Capítulo 83: Floresta da Negação (5/6)
A equipe de expedição subiu a colina sem dificuldades.
Samuel liderava o grupo com grande urgência, dizendo que precisavam atravessar a colina antes do fim do dia. No entanto, ele de repente parou abruptamente. Seol Jihu imediatamente ficou em alerta, achando que poderiam estar sendo atacados de novo, mas logo percebeu que haviam chegado ao topo da colina.
Samuel, que estava na frente do grupo, apontou para o outro lado.
— A Floresta da Negação.
Seol Jihu também chegou ao topo e lançou um olhar atônito para baixo.
A floresta densa diante dele exibia uma cacofonia colorida de diversos tons de verde, espalhando-se por uma área imensa que se estendia até onde a vista alcançava. Era tão vasta que o mar de verde parecia se prolongar infinitamente além do horizonte.
“É pra lá que vamos?”
Havia algo naquela floresta que a diferenciava de todas as outras que haviam atravessado até agora. Talvez fosse o fato de que nenhum humano pisava ali há eras. A floresta, intocada por anos, emanava uma pressão indescritível que fazia os observadores se sentirem um pouco nervosos.
Ian alcançou o grupo, com a respiração completamente descompassada. Ele limpou o suor e tentou regular o fôlego.
— Aparentemente, se atravessarmos esta floresta, poderemos ir para onde quisermos. Isso inclui os territórios da Federação e dos Parasitas.
— Agora que você mencionou, ouvi dizer que o conflito entre esses dois está se intensificando ultimamente.
Seol Jihu comentou de maneira casual enquanto assentia, mas logo percebeu os olhares se voltando para ele e piscou, confuso. Os olhos de Ian se arregalaram ainda mais, enquanto Samuel o encarava com uma expressão que dizia ‘Quem diabos é esse cara de verdade?’. Até Dylan exibia uma reação parecida.
Bem, ele apenas repetiu o que havia ouvido de Kim Hannah, só isso.
Depois de um momento de silêncio constrangedor, Ian começou a gargalhar.
— Ora, ora! Você continua a me surpreender, jovem amigo. Está certo! Recentemente, a Federação anunciou que firmou uma aliança com as Fadas das Cavernas. Sem dúvida, agora têm mais um aliado poderoso. Com cinco raças unindo seus recursos, nem mesmo a Rainha Parasita poderá ignorar isso.
“Federação? Parasitas?”
Mesmo estando um pouco perdido, novas perguntas surgiam em sua cabeça. Quão forte era essa raça dos Parasitas para que cinco raças precisassem se unir? Graças ao seu ‘sonho’, ele tinha uma vaga ideia da verdade, mas a memória era turva, e ele não podia confiar nela totalmente.
— Sério mesmo. Nunca vi alguém esconder seu nível para virar carregador. Já vi o contrário acontecer muitas vezes, no entanto.
Pelo visto, Samuel ficou ainda mais convencido de suas suposições. Seol Jihu achou que seria muito trabalhoso corrigir esse mal-entendido, então apenas suspirou longamente como resposta.
Pouco depois, a expedição começou a descer a colina.
— Não é surpreendente? Apesar de compartilharem uma origem comum, as duas raças hostis, Fadas do Céu e Fadas das Cavernas, se tornaram aliadas?
— Isso mostra o quanto estão desesperadas. E não são só as Fadas. Eles só conseguiram sobreviver até agora porque ‘aquela’ raça começou essa coisa da Federação. Caso contrário, já teriam sido destruídos.
— Seja como for, no final das contas, não deixa de ser uma boa notícia para os humanos, não é?
— Se você tá pensando em jogar os dois lados um contra o outro, preciso te dizer que está sendo pragmático demais. Mais cedo ou mais tarde, os humanos também terão que tomar uma decisão importante.
Seol Jihu observava Dylan e Ian conversando e se aproximou de Alex.
— Alex? Eu cometi algum erro agora há pouco?
— Mm? Não, não cometeu. Não é segredo, afinal.
— Então, por quê?
— Ah…, isso. Informações sobre os outros povos são coisas que só circulam entre Altos Rankers. Bom, você pode até ouvir rumores se chegar ao Nível 4. Mas para quem é de nível mais baixo, é algo sem sentido, né?
