Índice de Capítulo

    Rubi corre por entre plantas atrozes, deixando para trás um solo rasgado e pedras cortadas pelos ataques das vinhas que ela desvia com agilidade.

    Em suas mãos, o arco dourado está carregado com uma flecha vermelha e, mesmo enquanto se movimenta habilmente pelo campo de batalha, ela se mantém com os olhos fixos no dragão.

    Na frente, Naganadeliumos se encontra de pé, encarando Byron com seu semblante carregado de fúria direcionada ao demônio que exibe empolgação diante dele. 

    Nesse momento, a succubus salta, mirando seu arco para o grande ser verde e escamoso. Beleza, seu Naga-alguma-coisa, é minha vez de atacar. Vamos ver como você lida com uma magia de alto nível, ela pensa e libera sua flecha.

    O projétil desliza pelo arco e cruza o campo de batalha em um instante. Ele silva pela clareira, passa acima da cabeça de Byron e acerta Naganadeliumos em cheio no ombro.

    O impacto o pega de surpresa, empurrando-o um passo para trás com uma força brutal. A flecha perfura sua pele, e uma dor aguda e excruciante o atravessa.

    Rubi aterrissa sorrindo, vendo o estrago na couraça do dragão. Perfeito! O Disparado Pesado de conjuração superior funciona bem nele. Por hora, acho que dá pra seguir pelo dano bruto mesmo, ela constata e volta a correr pelas vinhas e já se prepara para disparar outra flecha avermelhada. 

    O dragão chacoalha a cabeça, recuperando-se do baque. Isso foi um… feitiço?, ele se pergunta, confuso, e desvia o olhar para a succubus correndo pelas ruínas ao fundo e a vê com um arco dourado em mãos. Flechas e feitiços de baixo escalão não deveriam perfurar minha pele assim.

    Byron bate suas asas e avança contra o peito do dragão. “Foque-se em mim!”, ele declara, atacando-o com suas garras da mão direita no peito da criatura.

    As unhas de Byron raspam pela couraça verde, mas o golpe não penetra profundamente na carne. A maior parte das escamas não cede, apenas aquelas poucas por onde as pontas afiadas e ardentes passam. 

    Faíscas incandescentes são emitidas juntas de ranger agudo que ecoa como se o que ocorresse ali fosse um encontro de peças metálicas. 

    O golpe quente deixa no peito do dragão cinco linhas negras, formadas de escamas queimadas e cortadas.

    “Vão pagar por isso…”, ruge Naganadeliumos, indignado ao ver sua lustrosa couraça danificada.

    Logo em seguida, o dragão ergue sua mão esquerda ao alto, preparando-se para revidar com brutalidade. Suas garras afiadas brilham, refletindo o sol, e descem contra o diabo como uma onda de lanças. 

    Byron cruza os braços e envolve o corpo com as asas, preparando-se para suportar o impacto. Ainda assim, as garras do dragão perfuram sua pele espessa e avançam fundo por seus membros. Impassível, ele observa as pontas envenenadas atravessarem seus braços, gotejando um líquido verde de cheiro ácido.

    Mas o contato com a pele incandescente do demônio faz o dragão recuar a mão rapidamente, sentindo o local arder intensamente.

    De repente, outro projétil mágico, disparado por Rubi, silva pelas ruínas e acerta o outro ombro do dragão, mas dessa vez, ele vem da lateral. 

    A flecha o atinge com violência, atravessa suas escamas, causa uma dor brutal e, diferente da outra vez, o arremessa alguns metros para trás, obrigando-o a se estabilizar nos quatro membros para não perder o equilíbrio. 

    Agora, ele sente um incômodo por todo o seu corpo. Essa doeu mais do que a anterior, mas além disso… ele afirma, franzindo o cenho. Tem algo errado.

    Além da dor em seus ombros, sente a aura de calor do demônio sombrio diante dele, ardendo em suas feridas como brasas vivas. Ele desvia o olhar para Byron, à frente, que se prepara para atacá-lo mais uma vez. 

    Ele ficou mais quente?…, o dragão se pergunta, desconfiado. Com um olhar rápido, nota algumas de suas escamas cobertas de fuligem e percebe que a magia que as reveste está enfraquecida. Não. É a minha resistência à magia que está diminuindo por causa desse capacho.

    Novamente, o diabo pula para atacar o dragão, suas garras em prontidão para causar-lhe dano. 

    Já sei o que preciso fazer, Naganadeliumos decide, confiante.

    Em resposta, o dragão abre suas asas e voa para o alto com uma poderosa lufada de vento, esquivando-se da ofensiva de Byron, que acaba passando por baixo dele. 

