Chapter 42: Relembrando o Passado (4/4)

Seol e Yi Seol-Ah começaram a correr na pista.

Ele completou sua parte das voltas primeiro e esperou que ela terminasse. Ao vê-la se aproximar lentamente da linha de chegada, acenou para incentivá-la.

Ela conseguiu alcançar a linha, mas antes de cruzá-la, caiu no chão e começou a ofegar pesadamente. Ao ver isso, Seol sorriu suavemente.

— São só 30 voltas, sabia? Não imaginava que você estivesse tão fora de forma.

— Doping não é permitido!

Yi Seol-Ah protestou contra a injustiça da situação.

— Estou dizendo, isso não é doping.

Enquanto se defendia, um sorriso amargo se formou nos lábios de Seol. Ele se lembrou de quando sugeriu que ela comprasse Competência, sem sequer imaginar as condições em que ela estava vivendo.

— Como se sente depois de correr um pouco?

— É bom.

Yi Seol-Ah sorriu radiante no chão enquanto regulava a respiração. Mesmo tendo sido arrastada para ali contra a vontade, não parecia nem um pouco insatisfeita.

— Bem, então… Que tal se eu fizer você se sentir ainda melhor?

— …Hm?

Na Zona Neutra, era possível emprestar ou transferir Pontos de Sobrevivência para outra pessoa. Seol transferiu 200 pontos de sua conta para Yi Seol-Ah.

— Huh? Huh, h-huh?! 200 pontos?!

— Você completou uma missão com sucesso, certo? Deve receber sua recompensa.

Seol falou em tom de brincadeira, mas a expressão dela mostrava que estava se sentindo envergonhada e sem jeito.

— M-Mas ainda assim… Se você me der tantos pontos, então eu…

As palavras dela pegaram Seol de surpresa. Quão difícil sua vida na Zona Neutra havia sido para reagir assim por meros 200 pontos?

— O que seu irmão está fazendo agora?

— Ah, Sungjin? Ele deve estar acordando agora, eu acho.

— Nesse caso, vá tomar um bom café da manhã com ele. Com 200 pontos, vocês podem fazer uma boa refeição pelo menos uma vez.

— S-só uma vez?! Se economizarmos, acho que dá para durar uns dez dias…

— Nem pensar. Vocês vão gastar tudo de uma vez. Todos os 200 pontos.

Seol a interrompeu resolutamente.

Por um tempo, ela não disse nada. Apenas o encarou com uma expressão atordoada, como se ainda não tivesse processado o que estava acontecendo.

— Depois que terminarem de comer, venha ao meu quarto com seu irmão. Ah, e por acaso você sabe onde posso encontrar a senhorita Yun Seora?

— O-o-orabeo-nim?

Yi Seol-Ah se levantou com dificuldade do chão. Ainda parecia não saber se estava sonhando ou não.

— M-Mas, por quê?

— Hm… Digamos que é porque sou grato a você?

— A, agradecido…? Mas pelo quê? Eu… eu não fiz nada…

Seol coçou a bochecha, meio sem jeito, enquanto ela gaguejava.

— Como assim, não fez nada? Você correu comigo naquela vez, não foi?

Pensando bem, podia-se dizer que sim. Somente por correr ao lado dela, Seol percebeu o quão fraco era. Foi a partir daquele dia que se dedicou como um louco a melhorar a si mesmo. De certo modo, foi graças à intervenção de Yi Seol-Ah que ele iniciou seu regime de treinamento intenso para chegar onde estava agora.

Yi Seol-Ah ficou em silêncio por um tempo. Apenas abriu e fechou os lábios várias vezes.

— Orabeo-nim.

Ela finalmente conseguiu soltar uma palavra.

— Sim?

— Você pode… virar para o outro lado por um instante?

— Claro, mas por quê?

— Eu… quero chorar, mas é constrangedor…

Seol sorriu gentilmente. Provavelmente, essa era a forma dela expressar sua gratidão.

— Faça o que quiser.

