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    Nas margens da clareira, Byron encara a imensidão verde de armadilhas. “Se não podemos andar por aqui com segurança…”, diz ele. “Talvez devamos usar um meio mais eficiente para chegar ao centro.”

    Um segundo depois, envolve-se em chamas, iniciando sua transformação para a imponente forma demoníaca. Quando o fogo que o cobre começa a desaparecer, revela-se o grande diabo, com a pele lembrando uma rocha incandescente, rachada por veios de lava viva.

    Aquela presença faz o ambiente ao redor esquentar. As plantas sob seus pés incineram instantaneamente, mas Rubi, mesmo próxima, não é afetada negativamente pela aura quente.

    O demônio estende a mão com garras nas pontas para a succubus. “Vamos?”, ele convida, com a voz sombria, contrastando com o tom respeitoso que ele usa.

    “Aqui é uma região onde a nossa mana não regenera bem sozinha”, Rubi adverte. “Tem certeza de que quer gastar sua mana assim? Podemos ir andando.”

    “Tempo também é um recurso precioso. Além de que, diferente da senhorita, não tenho muitos recursos que consomem mana, então não há por que se preocupar comigo.” 

    Até pensei em pedir… mas não parecia valer a pena, ela pensa, enquanto coloca sua mochila nas costas. Mas… já que ele insiste. Quem sou eu pra recusar um voo grátis?

    Rubi segura a mão do diabo com firmeza e, apesar do calor que ele transmite, não se queima.

    Byron expande suas asas membranosas, espalhando brasas no ar, e alça voo carregando a succubus pendurada.

    Eles sobrevoam a clareira, as ruínas e as vinhas fatais, passando como um borrão sob seus pés.

    Do alto, Rubi avista Brok ajoelhado diante de um pilar de rocha, com dezenas de outras pedras antigas espalhadas ao redor. 

    Com a cabeça baixa, o orc mantém o machado cravado no chão e os dedos entrelaçados diante do rosto, murmurando algo como se estivesse fazendo algum tipo de prece.

    “O que o Brok está fazendo?”, Rubi questiona, sua cauda serpenteia, denunciando a curiosidade que ela sente. “Aquele local é uma igreja ou algum tipo de templo?”

    Byron momentaneamente desvia a atenção para Brok no solo, mas logo volta a concentrar-se no voo.

    “Aos meus olhos, é impossível discernir o que foi aquela construção”, ele comenta. “Mas acredito que, para aquele orc, o que isso foi não importa.”

    “Hein?”

    “Para os orcs, essa clareira cheia de escombros antigos é o mais próximo de uma terra sagrada que existe. Eles respeitam muito essa terra.” 

    “É importante assim? Você comentou que eles vêm para cá às vezes, mas achei que fosse alguma forma de mostrar a força deles.”

    “Também é. Ao menos uma vez por geração, os orcs se organizam e fazem uma incursão para dominar essa região por algum tempo. Mesmo orcs de fora das terras-livres juntam-se a esse objetivo. Participar disso é quase um rito de procissão. Uma forma de mostrar respeito ao antigo Rei Orc e à divindade deles, Gru’Uork.”

    “Esse deve ser um dos motivos de ninguém gostar do regime do dragão”, Rubi conclui. “Ele privou os orcs de um lugar importante.”

    “De fato. Mas, apesar de não concordar com os métodos do dragão, estabelecer-se aqui foi uma boa estratégia para impor dominância”, pontua o demônio. “Dominar esse lugar sozinho é o bastante para fazer qualquer tribo da floresta abaixar a cabeça.” 

    Faz sentido. É o meu objetivo aqui, Rubi reflete, encarando o orc ajoelhado. Mesmo que eu não queira demonstrar poder dominando essas terras, ter controle sobre esse lugar é importante para poder explorar as coisas.

    A dupla aproxima-se da torre no centro. O diabo começa a reduzir a velocidade e altura.

    A poucos metros do chão, Rubi se solta e cai com tranquilidade sobre uma região com baixa densidade de vinhas. Byron continua descendo e eventualmente aterrissa sobre uma rocha ao lado da entrada.

    Rubi ajeita suas roupas amarrotadas pela viajem e caminha até a torre. “Mas uma hora a bomba iria estourar na cara do dragão”, ela comenta. “O Brok estava bem inconformado, e eu imagino que as outras tribos também. Não deve ter sido fácil aturar um não-orc comandar esse lugar.”

    “E eu concordo. Mas, neste caso, a explosão só aconteceu por causa da sua presença direta nessa região, algo quase improvável”, o diabo ressalta.

    Byron para por um momento, admirando a construção alta que, de alguma forma, resiste ao tempo.