Seol Jihu fez uma expressão que parecia perguntar ‘Por quê?’ e Alex continuou rapidamente.
— Pensa bem. Um novato recém-saído da Zona Neutra sai por aí falando, ‘A política tá assim…’, ‘A guerra tá daquele jeito…’, passando informações certeiras… Como você se sentiria?
— Que ele tá se exibindo?
— Pelo amor, não. Seria mais como espanto. E também ficariam curiosos sobre quem tá bancando ele.
Alex lançou um olhar cheio de significado para o jovem, antes de dar um leve tapa brincalhão em seu lado.
— Por isso, deveria contar logo a verdade pra gente, né? Qual é seu nível real? Por que resolveu participar dessa expedição? Que tal mostrar logo sua Janela de Status?
Seol Jihu levantou a cabeça e olhou para o céu. O sol já estava se inclinando para o oeste e a luz moribunda do entardecer tingia o mundo de laranja.
— Na verdade, eu sou Nível 10.
— Sabia. Eu sabia. Então, qual é o título da sua classe?
— Deus da Lança.
— Keuh. Um deus, é? Agora não tenho mais medo da Rainha Parasita.
As gargalhadas barulhentas de Alex ecoaram pela colina.
A expedição interrompeu a marcha pouco antes do fim da Colina Napal, em outras palavras, bem em frente à Floresta da Negação. Antes de colocarem os pés lá dentro, Ian pediu um tempo para investigar a floresta primeiro.
Agora que a marcha havia parado, o grupo se preparou para passar a noite ali. Enquanto Ian circulava pelos arredores da floresta acompanhado por Dylan e Chohong, Seol Jihu se ocupava de tarefas menores, como montar as barracas e preparar os sacos de dormir.
Claro, não era como se os outros membros da expedição estivessem descansando. Por exemplo, Samuel caminhava pelo perímetro externo do acampamento, ocupado plantando algo que parecia pedras negras no chão.
Seol Jihu já tinha terminado seu trabalho, então ficou observando, o que fez Samuel soltar uma risadinha e chamá-lo com um gesto.
— Esta é uma pedra de mana. Pode pensar nela como uma rocha com propriedades de preservação de mana.
Seol Jihu pegou a pedra negra e lisa que Samuel lhe entregou e começou a brincar com ela nas mãos.
— É um dos itens indispensáveis quando se planeja acampar ao ar livre. Se você espalhar algumas por aqui e ali, essas pedras evitam que monstros que odeiam mana se aproximem do acampamento. Como elas emitem uma aura estranha, os monstros não vão se intrometer a menos que estejam realmente desesperados.
— Deve ser caro.
— Claro. Mas ainda sai mais barato do que a sua vida…
O final da frase de Samuel ficou meio vago enquanto ele olhava fixamente para a Floresta da Negação.
— Mas, pensando em todas as expedições que falharam pela metade até agora, acho que é um desperdício usar isso, pra falar a verdade. Ah, mantenha isso em segredo, tá?
— Eu entendo de onde você tá vindo. Imagino que o custo de uma expedição deva ser enorme.
— Não é só o custo, sabe? Não se esqueça do tempo investido, além de todo o esforço envolvido… se calcular tudo isso, o gasto real no final das contas é astronômico.
— …
— Nem toda expedição resulta em sucesso. Muitas vezes voltei sem nada para mostrar por toda a experiência de quase morte, e perdi a conta de quantas vezes tivemos que desistir perto do fim por falta de força.
Seol Jihu então percebeu que Samuel estava realmente ansioso naquele momento. Eles tinham chegado ao destino, mas agora tudo dependia de Ian para decidir se continuariam ou não. Se Ian dissesse que seria difícil, teriam que voltar para Haramark logo pela manhã.
— Você deveria se lembrar disso, se quiser formar sua própria expedição algum dia. Só se deve organizar uma expedição quando se tem uma margem financeira. Não é algo em que você deve apostar tudo que tem.
Samuel falou num tom amargo e voltou ao trabalho de posicionar as pedras de mana.
…Planejar uma expedição apenas se tivesse condições financeiras para sobreviver ao fracasso de uma.
Seol Jihu gravou aquelas palavras no coração.
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