No entanto, assim que ele se virou, ouviu um choro alto. Seu coração quase pulou da boca de susto e ele rapidamente olhou para trás, apenas para encontrar Yi Seol-Ah novamente agachada no chão, derramando lágrimas grossas de gratidão.

— Ela está mesmo chorando?!

Dessa vez, foi a vez de Seol entrar em pânico.

Depois de mandar Yi Seol-Ah de volta para casa…

Seol seguiu para o quinto andar.

Nunca tinha passado por esse andar antes. Segundo a explicação de Yi Seol-Ah, havia um salão relativamente grande ali, onde Yun Seora passava a maior parte do tempo.

Seol inicialmente pensou que, já que o lugar era chamado de salão, as instalações ali não deviam ser tão ruins, mas…

— …

…Assim que chegou, teve que revisar completamente seu pensamento.

O salão circular era, de fato, espaçoso e aberto. Mas havia apenas algumas cadeiras espalhadas. Ele nem sequer poderia chamar aquilo de salão de verdade.

Ao empurrar a porta de vidro e entrar, avistou uma figura feminina deitada silenciosamente no canto mais distante da sala. Ela usava um capuz sobre a cabeça e estava encolhida.

Seol ouviu um som de tosse. Era áspero e seco. Ele pousou a palma no chão e sentiu um arrepio percorrer seu corpo ao perceber o frio que emanava da superfície dura.

“Está realmente frio aqui.”

Ela devia estar em um sono profundo; Seol caminhou até ela com passos altos o suficiente para serem ouvidos, mas ela não mostrou nenhum sinal de reação.

Zzzz.

Ouvindo sua respiração fraca e quase imperceptível, Seol olhou para seu rosto e ficou completamente sem palavras.

A aparência de Yun Seora também havia mudado bastante desde o fim do Tutorial. Mas, infelizmente, foi para pior.

Seus antes pálidos e suaves traços agora estavam amarelados e fundos. Seu pulso exposto era tão fino que ele quase pensou estar vendo apenas ossos. Parecia uma boneca quebrada.

— …Senhorita Yun Seora?

Seol chamou seu nome e colocou a mão sobre seu ombro. O corpo dela tremeu levemente.

— Senhorita Yun Seora.

E quando ele a sacudiu gentilmente…

— …Ah-ahck!

De repente, ela inalou com força; como se estivesse tendo um pesadelo, um grito contido escapou de seus lábios, e ela rapidamente cobriu o rosto com a mão esquerda. Encolheu-se ainda mais e começou a tremer como uma folha.

— O quê…?

Ela parecia uma criança abusada tentando evitar mais golpes. Seol deu um passo para trás, atordoado.

— Você está bem?

— Euh… Euhah…!

— Senhorita Yun Seora!!

— Uh, uhm?

De repente, ela ergueu a cabeça. Um par de olhos turvos e sem brilho encarou Seol.

— Huuua…

Ela soltou um gemido doloroso, e seus olhos se fecharam lentamente novamente. Seu corpo inteiro tombou. Quando ele a chamou mais uma vez, ela não respondeu.

“Ela desmaiou?”

Seu estado parecia demasiado precário para que fosse apenas um desmaio.

Seol rapidamente a pegou nos braços. Ele usou apenas os braços, mas quase não sentiu peso algum.

Deixando o salão do quinto andar, Seol foi imediatamente para seu quarto no décimo andar. Pensou que, como seu quarto restaurava a resistência rapidamente, apenas estar ali poderia ajudá-la a recuperar a consciência.

Depois de deitá-la cuidadosamente na cama, Seol foi tomado por um sentimento de impotência.

Embora a tivesse trazido para cá, não havia percebido o quão grave era seu estado. Talvez aquele superior que pedira o favor a Kim Hannah também tivesse percebido que Yun Seora estava à beira do colapso.

“Primeiro, vamos confirmar o estado dela.”

Seol ativou seus Nove Olhos.

— …Mas que diabos?

A expressão de Seol se fechou em um franzido profundo.

O estado de Yun Seora, confirmado através de sua Janela de Status, estava terrível.