Índice de Capítulo

    Nas ruínas, o ambiente começa a se acalmar. As vinhas espalhadas pelo chão deixam de se mover completamente. Tudo o que se ouve é o som das plantas queimando, misturado ao estalar das brasas de Byron e à respiração cansada e profunda do dragão.

    Rubi e Byron trocam olhares semicerrados, ambos se mostram desconfiados e surpresos com as palavras de Naganadeliumos. Apesar disso, nenhum dos dois baixa a guarda. A succubus mantém sua flecha pronta e na mira, e o demônio continua transformado e com sua aura quente ativa.

    O dragão se encontra a poucos metros à frente, custando a se manter de pé sobre os quatro membros em uma cratera rasa, fruto de sua própria queda. Suas escamas, outrora brilhantes, estão foscas e ele sente a magia que deveria proteger seu corpo muito desgastada.

    “Um acordo…”, diz ele, sua voz transparece toda a exaustão que sente, enquanto recupera o fôlego. “Não era isso que… você almejava?”

    Rubi ergue uma sobrancelha, intrigada. “Foi o que eu propus”, ela confirma. “Mas você escolheu o arco ao invés disso.”

    “Foi… um equívoco da minha parte.”

    “E só percebeu agora?”, Byron questiona, seu tom grave exala ceticismo junto de brasas quentes.

    “Eu… pensei que fosse… só mais um daqueles que queriam se aproveitar do meu poder. Agora… tenho certeza de que este não é o seu caso.”

    Byron mantém seu olhar franzido, sem ceder. Ele desvia o olhar para Rubi e a vê pensativa, sua mão aos poucos afrouxando a corda do arco.

    “Senhorita…”, ele diz, preocupado. “Não aconselho pararmos agora. De tipo como o dele, tudo o que sai da boca pode ser venenoso. Recomendo só dar um fim logo a isso.”

    “Byron… eu queria ouvir o que ele tem a dizer. Sinto que… se não o fizer, vou estar perdendo uma oportunidade”, diz Rubi. A voz dela carrega um pouco de hesitação, mas seu olhar traz um brilho no fundo, o vislumbre de algo que só ela enxerga.

    O demônio fica calado por um segundo. O que ela viu?, ele se pergunta, tentando processar. Sem dizer nada, ele cessa sua aura de calor e cobre-se em um véu de chamas, retornando à sua forma humanoide. 

    Byron, agora trajando roupas negras e nobres, dignas de um cavalheiro, curva a cabeça em um sinal de respeito. “Seguirei como a senhorita deseja”, ele diz, sem questionar.

    Rubi desfaz sua flecha mágica e suspira profundamente enquanto abaixa seu arco. “Naga… nadeliumos, não é? Se tivesse me ouvido antes, teríamos evitado muita coisa”, ela comenta, aproximando-se da cratera e pendurando o arco em suas costas. 

    O semblante do dragão se suaviza, aliviado. Talvez… dê tudo certo, ele pensa. Talvez…

    “Teríamos mesmo”, Naganadeliumos fala, concordando. “Mas eu tinha que ter cautela. Você… entende, não entende?”

    Rubi começa a circundar o dragão. “Entendo. E também, espero que entenda que nesse nosso acordo também teremos que fazer um pacto”, ela comenta, lançando um olhar afiado, embora sua voz permaneça suave e despretensiosa. “Nada drástico. Não vou cobrar a sua alma ou algo assim. Seria mais uma medida de segurança. Tanto pra mim quanto pra você.”

    “Parece… justo. Um pacto entre iguais.”

    Byron se mantém afastado. Ele está em uma postura firme, com os antebraços posicionados diligentemente nas costas, observando tudo atentamente.

    “E claro…”, Rubi acrescenta. “Como eu e meu amigo não somos daqui, iremos precisar de bastante apoio seu. Como recompensa e para te auxiliar, ao meu ver, seria interessante incluir nesse pacto uma parte do meu poder.”

