Índice de Capítulo

    Entre árvores grossas de galhos largos, está Byron de pé em sua forma poderosa. Na mão esquerda, ele empunha sua espada com a ponta abaixada. 

    Não há ninguém ao seu redor, mas ele permanece atento, segurando a arma com firmeza. 

    De repente, um estalo seco ecoa próximo, chamando sua atenção.

    Está aqui, ele conclui. 

    Metros à frente, ele vê surgir entre a vegetação, uma garra-branca alta e de pernas fortes correndo em sua direção. 

    Naquele ambiente de vegetação densa, a penugem espessa e clara, que vai do pescoço à cauda, é destacada pela luz que passa pelas copas.

    Os passos firmes e ritmados da ave quase não causam barulho ao impacto, fazendo com que a maior parte do ruído causado pela movimentação pesada sejam os estalos das folhas e dos galhos secos rompendo sob suas patas.

    Vai começar, pensa o demônio, preparando-se para a batalha. 

    A garra-branca se aproxima, abre o bico longo e solta um crocitar agudo e ensurdecedor.

    O som chega aos ouvidos do Byron, fazendo-o franzir a sobrancelha e rosnar incomodado, sentindo aquele barulho estridente reverberar por todo seu corpo.

    A ave usa de seu impulso e pula com as garras afiadas em direção ao demônio. 

    Byron interpõe a espada na frente, usando a lâmina para defender-se do ataque. 

    Tudo o que as garras tocam é o metal frio da arma do demônio, que se prende à lâmina com uma pinça. 

    Com um movimento das pernas, a garra-branca volta ao chão e Byron já avança contra ela.

    Com um bater de asas e um salto, o demônio brande a espada contra a ave em um movimento longo pela lateral.

    Sem velocidade para desviar ou força para resistir ao golpe, a garra-branca leva o corte em cheio. Um pedaço de sua curta asa cai e uma fenda se abre no tórax.

    A criatura crocita novamente, mas dessa vez é menos feroz e exala a dor de um animal ferido. Ao invés de contra-atacar, ela começa a recuar mata adentro, deixando uma trilha vermelha para trás.

    Byron, impiedoso como um carrasco, abre suas asas membranosas e vai atrás. Enquanto no ar, ergue a espada ao aproximar-se de sua presa ferida, preparando-se para o golpe final.

    Sentindo a movimentação do demônio perseguindo-a, a garra-branca olha para trás, apenas para ver o ataque do demônio. 

    Byron gira o braço, e a lâmina desce como uma guilhotina. Não atravessa o corpo por completo, mas crava-se fundo, abrindo-o quase até o meio, causando um ferimento letal o bastante para fazer o animal cair imediatamente, com os músculos tremendo em seus últimos espasmos.

    O demônio aterrissa ao lado, com os lábios curvados em um sorriso orgulhoso e sombrio. 

    Não foi tão difícil, ele pensa.

    Mas, de repente, enquanto Byron encara a ave abatida, outro grito, estridente como um alarme, irrompe da mata e atinge os ouvidos de Byron como uma martelada.

    O ruído instantaneamente toma conta de seus pensamentos, um sinal alarmante que é impossível de ignorar, fazendo até mesmo seus ossos vibrarem. 

    Atormentado, Byron vacila momentaneamente, seus olhos se fecham e seus dentes cerram uns contra os outros, ao mesmo tempo em que leva a mão ao rosto, tentando se recompor.

    “Criaturas irritantes!”, ele resmunga.

    Uma segunda garra-branca vem correndo da mata, pronta para atacar o demônio atordoado. 

    Antes de alcançá-lo, uma flecha alaranjada e translúcida, vinda de algum ponto oculto da floresta, corta a mata e atinge a coxa da ave.

    O projétil atravessa as penas e a carne. A criatura penosa perde completamente o equilíbrio, tropeça e cai rolando no chão.

    Nesse tempo, Byron recupera os sentidos e avista o animal caindo próximo a ele.

    A garra-branca, confusa com o mundo girando ao seu redor, balança a cabeça, livrando-se da poeira. Ela ouve o barulho de algo pesado aproximando-se, mas, antes de se dar conta do que acontece, Byron crava a ponta da espada na cabeça dela, finalizando-a como um espeto trespassando carne sobre o fogo.

    Ele limpa a espada abanando-a para o lado, fazendo o sangue acumulado respingar, calmo, mas seus olhos ainda varrem a floresta em silêncio, buscando o próximo alvo, mas tudo o que escuta é o sussurro da mata, movendo-se ao ritmo do vento.

    Sem sentir a presença de nenhum outro inimigo, Byron, enfim, relaxa a postura.

    Alguns segundos depois, Rubi surge por detrás das árvores, trazendo em mãos seu arco dourado.

    “Você está legal?”, ela pergunta. 

    Byron, antes de responder, finca a espada no chão. Chamas cobrem seu corpo e ele retorna à sua forma humanoide, com roupas negras elegantes. “Estou sim. Apenas com os ouvidos latejando”, ele responde, limpando a orelha esquerda com o dedo. 

    Rubi corre o olhar pelas garras-brancas mortas ao chão. Fixando a atenção nos ferimentos da primeira ave morta, percebendo os cortes lisos na carne. 