    Ele sabe muito sobre esse lugar, Rubi pensa.

    “Byron, você já esteve aqui antes?”, ela pergunta.

    “Nunca tive a oportunidade. Mas, há algum tempo, conversei com outros diabos que já foram invocados para lutar aqui”, o demônio responde, fazendo uma leve volta ao redor da torre. “Durante essas incursões, não é incomum que estrangeiros cruzem essas terras em busca de recursos, alianças ou dos favores que os orcs oferecem. Isso inclui cultistas… e aventureiros que possuem pactos demoníacos.”

    “Eu já esperava que houvesse muita história por aqui, mas não considerei que houvesse algo tão profundo assim”, Rubi comenta, surpresa. 

    “Os orcs são bárbaros que lutam e matam por qualquer motivo. De fato, eles são um povo bem simples, mas isso não torna a cultura deles rasa.”

    O diabo se abaixa e agarra uma pedra solta no solo. Ele limpa a rocha do tamanho de uma maçã, removendo um pouco da terra, e revela traços esculpidos de um desenho maior. 

    “O que é isso?”, Rubi pergunta.

    “Um pedaço de parede, creio eu. Quando uma incursão é bem-sucedida, os orcs gastam o pouco tempo que têm aqui para reconstruir o que podem. Eles usam troncos para fazer barreiras e pedras como essa para reerguer as construções. O intuito deles varia entre a esperança de tornar a capital habitável e uma forma de dizer que estiveram aqui.”

    O diabo estende a mão, oferecendo a pedra para Rubi examinar.

    Ela segura o fragmento e volta os olhos para o campo de construções arruinadas. “É por isso que essa cidade parece um mosaico de pedras”, ela conclui. 

    Talvez séculos de construção e destruição não tenham feito bem pra esse lugar, ela pensa, comparando o objeto que segura com a paisagem diante dela. Será que ainda resta alguma coisa da Cahjia original no meio dessa bagunça?

    Após a breve caminhada, os dois param diante da entrada. “Realmente, essa é uma estrutura forte. Agora sei o motivo do dragão tê-la escolhido como lar”, ele conclui. 

    “Pensei em usá-la como base temporária. Vamos entrando, tem coisas atraentes aí dentro.”

    “Hum”, murmura o diabo, interessado, adentrando na torre. 

    Rubi aguarda alguns instantes, pensativa, ainda com a pedra em mãos. E, antes de seguir o diabo, examina a parede próxima e encontra um buraco.

    A succubus encaixa a rocha na parede. A pedra não é grande o bastante para preencher o buraco, mas ainda se fixa e não cai ao chão. Não é perfeito… mas ao menos já é um começo, ela pensa, com ânimo, e logo entra na torre.


    Raça: [Orc]

    Descrição:  Orcs são guerreiros astutos, movidos por uma sede insaciável de combate e conquista. A maioria luta em nome de seu deus, Gru’Uork, o Punho Exilado, o eterno guerreiro que golpeia os portões dos deuses maiores, aguardando o dia em que os romperá.

    São humanoides robustos, de corpos largos e músculos densos, com pele que varia do cinza carvão ao verde pálido. Seus rostos são marcados por presas proeminentes que frequentemente ultrapassam os lábios, e olhos que brilham com o fogo da batalha.

    Mais do que brutos, os orcs são engenhosos à sua maneira. Tribos inteiras vivem de maneira prática e determinada, utilizando tudo que encontram, seja para a guerra, para a construção ou para a sobrevivência.

    Tamanho: Médio.

    Atributos: 

    • Força: ⏶⏶⏶
    • Constituição: ⏶⏶

    Principais habilidades de Raça:  

    [Fúria Persistente]: O corpo de um orc foi feito para suportar ferimento e ainda assim continuar lutando. Uma vez por combate, quando receber um dano físico que reduziria seus pontos de vida a 0, você permanece com 1 ponto de vida no lugar. Se o dano for causado pelo efeito de Sangramento, você também suspende esse efeito até sofrer algum dano de outra fonte. Essa habilidade não funciona se o dano sofrido for Critico ou Massivo (igual ou superior ao seu valor máximo de vida).

    [Impacto Brutal]: Os ataques críticos de um orc são decisivos e implacáveis, como um trovão partindo ossos. Sempre que realizar um acerto crítico com uma arma, você causa o dano máximo possível para o ataque.

    Alguns orcs conhecidos: Brok, Estoratora.

    *Nota: Acertos Críticos que acontecem naturalmente (ocorridos de maneira aleatória ou acertando pontos vulneráveis) causam um dano adicional variável, entre 10% a 30% do total.

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