Capítulo 122 - A marca da ganância
A diaba suspira. “O que você precisa que eu retire?”, ela pergunta.
“A camisa e o casaco”, Byron responde.
“Só isso?”, questiona Rubi.
“Sim. A maior parte das marcas normalmente aparece na região do tronco, entre o pescoço e as pernas.”
“Então vai ser rápido confirmar”, afirma Rubi com ânimo.
A diaba começa a levar as mãos até o casaco nos ombros e, quase ao mesmo tempo, Yrah se levanta de seu colo.
“Quer um pouco de espaço?”, ela oferece.
“Seria bom.”
A raposa salta do colo de Rubi e caminha até a base do galho, onde se senta voltada para a diaba.
A succubus desprende e retira o casaco dos ombros, colocando-o mais atrás no galho, acima de algumas folhas.
Depois, Rubi retira suas luvas brancas, uma de cada vez. Antes de continuar, ela confere rapidamente cada mão.
É. Nada novo, ela constata, verificando se há algo diferente.
Ela coloca a mão na gola da camisa e começa a abrir os botões.
Enquanto ela desabotoa-se, percebe, pelo canto do olho, que Byron a aguarda, observando com um olhar ansioso, quase obstinado.
Quem vê de longe até pensa que ele pediu isso com alguma segunda intenção, mas eu sei que não foi. Já percebi que os demônios não ligam muito, nem têm desejo para as coisas mais carnais, ela pensa, prosseguindo no processo de abrir a camisa.
Eu poderia até dizer que é só o Byron que não se importa muito com isso, mas, na real, eu também não sinto isso. Acho que a parte de ser um tipo de ser espiritual e o prazer de consumir almas e drenar energia ofuscam um pouco as outras coisas.
Rubi desprende completamente a camisa e a retira, expondo a maior parte de sua pele suave, deixando apenas a região do busto coberta por uma fina faixa de tecido branco ajustada ao corpo.
A pele clara da diaba, um tom rosa fraco que beira a palidez, se mistura com a luz do sol da manhã. Se a camisa e o casaco, um aspecto vulnerável recai sobre os ombros da succubus.
Aos olhos da raposa, que a observa quieta, a beleza natural de Rubi chama a sua atenção. Ela é bonita… tanto quanto a Senhora Mãe, ela pensa.
A succubus, assim como antes, ao retirar a camisa, rapidamente checa a região do tórax e da barriga. “Também não tem nada novo aqui”, ela afirma, ao não ver nenhum tipo de marca sobre seu corpo.
“Minha suposição é que esteja nas costas.”
“Vai precisar que eu tire o resto também?”, Rubi pergunta, enquanto dobra a camisa e a coloca atrás, acima do casaco.
“Creio que não será necessário. Provavelmente a marca não seria completamente encoberta por esse pedaço de roupa.”
“Se você diz”, ela comenta.
Ainda bem que a roupa que censurava os personagens quando estavam sem partes do traje equipadas veio junto comigo, se não, eu não teria nenhuma roupa íntima pra usar, Rubi pensa. Elas não são como o resto das minhas roupas, mas deu pra perceber que têm alguma magia nelas.
Em seguida, a diaba se vira, direcionando as costas descobertas para o demônio e a raposa. Imediatamente, ao verem o dorso exposto da succubus, algo agarra a atenção daqueles que a observam.
Byron logo esboça um sorriso empolgado, ao mesmo tempo em que um olhar de incredulidade aparece em seu rosto. “Ora, o que temos aqui?”, diz ele, um leve espanto acompanha sua voz.
Yrah arregala os olhos, também tomada pela surpresa. “Tem mesmo!”, ela afirma.
Diante das reações positivas, a cauda pendurada de Rubi começa a balançar para os lados. “Então é verdade?! Está onde?”, ela pergunta, ansiosa.
A succubus vira a cabeça, volta o olhar para Byron. “Está no mesmo lugar que você pensava?”, ela questiona, deixando sua curiosidade transparecer.
O demônio se levanta e salta até o mesmo galho onde Rubi está sentada.
Ele se abaixa, senta ao lado e posiciona uma mão sobre a parte superior das costas dela, bem na base do pescoço.
Abaixo dos dedos dele, sobre a pele da succubus, está um conjunto de contornos roxos, sólidos como pinceladas de tinta, que formam um desenho de linhas saindo da base de um círculo com uma estrela de quatro pontas dentro.

“Já vi uma marca que aparece em demônios com uma habilidade parecida com a sua nessa região”, responde Byron. “Pode-se dizer que é uma versão mais fraca, que permite alguém enxergar através de neblina, escuridão e até de algumas ilusões mágicas, chamada de visão verdadeira.”
Ao mesmo tempo em que fala, o demônio lentamente passa o dedo por cima da marca e Rubi sente o formato que ele desenha sobre sua pele. “Caramba”, ela comenta, surpresa. “O desenho é parecido também?”
“Comparando com os que adquirem essa habilidade a partir de uma marca, eu diria que sim”, diz Byron. “Reconheço o círculo com a estrela dentro, mas esses padrões ao redor… são algo novo para mim.”
“Então seria bom dar um nome para isso”, afirma Rubi. “Ao menos até conseguirmos mais informações.”
“Concordo”, diz o demônio.
Pensando no que ele disse e considerando que tem a ver com vontade e sentidos…, ela analisa.
“Por que não chamamos de Marca da Ambição e a habilidade de Sentidos Verdadeiros?”, Rubi propõe.
Byron curva as sobrancelhas e leva a mão ao queixo, antes de responder. “Não são os que eu usaria, mas são bons nomes”, diz ele.
Sei exatamente o tipo de nome que você preferia usar. Com certeza seria algo incrível como Marca da Ganância, ela pensa, com ironia.
“Eu quis evitar algo redundante”, Rubi diz, com um risinho ao final.
Um breve riso também escapa da boca do demônio.
“E o restante embaixo?”, a raposa pergunta ao fundo, também empolgada.
Rubi pisca, surpresa. Oi? Restante?, ela questiona-se de súbito, voltando a atenção para Yrah.
“Tem mais coisas nas minhas costas?”
“Uhum”, confirma a raposa. “Ali embaixo, perto do rabo. Mas parecem diferentes.”
Rubi lança um olhar confuso para Byron. “Isso está certo?”
O demônio, confiante, esboça um sorriso largo. “Foi esse o motivo do meu grande espanto inicial”, responde ele. “A marca em seu pescoço não foi a única que surgiu. Há outro par de marcas em suas costas, mas creio que simboliza a mesma coisa.”
Ele move a mão para baixo nas costas dela, parando na região acima do coxi, a poucos centímetros de onde fica a base da cauda avermelhada da succubus.
“Bem aqui”, diz ele, calmo.
Ali, sob a mão do demônio, está um casal de marcas arroxeadas. Porém, ao invés de outro desenho intrincado com linhas e círculos, elas possuem o formato de asas membranosas de morcego, dobradas, como se estivessem recolhidas.
“Esse padrão eu com certeza já vi antes. Esse é o símbolo das asas demoníacas”, Byron confirma.
Rubi arregala os olhos, estupefata, o pensamento se formando junto a um sorriso que nasce lentamente em seus lábios. “Eu posso… voar?”

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