Índice de Capítulo

    Dois orcs estão de pé em um trecho, onde a densidade de vegetação ao redor é baixa. As poucas árvores ao redor, altas e de galhos curtos, deixam o ambiente bastante iluminado pelo sol e bem arejado pela brisa que corre pela floresta.

    Entre os troncos levantados, há muitos tocos cortados, galhos quebrados e buracos no chão com restos de raízes já secas. Os dois orcs têm músculos fortes, mostram feições jovens, e apenas um deles ostenta uma cicatriz, sendo ela um grande corte no braço direito.

    Suas vestes se resumem a uma camisa e uma tanga feitas de um couro espesso. A camisa, em especial, mostra-se tingida com uma tinta verde bem mais escura que a pele deles.

    Um pouco atrás, está um grande muro feito de troncos de madeira que se estende por dezenas de metros à esquerda e à direita, com uma grande porta posicionada atrás dos dois orcs. As altas paredes são adornadas com estacas afiadas como lanças, e em algumas delas estão pendurados crânios e cabeças de animais variados. 

    Alguns trechos da barreira exibem madeira seca e rachada, enquanto outros estão cobertos por uma camada úmida de musgo escuro, que se mistura a manchas de sangue ressecado e pedaços de carne em decomposição. O cheiro de madeira podre e ferrugem paira no ar, completando o aspecto sombrio e intimidante da estrutura.

    Entre o muro e os orcs estão fincados no chão dois porretes de madeira com espinhos de metal retorcido. E, no meio dos dois, está uma pilha com dezenas de pedras pequenas.

    Os orcs se mostram animados, com sorrisos e risadas. O orc sem cicatrizes se abaixa na pilha e pega uma pedra. Ele gasta alguns segundos mirando a pequena rocha na direção de uma árvore adiante.

    No meio do tronco da árvore está entalhado um círculo com outro bem menor no meio. Lascas faltantes, arranhões e pedras encravadas na madeira próximo aos entalhes indicam que aquilo é usado como alvo das pedras.

    Depois de olhar bastante, o orc joga sua pedra com força e erra a árvore por pouco. Ele rosna irritado, cerrando os punhos enquanto encara o tronco. Ao seu lado, o outro orc gargalha com uma risada esganiçada, saboreando o fracasso do companheiro.

    “Faz melhor então, Boca-larga”, diz o orc irritado, sua voz soa naturalmente rouca e grave.

    “É fácil, Rósno”, o outro comenta, identificando-se como Boca-larga. A voz ressoa firme e confiante.

    Boca-larga se abaixa e, com seu braço que ostenta uma cicatriz, agarra uma das pequenas pedras no topo da pilha e começa a mirar. Porém, enquanto se prepara, algo atrás do tronco chama mais sua atenção. Distante, além das árvores, ele vê Brok surgindo do meio dos arbustos da floresta.

    O orc caminha passando pelos tocos cortados, empunhando em mãos um machado cinza e exibindo um olhar centrado. O colete de couro marrom e rasgado é o suficiente para Boca-larga identificar que Brok não é um membro de sua tribo. 

    Um calor familiar sobe pelo peito de Boca-larga, um instinto primitivo que ele não precisa questionar. Seu maxilar se aperta, os punhos se fecham. Ele rosna baixinho, como se preparando para um ataque. O orc deixa a pedra em sua mão cair e dá um passo atrás, na direção dos porretes fincados no chão.

    Rósno ainda não entende o que se passa com seu companheiro. “O que foi?”, ele pergunta.

    Ele agarra seu porrete, ergue um dedo na direção de Brok e, rosnando, sentencia, “Invasor.”

    Não demora muito para Rósno perceber Brok se aproximando do local onde estão. Assim como Boca-larga, ele agarra sua clava de madeira, seus dedos apertam o cabo com força, esboçando um pouco da raiva que sente.

    De longe, Brok nota a dupla se armando e assumindo uma postura agressiva. Ainda assim, mantém o ritmo e o olhar fixo, sem demonstrar hesitação. Ele anda com indiferença, correndo o olhar rapidamente pelo caminho à frente e nos dois lados da barreira.

    A cada passo que Brok dá, a hostilidade nos olhos de Rósno e Boca-larga se intensifica. Os rosnados ficam mais graves, os punhos apertam as armas com força, como se a mera presença por ali fosse uma ofensa direta a eles. 

    Quando o invasor se aproxima, Boca-larga dá um passo à frente e questiona em voz alta, “O que você quer aqui?!”

    Brok para de andar e o encara. “Eu vim ver Estoratora”, ele responde direto. 

    Boca-larga e Rósno começam a cerrar os dentes, mais furiosos ainda. Em seus ouvidos, aquelas palavras soam como um verdadeiro insulto. 

    “Não pode entrar aqui!”, diz Rósno.

    “Você não pertence a este lugar!”, declara Boca-larga, apontando sua arma a Brok.

    A respiração ruidosa de Brok se torna mais intensa. “Eu vim ver Estoratora”, ele enfatiza, dessa vez de forma mais intensa.

    Após a fala, Boca-larga grunhe e começa a bater seu porrete fervorosamente no chão, levantando ao ar terra, folhas e lascas de madeira, depois volta a apontar sua arma para o invasor.

