Índice de Capítulo

    O orc corre pela floresta, pulando pelas raízes volumosas que deixam o chão irregular e passando entre as moitas densas sem se incomodar. Agora, com as forças revigoradas, carrega os restos da garra-branca e o machado apoiados em suas costas com facilidade.

    Enquanto atravessa a floresta, Brok permanece concentrado nos sinais do ambiente ao seu redor, perceptivo a qualquer ruído e eventualmente jogando olhares para trás, prevenindo-se quanto aos perigos. 

    O experiente orc não escuta nenhum som incomum, nem enxerga ninguém em seu campo de visão, ainda assim, Brok tem certeza de que, de uma forma ou de outra, os diabos o seguem pelas sombras. 

    Um olhar preocupado estampa seu rosto enquanto corre. Não apenas pela sensação de estar sendo seguido, mas também pelas outras dúvidas que tomam sua mente. O que eles querem aqui de verdade?, ele se pergunta.

    Quanto mais ele avança naquela direção, a densidade de árvores diminui, bem como o tamanho das copas delas. A floresta perde seu aspecto sombrio, e um tom verde natural pouco a pouco toma conta.

    Brok só reduz seu passo quando chega a um riacho de águas claras que corta a floresta. Estou perto, ele pensa, tomando um pouco de fôlego. Ele para por um momento à beira da margem, abaixa-se e repousa ao seu lado parte do peso que carrega. Em seguida, recolhe um pouco de água entre as mãos, joga-a no rosto e depois bebe, recuperando um pouco do fôlego.

    Por aquele breve tempo, Brok se enxerga refletido nas águas. Gotas de sangue do monstro escorrem pelo chão e caem no riacho. A água e o sangue se misturam à sua imagem, e as palavras dos diabos ressoam forte em suas lembranças. É melhor… se ninguém souber mesmo, ele analisa, enquanto pega suas coisas e dá um passo à frente, entrando no rio.

    O orc atravessa o riacho e segue por uma área mais aberta da floresta, onde o terreno facilita seu deslocamento e ele acelera o passo. À medida que avança por esse local, surgem árvores com marcas brancas nos troncos. Ele sabe que está cada vez mais perto de seu destino.

    Adiante, Brok avista uma parede de galhos entrelaçados, troncos altos e rochas, presa a árvores com grossos cipós, formando uma estrutura similar a um grande muro. No topo, outro orc surge à vista, com vestes de couro marrom semelhantes às suas.

    Brok inspira fundo, contrai os lábios e assobia. O som agudo corta a quietude da floresta, chamando a atenção do orc à sua frente. 

    Aquele na parede, ao notar Brok, se vira para dentro. “Abram o portão!”, berra ele. “O chefe! O chefe voltou!”

    Brok se direciona para a esquerda, onde a parede de madeira se estende em um formato circular, indicando que o lugar está completamente cercado por aquela construção. Um trecho composto por grossas tábuas de madeira, se move para o lado, abrindo passagem para ele.

    Antes de entrar, Brok olha para trás e ainda não vê ninguém. E mesmo agora, em um lugar mais familiar e iluminado, a sensação de estar sendo observado não desaparece.

    O lugar onde ele entra revela-se um acampamento com estruturas simples. No centro, uma grande árvore se destaca, seu tronco cravado de machados, espadas e diversas outras armas. A vasta copa projeta uma sombra que cobre quase metade da área, totalmente cercada por paredes de madeira.

    Tendas de retalhos de tecido e couro costurado estão dispostas de forma irregular ao redor. Em frente a uma delas, uma mesa exibe armas rudimentares feitas de madeira, ossos e pedaços de metal, com sobras desses materiais espalhadas em emaranhados pelo chão. Ao fundo, postes de madeira sustentam cordas de onde grandes pedaços de carne seca pendem sob o sol.

    No topo das paredes estão alguns orcs de pé em plataformas, vigiando os arredores, enquanto aqueles no chão focam-se em atividades mais diversas, onde alguns costuram roupas, outros afiam armas e até lutam, em um aparente treinamento. 

    Na entrada, três orcs fazem esforço para mover a pesada porta feita de troncos e selar o acampamento, enquanto o orc na parede pula de uma plataforma e se aproxima do recém-chegado Brok, mostrando-se agitado.

    “Isso é uma garra-branca?”, questiona ele, com sua voz rasgada, surpreso.

    “Sim”, Brok responde, enquanto deixa os restos do monstro ao chão. “Estava depois do rio.”

    Logo, outros orcs percebem o retorno de Brok, largam seus afazeres e se aglomeram na entrada.

    “Depois do rio?”, alguém da porta pergunta, preocupado. “Isso… é perto.”

    Uma orc de cabelos negros e feições envelhecidas toma a dianteira, seu olhar preocupado fixo em Brok. “Encontrou o Polegar?”, ela pergunta, a voz carregada de tensão.

    A expressão de Brok se fecha, com um olhar baixo, e ele exala um ar profundo. “Encontrei”, ele responde, sério. “Essa garra-branca caçou ele. Agora o Polegar está em lutas maiores.”

