Capítulo 334 – Rugido

Nos seis dias seguintes da jornada, a sorte da equipe Lawland parecia ter melhorado consideravelmente. Carrie os conduziu de volta à rota original, o que os ajudou a evitar o encontro com várias feras espirituais intermediárias de rocha.

Carrie, segurando seu mapa, anunciou com voz firme: “Estamos a dois ou três dias do nosso destino, equipe! Falta pouco!”

Essa notícia agradou a todos. Com 30 corvos patrulhando o céu, um mapa detalhado à disposição e lobos selvagens como meio de transporte, a equipe Lawland avançava rapidamente pela Floresta Lua Dupla.

Havia dois soulspeakers no grupo, e Abel era um deles. Seu talento era tão excepcional que, com ele presente, a equipe nunca correria o risco de cair em uma armadilha. Mesmo assim, conforme se aproximavam do destino, Carrie sentia uma crescente ansiedade sobre o que os aguardava.

Ela já havia confirmado com Lady Jenny: o Vale Lila, seu destino, estava tomado por uma fera espiritual extremamente poderosa. Não sabiam ao certo a força dela, mas parecia ser o suficiente para ter expulsado todas as outras feras do local.

Abel também olhou para o mapa. A equipe estava atualmente ao norte da Floresta Lua Dupla. À medida que avançavam, o caminho começava a se estreitar. Ao oeste, ficava a região das Terras Divididas (dominada pelos anões) e ao nordeste, as Montanhas Profundas, (que cercavam o Vale dos Dragões). A geografia da região estava dividindo a floresta, separando-a entre o sul e o norte.

A área era difícil de descrever. Embora fosse uma floresta, tinha características de um vale rochoso, como o Vale de Lila, sem árvores visíveis. Ao mesmo tempo, podia-se ver grandes lagos e vastas pastagens. De fato, com árvores ao norte e ao sul, parecia que a Floresta da Lua Dupla se estendia até aquele lugar, quase como se tivesse dado origem a ele.

De repente, um grande rugido veio do norte. A ponto de, ao atingir a fonte, os corvos que sobrevoavam a equipe caírem ao chão.

Os cinco lobos selvagens que carregavam as elfas pararam de se mover. Começaram a se agachar no chão, permanecendo completamente imóveis. A floresta ficou em silêncio absoluto. Todos os insetos, aves, bestas e outros seres vivos cessaram qualquer movimento.

Quando Abel ouviu aquele rugido terrível, sentiu uma onda poderosa de pressão imponente vindo em sua direção. No entanto, ele estava bem. Sua alma já estava fortalecida a ponto de suportar algo assim.

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“Meu Deus! Isso é um dragão!” Carrie exclamou suavemente. Ela era a única que ainda conseguia falar no momento. As outras elfas estavam tão pálidas que não conseguiam reagir.

Abel percebeu algo estranho com a videira venenosa que estava abaixo do solo. Depois de ouvir o rugido do dragão, ela parou de se mover. Além disso, os cinco corvos que Abel possuía estavam totalmente imóveis no chão. Corvos eram conhecidos por serem as aves mais inteligentes, mas agora estavam apenas implorando por ajuda, tomados pelo medo.

Pelo menos Vento Negro ainda estava bem. Continuava em pé, o que era esperado de uma besta espiritual de alto nível. O mesmo se aplicava a Nuvem Branca. Embora fosse o animal mais fraco que Abel possuía, quando ele tentou se comunicar com ela por meio da corrente da alma, a ave ignorou o rugido do dragão à distância.

Abel perguntou, quando o som do rugido diminuiu: “Isso foi de um dragão gigante, Carrie?”

“Não,” Carrie respondeu, com um olhar sombrio voltado para o céu distante, “É um pseudo-dragão. Mas não sei de qual tipo.”

Os dragões gigantes eram os mais poderosos da sua espécie. Como predadores de topo do ecossistema (do mundo), não tinham inimigos naturais no Continente Sagrado. Eram imunes à maioria dos feitiços e ataques físicos. Sua expectativa de vida era extremamente longa. Eram basicamente invencíveis. Nada podia enfrentar um dragão gigante. Se houvesse algo, seria outro dragão gigante.

Assim como os humanos, elfos, orcs e anões, os dragões gigantes eram seres inteligentes. No entanto, devido ao seu poder, eles raramente interagiam com outras raças. Os elfos ajudaram a facilitar isso. Ao protegerem a Floresta da Lua Dupla, também protegiam o vale dos dragões, evitando que fosse perturbada.