    Brok observa e entende. Boca-larga o desafia. Sem hesitar, ele responde com um grunhido firme e ergue seu machado em direção ao desafiante, aceitando o duelo.

    Rósno sorri e dá um passo para trás, dando espaço para a luta.

    Boca-larga avança, rosnando, seu tacape erguido na mão esquerda, pronto para esmagar o invasor.

    Brok também avança, mas seu semblante ainda carrega foco. Ele segura seu machado com duas mãos, arma voltada para trás.

    Quando se aproximam o bastante, ambos atacam ao mesmo tempo. Boca-larga desce seu tacape em um golpe brutal contra a cabeça de seu alvo. 

    Brok antecipa o movimento e responde com um corte ascendente. 

    O impacto ecoa pela clareira. A lâmina do machado rasga a madeira seca. O tacape se parte em dois com um estalo violento, e a parte superior do porrete sai voando pelo ar, deixando tanto Boca-larga quanto Rósno assustados. 

    Brok, sem piedade, ataca o orc desarmado, lançando um golpe na barriga.

    Boca-larga não consegue se defender, e um corte profundo se abre, deixando o sangue escorrer. Boca-larga solta um grunhido rouco, cambaleia um passo para trás, mas não cai. Ele range os dentes e avança de novo, tentando acertar um soco no rosto do inimigo. Mas ele acaba falhando. Brok consegue parar o punho, segurando-o com força. 

    Com a mão do oponente presa, Brok aproveita a brecha e desfere um golpe de cima para baixo. A lâmina atravessa carne e osso com um estalo úmido e o braço se desprende do corpo.

    O membro decepado cai no chão e Boca-larga se distrai. Mesmo com a dor latejando, encara o próprio membro decepado, incapaz de aceitar o que vê. Não pode ser. Não pode…, ele pensa. 

    Quando ele volta a prestar atenção na luta, tem tempo apenas de ver seu inimigo preparando-se para desferir o golpe final. Brok finaliza a luta deslizando a lâmina do machado pela garganta de Boca-larga.

    O orc tomba para trás, caindo no chão sem forças, e passa seus últimos momentos de consciência sentindo o gosto metálico de seu próprio sangue inundando sua boca enquanto o mundo aos poucos escurece.

    Rósno assiste em silêncio, o medo travando seus músculos. Ver seu parceiro cair, engasgando nos próprios fluidos, esperando apenas o abraço da morte, faz o suor escorrer frio por sua pele.

    Brok aguarda alguns instantes quieto, até confirmar a morte de Boca-larga. 

    “Que sua conquista seja grande e seu golpe pesado”, ele murmura bem baixinho, quando o orc finalmente para de se mexer. 

    Então, ergue os olhos para Rósno. O outro orc aperta a clava com dedos trêmulos, sem mais força para manter a postura enérgica.

    “Se não quiser um duelo… Abra o portão”, ele ordena. “Eu só vim ver Estoratora.”


    Explicando um pouco os descritores dos feitiços e da conjuração:

    Glossário de Feitiços

    Ciclo: Feitiços são classificados em ciclos que variam de 1 a 9. O ciclo define a complexidade, o poder e o custo de mana do feitiço. O nível de um conjurador pode ser medido pelo ciclo máximo de feitiço que ele pode conjurar. Feitiços de ciclos inferiores podem ser conjurados como se fossem de ciclos superiores, o que aumenta seu tempo de conjuração, poder e custo de mana.

    Tipo: Define a função primária do feitiço. Um feitiço pode possuir múltiplos tipos ao mesmo tempo. Os principais são:

    • Ofensivo: Feitiços que causam dano direto.
    • Utilidade: Feitiços que oferecem suporte ou efeitos protetivos.
    • Bônus: Feitiços que aumentam temporariamente atributos ou concedem melhorias.
    • Encanto: Feitiços de duração prolongada ou ativação não imediata.

    Conjuração: Refere-se ao tempo necessário para lançar o feitiço. O tempo padrão é de aproximadamente 3 segundos para um feitiço de 1º ciclo, aumentando para ciclos superiores. No entanto, alguns feitiços possuem variações: feitiços de conjuração rápida podem ser lançados instantaneamente ou como reação a um gatilho, enquanto feitiços de conjuração estendida exigem mais tempo que o normal para serem completados. Se o conjurador for interrompido durante a conjuração, o feitiço pode ser cancelado.

    Alcance: Determina a área afetada pelo feitiço. O efeito pode ser centrado no conjurador ou ter um raio de alcance específico.

    Componentes: Elementos necessários para a execução do feitiço. Por exemplo, podendo ser verbal e requerer a entoação do nome do feitiço ou material e requerer um certo item para executar o efeito.

    Duração: Define por quanto tempo o efeito do feitiço persiste. Pode ser instantânea, quando ocorre imediatamente e se encerra, ou prolongada, quando dura por um período definido e, em alguns casos, pode ser renovada.

    Recarga: Tempo necessário para poder conjurar novamente o feitiço após seu efeito terminar. Não há um padrão fixo para esse tempo.

    Descrição: Detalha as regras de funcionamento e os efeitos do feitiço, bem como a ordem de execução e os efeitos de conjuração.

    Essa nota aqui deveria ter sido feita lá pelo capitulo 4, mas atrasei de leve. Posteriormente ela será movida para lá.

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