    Os orcs ao redor reagem com olhares pesados, de maneira bastante semelhante a Brok. E, por alguns segundos, eles mergulham num silêncio respeitoso, como se todos partilhassem de um luto silencioso.

    Brok, depois de um longo momento, quebra o silêncio. “Essa garra-branca era demais para ele”, ele comenta, olhando os restos do grande monstro. “Polegar não tinha como caçar ela sozinho.”

    “Pelo menos a fera foi conquistada”, a orc responde, tentando reconfortá-lo. “A carne que o Polegar foi atrás chegou a nós.” 

    “Não devia ter garras-brancas tão perto do rio assim”, resmunga um dos orcs, visivelmente incomodado.

    Brok joga um olhar firme na direção dele. “E tem mais vindo”, ele alerta. “Vi um bocado delas perto dessa aqui.” 

    Um orc jovem, sem muitas cicatrizes, range os dentes e solta uma bufada carregada de raiva. “O que Estoratora está fazendo?”, ele questiona.

    “É!”, outro orc acrescenta, seus olhos vermelhos de fúria. “Essas coisas são da terra dele!”

    A tensão se espalha lentamente entre os orcs, ganhando força especialmente entre os mais jovens. Eles ficam inquietos, com a testas franzidas e bufando de raiva, como uma horda à beira de explodir. Os mais velhos, marcados por rugas e cicatrizes, demonstram o mesmo desgosto, mas em seus olhares há também uma sombra de preocupação.

    Brok, subitamente, bate o pé no chão com força, o impacto emitindo um som poderoso e surdo que ressoa pela terra. O barulho abrupto corta o burburinho crescente, chamando a atenção de todos e silenciando momentaneamente a agitação ao redor.

    Ele exibe uma expressão tão irritada quanto seus semelhantes, mas é acompanhado de uma postura controlada e firme. “Tem algo estranho acontecendo na terra de Estoratora”, ele afirma, a voz grave dominando o espaço. “Não avancem depois do rio. Não… cacem sozinhos. Não vamos ser caçados em nossa própria terra. E se Estoratora não fizer nada, nós vamos dar nosso próprio jeito.”

    Os orcs ao redor acenam com a cabeça em aprovação, e um urro uníssono de concordância ecoa no acampamento. A maioria já se dispersa pelo acampamento e começa a se preparar.

    Brok se volta àquela orc mais velha e de cabelos negros. “Mãe Verde, olhe se todas as armas e as armaduras estão boas, nós vamos precisar”, ele pede.

    Ela assente em silêncio e se retira para uma das tendas. Em seguida, um outro orc se aproxima de Brok, ele possui cicatrizes discretas no rosto e sua expressão é de preocupação.

    “O Seis Dedos e o Folha Seca não voltaram ainda”, ele avisa.

    Brok pondera por um momento antes de responder. “Mindinho, chame o Pequeno e o Rugoso e vão atrás deles. Precisamos de todos aqui”, ele orienta. “Mas não cruzem o rio.”

    “Certo, chefe!”, responde Mindinho com firmeza, antes de sair correndo, chamando os outros para se juntarem a ele.

    O chefe observa quieto toda a movimentação pela tribo. Os mais velhos juntando as crianças e os guerreiros jovens se organizando em suas tarefas. Naquele momento simples, seu olhar se suaviza. Ao menos… eles já estão se preparando, Brok pensa, sentindo um breve alívio.

    Depois, Brok se dirige até a entrada selada do acampamento, com passos determinantes. “Abram o portão!”, ele pede. É hora de ver o que os diabos querem, O orc reflete.


    [Hugnin e Munin]

    Magia de 5º Ciclo

    Tipo: Utilidade/Encanto

    Conjuração: Padrão

    Alcance: 18 metros

    Componente: Verbal

    Duração: 10 minutos

    Recarga: 2 minutos

    Descrição: Você conjura dois corvos, Hugin e Munin, que permanecem ao seu lado, atentos a qualquer perigo e prontos para te vingar. Enquanto este feitiço estiver ativo, o próximo dano ou efeito mágico que te atingiria é absorvido por Hugin, te tornando imune a ele. Esse efeito é ativado independentemente de sua condição atual

    Se Hugin absorver algum dano, Munin armazena 40% do valor total e, a qualquer momento, pode redirecioná-lo como um feixe de energia para um alvo dentro do alcance da magia, causando dano de energia acrescido do valor de seu Atributo Mágico. Você pode fazer isso usando o tempo de uma reação ou de uma conjuração rápida, ainda dentro da mesma conjuração.

    Após ativar o efeito de Hugin, ele entra em recarga e não pode ser utilizado novamente por 2 minutos. Caso Hugin absorva um novo dano enquanto Munin já possui energia armazenada, o valor armazenado é substituído pelo mais recente.

    Se você conjurar esta magia como uma de 6º ciclo ou superior, o dano máximo armazenado por Mugnin aumenta em 15% para cada ciclo superior.

    Alguns Usuários conhecidos ao momento: Rubi.

    Queria agradecer aqui a todo pelo apoio até agora no capitulo 50. Muito obrigado mesmo por me acompanharem, espero poder continuar agradando vocês.

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