Capítulo 59 – Novos Lugares, novos perigos
Em algum ponto da floresta, Byron, Brok e Rubi caminham juntos. O trecho por onde avançam apresenta árvores altas com grandes folhas, porém bem espaçadas entre si. Os troncos estão marcados por manchas de um musgo verde escuro, que, iluminados pelo sol da manhã, dão um aspecto bastante vivo ao lugar.
Embora algumas raízes se sobreponham ao solo, que é mais fofo e úmido, o terreno aqui é bem mais regular do que nas regiões ao sul de onde estão.
Brok lidera o grupo, avançando com cautela enquanto guia os diabos que o seguem. Em suas mãos, ele carrega um machado e preso à lateral de sua cintura está uma pequena sacola.
Rubi caminha um passo atrás, ela se demonstra de bom humor e despreocupada, jogando olhares curiosos ao ambiente bem mais amigável ao seu redor.
Byron vai na retaguarda, um pouco mais distante dos outros dois, com uma expressão séria e tão cautelosa quanto a do orc. Apesar do lugar tranquilo, o diabo não se permite abaixar a guarda.
A viagem deles é acompanhada pelo som agradável de uma grande variedade de pássaros cantando de várias direções.
O ambiente apresenta um cheiro fresco e úmido, com notas de terra molhada e vegetação densa, misturado ao leve aroma do musgo.
Esse lugar… até que é bom, Rubi pensa, surpresa. Ela respira profundamente, deixando o ar entrar calmamente pelas narinas, contemplando a fragrância natural. Até o cheiro é agradável.
“Pensei que a floresta fosse ficar cada vez mais densa”, ela comenta, com um sorriso no canto da boca.
Antes de responder, Brok corta um galho que bloqueia o caminho e abre passagem por um arbusto à frente. “… Nessa floresta existem vários tipos de terrenos.”
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“E é notável que você os conhece bem”, elogia o diabo ao fundo. “Mesmo com aquela pausa, percebo que já avançamos uma distância considerável desde ontem.”
“Não conheço todos. Mas… sei caminhos o bastante para poder andar de um lugar para o outro”, o orc fala, sem desviar o olhar da frente.
Mas já é o suficiente pra sentir a diferença de ter um guia bom, Rubi pensa, refletindo sobre a conversa. Naquela parte escura, tentamos seguir em linha reta por três dias, e mesmo assim, parecia que não saímos do lugar.
Enquanto caminha, ela joga um olhar leve para trás. O Byron é muito inteligente, mas esse tipo de exploração aqui não é o forte dele. Apesar de que…, ela pensa, desviando o olhar, sentindo uma pontada de vergonha. Esse devia ser o meu papel… mas explorar sem ter informação nenhuma não é fácil. Os corvos garantem um caminho bom e seguro, mas não quer dizer que ele vai ser o melhor. Pensando neles…
“Já tem um tempo que os corvos não detectam nenhuma garra-branca no trajeto”, ela comenta.
“Está certo… aqueles monstros não vêm até aqui”, diz Brok.
“Não era suposto que a região até Cahjia estivesse aos poucos sendo tomada por aquelas aves?”, o diabo atrás questiona, franzindo a testa.
“Sim. Mas esse caminho em que estamos…. não vai até Cahjia”, o orc fala, com naturalidade, enquanto avança.
Rubi e Byron param abruptamente, os olhos arregalados em um choque momentâneo.
“O quê?!”, Rubi pergunta.
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“E para onde está nos guiando?”, Byron questiona, desconfiado.
Brok, perante o questionamento, para de se mover. “Cahjia fica para lá”, ele diz, enquanto aponta seu machado à esquerda. “Mas… se formos nessa direção, a floresta fica escura, e a gente volta para a terra das garras-brancas.” Depois se volta para frente. “Estamos dando a volta na terra delas seguindo o rio. A gente… só entra na terra delas quando estiver perto da capital e da terra de Estoratora.”
“Entendi. É um bom jeito de evitar ficar encontrando aquelas coisas toda hora”, Rubi comenta.
“…Sim. Ainda tem animais grandes aqui, mas… não estão tão ferozes quanto as garras-brancas.”
Podemos economizar alguns recursos assim, Rubi conclui, aliviada.
“Humm”, Byron murmura, com a mão no queixo. “De fato essa tática é impressionante.” Mas, ao final, algo o chateia. “Porém, também quer dizer que não iremos encontrar os guerreiros de Estoratora por agora. Confesso que estava curioso para ver suas habilidades.”
