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    Nas ruínas da capital de Cahjiah, o embate entre Rubi e Naganadeliumos prossegue. O emaranhado de vinhas no chão continua a se desenrolar, preparando-se para atacar a succubus incessantemente, enquanto o dragão ainda sente a queimadura recente em sua pata direita. 

    Seu olhar furioso está voltado na direção de Rubi. “Coisinha insolente…”, ele provoca mais uma vez. “Por quanto tempo vai me evitar?”

    A succubus, vários metros afastada, mantém seu olhar cerrado direcionado a ele, mas sem respondê-lo. Ela permanece imóvel, esperando a próxima investida das vinhas, pronta para esquivar-se e cortá-las com sua rapieira incandescente, que desenha um véu de chamas no ar quando se move.

    O dragão, descontente, rosna ao ver suas palavras sendo ignoradas. Acha que pode me menosprezar?, ele pensa, abrindo as asas, preparando-se para outra investida.

    Mas antes que possa alçar voo, uma sensação estranha o atinge subitamente. Um sentimento de vazio de descontinuidade lhe afeta, como se um fio que ele segurasse fosse rompido.

    O que é isso?, ele questiona. Algo… está errado. 

    Naganadeliumos fica momentaneamente perdido. 

    As vinhas ao seu redor também refletem essa confusão. Enquanto o dragão analisa a situação, os ataques das plantas se tornam lentos e hesitantes.

    Rubi nota a hesitação no campo de batalha e a rápida confusão do dragão. Será que… já acabou?, ela se questiona, com uma genuína curiosidade. 

    Ela aproveita a calmaria e, por um breve instante, fecha os olhos e se concentra na visão do corvo que acompanha Brok do alto da parede do acampamento de Estoratora. Através dele, ela vê seu campeão de pé, arfando, com um dos pés sobre o corpo de um grande orc com a cabeça partida. 

    Quando ela volta a enxergar pelos próprios olhos, um sorriso empolgado se estampa em seu rosto.

    Não sinto mais ele…, conclui o dragão, após uma reflexão. Algo aconteceu com Estoratora. 

    Nagadeliumos vê uma animação estranha na expressão da succubus e começa a ligar os pontos. “Você…!”, ele ruge, arregalando os olhos. “O que fez com o meu orc?!”

    Rubi mantém o sorriso, sem responder, mas um riso baixo e cortante escapa de seus lábios, como uma lâmina afiada atravessando o orgulho do dragão.

    Perante a atitude displicente, a fúria do dragão se intensifica. Ela tem algo em mente…, pontua ele. Se ela pensa que vai brincar comigo, então que seja… 

    Naganadeliumos abre novamente suas imensas asas membranosas e, com um bater poderoso, alça voo. Rubi observa o dragão ascender algumas dezenas de metros para o alto, sua silhueta recortada contra o céu enquanto ele ganha altitude.

    Ele já vai fugir?, ela se pergunta.

    Mas sua dúvida logo se desfaz. O dragão gira no ar, inflando o peito. Seus olhos brilham e encaram a succubus com uma malícia perigosa, e um sorriso cruel se forma em seus lábios grossos.

    Os olhos de Rubi se arregalam, e sua cauda cai ao chão, imóvel e desanimada. Isso… não é coisa boa, ela constata, sentindo um calafrio percorrer sua espinha.

    Naganadeliumos faz um rasante sobre a succubus, abre a boca e uma nuvem verde, espessa como a de um vulcão em erupção, escapa dali, em um formato de cone.

    Rubi dispara para longe, mas, em poucos segundos, a onda tóxica se espalha e toma conta de toda a clareira.

    Aquela névoa carrega consigo um cheiro intenso, venenoso, ácido e pútrido. E, tal qual uma onda de morte, todas as plantas presentes nas ruínas, exceto pelas que o dragão controla, definham instantaneamente.

