Capítulo 437 - Lucro Insano
Quando Abel viu os pontos transferidos, seus olhos brilharam, não por ganância, mas porque havia 80.000 pontos.
Ele pensou que levaria muito tempo para acumular mais de 200.000 pontos, então não esperava que, em apenas 20 dias, já tivesse um pouco mais da metade. Faltavam só cerca de dois meses para reunir todos os pontos de que precisava.
Nos últimos seis dias, havia ganho apenas 3.200 pontos. Então, por que houve essa súbita explosão de vendas? Aqueles métodos de ganhar pontos eram muito mais rápidos do que roubo; em poucos dias, Abel já tinha recuperado os pontos usados para comprar a torre mágica e o círculo de teletransporte.
“Você consegue ganhar pontos tão rápido só abrindo um restaurante?” Abel murmurou, surpreso.
Ultimamente, ele não tinha descansado. Durante o dia, praticava suas habilidades no pátio, e à noite voltava ao Mundo Sombrio para continuar no labirinto da prisão. Já havia rompido com sucesso os dois primeiros andares e estava limpando o terceiro.
Com toda sua energia voltada ao aperfeiçoamento de suas habilidades. Estava tão focado que esquecia de tudo, menos de si mesmo, e deixou os assuntos do Recanto Esquecido nas mãos de Bartoli. Desde o último relatório dela, não voltara a visitar o lugar.
“Mestre, a combinação das suas deliciosas receitas, com a utilização da ‘essência de coelho’ nos trouxe muitos lucros”, explicou Bartoli.
“E, claro, os magos têm lotado o restaurante nos últimos dias porque três deles avançaram aqui recentemente. Se continuar assim, a renda só vai crescer com o tempo!”, completou ela com um sorriso.
“Bartoli, já que ganhamos tanto, precisamos pagar todos os impostos conforme as leis da Cidade de Liante. Não deixe que ninguém encontre falhas em você!” alertou Abel.
Sua primeira reação ao descobrir que o Recanto Esquecido estava lucrando tanto foi pensar que os outros ficariam com inveja. Precisava minimizar esse risco.
“Meu senhor, fique tranquilo. O restaurante segue um sistema de impostos fixos. Pela dimensão do Recanto Esquecido, só precisamos entregar 200 pontos por mês”, respondeu Bartoli.
Embora Bartoli não soubesse muito sobre o sistema de impostos da cidade, o gerente Mahler era muito experiente e a orientou a pagar assim que perceberam o enorme aumento de lucros. O imposto daquele mês já estava quitado.
“Apenas 200 pontos!” Abel ficou quase sem palavras diante do sistema de impostos. O lugar não estava aberto nem havia um mês e sua loja já rendia 80.000 pontos, enquanto o imposto era de apenas 200. Absurdo.
“Meu senhor, segundo o gerente Mahler, o antigo dono da loja, Johnny, lucrava pouco mais de 200 pontos por mês. Depois de descontar os impostos, já não conseguia pagar nem os funcionários. Foi por isso que a loja foi vendida para nós”, explicou Bartoli.
“Você precisa administrar bem a ‘essência de coelho’ nesses dias. Nesse ritmo, alguns podem ter más intenções. De qualquer forma, a essência não pode ser exposta!” ordenou Abel.
“Fique tranquilo. Eu mesma guardo a essência e só deixo na cozinha um pouco da água misturada diariamente, quantidade suficiente para um único dia. Mesmo que alguém conseguisse a essência diluída, ela não teria grande efeito”, respondeu Bartoli com confiança, dando um leve tapinha na bolsa espacial presa ao corpo.
À medida que suas memórias retornavam, seus antigos talentos de gestão também voltavam. Ela, que já havia administrado diversos negócios como condessa, considerava a administração de um restaurante algo simples de lidar.
“Este é um pequeno conjunto de círculos mágicos defensivos. Pegue e instale na cozinha. Assim, ela ficará protegida por um tempo até que cheguem reforços. E, se algo acontecer, os funcionários podem se abrigar dentro dele!” Abel retirou o conjunto e o entregou a Bartoli.