“Eles… podem não ser muito espertos, mas os homens dele são fortes”, o orc comenta. “Todas as tribos que viviam ao redor da capital tinham guerreiros bons.”
Eu também fiquei curiosa. Queria ver logo esse tal líder poderoso deles, Rubi pensa. Que tipo de poder um dragão pode dar?
Uma ideia lhe vem à mente. “Mas já que não vamos para aquele lado tão cedo…”, ela diz, agarrando a atenção de seus parceiros. “Vou pelo menos dar uma olhada nessa capital.”
Ela aponta a mão para a esquerda, na mesma direção indicada pelo orc, e se concentra.
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“Corvo buscador”, a demônio declara e conjura a ave negra como uma sombra, que sai da ponta de seus dedos voando em linha reta.
Após a conjuração, seus dedos continuam obscurecidos pela magia. Só para garantir, Rubi pensa, direcionando a mão para o lado onde está Brok, como se estivesse mirando no orc, que se assusta a primeiro momento.
Ainda sob o efeito da mesma conjuração, outro corvo se forma, emergindo das sombras em seus dedos antes de disparar pelo ar.
Brok se abaixa instintivamente, os olhos arregalados enquanto o corvo sombrio dispara à sua frente. Ele solta um grunhido baixo de surpresa e apreensão, os olhos seguindo a ave voando entre as árvores. “Já não tinha… jogado alguns desses para esse lado?”, ele pergunta, confuso.
“Já”, Rubi responde. “Mas, como eu conjurei de novo, aqueles de antes já sumiram.”
O orc e o diabo observam o pássaro avançar, aguardando-o tomar distância.
“Essa magia é fascinante”, Byron comenta, com um ar de entusiasta.
“Magia é… confusa e difícil de entender”, comenta o orc, angustiado.
Enquanto isso, Rubi encara seu punho, fechando e abrindo os dedos algumas vezes, sentindo-se incomodada. Também sinto o ar aqui pesado, ela analisa. Deve ser outra zona de magia espiritual.
Depois, fecha e suspira. “Já podemos ir”, diz ela. “Não parece ter nada de errado à frente.”
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O grupo segue caminho, ao passo de Brok, eles cruzam a floresta por várias horas. Dentro daquele ambiente diverso, e calmo até o momento, eles trocam algumas conversas descontraídas.
Porém, em algum ponto, Rubi escuta algo diferente entre os sons da floresta próximo a eles. Um movimento crescente entre as folhas, que começa baixo como uma brisa distante, mas aos poucos se torna cada vez mais intenso até de repente parar.
Antes que a demônio possa avisar, o orc também para de se mover, segura seu machado com firmeza e se volta aos dois atrás. “Há algo na nossa esquerda”, ele avisa bem baixinho.
Rubi confirma com um aceno. Os sentidos dele são mesmo bons, ela pensa, impressionada, enquanto saca seu arco.
Byron entende a mensagem sem uma palavra. Seu olhar se estreita e ele ajeita seu traje com movimentos calculados, assumindo uma postura de prontidão.
O estalo seco de um galho declara que algo está próximo.
Entre a vegetação indicada pelo orc, surge um javali da altura do diabo. Ele impõe uma presença brutal. Seu corpo musculoso, coberto por uma pelagem grossa e escura, salpicada de lama ressecada, com uma ferida exposta cujo sangue escorrendo cria uma longa mancha vermelha que acaba se destacando na lateral de suas costas.
Os olhos pequenos e vermelhos brilham exibindo uma fúria primitiva, enquanto suas presas curvas e amareladas, do tamanho de adagas, se projetam ameaçadoramente para fora do focinho largo e úmido. A pele ao redor de seu pescoço é espessa e enrugada, protegida por uma camada de cerdas rígidas que lembram espinhos.
Os dois homens do grupo de Rubi dão um passo à frente, como dois guardiões que não se intimidam perante aquela criatura. Byron se cobre em chamas, assumindo sua forma poderosa, enquanto Brok percorre os arredores com os olhos, atento a outras ameaças.
Porém, antes de uma batalha feroz se iniciar, os olhos avermelhados da criatura mudam para uma cor rosa vibrante e brilhante. Sua postura tensa e intimidante quebra-se com ele relaxando e até abrindo a boca.
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Não precisa de muito para os dois guerreiros imediatamente reconhecerem aquele tom rosa. Com um olhar rápido para trás, eles avistam Rubi com o mesmo brilho nos olhos.
E isso que o Brok disse que os animais daqui não eram ferozes, ela ironiza internamente, encarando o animal, os olhos brilhando, refletindo magia misturada com curiosidade. O que esse bicho faz por aqui?
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