    Um sorriso largo aparece nos lábios escamosos do dragão. Oh. Isso sim soa bastante interessante, ele constata, com ânimo. 

    Ele move o pescoço de serpente e olha diretamente para a succubus. “Essa proposta… me agrada muito”, ele comenta. “Vejo que sabe como…”

    No meio daquelas palavras mansas, Rubi inclina levemente a cabeça, fixando um olhar amistoso no entusiasmo dos olhos dele. De repente, a voz do dragão hesita, torna-se lenta e depois simplesmente se apaga.

    Todos os movimentos daquele enorme corpo se aquietam. Sua cauda longa e suas asas membranosas movem-se apenas pelo ritmo de sua respiração vagarosa. 

    As sobrancelhas do dragão se arregalam e suas pupilas são tomadas por um brilho rosa intenso, como se uma chama se acendesse em sua mente, tomando conta de tudo ali. 

    Byron se assusta com o efeito, a postura atenta se quebra e ele leva os braços à frente. “Senhorita…?”, ele comenta, atônito.

    Rubi se vira na direção do demônio, exibindo um sorriso orgulhoso e olhos rosados intensos. “Byron… olha o bichão que eu peguei”, ela comenta, alegre como quem encontra um tesouro entre escombros.

    O demônio fica boquiaberto, exalando um ar de admiração ao ver o dragão preso no charme de Rubi.

    “Eu… eu…”, Nagandeliumos volta a falar, sua voz soa vaga, confusa e distante.

    “Pode esperar quieto um pouquinho? Logo tudo vai acabar”, Rubi pede. A expressão e a voz dela carregam um tom doce, mas o olhar para com ele exibe um ar sombrio no fundo.

    “É… claro”, diz o dragão, assentindo.

    Byron caminha até os dois. “Não cogitei que isso seria possível”, ele comenta, impressionado.

    Rubi corre de cima a baixo pelo corpo do enorme réptil. “E não deveria ser, não para alguém forte assim”, ela diz. “A sua desfragmentação na resistência mágica dele colaborou, mas o que realmente permitiu isso foi ele mesmo.”

    “Um feito notável.” 

    Eu duvido que um guerreiro abaixaria a espada ou que um mago perderia a concentração tão facilmente perto de mim, ela pensa, olhando para o dragão como se estivesse dando uma bronca. Mas você é tão arrogante que realmente acreditou que podia se safar com umas palavras mansas.

    “Quando ele quis parar para conversar, cogitei que seria possível”, diz a succubus. “E, no final… a ganância falou mais alto.”

    “Do que… você…?”, o dragão começa a questionar. Tudo soa longe e misturado em sua mente, a não ser seu foco em Rubi, que captura completamente sua atenção. 

    “Tem algum tesouro por aqui ou algum segredo guardado sobre essa floresta?”, Rubi pergunta, firme, interrompendo Naganadeliumos.

    “Embaixo da minha torre… tem tudo de valor que eu… que os orcs encontraram”, ele responde, sem pensar muito.

    “Ótimo”, diz Byron. “Isso agiliza as coisas.”

    Rubi aponta para a base do pescoço do dragão e pede, “Byron, você pode ir ali? Vou começar aqui, mas ele pode acabar saindo do efeito. Se isso acontecer, você pode dar um jeito pra mim?”

    “Com prazer”, ele diz, diligente, indo até o local indicado.

    “O que ele vai…?”, Naganadeliumos questiona.

    “Ele vai garantir que tudo ocorra bem”, ela responde. Depois, encara o dragão profundamente nos olhos, vendo-o completamente dominado por sua magia. “Só… fique calado mais um pouquinho, certo?”

    Naganadelium assente com a cabeça silenciosamente.

    Byron me disse que os dragões podem viver muito, igual os demônios. Podia ter sido uma aliança duradoura. Se pelo menos você tivesse parado a luta antes…, ela lamenta, suspirando, com semblante desgostoso. Do jeito que você fez, com esse seu ego enorme, tive certeza de que você pularia fora do barco na primeira oportunidade. Você não é confiável e é forte demais pra eu poder me arriscar te dando uma chance.

