Capítulo 74 - Na toca do inimigo
Rósno solta seu porrete de madeira ao chão e ergue as mãos, em um ato de rendição. “Estoratora… não está lá dentro”, ele diz, com os dedos tremendo e o olhar arregalado fixo em Brok.
O orc sério exala uma respiração profunda que carrega consigo um som grave vindo da garganta.
“É verdade!”, diz Rósno, insistindo. “Ele não está lá. Estamos… indo embora. Tem poucos da tribo aqui.”
Brok aponta seu machado para o enorme portão de madeira. “Abra… que eu resolvo com os lá de dentro”, ele ordena.
Rósno sente a autoridade na voz grave de Brok. Gotas de sangue ainda caem daquele machado, uma visão que deixa Rósno ainda mais apreensivo, reforçando em sua mente o que lhe espera se negar o pedido.
Ele engole seco, hesita por um momento, mas a postura impiedosa de Brok o convence. Sem escolha, ele se vira e caminha até o portão.
Rósno puxa uma estaca presa ao chão e o portal se afrouxa, indicando que aquilo serve como trava. O orc começa a empurrar a grande estrutura que emite um rangido alto ao ser movida.
O lado interno da barreira se revela como um grande acampamento em processo de mudança. Algumas tendas de madeira e tecidos verdes ainda estão de pé, enquanto várias outras já foram desmontadas e espalham-se pelo chão.
Em um dos lados, armas de madeira, ossos e metal estão amarrados em cordas improvisadas, prontas para o transporte. No canto oposto à entrada, varais de cipós seguram pedaços de carne que secam sob o sol.
Duas dezenas de orcs estão espalhados pelo local, dentre eles muitos são mais jovens, variando entre crianças pequenas e jovens adultos, mas ainda há alguns mais velhos. Todos usam vestimentas de cores verdes similares às de Rósno.
Eles estão envolvidos no processo de mudança, onde alguns agrupam coisas e outros desmontam as tendas.
O cheiro de carne secando ao sol mistura-se com o odor de terra úmida e madeira queimada, criando uma atmosfera pesada no acampamento.
Quando o portão é aberto, o ranger alto ecoa pelo local, atraindo a atenção de todos, como um prenúncio da chegada de alguém. O local silencia e todos lá dentro se viram para a entrada.
Ao avistarem Brok parado à borda do acampamento, expressões confusas e olhares raivosos se espalham entre eles, deixando claro seu desgosto pelo estrangeiro.
Brok admira o local antes de entrar. Seu olhar passa por todos os rostos que consegue ver. Ele não está, ele confirma, e logo em seguida começa a andar para dentro.
Assim que Brok avança, cinco orcs agarram lanças de osso e clavas de madeira aos seus pés e correm para onde ele está.
Eles se posicionam ao redor de Brok, formando um meio-círculo que o impede de avançar, apontando suas armas. O grupo rosna ferozmente, os rostos contraídos em expressões ameaçadoras.
No centro da formação, uma orc fêmea se destaca por ser um pouco maior que os outros. Ela empunha uma lança inteiramente branca, e seus músculos rígidos, marcados por cicatrizes, lembram uma rocha talhada. Seu cabelo negro e curto está preso em um coque.
Os quatro guerreiros ao lado dela, apesar de não possuírem a mesma imponência, mantêm posturas tenazes e coordenadas.
Os mais jovens recuam para as tendas, enquanto o restante dos orcs adultos pega armas e aos poucos se aproxima, formando uma linha atrás da vanguarda. O som de passos rápidos e o rangido das armas sendo empunhadas ecoam pelo local, aumentando a tensão no ar.
“O que você faz aqui?!”, pergunta a guerreira, com uma voz poderosa que se sobressai mesmo entre os rosnados da tribo.
Mesmo diante de tantas ameaças, Brok não se deixa abalar. Ele mantém sua expressão centrada, enquanto encara a guerreira. “Eu… vim ver Estoratora”, ele responde.
A resposta deixa os orcs ainda mais atiçados. A movimentação e os urros se tornam mais intensos.
“Essa terra não é sua!”, grita um dos orcs ao redor. Ele dá um passo em direção a Brok, tentando se impor. Em sua mão, uma faca entalhada em osso, que ele agita em ameaça.
Brok não trepida. Ele se volta na direção do agressor e responde urrando alto e balançando seu machado ensanguentado. Nenhum dos dois orcs recua e a euforia entre os dois parece rumar em um iminente duelo.
Mas então, uma ponta de lança, branca como uma nuvem, surge subitamente cruzando o espaço entre eles. O golpe preciso faz os dois desviarem a atenção um do outro, cortando a força do clima eufórico.
A autora da interrupção é a guerreira, que agora encara severamente o orc com a faca. “Eu resolvo!”, declara ela, obstinada, soando mais como um aviso do que qualquer outra coisa.