    Os ataques dele foram bons e ele até conseguiu aparar um golpe, ela constata. A magia realmente deu certo. 

    “Você se saiu muito bem”, elogia a diaba, com um sorriso. 

    Ela balança o arco, como se fosse uma espada, imitando os movimentos do demônio. “E, ao final, a ave caiu para o grande espadachim”, Rubi narra, brandindo sua arma como em um conto épico. 

    “Sou grato pelo elogio”, diz ele, inclinando levemente a cabeça. “Mas poderiam ter sido duas aves. Ainda vejo muita margem para progresso.” Sua voz carrega um peso grave, quase resignado.

    Rubi deixa escapar um meio sorriso hesitante. Ele não vai ficar encucado com isso, vai?, ela se pergunta. Foi o primeiro combate dele. E também, ele não lutou com tudo.

    “Não precisa se cobrar tanto”, diz ela, com o tom mais suave, tentando aliviar a tensão. “Achei estranho você não usar sua aura. Com ela, aposto que já poderia caçar um grupo desses bichos sozinho.”

    “Optei por entender primeiro como é lutar com essa arma antes de recorrer às minhas outras habilidades.”

    “Tem certeza?”

    O demônio encara a arma de cima a baixo. “Pelo menos inicialmente, quero sentir o real peso e propósito dessa lâmina”, responde ele, firme, porém soltando um suspiro cansado. “Mas já me daria por satisfeito se essas criaturas não gritassem como malditos sinos rachados a cada vez que nos vissem.”

    “É difícil ignorá-los mesmo. Mas não pensei que eles pudessem te afetar assim”, Rubi comenta, surpresa. “Até achei que os gritos dessas garras-brancas foram mais fracos do que aquelas que enfrentamos no caminho até a capital.”

    “Sinceramente, não vi diferença entre elas até agora. Mas se tivesse que dizer algo, diria que, aos meus ouvidos, elas soam cada vez mais irritantes a cada encontro.”

    Rubi fica momentaneamente pensativa, voltando a olhar para os corpos no chão. Presumi que esse grito fosse só uma habilidade natural, mas considerando como ele atrapalhou até o Byron, talvez ele esteja mais próximo de uma habilidade mágica do que só um piado alto, ela analisa, com a dúvida pairando sobre suas ideias. E essas coisas ainda não são totalmente afetadas pelo charme.

    “Acho que não tem como tudo ser perfeito”, diz Rubi, em aceitação. “Mesmo com esses detalhezinhos chatos, elas ainda são os melhores bonecos de treinamento que podemos achar por aqui.”

    Byron saca sua espada do chão e a repousa sobre o ombro. “Me manterei mais focado daqui em diante”, ele afirma. “Diga-me, avistou mais alguma garra-branca pela região?”

    Rubi aponta para o leste. “Deve ter mais alguma por aquele lado”, ela responde. “Mas ainda é um pouco afastado daqui, então não há com o que…”

    Antes da succubus terminar a frase, Byron é envolto em chamas e volta a assumir sua grande forma demoníaca.  

    Rubi reage surpresa. “Hein?”, ela questiona, mas sua pergunta perde-se no vento.

    Com um poderoso bater de asas, o demônio voa na direção indicada, deixando-a para trás.

    Rubi o observa sumindo entre as árvores, incrédula. Acho que não foi isso que eu quis dizer com ir na frente, ela pensa, sentindo-se subitamente abandonada.


    Habilidade de Raça: [Sonho Doce](Sweet Dream)

    Requerimentos: Demônio, Succubus, Nível 30  

    Com o tempo de conjuração de um Feitiço Padrão, você pode mergulhar um alvo em uma ilusão profunda e prazerosa.

    Você escolhe um alvo humanoide dentro de 18 metros que possa ver. Uma onda de letargia o afeta por 10 segundos, reduzindo sua Velocidade de Movimento e a Resistência Mágica com base no seu atributo de Carisma(Até 30% de redução).

    Ao final da letargia, há uma chance do alvo ficar encantado em uma ilusão mental, como se dormisse acordado. Caso aconteça, o alvo fica em transe, incapacitado e mantém a redução de Resistência Mágica até se livrar desse efeito.

    As chances de encantamento aumentam com base no seu atributo de Carisma e diminuem de acordo com o atributo de Mente do alvo. Se o alvo estiver em combate ou for hostil a você, as chances de sucesso são reduzidas.

    A habilidade falha automaticamente se o alvo já estiver encantado por outra criatura.

    Se o alvo perder até 10% da vida máxima de uma só vez, faz uma nova checagem para continuar em transe. Caso ele sofra mais dano que isso ou for afetado por outro efeito mágico hostil, ele desperta imediatamente.

    Em combate, a duração máxima do efeito é de 1 minuto. Fora de combate, o alvo permanece encantado na ilusão até ser despertado por alguém ou até que o efeito seja removido por meios externos.

    Alguém que saía do efeito do Sonho Doce fica imune a essa habilidade por uma hora.

    Durante os primeiros 10 segundos de usos dessa habilidade, ela é classificada como um feitiço do tipo Encanto.

    Tempo de Recarga: 2 minutos

    Usuários conhecidos: Rubi, Camélia.

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