Capítulo 447 - Reabertura
“O Recanto Esquecido voltará a funcionar!”
A voz, reforçada por qi de combate, ecoou pela corte. Havia centenas de magos e incontáveis espectadores anônimos no local, mas o anúncio foi ouvido claramente por todos.
A reação foi imediata. Assim que a mensagem chegou aos ouvidos dos magos, parecia que um alarme havia disparado. Eles se viraram ao mesmo tempo e dispararam em direção ao Recanto Esquecido. Alguns magos intermediários, capazes de se mover num piscar de olhos, avançaram, deixando os iniciantes ainda mais desesperados.
As vagas no restaurante eram limitadas. Quem chegasse tarde teria que esperar na fila… assistindo os outros comerem primeiro.
Em instantes, os milhares de guardas e toda a multidão ao redor foram praticamente abandonados pelos magos. Era como se todos tivessem sumido.
“Podem se retirar!”, disse um dos guardas, já sem saber o que fazer. O organizador principal tinha ido embora há muito tempo, por que eles ainda estavam ali?
Logo a corte voltou ao fluxo normal, e o Mago Arche soltou um longo suspiro de alívio. Nada tinha saído do controle. Seu cargo estava salvo.
No Recanto Esquecido, O primeiro grupo de Magos Intermediários entrou às pressas, falando alto e cheios de animação… mas o som morreu assim que perceberam que já havia quatro magos sentados lá dentro. Os quatro Magos de Elite.
As pernas dos que haviam acabado de entrar ficaram bambas. Aqueles quatro eram as pessoas mais poderosas de toda a Cidade Liante. E tudo aquilo só aconteceu graças ao Mago de Elite Lorenzo, que percebeu que seus colegas cedo ou tarde descobririam os benefícios da comida de Abel, então preferiu ser ele mesmo a apresentá-los.
Lorenzo tinha avisado os outros três sobre sua descoberta, por isso todos estavam ali.
“Mago Lorenzo, eu nunca imaginei que a comida daqui pudesse me trazer uma experiência tão iluminadora. Muito obrigado por nos avisar!”, disse o Mago de Elite Nigel, sorrindo após despertar de seu estado de iluminação.
“Mago Lorenzo, o Grande Mestre Abel também deve ser um grande mestre na culinária. Já viajei por todo o Continente Sagrado e… isso aqui é, de longe, a melhor coisa que já comi. A iluminação foi só a cereja do bolo!”, elogiou o Mago de Elite Allenby, igualmente impressionado.
“Seja como for, precisamos vir aqui sempre. Como vamos viver sem esses sabores incríveis?” comentou o Mago de Elite Edington, colocando mais um pedaço de porco agridoce na boca.
Lorenzo permaneceu quieto, apenas sorrindo. Ele já tinha provado pessoalmente um prato preparado por Bartoli, e comparado àquilo, a comida do restaurante ainda ficava um pouco atrás em sabor e textura, e por isso sua iluminação também não tinha sido tão intensa.
Mesmo assim, era um nível de culinária extraordinário. Nada no mundo se comparava… exceto os pratos que Bartoli, maga intermediária, cozinhava com as próprias mãos.
Naturalmente, os quatro Magos de Elite não dividiram os pratos entre si. Cada um pediu o conjunto completo das cinco iguarias da casa. Eram 500 pontos de crédito por pessoa, um valor alto, mas completamente insignificante diante da iluminação que haviam recebido.
Com o tempo, mais magos foram entrando. Antes animados, ficaram silenciosos ao notar quem estava ali. Até os aprendizes que não conheciam os quatro Magos de Elite se calaram ao sentir a atmosfera.
“Vamos indo. Assim não atrapalhamos a refeição dos outros”, disse Lorenzo aos colegas, sorrindo. Eles já tinham comido o suficiente.
“Vamos!”
