Índice de Capítulo

    Na floresta silenciosa, onde feixes de luz se infiltram por entre as folhas, a respiração pesada do orc ferido se destaca, quebrando a quietude do ambiente. Seus olhos cansados se fixam nos dois diabos à sua frente, enquanto ele sente o peso opressor da presença deles.

    Rubi dá um suspiro fundo e aliviado. Até que foi rápido. E ao menos… ele não mentiu, ela pensa com um ar otimista. Se bem que… A demônio se volta para trás e vê Byron desferindo seu olhar incandescente ao orc. Novamente, um sorriso nervoso surge em seus lábios. Se as coisas derem muito errado, e tivermos que dar um fim nele, ao menos o humor do Byron deve ficar um pouco melhor.

    O diabo se aproxima dela. “Olhe para ele, senhorita Rubi”, ele murmura, com desdém. “No estado em que ele está, matá-lo seria até um gesto de piedade.”

    “Se você considera que a minha sugestão é tão ruim assim, não precisamos segui-la”, Rubi responde, também murmurando. “E não tem problema. Ainda podemos encontrar outro orc.”

    A expressão de desprezo de Byron se quebra, ele fica desconcertado e arregala os olhos. “Não. Eu jamais tive a intenção de fazer pouco caso da sua ideia. Me desculpe”, ele pede, fervorosamente, abaixando a cabeça. “Só não penso que deveríamos gastar nossos recursos à toa em alguém que nos atrapalhou.”

    Rubi fica levemente alegre com aquela reação. “Tá tudo bem”, ela consola, bem baixinho. “Não considere como gastar recursos, considere como… um investimento!”

    Um grunhido fraco do orc ecoa ao fundo, imediatamente chamando a atenção dos dois diabos, que interrompem seus cochichos e voltam o olhar para ele. 

    O orc, com esforço visível, tenta se levantar, usando as duas mãos para apoiar o machado no chão, como se fosse uma bengala improvisada.

    “Eu… não vou ficar de cabeça baixa… vendo vocês decidindo como vão me matar”, brada o orc com sua voz grave. Apesar da dificuldade em falar, não há hesitação.

    Ele se ergue, assumindo uma postura de batalha, segurando sua arma com ambas as mãos. Sem sua mão para estancar sua ferida na cintura, o sangue escorre por sua pele lentamente em direção ao solo. Seus joelhos tremem, prestes a ceder, mas sua vontade permanece firme. Sem mostrar sinais de medo, ele solta um suspiro pesado pelas ventas, mirando os diabos com determinação.

    Mais um daqueles que prefere morrer na minha frente…,  ela reflete, o olhar exausto, embora um sorriso fraco ainda revele traços de animosidade. Mas ele é corajoso, tenho que admitir.

    Byron também se impressiona ao ver os esforços do orc. Seu estigma rancoroso, muda para um fascínio curioso. “Talvez… este tenha mesmo algum valor”, ele analisa, ao lado de Rubi.

    Foi o que eu disse antes, Rubi pontua.

    A demônio de cabelo rosa abaixa seu arco e dá um passo à frente, em direção ao guerreiro verde. “Nós não viemos aqui para te matar”, ela fala. 

    O orc, cético, grunhe alto como um aviso para que não se aproxime.

    “Se esse fosse nosso objetivo primário, você não estaria nem respirando nesse momento”, Byron completa, com um tom sério e direto.

    “O que… vieram fazer aqui?!”, questiona o orc, mostrando agitação. “O que queriam com um orc da tribo de Estoratora?”

    O semblante interessado de Rubi aumenta ainda mais. Então, você sabia de onde ele vinha, ela percebe. 

    “Byron, acho que não faz mal já comentar sobre o plano aqui”, a demônio pontua. “Que tal?”

    “Não enxergo motivos para adiar essa conversa”, o diabo responde, concordando. “Até podemos economizar algum tempo assim.”

    O orc cerra os olhos, desconfiado. “Plano?”, ele questiona.

    “Você já deve ter percebido que não moramos nessa região”, Rubi responde. 

    “Não há demônios nas Terras Livres”, afirma o orc.

    “Exatamente”, Byron pontua. “Temos nossos motivos para precisarmos de um orc. O primeiro deles é servir como um guia pela floresta. O ideal, é que fosse alguém que vivesse no centro. Mas esse tipo não é fácil de encontrar por aqui.”