Ela segura a lança com firmeza, de maneira tão inflexível quanto suas palavras. Aquela postura intimidadora é o suficiente para fazer o orc recuar e silenciar os demais.
Depois que a situação se acalma um pouco, ela joga o mesmo olhar imponente para Brok, que responde bufando de volta, sem se abalar.
A guerreira analisa o orc de cima a baixo. Ele é forte… mas não me lembro dele, ela pensa, conferindo cada cicatriz, cada peça do traje que ele usa, buscando por qualquer informação útil naquela situação. Quando foca a atenção no machado, ela percebe algo. Aquele sangue… ainda pinga.
Ela olha para a entrada atrás de Brok e vê Rósno assustado, mantendo o portão aberto. “Rósno!”, ela grita. “Cadê o Boca-larga?!”
Toda a tribo encara Rósno. Eles esboçam expressões de antecipação e raiva.
O orc tremendo hesita um pouco antes de responder. “Eu… não tive escolha”, ele diz, nervoso. “Esse aí apareceu… e… eles duelaram.”
A resposta de Rósno é o bastante para que os orcs entendam a gravidade da situação. Imediatamente, eles voltam sua atenção para o estrangeiro. Seus semblantes agora, além da raiva e do desprezo, carregam um ar sério de luto. Pois a todos eles é claro que, se Brok está ali dentro, Boca-larga está morto.
A guerreira abaixa sua lança, e os outros guerreiros a seguem, como se fosse uma ordem silenciosa.
“O que você quer?”, ela pergunta, agora com a voz mais calma, porém ainda mantendo a seriedade.
“Eu… vim ver Estoratora”, Brok responde, mais uma vez, olhando-a diretamente nos olhos.
Ela se aproxima ainda mais dele e diz, “Vá embora. Ele não está aqui. Está fora, caçando.”
“Então… vou esperar até que ele volte”, Brok retruca.
Após a réplica, os dois orcs se encaram em silêncio, com a afronta estampada em seus olhares. Ambos estão respirando pesadamente com a boca aberta, emitindo ruídos graves que se assemelham a rugidos contidos.
Os demais aguardam a resolução. As armas estão abaixadas, mas seus punhos continuam cerrados, os músculos tensos. Qualquer um deles parece estar pronto para desafiar Brok para um duelo até a morte.
“Rósno!”, grita a guerreira, quebrando o silêncio. “Pegue o Resmungo… E vá chamar Estoratora.”
A ordem pega a tribo de surpresa. Eles se entreolham com as pálpebras arregaladas em confusão.
Sem dizer mais nada, a guerreira finca a ponta da lança no chão, traçando um risco firme antes de se voltar para Brok e soltar um ar pesado em sua direção. “Vai demorar a noite toda para que voltem… Você pode esperar aqui dentro. Mas não pode passar dessa linha”, ela alerta.
Brok, silenciosamente, consente acenando com a cabeça.
A guerreira dá meia volta e se encaminha até uma das barracas que está parcialmente desmontada.
Os outros orcs ainda não entendem suas intenções. Alguns a seguem em busca de respostas, enquanto outros ficam ao redor de Brok tentando intimidá-lo com rosnados.
“Não vai duelar com ele?”, um dos orcs pergunta, sua voz vagueando entre a confusão e a indignação.
“Ele não veio duelar comigo”, ela responde, caminhando com passos pesados, sem nem desviar o olhar. “Ele veio morrer para Estoratora. Mas diga aos outros, se alguém quiser duelar com ele, que o faça lá fora. Não quero sangue escorrendo aqui.”
E, no alto do muro, empoleirado na borda, um corvo cinzento observa em silêncio toda a movimentação ao redor de Brok.
Rubi | Demônio [Succubus] | |
Vida máxima: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟 | |
Mana máxima: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟 | |
Uma demônio de cabelos rosa, uma caçadora pragmática e gananciosa. | ||
Títulos: | Lorde Demônio Autoridade da Ganância | |
Alinhamento: | Leal e má | |
Classe(s): | Patrulheiro(Max) | |
Sub-classe(s) : | Caçador Arcano(Max) Guardião dos Corvos(Max) | |
Habilidades principais: | Charme(Raça) Tiro Arcano(Classe) Conjuração(5º Ciclo) Disparo pesado(Feitiço) | |
Principais maestrias: | Arquearia(Max) Esquiva(Max) Esgrima de uma mão(Max) Sentidos(Max) | |
Atributos físicos, mentais e mágicos | ||
Força: | ⭐⭐⭐⭐⭐ | |
Destreza: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟🌟🌟 | |
Constituição: | ⭐⭐⭐⭐ | |
Mente: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟 | |
Carisma: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟 | |
Magia: | ⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟 | |
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