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    Após a discussão com seus companheiros de equipe, Dylan decidiu escoltar Ian até o ponto de encontro.

    A Floresta da Negação ficava na fronteira mais ao sul do território humano. Também era uma área onde os territórios da humanidade, da Federação e dos Parasitas se sobrepunham.

    Portanto, talvez sem surpresa, o ponto de encontro se localizava em algum lugar no caminho de volta para Haramark. E, obviamente, eles não podiam deixar Ian retornar sozinho, já que ele não possuía qualquer habilidade de combate corpo a corpo.

    Havia o pequeno inconveniente de precisarem fazer um leve desvio, mas, de qualquer forma, uma missão de escolta ainda era uma missão, como qualquer outra. Como haviam sido prometidas compensações adequadas, os membros da Carpe Diem não reclamaram muito.

    Seol Jihu também decidiu acompanhá-los nessa viagem para escoltar Ian, justamente por esses motivos.

    Enquanto Dylan negociava com os dois carregadores, Seol Jihu foi falar com Chohong. Ela ainda tentava esfriar a cabeça, mas sua expressão amassada mostrava o quão irritada ela ainda estava. De vez em quando, ela até soltava alguns palavrões como ‘merda’, ‘porcaria’, etc, etc.

    Então, ao sentir o olhar de Seol Jihu sobre si, ela virou abruptamente a cabeça para ele e fez uma expressão chorosa.

    — Você estava planejando me perguntar algo de novo, não estava?

    — …

    — Como é possível um cara ser tão curioso sobre tudo??

    — …Tá bom, tá bom. Nunca mais vou te fazer nenhuma pergunta.

    Seol Jihu fingiu uma expressão de desânimo e se virou para ir embora. Mas, quando ele fez isso…

    — Não, pera aí!

    Chohong correu até ele e agarrou seus braços.

    — Ei, ei! Não era isso que eu queria dizer!

    — Não, eu sei. A culpa é minha por ser tão sem noção.

    — Ei, você pode ouvir até o final, pelo menos?! Sempre que você fica curioso sobre algo, você vem me perguntar! Mas, comparado a mim, o Dylan é…

    Chohong estava prestes a apontar para Dylan, mas parou no meio do gesto. Ele ainda estava ocupado negociando um novo contrato com os carregadores.

    — Bem, tem o Mestre Ian também…

    Ian estava de olhos fechados, sua expressão era de dor e contemplação profunda. E então…

    — …

    Depois de ver Hugo rolando pelo campo de grama como o idiota sem noção que era, a cabeça de Chohong caiu lentamente.

    — …Vai em frente.

    — Tudo bem. Não era tão importante assim.

    — Espera aí, você tá emburrado agora? Um homem emburrado igual uma menininha?!

    Chohong o encarou exasperada, mas Seol Jihu sorria para si mesmo.

    “Eu sabia. No fundo, ela ainda é uma grande moleca.”

    Claro, ele se certificou de que ela não percebesse seu sorriso.

    — Que diabos é essa Fortaleza Arden?

    Chohong levou a mão ao rosto devagar, como se já esperasse aquela pergunta.

    — É uma fortaleza localizada em um certo cânion, na fronteira contra os Parasitas. Ainda está em construção, eu acho.

    — Mas por que você ficou tão irritada naquela hora?

    — Bem, isso…

    Chohong pareceu um pouco incomodada.

    — Bem, é complicado.

    — Tem a ver com a rebelião?

    — Oh? Onde você ouviu falar disso?

    Ele tinha jogado aquilo no ar, torcendo para acertar, mas o rosto de Chohong se iluminou consideravelmente.

    — Tá bom, vem sentar aqui.

    Ele foi para fazer uma pergunta e acabou sendo fisgado por ela. Antes mesmo de qualquer um perceber, ela já não estava mais irritada com suas perguntas. Chohong começou a contar sua história com certo entusiasmo.

    — Lembra do que você falou antes? Sobre a guerra entre a Federação e os Parasitas estar se intensificando?

    — Sim.

    — Tá, agora pensa um pouco. Se esses dois estão ocupados tentando se destruir, qual é a razão para a gente se meter nessa briga? Quero dizer, nós somos o lado mais fraco também.

    — Eu… ah, acho que sim?

    — Isso mesmo! Não basta a gente manter a cabeça baixa e fortalecer nossas defesas? E ainda estamos construindo uma fortaleza na fronteira… o que você acha que os Parasitas vão entender com isso?

    — Eles vão entender isso como uma provocação.

    Chohong deu um tapa no próprio joelho.

    — Exatamente! É por isso que eu fiquei tipo, por que eles estão cutucando quem está quieto?! Quando a realeza anunciou esse plano, a maioria dos Altos Rankers ativos em Haramark se opôs, mas eles foram em frente mesmo assim, falando que era algo que precisava ser feito, ou alguma merda dessas!

    Chohong começou a realmente explodir em insatisfação agora.

    — Eles fizeram tudo o que quiseram, e agora querem nossa ajuda? Acham mesmo que ninguém ia atacar? Acham que a Rainha Parasita, que é hostil pra caramba, ia ficar sentada esperando a fortaleza ser terminada?! Me poupe. Um bando de idiotas. — Depois de Chohong acrescentar — É por isso que eu estou tão puta. Você também não estaria?

    Seol Jihu começou a contemplar em silêncio. Ele conseguia entender muitos pontos da reclamação dela. Se olhasse para a situação usando a analogia da Kim Hannah, de que o Paraíso era como um jogo, seria como os Terrestres sendo forçados a aceitar uma missão que não queriam fazer.

    No entanto, o Paraíso era, sem dúvida, ‘realidade’. Era necessário ouvir os dois lados da história. A família real de Haramark devia ter uma razão para querer construir a fortaleza.

    Seol Jihu ficou curioso sobre como deveria pensar a respeito da princesa chamada Teresa Hussey.

    Chohong já havia reclamado o suficiente, mas como Seol Jihu não ficou do seu lado imediatamente, ela começou a fazer beicinho.

    — Bem… eu sei. Enquanto estivermos no Paraíso, temos deveres a cumprir e tudo mais. Mas também tem um limite para ser leal, sabe. Eles querem ir pra guerra sempre que têm chance. Vivem criando problemas para a gente, e todo dia é, ‘Faça isso!’, ‘Faça aquilo!’. Você não acha que é demais?

    Só depois que Seol Jihu assentiu em silêncio é que Chohong mostrou uma expressão satisfeita.

    Um pequeno gesto, um grande impacto.

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