    Rubi gentilmente leva a mão até a face de Naganadeliumos. Pela ponta dos dedos, ela sente a energia vital dele fluir como água morna sob a pele escamosa, e um sorriso leve se forma no canto de sua boca.

    Pelo menos vai terminar de um jeito bom pra mim. Dá pra sentir que ainda tem um bocado de força vital em você, ela anseia, com sua cauda fina e longa tremendo em antecipação. Apesar de tudo, até que você ainda me deu uma boa oportunidade… 

    Uma camada de energia azulada se aglomera nos pontos onde ela encosta e logo esse brilho começa a fluir do interior de Naganadelimous para os dedos dela.

    A energia flui em ondas. A cada pulsar, o dragão geme, sentindo algo ser arrancado, sem perceber que sua vida está escapando. Conforme é drenado, seu corpo se contrai, sua cauda se enrola, seus membros se dobram. 

    Em contrapartida, Rubi fica mais e mais relaxada, sua cauda se estica e seus dedos tremem de prazer. 

    Ela aproveita aquele fluxo revigorante, espalhando-se por todo seu corpo de maneira intensa. Em poucos segundos, as manchas causadas pelo veneno no corpo de Rubi somem, e os hematomas da batalha desaparecem. E, apesar de sentir-se completamente recuperada, ela continua a drená-lo.

    Nossa, ainda tinha muita vida dentro de você. Vou poder encher o estoque de mana extra também, Rubi constata, impressionada, enquanto sente o intenso fluxo de força vital excedente atravessar seu corpo e dissipar-se logo em seguida. 

    O tom verde-claro nas escamas de Naganadeliumos começa a se acinzentar e eventualmente ele se esvai completamente e tomba ao chão, completamente sem vida. Seus olhos vidrados, antes cheios de orgulho, agora olham o vazio. 

    Após isso, o ambiente fica silencioso e quieto.

    Rubi retira a mão do defunto e suspira aliviada como se tivesse desfrutado de uma boa refeição. 

    “Ufa. Foi bem melhor do que eu achei que seria”, ela comenta, virando seu olhar para Byron. 

    Imediatamente, ela se assusta ao ver o demônio novamente atônito, perplexo, e ao mesmo tempo admirado, encarando-a sem piscar. 

    “Byron? Você está bem?”, ela pergunta, com uma ponta de receio.

    O demônio aponta com a mão tremendo em direção à cabeça de Rubi e diz, nervoso, “Senhorita… a coroa… está… diferente…”

    Flutuando acima da cabeça da succubus, está a auréola rosa da coroa da ganância. Porém, algo nela está fora do estado comum. Uma das seis pétalas brilha de maneira intensa, destacando-se bem mais que o restante da auréola. 

    “… Algo se ativou nela.”


    Naganadeliumos
    [Lorde das Terras-livres] [Íra venenosa]
    Dragão
    [Dragão verde puro]
    Um poderoso dragão verde que impôs sua vontade e irá sobre as tribos das terras-livres.
    Vida máxima:⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟
    Mana máxima:⭐⭐⭐⭐⭐
    Títulos:Dragão Maior
    Nobre Espirito do Veneno e do Verde
    Alinhamento:Neutro e mal
    Classe(s):
    Sub-classe(s) : 
    Habilidades principais:Baforada tóxica(Raça)
    Revestimento mágico natural(Raça)
    Imunidade mágica menor Nv. 2(Raça)
    Principais maestrias:Voar
    Armas Naturais(Max)
    Sentidos
    Atributos físicos, mentais e mágicos
    Força:⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟🌟
    Destreza:⭐⭐⭐
    Constituição:⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟
    Mente:⭐⭐⭐⭐
    Carisma:⭐⭐⭐⭐⭐
    Magia:⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟🌟
    Resistência Mágica:⭐⭐⭐⭐⭐🌟🌟

    Final do volume 6

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