Embora os pseudo-dragões não fossem as criaturas mais poderosas, eram os mais numerosos entre os dragões. Embora tecnicamente fossem bestas, os pseudo-dragões eram parentes próximos dos dragões gigantes. Curiosamente, não eram seres inteligentes por natureza, mas alguns dos mais amadurecidos possuíam inteligência.

Ninguém sabia que tipo de pseudo-dragão era aquele. Tudo o que se sabia era que ele era extremamente poderoso, tanto que as criaturas invocadas simplesmente desistiram até de tentar fugir.

“Como você ainda está bem, Abel?” Carrie percebeu de repente. Abel não respondeu, porém. Ele não sabia como explicar o que era uma “transformação da alma” para ela.

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Como Abel não respondeu, Carrie decidiu não insistir muito por uma explicação. Neste momento, sua atenção estava voltada para os membros da equipe. Embora druidas iniciantes não devessem ficar tão aterrorizados com o rugido de um pseudo-dragão, as elfas eram muito jovens. Elas não sabiam como reagir, exceto da forma como o fizeram.

Carrie de repente ficou sem ideias. Ela queria chegar ao destino, mas havia um pseudo-dragão ali; não sabia o que fazer agora. Poderia enviar alguém para fazer uma investigação. Assim, saberia se o pseudo-dragão estava realmente dentro da Floresta da Lua Dupla.

Se o pseudo-dragão estivesse na Floresta da Lua Dupla, haveria um grande problema. Não era apenas o fato de que a equipe teria que cancelar a missão, mas também precisariam retornar à Cidade Angstrom para relatar ao Grã-Duquesa Edwina. Algo assim destruiria tudo. O ecossistema. A economia da cidade. Tudo.

Uma coisa era certa: os espíritos elementais de rocha haviam sido expulsos pelo pseudo-dragão, o que significava que Carrie precisaria ser cautelosa em sua investigação.

Após dar uma olhada rápida em sua equipe, Carrie decidiu que a única pessoa em quem poderia confiar era Abel. Quanto aos outros, teriam sorte se conseguissem sobreviver na presença de um pseudo-dragão. A maioria das elfas ali eram druidas invocadoras. Se o pseudo-dragão fosse capaz de imobilizar suas criaturas invocadas com seu rugido, elas basicamente não teriam meios de se proteger.

“Você poderia me ajudar com algo, Bennett?” Carrie perguntou a Abel.

“Ah, claro, seria um prazer!” Abel ficou um pouco surpreso com a polidez de Carrie.

Carrie apontou para os outros membros e disse: “Obrigada. Preciso que você fique aqui e cuide dos outros membros.”

“Aonde você vai?” Abel levantou uma sobrancelha.

“Tem um pseudo-dragão à frente. Não sei se ele vai ficar por aqui ou apenas passar, então preciso ir verificar pessoalmente. As outras meninas não conseguem suportar o rugido do dragão e não têm como se proteger agora, por isso preciso que você as ajude a se manterem seguras. Entendeu?”

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Abel entendeu a intenção de Carrie, mas ainda estava inseguro quanto à abordagem dela: “Não podemos simplesmente contorná-lo? Na verdade, Carrie, acho que seu lobo-direção não é o melhor para uma missão de reconhecimento. Com todo respeito, olhe para ele! Não vai conseguir fugir se topar com um pseudo-dragão!”

Você não está entendendo, Bennett,” Carrie disse, com um tom de frustração. “O caminho à frente é a principal rota de transporte dos elfos. Não podemos simplesmente contorná-la! E o mais importante, é por lá que os elfos transportam a maior parte dos seus recursos todos os anos!”

“Ah não…” Carrie começou a esfregar a testa com as pontas dos dedos. “Falta apenas um mês para começarmos a importar e exportar mais recursos! Se aquele monstro não se mover, vamos enfrentar grandes problemas. Isso é tudo o que eu posso dizer.”

Os elfos eram conhecidos por sua riqueza, mas mesmo eles não conseguiam transportar milhões de toneladas de mercadorias entre diferentes cidades para o comércio. O custo energético seria imensurável, e a principal forma de sustentar o comércio era através de grandes números de carroças de carga.

Se o caminho estreito à frente fosse realmente bloqueado pelo pseudo-dragão, seria uma perda catastrófica para os elfos. Aqueles que não soubessem da situação poderiam seguir para lá, e, uma vez que isso acontecesse, só restaria tragédia.

Havia duas opções: a equipe poderia enviar relatórios para os superiores dos elfos, ou poderiam tentar remover a ameaça à frente, seja matando o pseudo-dragão ou expulsando-o da área.