braços agitando no ar de maneira desajeitada, antes de caírem de cabeça no chão duro. Eles começaram a se contorcer enquanto uma chuva de destroços e terra os cobria.
— Uh-whew… Limpar depois não é muito meu estilo.
— Vou deixar eles com você, Chohong.
— É, é, deixa comigo.
Apesar de parecer um pouco desanimada, Chohong se moveu, arrastando a maça consigo.
“Então este é o Atirador Arcano, um Alto Ranker…”
Não era como se estivessem dominando crianças desobedientes, mas a batalha terminou de maneira tão anticlimática.
Claro, isso não era algo ruim. Derrotar o inimigo facilmente significava muito menos baixas do que lutar até a morte para conquistar a vitória, afinal.
De fato, Seol Jihu sabia disso, mas ainda assim…
— E então? O que achou?
— S-Sim? Perdão?
Seol Jihu estava distraidamente observando Chohong checar e eliminar quaisquer sobreviventes até aquele momento; ele se assustou um pouco e virou apressadamente para o lado. Ian estava ali, com um sorriso brilhante no rosto.
— Sua primeira impressão, ao testemunhar a batalha de uma equipe de expedição.
Seol Jihu fechou a boca. Não precisava que o lembrassem para que ele compreendesse completamente a realidade com todo seu ser.
A impressão causada pela força individual dos combatentes foi profunda, é claro, mas… o que ficou gravado mais fundo em sua memória foi a forma como eles se sincronizavam perfeitamente, como se tivessem ensaiado antes, e como controlavam o rumo da batalha do jeito que queriam.
— Não é a primeira vez que cooperam juntos. Já passaram por muita coisa e, por isso, conseguem confiar uns nos outros de olhos fechados.
Seol Jihu assentiu com a cabeça e fechou os olhos. Rostos de várias pessoas que conhecia surgiram e desapareceram em sua mente naquele momento.
“Um dia, eu…”
“…formarei minha própria equipe de expedição.”
Pela primeira vez desde sua chegada em Paraíso, esse pensamento entrou em sua mente.
Assim que a batalha terminou, a equipe de expedição recolheu seus espólios de guerra. Bem, eram nada mais do que armas e equipamentos que os Ettins das Cavernas mortos haviam deixado cair, mas cada um deles ainda tinha algum valor. Além disso, como essas criaturas usavam itens retirados de vítimas humanas, às vezes era possível encontrar verdadeiros tesouros.
— Seol! Seol! Olha! Achei mais um!
Seol Jihu estava silenciosamente enchendo sua bolsa com os itens que Chohong trazia para ele, e ao ver Hugo se aproximando com os braços cheios de pilhagem, o jovem abriu ainda mais a boca da bolsa. Samuel observava quietamente do lado, antes de estalar a língua de leve.
A bolsa estava encantada com magia que aumentava o espaço interno e reduzia o peso total, então podia armazenar muitas coisas, mas ainda haveria um limite físico em certo ponto. Ela já estava cheia de provisões, equipamentos de acampamento e sacos de dormir, então, ao colocar armas ali também, o peso deveria ser enorme.
Ele não tinha qualquer reclamação quanto a Seol Jihu, que continuava aceitando mais carga sem fazer uma única objeção, mas o verdadeiro problema de Samuel era com os dois carregadores locais, que apenas observavam o ambiente e até agora não haviam tentado carregar nada.
“É por isso que os moradores originais são…”
Como líder da expedição, Samuel não podia ignorar essa transgressão. Justamente quando ele se preparava para ir até eles e dizer umas boas verdades, acabou hesitando ao ver Seol Jihu jogar a bolsa sobre o ombro e se levantar com facilidade.
— H-Hey, camarada.
— ?
— Você tá bem? Parece bem pesado.
— Bom, até agora tô tranquilo.
O jovem até pulou levemente no lugar. Imediatamente, uma expressão de suspeita surgiu no rosto de Samuel.
— …Eu sei que já te perguntei isso antes, mas, sério mesmo, você é Nível 1?
— Viu? Eu disse que não era só impressão minha.
Alex começou a rir alto, como se já esperasse essa reação há muito tempo.
— De qualquer forma. Vamos começar a subir a Colina Napal logo. Ainda dá tempo, que tal dividir um pouco da sua bagagem e passar para os outros?
— Ah, eu tô bem. Não vou atrapalhar o ritmo do grupo.
— Se você diz. Tudo bem.
O que Samuel podia fazer, já que o próprio rapaz dizia que estava tudo certo? Samuel virou-se e trocou olhares com os dois carregadores locais. Seu olhar dizia que eles estavam por um fio.
E assim, a marcha recomeçou. A bolsa estava ainda mais pesada agora, e isso colocava uma carga maior sobre seus ombros, mas Seol Jihu na verdade preferia assim.
“Também serve como treino, então tá ótimo.”
Comparado à época em que era espancado repetidamente por Agnes para aumentar sua resistência geral, isso aqui não era nada.
Logo, como Samuel havia previsto, a expedição começou a subir uma colina.
A Floresta da Negação estava diante deles.
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