    “Aquele orc que você matou, pelas marcas na armadura dele, dava pra ver que ele era do centro. Nós íamos segui-lo até encontrar a tribo dele.”

    “Mas você fez questão de nos atrapalhar…”, Byron fala como uma indireta severa.

    O orc rosna em resposta às palavras do diabo. “Ele… pediu aquilo. Queria tomar o que meu povo morreu para caçar!”, ele responde, com pausas entre sua respiração cansada e um rancor palpável em cada palavra.

    Já dava pra perceber que os dois não se gostavam, Rubi relembra. Só não achei que fossem ser tão extremos.

    “Conhece a tribo dele?”, Byron pergunta.

    O orc bufa, emitindo um som grave, vindo do fundo da garganta, expressando sua raiva. “Conheço. Ele era… da tribo de Estoratora”, ele responde, ainda com palavras carregadas de rancor. 

    “Essa tribo, é rival da sua?”, Rubi pergunta.

    A arma em suas mãos fica firme. Um sentimento pesado recai sobre o orc. “Estoratora é inimigo de todas as tribos”, ele afirma, com pesar. “Ele… matou todos os chefes orcs do interior da floresta e expulsou todas as tribos para a borda. Incluindo a minha.” Uma expressão triste começa a acompanhá-lo durante a fala.

    Byron volta sua atenção a demônio de cabelo rosa. “Então, aquele orc era da única tribo do interior da floresta”, ele pontua.

    “Isso é verdade”, diz Rubi, concordando. “Mas isso quer dizer que…”

    O orc bate o cabo de sua arma contra o chão, chamando a atenção dos demônios. “Se querem a ajuda de Estoratora, não adianta!”, ele alerta. “Ele já tem um mestre.”

    O diabo ergue a sobrancelha, intrigado. “Mestre?”, ele questiona.

    “Um dragão”, responde o orc, pausando para recuperar o fôlego. “ Ele dominou o interior da floresta. Ele tomou as ruínas de Cahjiah e deu poderes… para Estoratora. Agora, a tribo dele protege a cidade e o dragão. E nenhuma outra pode nem se aproximar.” 

    Seu rosto está marcado pela exaustão, tanto física quanto espiritualmente.

    Diante da informação, os dois diabos reagem surpresos e ficam pensativos por um momento, trocando olhares.

    Byron, depois de refletir, esboça um brilho de entusiasmo em seus olhos. “Então, a capital já está sem monstros”, ele conclui.

    Uma expressão de ânimo se instaura em Rubi. “Isso agiliza bastante as coisas”, ela fala, confiante.

    O orc, no entanto, olha para os dois com uma expressão de perplexidade, confuso diante das reações inesperadamente positivas daqueles demônios. 

    “O que vocês…”, ele fala, mas é interrompido por uma tosse da qual sai sangue. Sentindo o corpo começar a ceder, ele se recusa a tombar ali. Com esforço, silencia o tremor em suas pernas, vira a cabeça do machado contra o chão e volta a se apoiar nele.

    Rubi, percebendo o estado do orc, caminha em sua direção enquanto pega algo na mochila. No entanto, antes que possa se aproximar, o orc rosna. Mesmo exausto, seus olhos ainda brilham com a determinação de quem não cairá sem lutar.

    A demônio para imediatamente, sem concluir sua ação, respeitando o aviso. Byron dá um passo à frente, pronto para intervir, mas Rubi faz um gesto com a mão, indicando que ele não deve agir. O diabo entende e, de bom grado, atende ao pedido.

    “O que querem comigo?”, o orc questiona.

    “Você veio do centro da floresta, não foi? Acha que consegue nos guiar?”, Rubi pede, com calma.

    “Se acham que vou levar vocês até Estoratora… esqueçam”, ele responde, dando um basta.

    Rubi sorri. “Nós não queremos esse Estoracoisa aí”, diz ela, com um tom quase despreocupado.

    “O quê?”, o orc questiona sem entender.

    “Nós queremos ir até Cahjiah e dominá-la. Precisamos de alguém que nos leve até lá”, ela fala. “Você pode fazer isso?”

    O orc hesita e reflete por alguns instantes antes de responder. “Mesmo que eu os leve… mesmo que não houvesse o dragão… o tempo de conquista está acabando”, ele diz, entre respirações profundas e pesadas. “Cahjiah logo vai encher de monstros e vai levar muito tempo para poder ser conquistada de novo.”