“Sim, mestre! O senhor é muito atencioso.!” Bartoli se curvou e recebeu o círculo defensivo.
….
Enquanto isso, na Guilda dos Magos, os quatro magos de elite da Cidade de Liante estavam reunidos diante de um relatório da Divisão de Inteligência.
Eram eles: Mago de Elite Lorenzo, Mago de Elite Nigel, Mago de Elite Allenby e Mago de Elite Eddington. Todos no nível 17, representavam a mais poderosa força de combate do mundo humano no Continente Sagrado.
Claro, a cidade ainda era administrada pelos reinos de St. Ellis, St. Pierrt e St. Anwall, mas isso se limitava a questões de subsistência e arrecadação de impostos.
O verdadeiro poder estava nas mãos dos magos de elite, que controlavam o círculo defensivo que envolvia toda Liante. Ainda assim, sua autoridade tinha limites, pois o Espírito da Cidade, com sua imensa capacidade de análise, garantia que se supervisionassem mutuamente.
Cada um deles pertencia a uma facção diferente da Guilda, mantendo o delicado equilíbrio de forças da cidade. Apesar de todo o poder, também precisavam seguir as regras da Guilda e conquistar pontos com esforço próprio.
Liante podia ser considerada o centro da humanidade, mas apenas dentro do Continente Sagrado.
“Temos aqui informações confirmadas pelo serviço de inteligência”, disse Lorenzo, responsável pela Divisão de Inteligência, abrindo a discussão.
Os outros três olharam para o relatório sobre a mesa, mas nenhum se apressou em tocá-lo. Todos já haviam ouvido falar, de várias fontes, sobre o restaurante chamado Recanto Esquecido. Aquele lugar estava faturando pontos como louco em Liante, milhares por dia, o que lhes causavam inveja.
Por isso estavam ali. Os quatro acreditavam que, se se unissem, poderiam comprar o restaurante e transformá-lo em sua própria máquina de fazer dinheiro.
“O Recanto Esquecido foi comprado do antigo dono, Johnny, há vinte dias. Toda a documentação e até os cinco funcionários foram transferidos junto”, começou Lorenzo, com um tom bem diferente do de ontem.
“Desde a abertura, houve três casos de avanço de magos. O primeiro foi o Mago Milo, que, ao comer um prato chamado ovos no vapor, no terceiro dia de funcionamento, manifestou uma aura de avanço. Com a ajuda do Mestre Abel, conseguiu avançar com sucesso.”
Depois de uma breve pausa, continuou:
“O segundo foi o Mago Menard, que também pediu ovos no vapor. Bastou uma mordida para despertar a aura de avanço e, graças ao círculo mágico preparado por um companheiro, conseguiu avançar.
O terceiro foi o Mago Acheson, que pediu sopa de costela e avançou diretamente de mago de décimo nível para mago intermediário, com o auxílio do círculo de concentração de mana preparado pela Maga Intermediária Bartoli.”
Ao ouvir isso, os olhos dos outros três se iluminaram. Então Nigel perguntou:
“Lorenzo, a agência de inteligência confirmou tudo isso?”
“Sim. Cada informação foi confirmada, já que sempre havia vários magos presentes durante os avanços. A autenticidade não deixou dúvidas”, respondeu Lorenzo com um aceno.
“Deixemos de lado o que já sabemos. O que quero é entender quem está por trás dessa loja e em mãos de quem ela está agora”, disse Allenby, fazendo um gesto impaciente. Para ele, nada importava além do fato de que o restaurante atraía clientes e acumulava pontos.
“O dono do Recanto Esquecido é a Senhora Bartoli, uma maga intermediária”, revelou Lorenzo com um leve sorriso.
“Então o que estamos esperando? Vamos procurá-la e oferecer pontos pela compra. Uma maga intermediária não tem como manter um negócio tão lucrativo sozinha!”, exclamou Allenby, já animado.
“Mas essa Senhora Bartoli é a administradora do Mestre Abel, e não há dúvidas quanto a isso. Essa maga intermediária está ao lado dele”, completou Lorenzo, com o tom ficando mais pesado ao mencionar o nome de Abel.
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