Quando os quatro Magos de Elite saíram, a conversa começou a voltar aos poucos. Ainda assim, o volume era muito menor do que o normal. A simples presença deles tinha elevado o prestígio do restaurante a outro nível.
Foi só então que o gerente Mahler, ouvindo os comentários dos magos intermediários, percebeu quem eram aqueles quatro visitantes tão tranquilos. As lendas vivas da cidade.
Ele soube, naquele instante, que tinha escolhido o emprego certo. A partir daquele momento, todos os magos passaram a tratá-lo com muito mais respeito. Os olhares eram amigáveis; as atitudes também eram cordiais.
A cada garfada, os magos fechavam os olhos para saborear melhor, e por isso levavam muito mais tempo para terminar seus pratos.
Não estavam tentando ocupar as mesas de propósito. Apenas tentavam imitar a expressão dos Magos de Elite, achando que aquilo talvez intensificasse os efeitos. Mas essa era apenas a maneira natural de como os Magos de Elite apreciavam a comida.
“Gerente Mahler, quando o Recanto Esquecido vai expandir? Esse lugar é pequeno demais”, perguntou um mago da fila, um pouco acima do peso e incapaz de correr tão rápido quanto os outros.
Além disso, os clientes estavam comendo devagar demais. Entre uma garfada e outra, pausavam tanto que os pratos já tinham esfriado.
Enquanto isso, quem aguardava na fila sofria sendo seduzido pelo aroma no ar.
“Fique tranquilo, senhor. Avisarei o dono imediatamente!”, respondeu Mahler, suando frio. Qualquer um daqueles magos seria capaz de acabar com ele num piscar de olhos, todos ali eram como bombas prestes a explodir.
Enquanto o restaurante fervilhava, Abel e Bartoli estavam indo conhecer a mansão que o Reino de St. Pierrt havia concedido a ele. Era uma propriedade luxuosa de 1.500 metros quadrados, localizada na Rua Fulu.
Não chegava nem perto das mansões de outras cidades, mas naquela região densamente povoada, era enorme.
Desde a fundação de Liante, havia uma lei que limitava todas as mansões a, no máximo, 1.500 metros quadrados. Não importava o prestígio, ninguém podia ultrapassar esse limite.
A Rua Fulu inteira era pavimentada com cristal d’água de altíssima qualidade, o que tornava o valor absurdo por si só.
Dos dois lados da rua, árvores centenárias espalhavam sombra com suas copas largas. Entre elas, erguiam-se postes de luz feitos de prata pura, brilhando com um tom dourado. Mesmo apagados durante o dia, a combinação das árvores antigas e dos postes delicados transmitia uma sensação inevitável de luxo.
A mansão de Abel era a décima da rua, e a mais chamativa. Maior que todas as outras, podia ser vista de longe.
Na frente, havia um amplo gramado. No centro, uma fonte adornada com a estátua de um deus guerreiro humano erguido em direção ao céu sobre sua carruagem.
Um caminho de pedra atravessava o gramado, ligando a Rua Fulu à fonte, e da fonte à entrada da mansão.
A mistura de verde e branco trazia paz ao coração de qualquer visitante.
Era um lugar tranquilo, exatamente o tipo de ambiente que o Mago Arche havia escolhido para Abel depois de considerar sua idade.
Enquanto a maioria das mansões era construída com pedras escuras, aquela usava tons claros, mais adequados a alguém jovem. Arche realmente tinha se esforçado para encontrar o local ideal.
Quando um mordomo de meia-idade, vestido com um uniforme preto impecável, viu Abel se aproximando em sua montaria, correu até ele e fez uma reverência.
“Mestre Abel, seja bem-vindo. Sou Edwon, o mordomo responsável por esta mansão.”
Mansões como aquela sempre vinham com um mordomo e alguns servos. Edwon era o responsável de maior autoridade, mas não era um mordomo nobre, apenas o encarregado da casa.
Por isso, Abel poderia ignorá-lo completamente e trazer sua própria equipe, se quisesse.

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