    “Isso não faz diferença. Eu não quero só dominá-la por um tempo”, ela fala, cheia de convicção. “Quero dominá-la e fazer uma base permanente lá. Sem monstros.”

    “Isso é impossível”, o orc afirma, cético.

    “Não é não”, ela contrapõe com firmeza. 

    “Vocês já parecem poderosos… por que precisariam de mim?”

    “Só ter poder não é o bastante para o que queremos fazer. Precisamos de alguém que conheça bem esse lugar. Alguém experiente e forte também. Resumindo, precisamos de alguém para ser o nosso campeão.”

    As palavras eloquentes e a expressão determinada da demônio de cabelo rosa deixam o guerreiro verde confuso e intrigado. “C… Campeão?”, ele pergunta.

    Rubi, sentindo confiança, dá mais um passo na direção do guerreiro ferido. De dentro da sua mochila, ela pega um frasco de vidro, com um líquido vermelho dentro. “Sabe o que é isso?”, ela pergunta.

    “É uma… poção mágica.”

    “Sim. Se beber isso, suas feridas vão sarar. Eu vi que você é forte. Pra mim, seria um desperdício deixar você morrer à toa. Por isso quero que escute a minha proposta.”

    “E qual é?”, ele pergunta, interessado.

    “Não morra aqui. Aceite nos ajudar, seja o nosso campeão, e em troca, além da poção, eu vou usar minha magia para te dar poder, e se você quiser, nós te daremos a chance de se vingar do orc que matou seu líder.”

    Deu pra sacar o ressentimento dele, ela pensa. Não deve ser muito difícil.

    O orc pondera sobre a oferta, desconfiado, a primeiro momento, sabendo o que aquelas figuras com chifres representam. Porém a diaba diante dele o faz balançar. Seu sorriso com dentes afiados e seus olhos amarelos ferozes, que ao mesmo tempo, carregam gentileza. 

    Eu… não devia confiar, mas…, ele reflete, tentado pela conivcção que Rubi transmite. …Se eu fosse um pouco mais forte.

    Depois de um tempo, o orc solta uma das mãos que seguram seu machado e a leva em direção ao frasco.

    Por um breve momento, ainda hesita antes de pegar a poção, mas, no final, opta por agarrá-la mesmo assim. 

    Com um movimento decidido, leva a poção aos lábios e toma goles pesados do líquido vermelho. Rubi finalmente suspira aliviada enquanto, ao fundo, Byron contempla a cena, com satisfação e orgulho crescendo em seu rosto.


    Sub-raça: [Behemoth]

    Descrição:  Uma sub-raça de diabos capazes de se transformar em guerreiros monstruosos, quase imparáveis. Possuem uma aparência base similar aos Primum (diabos clássicos), com pele vermelha, cauda e chifres, mas podem assumir a forma Behemoth, ganhando a aparência de um grande demônio alado e musculoso.

    Tamanho: Médio.

    Atributos: 

    • Força: ⏶⏶
    • Constituição: ⏶⏶
    • Destreza: ⏶

    Principal habilidade de Raça: [Transformação] 

    Usando o tempo de uma conjuração rápida, se cobre em chamas por um instante e assume a forma poderosa. A transformação consome mana equivalente a um feitiço de primeiro ciclo por minuto. 

    Enquanto estiver transformado recebe as seguintes características:

    • Sua categoria de tamanho aumenta para Grande. Se já possuir a categoria Grande por algum outro efeito, aumentará sua categoria em mais um grau. 
    • Dobra seus atributos de força e constituição base atuais.
    • Recebe completa imunidade a dano de fogo ou calor.
    • Recebe resistência a dano físico, mesmo oriundo de magia.
    • Ganha asas capazes de voar com a mesma velocidade de deslocamento terrestre usual.
    • Se torna incapaz de conjurar feitiços.

    Qualquer equipamento mágico que estiver equipado será mantido após a transformação, preservando seus efeitos, se possível. Equipamentos não mágicos ou que não estiverem equipados se tornarão etéreos e desaparecerão até que retorne à sua forma base. Cancelar a transformação também usa o tempo de uma conjuração rápida. 

    Tempo de recarga: 1 minuto a partir do momento em que você retorna a forma base.

    Usuários conhecidos: Byron e Miguel

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