    O dragão aproveita a distância e se alça ao céu com velocidade. Byron não hesita, bate as asas e segue.

    Os dois colossos alados agora trafegam pelo ar, onde Naganadeliumos voa seguido de Byron, que deixa uma trilha de fumaça e brasas incandescentes.

    Até que isso… é bem legal, Rubi pensa, admirada, vendo a cena enquanto corre das vinhas. 

    Na brecha entre os ataques das plantas, ela dispara outra flecha, que avança até o dragão no céu. 

    Naganadeliumos aproveita-se de sua maior agilidade no ar e manobra-se em uma esquiva, tentando evitar outro ataque direto em seu corpo, porém, o projétil carmesim ainda acerta na borda da membrana de sua grande asa e ele acaba entrando em parafuso por um momento. 

    Coisinha irritante, ele pontua, irritado. 

    Logo atrás dele, Byron está descontente. “Não fuja!”, brada ele. Sua voz poderosa exala faíscas alaranjadas com o grito.

    Esse maldito é como um inseto que não desgruda…, Naganadeliumos analisa. Eu poderia eliminá-lo em um instante se ele estivesse sozinho. O problema… é a outra.

    “Eu não estou fugindo, lacaio…”, diz o dragão com o sorriso no canto da boca. “Estou apenas mudando de alvo.” Ele fixa seu olhar feroz em Rubi no chão, muda a trajetória de seu voo para baixo e seu peito começa a se estufar.

    Em um instante, a admiração de Rubi se quebra, substituída por um desânimo inevitável ao ver Naganadeliumos preparando-se para outra baforada venenosa.

    Ah, não… de novo?, pensa Rubi, com um suspiro resignado. Eu achei que eu teria mais tempo antes de…

    O sopro venenoso irrompe, cobrindo tudo à frente em uma nuvem densa e verde. Mesmo Byron arregala os olhos, surpreso ao ver a succubus sendo engolida por aquilo. Ainda assim, ele não interrompe sua perseguição. 

    Naganadeliumos sorri satisfeito. Agora não deve faltar muito para acabar com ela, ele analisa. Eu só preciso encontrá-la e… 

    Mas, antes que conclua o pensamento, uma súbita movimentação no solo chama sua atenção.

    Do meio da nuvem verde, uma luz avermelhada intensa se destaca.

    No chão, Rubi ainda se move, desviando dos ataques das plantas. Seu corpo está manchado pelo veneno e os olhos, avermelhados, ardem em contato com o ar tóxico, mas mantém o arco em mãos, já tensionado e com uma flecha vermelha pronta. 

    O nevoeiro venenoso obscurece toda a clareira, mas, Rubi ainda discerne a enorme silhueta do dragão de asas abertas no céu se recortando contra a luz do sol e a encara com determinação.

    Ela salta para o lado, esquivando-se de outra chicotada e, no ar, libera seu projétil aos céus.

    A flecha vermelha corta a nuvem como um raio e surpreende Naganadeilumos ao emergir do gás tóxico em sua direção. O que?, ele se questiona, de olhos arregalados e atônito.

    O projétil intercepta o dragão no peito. O impacto é repentino e apresenta uma força descomunal, seu corpo reage como se estivesse colidindo com uma parede invisível no céu.

    Ele é arremessado para trás, rumando diretamente na direção de Byron, que o aguarda com um sorriso nos lábios.

    O demônio fecha seus punhos enormes juntos e executa um golpe descendente nas costas do dragão como um martelo. 

    O rugido de dor de Naganadeliumos se mistura ao estalo de algo se rompendo dentro dele. 

    O dragão tomba ao chão, abrindo uma cratera e dissipando toda a névoa perto dele. A queda causa um estrondo alto e tremores que podem ser percebidos a centenas de metros dali. 

    Naganadeliumos fica atordoado, sentindo todo seu corpo latejar fortemente, e gasta alguns segundos para se erguer. Conforme a névoa da clareira se dissolve completamente no ar, ele vê a succubus se aproximando e o diabo aterrissando ao lado dela.

    Nenhuma das plantas sob controle do dragão consegue continuar sua ofensiva contra Rubi, pois a aura quente de Byron volta a incinerá-las quando se aproximam. 

    Em mãos, a diaba já carrega outra flecha e mira para dispará-la diretamente na cabeça do dragão.

    Não…, Naganadeliumos pensa, resignado e temeroso, vendo a própria sentença declarada na ponta daquele projétil. Isso não pode… acabar assim.

    “Espera!”, pede o dragão com um grito alto que ressoa pelas ruínas, surpreendendo os demônios. “Ai… Ainda podemos… negociar!” A voz embargada pelo próprio orgulho e pelo cansaço de seu corpo.

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