    O véu tóxico envolve Rubi completamente. Ela começa a tossir, os olhos lacrimejam, e sua pele rosada queima. Aquele ar também a queima por dentro, deixando-a mal. Respirar se torna algo incômodo.

    Ela tampa a boca e o nariz com a mão livre, prendendo a respiração. Esse gás… deve ser a mesma substância que eu senti antes, ela supõe. Preciso sair daqui. 

    Mesmo com a visão reduzida, seus outros sentidos ainda captam tudo ao redor. Em meio à fumaça, ela escuta movimentações. Guiadas por seus instintos, Rubi salta sem rumo ao ouvir o estalo de uma vinha. 

    Enquanto esquiva-se, uma planta rasga a névoa ao seu lado e atinge o chão com força, tentando chicoteá-la pelas costas.

    Sem escolha, Rubi dispara às cegas pela clareira, ouvindo ao fundo os uivos das plantas transitando pelo ar, golpeando sua posição anterior, como uma onda que a persegue.

    Ela corre pelo chão irregular, pulando entre as pedras e os restos de construções antigas que aparecem pelo caminho. 

    De repente, Rubi ouve um som diferente das plantas ecoando à frente. Algo pesado se move, ocultado, na névoa. Sem pensar, a succubus interrompe a corrida e salta para trás.

    No instante seguinte, a cauda do dragão emerge da cortina tóxica, varrendo tudo em seu caminho. 

    Essa foi quase, ela pensa, com alívio, vendo o ataque passar. Ele sabe aproveitar bem o terreno. 

    A nuvem venenosa se dissipa, revelando Naganadelimuios, parado de pé há poucos metros diante de Rubi. 

    O dragão a encara de cima, os olhos brilhando em superioridade.

    “Oh. Vejo que você resistiu ao meu trunfo. Poucos sobrevivem tempo suficiente para sentir a pele queimar”, ele comenta, exalando arrogância junto de resquícios de sua baforada. “Agora, creio que entende o que acontece com quem me incomoda. E se acha que terá um fim rápido… lamento. Vou me divertir vendo você definhar bem devagar.”

    Naganadeliumos observa pacientemente enquanto Rubi se esquiva das vinhas que o servem, forçada a continuar em movimento. Ele se diverte com o esforço dela, saboreando cada momento.

    “Deveria ter ido embora quando teve a chance”, diz ele, com bastante humor. “O seu erro foi achar que poderia me derrotar sozinha.”

    Rubi revira os olhos. Não aguento mais ter que ficar ouvindo sermões desse… cara… réptil… bicho? Sei lá, ela pensa, chateada. Já estou estou enrolando demais. 

    “Tenho que admitir, você é mais durão do que eu esperava”, diz Rubi, um sorriso leve nos lábios. “Mas eu nunca planejei lutar sozinha contra você.” Ela estende a mão livre em direção ao dragão.

    O que essa coisinha está tramando?, ele se pergunta, as garras se cravando no chão, as pupilas se contraindo em fendas estreitas.

    Chamas carmesim começam a se reunir em sua palma, pulsando como um coração vivo. Agora é a minha vez de chamar uma arma pesada, ela pensa, decidida. Só espero que tudo saia como planejado.

    “É o momento de se juntar à luta…”, Rubi fala e seus olhos brilham em um tom vermelho. 

    Um círculo mágico se forma no ar à sua frente, girando lentamente. O pentagrama em seu centro brilha em tons de carmesim e dourado, irradiando poder.

    “… Convocar Demônio!”

    O círculo se expande e chamas intensas escapam dele, queimando imediatamente as plantas ao redor. Do fogo, uma sombra demoníaca colossal se ergue. 

    Byron surge, sua pele negra retalhada por rachaduras ardentes, como se lava pulsasse sob sua carne. Ele bate suas asas membranosas, e um turbilhão de brasas laranjas se espalha pelo ar.

    Mesmo em sua face monstruosa, um sorriso largo transparece em seu semblante. “Finalmente!”, brada ele, com sua voz sombria ecoando como um trovão.

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